24.7.06

Política, religião e saúde, nos cordéis de Kitute

Após mais de um ano de invernada, Kitute de Licinho nos brinda com a publicação de novos cordeis. Os últimos até então, “O Namoro da Biba na Festa de Fevereiro” e “O Dia em que a Depinho foi Roubada”, haviam sido lançados na Festa da Padroeira de 2005. Agora, no São João 2006, Kitute lançou mais três títulos.
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No enredo dos cordéis, política, religião e saúde. Advertências, histórias, fé, malandragem... tudo isto sem perder o toque humorístico. Kitute, tal qual afirma a descrição na contracapa de seus livretos, “narrar em seus versos o universo iraraense, misturando figuras e situações reais com a ficção”. Sacada perfeita para relembrar momentos e personagens do Irará.
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Tudo pronto para o velório, só faltava mesmo o morto. Será que ele vem? Isto, o leitor só vai saber se ler “O Velório do homem que não Morreu”. Um cordel longo, nas suas 84 estrofes em septilhas, mas não cansativo. São muitos os personagens e as situações. Tem judeu que rouba ouro de nazista, menino de recado que engana o patrão e delator de comunista. O enredo se dá na Irará do fim dos anos 1960 e faz menção à política daquela época, com pequenas alusões à de hoje.
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(...)
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Por causa da ditadura
Que estava decretada
De terra de comunista
Irará era chamada
E por isso ser verdade
Toda gente da cidade
Tava meio assustada
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(...)
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Os policiais é claro
Confirmaram a versão
Pois cada um recebeu
Um pomposo “mensalão”
Quatro barras pra cada
Osório pela sacada
Ficou com as dez na mão.
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O passado de Irará também é lembrado em “O Padre que era Viciado em Jogo do Bicho”. Numa história fictícia, plenamente inspirada na realidade, Kitute relembra figuras iraraenses como Reginaldo da Empresa, Sr. Pipita Bicheiro e, é claro, Padre Bruno, personagem principal da história. Algumas regras da religião católica ainda são pontuadas no enredo.
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(...)
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Dona Cida não perdia
A missa dominical
Rezada por padre Bruno
Um pastor especial
Também figura histórica
Engraçada e folclórica
Sonhava ser cardeal.
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(...)
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“-Faço o que Jesus disse
Cuido do povo sofrido
Já basta não ter mulher
Que pra mim é proibido.
Não poder também jogar?
Vou ser Padre de Irará
Pois lá tudo é permitido”
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Em “O Exame de Próstata de Zeca Magarefe” o autor trata do problema do câncer de próstata e a resistência em fazer a averiguação médica. Para contar como Zeca venceu o pré-conceito, Kitute de Licinho descreve um pouco do cotidiano dos magarefes. Menciona a freqüência de alguns deles aos bordeis da cidade e faz uma breve diferenciação entre as amadoras e as profissionais do sexo.
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(...)
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Chegando lá no açougue
Para fazer a entrega
Já tava amanhecendo
Sábado de feira e brega
Com o seu dinheiro ganho
Zeca vai tomar um banho
E capricha na esfrega
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(...)
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Não que Irará não tenha
Meninas na profissão
Tem algumas bem bondosas
Que fazem por vocação
E gostam de dar na hora
Basta o cara ser de fora
Ou tá dentro de um carrão.
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As três obras confirmam o talento de Kitute de Licinho para escrever livretos de cordel. O caso do “Velório do Homem que Não Morreu” rendeu ao autor uma Menção Honrosa no Concurso Nacional, realizado pela Fundação Cultural do Estado. Os outros dois, seguem a tendência de mostrar personagens e causos do Irará. Se bem que no “exame de próstata” pode ser que exista algo de autobiográfico.
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Explico melhor. É que Kitute está nos meados dos trinta, portanto, vai se aproximando a “idade da dedada”. Ele deve estar ansioso, pelos avanços da ciência e a popularização dos exames a raio laser.
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Brincadeiras a parte, este cordel vem para... digamos... “botar o dedo” na ferida. Pois o tema abordado ainda é do desconhecimento de muitos.
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E a próstata de Zeca
Se mostrou estar doente
Mas por ter se consultado
Foi curada facilmente
“Venci a enfermidade
Perdi minha virgindade
E fiquei mais consciente”.
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Interessados nos cordéis devem enviar e-mail para
kitutedelicinho@yahoo.com.br .

