30.6.06

Dêem uma olhada nos links

Recomendo que os amigos e amigas dêem uma olhada nos Links ao lado. Recomendo todos eles. Os responsáveis são bons no que fazem. Em breve deverei estar postando aqui alguma coisa do São João de Irará. Era pra ser esse fim de semana, mas parece não vai dá. Fim de semestre... sabe como é. Artigos pra entregar, provas, notas... e ainda por cima tem o 02 de julho e o aniversário de uma colega de copo e de cruz. Inté.

Quero vingar 86 e não 98

Incrível a falta de memória do brasileiro. Institucionalizou-se mesmo aquela balela que diz: “quem gosta de passado é museu”. O Brasil vai jogar com a França, jogo de quartas de finais e, até agora, só vi a mídia pontuar que é revanche da final de 1998. Neste ponto eu tenho de concordar com Parreira. Este jogo não pode ser um troco daqueles três a zero que Zidane e Cia deram no Brasil.
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Sim. Não pode. Primeiro porque este jogo não é uma final, como bem disse o dirigente da Seleção Brasileira. Depois, porque aquela decisão não parece ter sido assim uma disputa acirrada com glórias pelo triunfo no campo. E olhe que esta desconfiança não é pela amarelação do Ronalducho. Quem lembra das entrevistas dadas por Edmundo, o “animal”, quando ele retornou de Paris, sabe do que falo. Ou seja, se houve algo estranho, não haveria motivo para revanches.
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A partida de amanhã (01/07) precisa ser mesmo é um revide de 1986. Foi num sábado à tarde que a França de Platiní, mandou o Brasil embora da segunda Copa do México, justo nas quartas de finais. Quartas de finais, sábado à tarde. Compreenderam? Aí residem algumas semelhanças, perfeitas para uma desforra ainda mais saborosa, alimentando-nos do cardápio francês.
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Em 1986 a seleção brasileira era dirigida pelo saudoso Telê Santana. Telê havia sido o treinador do time de 1982. Uma das maiores seleções que o Brasil já teve. Era um time show de bola, com Zico, Júnior, Sócrates, Mozer, Eder, Oscar e tantos outros. Jogou bonito, encantou o mundo, mas infelizmente não ganhou a copa. Resultado: um quase esquecimento. Diferente do time de Parreira em 94. Quem sabe, não é por isso que Parreira diz que “show é ganhar”?
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Em respeito aos que acham que o futebol bem jogado é que merece vencer, chego a conclusão de que a França precisa de um castigo. Eles devem pagar por ter eliminado a seleção de Telê. Um técnico que gostava de ganhar, mas valorizava o futebol espetáculo. E o ideal seria se eles pagassem na mesma moeda.
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Naquelas quartas de finais, quando o jogo estava empatado em dois gols, o Brasil teve um pênalti a seu favor. Era a esperança brasileira de decidir a partida. Para cobrar a penalidade, foi escalado o craque Zico. O ídolo flamenguista vinha de algumas cirurgias, foi pra copa como dúvida e havia acabado de entrar no jogo. Zico chutou e o goleiro defendeu. O certame permaneceu empatado e acabou indo para as cobranças de pênaltis. A França ganhou. Naquele dia, o Brasil tava com tanto azar que até um pênalti que o francês chutou na trave, bateu nas costas do goleiro Carlos e entrou.
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Amanhã é mesmo dia de revanche. É sábado, é um jogo de quartas de finais. Para ficar ainda mais parecido, quero que tenha um pênalti a favor da França no meio da partida. Que Zidane cobre e o conterrâneo Dida defenda. Assim, Zidane termina sua vencedora carreira estigmatizado pela perca de um pênalti. Tal como ficou Zico na década de 1980. Se, por um acaso, tudo isso acontecer, a vingança será maligna.
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P.S – Cheguei a pontuar lá me cima, mas não lembro das entrevistas de Edmundo. Não lembro o que poderia ser o “algo estranho”. Devo estar com memória fraca. Afinal, sou brasileiro né?

