17.7.06

Brevitas e Bravatas do São João

Ornamentação elogiada
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Diferente de 2005, a ornamentação do São João iraraense este ano foi bastante elogiada. O trabalho é creditado a K. Maia, o mesmo artista que produziu os adereços da Festa da Padroeira. A repetição dos “traços K-maianos” estava bem nítida no palco da festa. A obra de K. Maia se espalha por todo Irará, seja em festas ou na decoração de prédios públicos, como as escolas. O artista, ao que parece, é natural de Feira de Santana. A “capital baiana da arte”, segundo apregoava certo jornal iraraense, não possui mão de obra qualificada para tal. Ou possui? Capital?
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“Arco do Triunfo”
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Irará não é Paris, mas o “arco do triunfo” já vai virando cartão postal da cidade. Com tão glamourosa presença, os blocos festivos, sejam com trios grandes ou pequenos, continuam sem entrar na praça para fazer a sua festa. “A praça é do povo, como o céu é do condor”, diria o poeta Castro Alves. Os condores que aproveitem! Enquanto o triunfo do arco não chegar ao céu, tá tudo azul para eles.
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Intriga da oposição
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Apesar de arco e candeeiros sem chamas, a ornamentação vai melhorando a cada ano. No entanto, os opositores continuam procurando chifres na “k-beça” de “K-valo”. Imagine vocês. Passarinho me contou que os honorários do artista teriam sido R$ 15 mil reais. Questionei ao interlocutor, se o valor por ele mencionado, não foi o custo de mão de obra e material juntos. Ele não soube responder. Como diria um conhecido “jornalista”: “Com a palavra, o vereador Elesbão”. Ele gosta de apresentar gastos de festas lá na casa da cidadania.
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Nos barracos da cidade
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Por falar em casa, é preciso comentar o cenário de entrada da festa. Parece que a idéia era produzir uma típica casa de taipa daquelas da zona rural. Das duas uma. Ou produziram uma casa com um “método mais moderno”, o que já não é típico. Ou não fizeram a réplica de uma casa de taipa, mas sim de um barraco típico das favelas metropolitanas. A construção era a base de telhas de eterniti e ripas ao invés de varetas. Sem falar, no formato equivocado do que seriam as janelas. Lembrei daquela música de Gilberto Gil. “Nos barracos da cidade (...)/ ô uou uou...”
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Um chá de simancol para Preta
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Gil é bom cantando funk, ijexá, reggae, rock, forró... enfim. Agora, não podemos dizer o mesmo de sua filha. Fiquei abismado com a cena que vi na “TV” neste São João. Era um tradicional show de Gilberto Gil, mas a sua filha Preta também estava no vocal da banda. Que cena triste. O pai ainda incentivava, mas a voz da moça não embalava ninguém. Alguém pode oferecer um chá de simancol pra ela? O fato do pai ser Ministro não lhe permite tudo. Olhe o nome do pai...
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Atrações da Festa
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Muita gente pede atrações de peso para o São João. E este ano, Irará anunciou Renato Fechine, Tio Barnabé e Dr. Xote. Eles se apresentaram, mas em horários pouco convenientes. Quando não foi muito cedo, era quase no amanhecer. Quem estava esperando “banda de nome” no melhor da festa, teve de se contentar com as bandas locais. E quem quer novidade, nunca se satisfaz com feijão com arroz, seja da casa de qualquer Dona Beltrana ou Fulana de Tal.
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O campeão da azaração
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Quem deve ter encontrado muitas fulanas, sicranas e beltranas foi o meu brother Marcílio Cerqueira. Tiro esta conclusão dos comentários na comunidade do Jeguerê no Orkut. Todos afirmavam que Vinicius Barcelar pegou todas. No entanto, não prestaram atenção quando Marcílio disse ter sofrido uma “overdose de amor”. Se assim foi, ele deve ter amado de todo jeito, em altas doses e com várias experiências. Título incontestável! Marcílio foi o Campeão da azaração. Nosso amigo Vinicius, assim como o vasco e o vitória, foi o vice.