Uma manhã de domingo, um quintal e um desejo.

O sol do domingo raiou há poucas horas. Não demora muito e o sino da igreja começa a badalar, conclamando os fieis para o encontro dominical. Do quarto, de uma casa situada próximo à matriz, a menina acorda ao som da missa. A reza é proferida estrategicamente aos quatros quantos da cidade, pelas cornetas posicionadas no alto do templo católico.
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Ela, a menina, não entende de estratégias de comunicação ou devoções religiosas, só acha aquilo tudo meio engraçado e gosta de estar ali. Esperou muito por este final de semana, momento de ir ao interior visitar seus avôs. Através das cornetas, a voz do pároco fica um tanto quanto rouca e a faz rir. De repente, seu riso é interrompido pela sua mãe que acabara de adentrar o quarto.
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Cumprimenta a mamãe, pula da cama e vai às primeiras tarefas da higiene diária. Escova seus dentinhos de modo apressado. Saí do banheiro e toma a direção da cozinha. Lá está a mesa, farta e bonita, cheia daquelas guloseimas que só a sua vó sabe fazer. Sob os mimos e carinhos da vovó, sem se importar de dividi-los com seus primos e primas, ela saboreia o café, imagina o dia que está por vim e olha ansiosa para o quintal. Ah! O quintal.
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Aquela é, sem dúvida, a parte da casa que ela mais gosta. Faz do quintal da casa de sua vó, a sua floresta encantada. Basta estar ali, para a brincadeira começar. Surge um mundo de imaginações entre as árvores daquele quintal enorme. Mangueiras, Jaqueiras e Cajazeiras, entre tantas outras, se transformam. É o cenário perfeito para o faz de conta. Ela e suas primas representam aquele último capitulo vivido pela heroína do desenho animado.
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A dimensão do lugar é engrandecida pelos seus olhinhos de criança. Atravessar todo o quintal e ir até a casa do tio, irmão de seu avô, que mora na casa ao lado, parece mesmo uma viagem, um passeio pelo bosque. A brincadeira empolga, ela tenta subir numa das árvores. Logo é repreendida pela avó. “Meu Deus! Desce daí menina!”. Ela obedece e desce. Se sente reprimida, mas de alguma forma sabe que a vó está ali vigilante, porque se preocupa com ela e com os outros.
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É estranha essa gente adulta. Um quintal enorme, mil motivos para brincar e eles ficam na varanda, só jogando conversa fora. O pai, o avô, alguns tios, todos ali sentados, enquanto ela e os primos corriam picula, pulavam amarelinha, se divertiam a danar. Os meninos, quando não conseguiam uma bola, usavam uma laranja. As meninas, com ou sem casa na árvore, simulavam a vida das mamães. Davam às suas bonecas o mesmo tratamento recebido de maínha no dia a dia.
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Logo chega a hora de almoçar. A comida que a menina fez para as bonecas, infelizmente, não servirá de alimento, porque “é de bricadeirinha”. As crianças têm o seu espaço próprio, os adultos dividem a mesa, em meio as suas conversas estranhas. O doce tempero da vovó sacia o apetite da menina, mas a sua atenção ainda é o quintal. Não vê a hora de acabar a refeição e voltar para lá.
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Ao fim do almoço, ela pára e olha para os adultos. Ainda conversam. Observa-os como se quisesse saber o que tanto existe naquele mundo onde “criança não pode entrar”. Fecha seus olhinhos contemplativos. Por alguns instantes se perde em lembranças, como se estivesse a percorrer um túnel do tempo. A surpresa se dá, quando suas pálpebras se abrem.
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Diante do espelho não há mais reflexo de menina. A sua imagem agora é de uma mulher feita. Junto a todas as dificuldades da vida adulta. Ela se tornou uma linda morena tropicana, fruta de vez temporana. E assim tão bela, poderia ter o mundo a seus pés. Mas tudo que ela desejava agora, era o quintal da casa de sua vó, como naqueles tempos de criança.