20.6.06

Show da Zacatimuana no especial da TVE

A TV Educativa da Bahia destaca o Forró e grupos ligados à Cultura Regional durante toda esta semana. A banda Zacatimunana será a atração do Especial São João, que vai ao ar às 20h desta terça-feira, dia 20. O programa exibe um show da banda que tem como proposta musical a prática da MCB, ou seja, Música Cultural Brasileira, como o próprio grupo define. Uma boa dica do que pode ser a MCB, está presente na introdução de uma das músicas da Zaca (conforme transcrição abaixo). Contudo, para conhecer com maior profundidade, só mesmo ouvindo o som ou assistindo ao show.
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"Samba-de-roda, Xaxado, Ciranda, Ijexá
Agogô com tambor em Salvador
Maracatu, Bumba-meu-boi, Coco, Afoxé
Funk com cara de Baião-de-dois
No berimbau a cabaça...
Repique, cuíca fazendo graça
Chula, Xote, Cavalo-marinho,
Capoeira, umbigada no trio"
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Durante a semana os especiais da TVE seguem com as seguintes atrações:
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Quarta 21/06 – 20h - A Volante do Sargento Bezerra
Quinta 22/06 - 20h - Concerto de Borgnetti e OSBA
Sexta 23/06 - 20h - Renato Fechine

16.6.06

Cordel é Fogo e é Encantado

Na frente só voz e violão. Deixa que a percussão toma conta do resto. Assim é o Cordel do Fogo Encantado. E muitos são os que foram vê-los ou ouvi-los na Concha Acústica. Antes, na abertura, a presença dos igualmente pernambucanos do Mundo Livre SA, também responsáveis pela casa cheia.
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Um aboio a banda entra. Música meio calma. É como se o céu tivesse parado. Eis que de repente surge um trovão. Um som, mas não vem do céu. São os repiques dos tambores. Rufam, refutam e botam a massa pra pular. É mesmo musica pra pular, inspirada na cultura do sertão. Não há como não se empolgar com a energia dos rapazes vindos de Arcoverde, uma pequena cidade, no semi-árido de Pernambuco.
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Lirinha, vocalista da banda, parece ser ainda o ator de antes. Faz da concha acústica do TCA o seu teatro. Pula, gesticula, brinca com o pedestal. Movimenta pra cima, pra baixo, deixa lá e sai. Vai buscar o fogo. Traz e faz malabarismos com o candeero. Como se tivesse num circo sem futuro. Como se seu pai tivesse lhe ensinado a ser o palhaço. Aquele que conduz a alegria por onde a companhia Cordel passa.
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Vai chegando o tempo de ir embora. Respeitável público, é hora de apresentar a banda. Após a apresentação, o anúncio: “Vamos pegar o avião no Aeroporto Dois de Julho”. A multidão delira em aplausos. E pensar que disseram que eles não viriam mais à Bahia porque fizeram a mesma declaração noutro show.
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Empolgação a parte, é bom lembrar que vivemos numa democracia e a repetição do ato deve ter um preço sim. Talvez o Cordel não seja mais contratado por quem pensa que o nome de um homem pode substituir a história. Contudo, eles não devem se preocupar com isto, podem voltar a Bahia por outras mãos, porque sempre há espaço para um grupo que faz cultura. Sem precisar cecear a sua arte e pensamento.
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O som encerra. A banda vai ao fundo e volta. Só pra lembrar que nunca mais “eu vi o zoim do meu amor, o zoim dela briá”. Ah se juntin nós se bulisse e assistisse aquele show... E o Cordel do Fogo encantou até o clima. Nestes tempos de cair água pra boi nadar, a chuva deu uma trégua, só para deixar aceso o fogo do cordel.

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* Na saída da concha já tinha camelô gritando “DVD do Fogo Encantado”. Com a graça de Walter Benjamin, Deus salve a reprodutibilidade técnica.

Idéias, artistas e mundo livre

“Mas um batedor não come na mão de ninguém/
Nosso combustível é som/
Não aquele que as donas de casa
disputam nas prateleiras dos magazines incorporados/
Só porque já ouviram um milhão de vezes/
Nos templos sagrados de San Nike”

Trecho da Letra de “Batedores”, música do Álbum “Por Pouco” do Mundo Livre S/A.