17.7.06

Brevitas e Bravatas do São João

Ornamentação elogiada
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Diferente de 2005, a ornamentação do São João iraraense este ano foi bastante elogiada. O trabalho é creditado a K. Maia, o mesmo artista que produziu os adereços da Festa da Padroeira. A repetição dos “traços K-maianos” estava bem nítida no palco da festa. A obra de K. Maia se espalha por todo Irará, seja em festas ou na decoração de prédios públicos, como as escolas. O artista, ao que parece, é natural de Feira de Santana. A “capital baiana da arte”, segundo apregoava certo jornal iraraense, não possui mão de obra qualificada para tal. Ou possui? Capital?
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“Arco do Triunfo”
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Irará não é Paris, mas o “arco do triunfo” já vai virando cartão postal da cidade. Com tão glamourosa presença, os blocos festivos, sejam com trios grandes ou pequenos, continuam sem entrar na praça para fazer a sua festa. “A praça é do povo, como o céu é do condor”, diria o poeta Castro Alves. Os condores que aproveitem! Enquanto o triunfo do arco não chegar ao céu, tá tudo azul para eles.
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Intriga da oposição
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Apesar de arco e candeeiros sem chamas, a ornamentação vai melhorando a cada ano. No entanto, os opositores continuam procurando chifres na “k-beça” de “K-valo”. Imagine vocês. Passarinho me contou que os honorários do artista teriam sido R$ 15 mil reais. Questionei ao interlocutor, se o valor por ele mencionado, não foi o custo de mão de obra e material juntos. Ele não soube responder. Como diria um conhecido “jornalista”: “Com a palavra, o vereador Elesbão”. Ele gosta de apresentar gastos de festas lá na casa da cidadania.
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Nos barracos da cidade
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Por falar em casa, é preciso comentar o cenário de entrada da festa. Parece que a idéia era produzir uma típica casa de taipa daquelas da zona rural. Das duas uma. Ou produziram uma casa com um “método mais moderno”, o que já não é típico. Ou não fizeram a réplica de uma casa de taipa, mas sim de um barraco típico das favelas metropolitanas. A construção era a base de telhas de eterniti e ripas ao invés de varetas. Sem falar, no formato equivocado do que seriam as janelas. Lembrei daquela música de Gilberto Gil. “Nos barracos da cidade (...)/ ô uou uou...”
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Um chá de simancol para Preta
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Gil é bom cantando funk, ijexá, reggae, rock, forró... enfim. Agora, não podemos dizer o mesmo de sua filha. Fiquei abismado com a cena que vi na “TV” neste São João. Era um tradicional show de Gilberto Gil, mas a sua filha Preta também estava no vocal da banda. Que cena triste. O pai ainda incentivava, mas a voz da moça não embalava ninguém. Alguém pode oferecer um chá de simancol pra ela? O fato do pai ser Ministro não lhe permite tudo. Olhe o nome do pai...
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Atrações da Festa
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Muita gente pede atrações de peso para o São João. E este ano, Irará anunciou Renato Fechine, Tio Barnabé e Dr. Xote. Eles se apresentaram, mas em horários pouco convenientes. Quando não foi muito cedo, era quase no amanhecer. Quem estava esperando “banda de nome” no melhor da festa, teve de se contentar com as bandas locais. E quem quer novidade, nunca se satisfaz com feijão com arroz, seja da casa de qualquer Dona Beltrana ou Fulana de Tal.
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O campeão da azaração
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Quem deve ter encontrado muitas fulanas, sicranas e beltranas foi o meu brother Marcílio Cerqueira. Tiro esta conclusão dos comentários na comunidade do Jeguerê no Orkut. Todos afirmavam que Vinicius Barcelar pegou todas. No entanto, não prestaram atenção quando Marcílio disse ter sofrido uma “overdose de amor”. Se assim foi, ele deve ter amado de todo jeito, em altas doses e com várias experiências. Título incontestável! Marcílio foi o Campeão da azaração. Nosso amigo Vinicius, assim como o vasco e o vitória, foi o vice.
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Comunicação direta
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Quem é vice, espera a sua hora de ser titular. Mas acho que o vice-prefeito de Irará, Vital Barcelar, foi pego de surpresa ao receber o maior cargo público da cidade, em plena noite de São João, com a Prefeitura fechada. A transferência foi feita verbalmente pelo prefeito-cantor, Juscelino Souza, durante o show de sua banda. Enquanto o prefeito cantava o vice governava. “Vital! Você agora está no comando”, disse Juscelino, sem mandar recado.