Sexta-feira, 09 de junho, um bate papo na Facom (Faculdade de Comunicação) – UFBA. Da mesa Fred Zeroquatro, vocal do Mundo Livre S/A e Alexandre Matias, jornalista da Gravadora Trama, atiravam as suas idéias. Na platéia um público disposto a ouvir as considerações de ambos sobre os “ataques do fronte”, uma discussão acerca de música independente, industria musical, proliferação de bandas na internet e outras coisas do gênero.
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Voz calma, pausada, óculos pretos e de armação grossas, junto ao tradicional chapéu. Zeroquatro começa lembrando do passado e a dificuldade que as bandas tinham para difundir o som. Lembra os grupos do movimento punk, as fitas cassetes, os zines de mimeografos e relata a vontade de se expressar que todos tinham. “Era mais um grito do que música”, confessa o pernambucano. Logo depois fala do cenário atual, diz que sente a coisa mais democrática, apesar da dificuldade com alguns critérios.
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Matias entra na fala. Também comenta a revolução punk, retomando o “faça você mesmo” daqueles tempos. Assim como já fazem alguns estudiosos, trás o conceito pra a chamada revolução digital. Lembra dos blogs, fotologs, bandas disponibilizando músicas a doidado na rede. Só no site do Trama Universitário são 53 mil donwloads disponíveis. “O grande barato é poder colocar as suas opiniões no ar”, diz o jornalista, complementando que “as pessoas estão gostando de produzir informações, mesmo sem saber se tem gente lendo ou não” (me senti contemplado, rs, rs, rs).
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O debate na verdade, não era uma coisa seqüencial. Os dois falavam, comentavam a fala do outro e tentavam não dá espaço para a formalidade. Tratavam como se não tivesse minutos, tempo para o orador ou qualquer coisa do tipo. Era tudo meio sampleado, assim mesmo.
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Ai a platéia entra no samba. Antes da pergunta, o jovem dá uma de tiete e confessa: “adoro as músicas do mundo livre, gosto muito das letras e tal...” Fred Zeroquatro interrompe com um gracejo: “tem gosto pra tudo”. Risos no auditório.
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Outro colega quer saber como fica a Gravadora Trama diante das novas configurações. Do creative commons, da facilidade de copiar discos, do universo de musicas disponíveis na internet, etc, etc.
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Alexandre Matias responde. Ele explica que mais que uma gravadora, a Trama é uma empresa de música. Diz que somente disco e DVD não paga as contas. Por isso a empresa busca interagir com as novas formas de produção musical. “Um pé no mercado anterior e outro no que vai acontecer” atesta. Recorre a alguns números para dizer que “não há uma crise na indústria da música, mas sim na indústria do disco”.
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Resolvo entrar na festa. Começo falando em abrir espaços para bandas locais em eventos como o promovida pela Trama, com o Mundo Livre e Cordel do Fogo Encantado, no dia seguinte. Antes que termine a questão. Alexandre responde que vai ter um grupo soteropolitano sim. Tento continuar. Falo das bandas no mundo presencial, os sem internet, os que não conseguem chegar aos produtores. Vou até a mesa e entrego um CD demo do Solo Pedregoso a cada um deles. Na verdade, esta era a minha intenção, por isso me atrapalhei na pergunta.
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O ato de entregar aquela demo, ali presencialmente, num mundo onde as coisas são baixadas ou enviadas por e-mail, parece que não desagradou o público. Houve quem aprovasse aquele ato de “auto-publicação”. Fred levantou o CD e falou “Solo Pedregoso”. Em seguida fez o comentário sobre a importância do perfil empreendedor das bandas.
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Graduado em Comunicação Social, Zeroquatro afirmou que o músico hoje também precisa ser um pouco administrador. Saber gerir seu próprio negócio. Falou que o ideal é estimular que cada um tenha o seu próprio selo musical. Lembrou que numa única festa que tocou em Salvador vendeu 120 discos, coisa que, na época, não havia vendido seis meses nas lojas da cidade. Alexandre fez alguns comentários. O celular de Fred tocou. O ringtone não é o cavaquinho do Mundo Livre, mas sim a musiquinha da moça do Balcão BPN da Insinuante. Tem gosto pra tudo.
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Quando Alexandre Matias conclui e após atender a ligação, Zeroquatro retoma o microfone. Diz que tem várias bandas de conhecidos que ele queria dar uma força, salientando não ser tão simples assim. Lembra das rádios da política de massificação praticada por elas. “Sabe aquela música que você acha ruim, mas ouviu e ficou martelando na sua cabeça? É isso, o público menos criterioso acaba achando que a música é boa porque não consegue esquecer”. Exemplifica ao tempo que questiona: “Será que aquilo não é um jingle da gravadora disfarçado de música?”
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Muitos outros assuntos foram debatidos. A preferência por baixar as músicas e não o álbum das bandas na net. Questões de política internacional, tema recorrente em algumas letras do Mundo Livres S/A. Temas da mídia e da manipulação de informações.
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Zeroquatro lembrou o ocorrido com MLST em Brasília. Disse conhecer o Bruno Maranhão, um sujeito sangue bom e não aquela figura que a mídia tava tentando personificar. Salientou que a coisa é tão bem feita que até sua esposa, parente de Maranhão, quase se deixar levar pelo conteúdo da reportagem, na qual o Movimento não teve direito a voz.
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Questões políticas, sócias, culturais, todas elas estiveram presentes naquele debate. Do front e no confronto de idéias e percepções saímos todos ainda mais reforçados. No matulão de nossas cucas, a noção de que podemos ser batedores pela construção de um mundo livre
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12.6.06

Fotos do Domingueiras viram filme

O projeto Curta no Extudo, do restaurante Extudo (Rio-Vermelho), exibe, na terça-feira - dia 13, às 20:30h, mais uma obra audiovisual baiana. A parte visual são imagens de caretas, reisado, bumba meu boi, filarmônicas, entre outras manifestações populares. O áudio será o toque de uma banda de pífanos.
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Juntas, as duas linguagens fazem os vinte minutos do curta-metragem feito a partir dos livros Fotografias - Domingueiras Ano 1 e Fotografias – Domingueiras Ano 2. Kau Santana e Valeria Simões assinam as produções fotográficas nos dois livros. A obra conta ainda com as imagens de Thiana Biondo, autoria em trabalhos no primeiro livro, e Gina Leite, integrante do segundo.
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O filme mostra fotografias das manifestações da cultura popular de cidades incluídas nos dois primeiros anos do Domingueiras. Entre elas, Irará, Mucugê e Rio de Contas, da edição 2004, e Muritiba, Jacobina e Ribeira do Pombal, 2005.
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A exibição segue o programa do restaurante Extudo. Todas as terças-feiras, a casa tem realizado mostras de produções audiovisuais baianas. São diversas formas de expressões, trabalhos profissionais e amadores, curtas e médias metragens (em vídeo e película), exposições fotográficas e instalações, entre outras.
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Evento: Exibição de audiovisual – Fotografias-Domingueiras
Local: Restaurante Extudo (3334–0671) – Rua Lídio Mesquita, 04 - Rio Vermelho.
Data: Terça-feira, 13 de Junho
Hora: 20:30
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Entrada Franca
Livro Domingueira Ano 2: R$ 50,00.