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Sub-liminar
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Recados não faltaram no show da banda do prefeito. Pra amigo, pra deputado, e pra tantos outros. Como já de praxe, ele voltou a afirmar “toda nega faz amor comigo”. Até aí nada de novo. A novidade da festa foi a participação especial do cantor Xexéu da Tribahia. Juntos, ele e Juscelino cantaram para o povo de Irará: “E aí? Chupa toda!”
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De boca suja...
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Quem mediu palavras para cantar neste São João foi Capitão do Saracú. Talvez de tanto ouvir que a banda era boa, mas o cantor tinha a boca suja, Capita esteja revendo seus conceitos, com vistas ao universo mainstream. Quem prestou atenção percebeu a ausência do trocadilho, “eu gosto de Juazeiro e adoro a putaria”, como era de costume. Ele também se controlou na hora da reza, dizendo “filho de P. chamado Júnior”. Isso mesmo, ele disse filho de P.
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... à boca ácida
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Não quis falar durante a reza, mas falou o que quis quando acabou o show. Em tom de desabafo, Capita deu um tapa com luvas especiais na organização da festa. Anunciou que o Saracú iria tocar na praça, só que não tinham colocado o nome deles no cartaz. “A gente agora é muito mais” disse o vocalista. E no dia do show, reclamou do som, pra todo mundo ouvir. Sei não viu. Ácido assim, ano que vem não vão contratá-lo, ou então colocam o nome dele no cartaz, com letras de néon e tudo. Quem quiser que mexa em produto de publicitário.
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Para estourar a boca do balão.
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A equipe de merchandising do governo municipal parecia querer estourar a boca do balão. Cartaz, outdoor, banners, panfletos, vídeos, anúncio na TV, várias mídias para difundir a festa. No entanto, nada que surpreendesse. Fica os parabéns pela filmagem, edição e mostra de imagens no mesmo dia, apesar da falhas técnicas do material.
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Deu xabú
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Já o outdoor não teve a mesma sorte do vídeo. Foi muito positiva a idéia, “o candeeiro se apagou”, para anunciar a chegada da luz elétrica em algumas comunidades rurais. Contudo, faltou direção de arte ao trabalho. O Lay-out do Outdoor tava muito ruim. E como se não bastasse o defeito estético, a peça ainda continha um problema ético. O anúncio sequer mencionava os outros parceiros da execução das obras, como se tudo tivesse saído exclusivamente dos cofres da prefeitura. Será? Ou “esqueceram” os “companheiros”?
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Arrasta a massa
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Companheirismo mesmo era daqueles do “São João na roça, no terreiro do vovô”. Os tempos mudaram, e até na roça a onda agora é banda e arrastão. No interior da Bahia, o nome da maré de violência das praias do Rio de Janeiro, virou sinônimo de bloco carnavalesco. Basta um carro de som, um padrão de camisas e forró elétrico. Em muitas comunidades rurais de Irará carnavalizaram o São João. Agora não é mais massa de bolo e sim de gente, nos caminhos da roça.
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Valentia suicida
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E se tem muita gente, bebo, carro, carroça, cavalo... Pode acabar em confusão. Num dos arrastões teve engarrafamento no trânsito e dois motoristas discutiram. Um deles puxou a arma para outro, mas não atirou. A vitima em potencial ao invés de agradecer a Deus, ficou foi chamando o sujeito de frouxo por não ter atirado. “Quem já se viu”. Deve ser por isso que dizem ter muito valente preso no cemitério.
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Quadrilhas
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Quem não quer ficar preso no passado são as quadrilhas. De São João, é claro. Este ano elas voltaram a aparecer na praça. Som de Trio de Sanfoneiro, iluminação inadequada, piso enlamaçado. Caminho da roça! Depois do São João, logo, logo, começam as campanhas eleitorais. No blá, blá, blá, da disputa de votos, uns vão acusar os outros de formadores de quadrilhas nada juninas. Deputados e cabos eleitorais. Cada quá, com seu cada quá.
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10.7.06

Jeguerê! Um campeão de dá inveja.