Com voto secreto, Câmara garante permanência do nepotismo

Os vereadores de Irará aprovaram a permanecia do nepotismo no Executivo municipal. Em votação secreta, o parlamento iraraense aprovou o veto do prefeito ao Projeto de Lei nº. 236/2006, de autoria do vereador Elesbão Neto (PTN), que previa o fim do emprego dos parentes diretos do Prefeito Juscelino Souza (PP).
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O resultado da votação foi de apenas um voto de diferença pela permanecia do veto e consequentemente do nepotismo. Para tal fato acontecer, um dos vereadores que antes votou contra a pratica do emprego dos parentes, nesta nova votação optou pelo posicionamento favorável. Entretanto, como o pleito foi secreto, não é possível saber ao certo quem foi o parlamentar responsável por tal ato.
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De acordo com nota publicada no Informativo “A Gazeta de Irará” o resultado provocou um bate-boca entre os vereadores Cesinha (PRP) e Elesbão. Um acusava ao outro de ter sido a pessoa que mudou de posicionamento na votação secreta, mesmo sendo Elesbão o autor do projeto de Lei que previa o fim do nepotismo. A nota informa ainda, que o vereador Genival (PL) declarou ter recusado oferta de “vantagens” por parte dos parentes do prefeito para que ele votasse pela manutenção do veto.
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O nepotismo agora continua, independente que se saiba ou não quem foi o vereador responsável pela sua permanência. A aprovação do veto pela Câmara funciona como uma espécie de referendo por parte da Casa Legislativa para que o prefeito continue a empregar familiares. A prática, considerada ilegítima, em Irará, agora é legal.
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Desrespeito ao direito do representado
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Entre muitas falhas que se pode atribuir à democracia representativa, o voto secreto no parlamento está entre as mais veementes. É impensável que o representado não possa acompanhar os passos do seu representante. De tal forma, fica difícil – ou praticamente impossível - avaliar melhor o trabalho parlamentar.
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Um movimento nacional está recolhendo assinaturas de voluntários para mudar esta realidade. A iniciativa foi motivada após a absolvição, através de voto secreto, de quase todos os deputados apresentados como envolvidos no chamado escândalo do mensalão. Além de lutar pelo direito que o representado tem de saber como o seu representante está atuando, o abaixo assinado busca mostrar que o voto aberto no plenário é fundamental em todas as votações, até mesmo nas de cassações de mandatos.
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No caso de Irará, se o voto secreto for uma norma do Regimento Interno da Câmara ou da Lei Orgânica do Município é preciso que estes instrumentos da Lei sejam revistos. Não sendo, caberia a presidente da Casa, vereadora Maria Bacelar (PRP), base de apoio ao prefeito e mãe do vice, conduzir a votação de modo aberto, pelo bem da democracia.
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Um pedido de desculpas.
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Cabe aqui um humilde pedido de desculpas ao vereador Cesinha (PRP). Na semana seguinte a votação, ocorrida em 22 de maio, várias pessoas afirmavam ter sido Cesinha o responsável pela mudança de voto, havendo até quem falasse em valores recebidos pela atitude. Nada era informado sobre o fato da votação ter sido secreta. Nem mesmo o texto da “Gazeta de Irará" falava disto. De tal forma, sem o devido cuidado na apuração dos fatos, foi aqui posto de modo equivocado que o vereador teria votado favorável ao veto. Tão logo se soube da votação secreta, a noticia foi imediatamente retirada deste blog. Fica aqui, os sinceros pedidos de desculpas ao vereador. A ele, está resguardado o direito e o espaço, caso queira se manifestar.
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O texto “E os parentes continuam” também aborda sobre o assunto.

6.6.06

Cinema BR em Movimento vai a Massaranduba

Depois de ter passado por Bento Simões e Caboronga, a comunidade da Massaranduba é a próxima a receber o projeto Cinema BR em Movimento, no domingo, dia 11. A localidade é situada na região leste do município de Irará, já quase na divisa com a vizinha Ouriçangas. A programação segue exibindo os filmes disponibilizados pelo Circuito Comunitário do Cinema BR, Tainá 2, com sessão marcada para as 16:30 e Bendito Fruto, às 19:30.
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No domingo passado, dia 04, o cinema BR esteve na Associação Rural da Várzea que compreende as comunidade de Várzea e Caboronga. A população local, principalmente o público infantil, ficou motivada com a apresentação do filme e lotou o salão da Associação dos moradores. Por motivos de força maior, não aconteceu a sessão que estava programada para a Escola São Judas Tadeu na quinta-feira passada.
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Publico começa a chegar à sede da Associação da Varzea
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quem chegou mais tarde assitiu de pé....

e um momento de desatenção, para a foto.

O Circuito Cinema BR é uma realização da BR distribuidora, subsidiária da Petrobrás. Em irará, o projeto é coordenado pela Charanga Comunicação, contando com o patrocínio do Cestão Supermercado e o apoio da Casa da Cultura de Irará e das Associações Comunitárias do município.
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Veja outras notícias do projeto no arquivo deste Blog.