Tá, Tá, Tá, Taratatá, Tá, Tá, Tá!!! Concentração. Depois de tanta euforia e expectativa o jogo iria começar. Todos os ingressos colocados a disposição estavam esgotados. Recorde de público pagante. A emoção era certa para a hora de cantar o hino.

A seleção Jeguerê entrou em campo. Na escalação Manele do Acordeon, Nilson Aquino e Saracú de Nazareno. Um time pra jogar bonito e empolgar a torcida. Manele bateu bola na preliminar e passou para o Saracú. Os meninos fizeram uma bela jogada, atravessaram todo o campo e tabelaram com Nilson Aquino já lá na frente. É Gol! A torcida foi ao delírio. Ahñs, Ahñs, Ahñs, Ahñs! Rezou, cantou, bebeu, beijou!

Antes da chegada ao gol, uma barreira no caminho. O desvio anunciava a virado do jogo. A chegada na Campos Martins foi pelo sentido inverso. O Capitão do time Saracú nem esperou a rua se estreitar de fato. “Pára tudo! Não vamos entrar nesta rua tocando xote”, alertou o irreverente vocalista. O seu aviso fez o público delirar e acelerar. Forró galope e alguns trocam socos, outros trocam abraços. A efervescência do momento revelou a perfeita dupla de ataque que formam Saracú e Jeguerê.

A parceria foi oficializada em 2004. Coincidência ou não, ano do casamento do jegue. O Jeguerê levou o Saracú ao conhecimento de todo o público iraraense. O Saracú deu ao Jeguerê a afirmação do seu caráter irreverente e jovial. É como se um tivesse nascido para o outro. Nem o tempo dado na relação em 2005, quebrou o ritmo do jogo da dupla. Mais que casamento, entrosamento perfeito.

A sintonia dentro do campo, ou das cordas, não seria suficiente caso não houvesse dedicação fora dele. Nos bastidores, o Jeguerê conta com o trabalho de uma variada comissão técnica. O espectro de composição é amplo. Tem os cordeiros, para garantir que o “pelanca” não invada o campo; o pessoal de apoio, pronto para atender qualquer eventualidade; e os comissários, tão empolgados quanto chefes de torcidas organizadas.

O esquema tático é definido por uma dupla de organizadores. Artur Modesto (só no sobrenome) tá mais pra Felipão do que pra Parreira. Gosta de ver o time “brigando”, dando tudo de si, jogando na raça e na vontade. Eder Martins, mais cauteloso, prefere o jogo coerente para evitar furos na defesa financeira da agremiação.

Os dois contam com a participação de um conselheiro. Idealizador do bloco, o amigo é uma espécie de Zagalo para o Jeguerê. Ele Representa a história, a tradição, os títulos conquistados anteriormente. “L-u-c-i-a-n-o--d-e--R-e-g-e”, 13 letras.

Dr. Lú talvez não imaginasse em 1998, ano de criação do Jeguerê, que aquela “brincadeira da galerinha” (grifo meu) fosse tão longe. Ele, junto com Omar, Neto e Zé, dentre outros, simplesmente fundaram o bloco de maior público, repercussão e, ao menos até onde sei, o de maior longevidade da história de Irará.

O Brasil não foi hexa, mas o Jeguerê continuou sendo um arrastão campeão. Honrou a camisa. Assim como fez um conterrâneo nosso lá na Alemanha. Nilson Aquino, artilheiro de composições para o bloco, foi quem estava certo. “O Jeguerê é Dida/ é de dá inveja”.