5.6.06

Enfim, o calçamento da Oito de Agosto

A data era 27 de maio, feriado municipal, dia em que se comemora a emancipação política de Irará. O local era a Rua Oito de Agosto, aquela que começa na Praça da Bandeira (Coreto), ao lado da agência do Banco do Brasil, e segue até a ladeira do Alambique. Não me recordo o ano, mas foi na década de noventa que, cansados de esperar pelo pavimento da rua, os moradores da Oito de Agosto resolveram reclamar.
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O protesto foi feito de modo bastante criativo, em forma de uma faixa. Na data de aniversário da cidade o escrito apenas afirmava: “Rua Oito de Agosto, 154* anos sem calçamento”. Nada de falar do prefeito, de vereador ou de quem quer fosse. Simples e direto, o texto do tecido afixado bem no local onde o calçamento terminava (nas proximidades do Bar de D. Luiza), mostrava o desrespeito histórico para com aquela parte da cidade. De tantos personagens e movimentos do Irará.
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Por aquele trecho passaram todos que iam até a fonte da nação lavar roupas ou buscar água. Ali, por onde se sai de Irará para ir até o povoado da Caroba, um dos mais antigos do município, passaram muitas pessoas em busca da cachaça do alambique. Outras tantas percorreram aquele espaço para jogar ou assistir futebol no “Estádio” Elpidio Nogueira, popular campo de Telê. Lá também já esteve localizado o cemitério da cidade. E atualmente a delegacia. Naquela rua viveu Alfredo da Luz e lá ele montou o estúdio do seu Serviço de Alto de Falante “A Voz da cidade”.
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Ainda que não fossem todas estas referências, a Rua Oito de Agosto sempre mereceu o respeito do poder público. Pois, além de estar localizada no que poderia se chamar de “centro-histórico” de Irará, ali residem várias famílias, as quais sentem o desgosto de viver na poeira, estando em área central da cidade. E deve mesmo ter sido isto que motivou os moradores, na época, a escrever aquela faixa. Um protesto criativo assim como foi nos anos 1950, se não me engano, a canção que Tom Zé compôs cobrando o prometido calçamento ao prefeito José Valverde.
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Faixa estendida, protesto feito, mas nada de obra. Em sendo a data, meados dos anos noventa, passaram três governantes municipais, que não providenciaram o pavimento para rua. Mas agora, o problema pode ser solucionado. O governo atual, do Prefeito Juscelino Souza (PP), a Rua Oito de Agosto começa a assistir as obras para a sua tão sonhada pavimentação. Bem verdade que não é nenhuma obra suntuosa, sim um pequeno trecho de rua a ser calçada, mas que os outros governos não tiveram a sensibilidade de fazê-lo. Pode ser que a pavimentação esteja pronta no dia 08 de agosto, data que empresta o nome à rua e que se comemora o decreto de 1895 que elevou Irará a categoria de cidade.
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Deu roupa nova a quem tava vestido, esqueceu quem tava nu

No governo anterior, do Prefeito Amaro Bispo (PHS), a Rua Oito de agosto sentiu-se próxima do calçamento. No último ano do seu mandato, Bispo promoveu reformas de pavimentação nas ruas 27 de Maio e Alberto Nogueira. Esta última, conhecida popularmente como “Quixabera” ou “Coréia”, faz esquina com a Oito. Todas elas, ruas históricas da cidade.
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Das três, somente a Oito de Agosto não era pavimentada. As outras duas, com cobertura antiga, estavam com o ladrilho precisando de recomposição em alguns trechos. O piso das ruas era feito à base de pedras e não dos chamados paralelepipados que cobrem as demais áreas da cidade. De tal forma, as ruas eram algumas das pouquíssimas a ainda resguardar o caráter centenário da cidade. No entanto, o perfil histórico foi desconsiderado pelo Prefeito Amaro, que retirou todo o pavimento de pedras antigas colocando paralelos em seu lugar. E enquanto isso, a Oito de Agosto continuou sem pavimento algum, apesar da esperança dos moradores, devido ao monte de paralelos que estavam armazenados nos fundos do Sobrado dos Nogueiras.
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Agora que a prefeitura municipal de Irará trabalha na pavimentação da 08 de Agosto, fica uma dúvida. Será que o governo também vai “resgatar” o antigo calçamento das outras? É uma idéia difícil de se imaginar, devido ao alto investimento e dificuldade de recomposição do assoalho, mas como “resgate” é uma palavra que tão na moda ultimamente... Não é de estranhar se de repente surgir a idéia de “resgatar” as pedras da Quixabeira.
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* Usei 154 como número aproximado, realmente não lembro quantos anos de emancipação estavam comemorando.