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Comunicação direta
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Quem é vice, espera a sua hora de ser titular. Mas acho que o vice-prefeito de Irará, Vital Barcelar, foi pego de surpresa ao receber o maior cargo público da cidade, em plena noite de São João, com a Prefeitura fechada. A transferência foi feita verbalmente pelo prefeito-cantor, Juscelino Souza, durante o show de sua banda. Enquanto o prefeito cantava o vice governava. “Vital! Você agora está no comando”, disse Juscelino, sem mandar recado.
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Sub-liminar
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Recados não faltaram no show da banda do prefeito. Pra amigo, pra deputado, e pra tantos outros. Como já de praxe, ele voltou a afirmar “toda nega faz amor comigo”. Até aí nada de novo. A novidade da festa foi a participação especial do cantor Xexéu da Tribahia. Juntos, ele e Juscelino cantaram para o povo de Irará: “E aí? Chupa toda!”
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De boca suja...
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Quem mediu palavras para cantar neste São João foi Capitão do Saracú. Talvez de tanto ouvir que a banda era boa, mas o cantor tinha a boca suja, Capita esteja revendo seus conceitos, com vistas ao universo mainstream. Quem prestou atenção percebeu a ausência do trocadilho, “eu gosto de Juazeiro e adoro a putaria”, como era de costume. Ele também se controlou na hora da reza, dizendo “filho de P. chamado Júnior”. Isso mesmo, ele disse filho de P.
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... à boca ácida
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Não quis falar durante a reza, mas falou o que quis quando acabou o show. Em tom de desabafo, Capita deu um tapa com luvas especiais na organização da festa. Anunciou que o Saracú iria tocar na praça, só que não tinham colocado o nome deles no cartaz. “A gente agora é muito mais” disse o vocalista. E no dia do show, reclamou do som, pra todo mundo ouvir. Sei não viu. Ácido assim, ano que vem não vão contratá-lo, ou então colocam o nome dele no cartaz, com letras de néon e tudo. Quem quiser que mexa em produto de publicitário.
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Para estourar a boca do balão.
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A equipe de merchandising do governo municipal parecia querer estourar a boca do balão. Cartaz, outdoor, banners, panfletos, vídeos, anúncio na TV, várias mídias para difundir a festa. No entanto, nada que surpreendesse. Fica os parabéns pela filmagem, edição e mostra de imagens no mesmo dia, apesar da falhas técnicas do material.
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Deu xabú
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Já o outdoor não teve a mesma sorte do vídeo. Foi muito positiva a idéia, “o candeeiro se apagou”, para anunciar a chegada da luz elétrica em algumas comunidades rurais. Contudo, faltou direção de arte ao trabalho. O Lay-out do Outdoor tava muito ruim. E como se não bastasse o defeito estético, a peça ainda continha um problema ético. O anúncio sequer mencionava os outros parceiros da execução das obras, como se tudo tivesse saído exclusivamente dos cofres da prefeitura. Será? Ou “esqueceram” os “companheiros”?
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Arrasta a massa
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Companheirismo mesmo era daqueles do “São João na roça, no terreiro do vovô”. Os tempos mudaram, e até na roça a onda agora é banda e arrastão. No interior da Bahia, o nome da maré de violência das praias do Rio de Janeiro, virou sinônimo de bloco carnavalesco. Basta um carro de som, um padrão de camisas e forró elétrico. Em muitas comunidades rurais de Irará carnavalizaram o São João. Agora não é mais massa de bolo e sim de gente, nos caminhos da roça.
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Valentia suicida
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E se tem muita gente, bebo, carro, carroça, cavalo... Pode acabar em confusão. Num dos arrastões teve engarrafamento no trânsito e dois motoristas discutiram. Um deles puxou a arma para outro, mas não atirou. A vitima em potencial ao invés de agradecer a Deus, ficou foi chamando o sujeito de frouxo por não ter atirado. “Quem já se viu”. Deve ser por isso que dizem ter muito valente preso no cemitério.
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Quadrilhas
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Quem não quer ficar preso no passado são as quadrilhas. De São João, é claro. Este ano elas voltaram a aparecer na praça. Som de Trio de Sanfoneiro, iluminação inadequada, piso enlamaçado. Caminho da roça! Depois do São João, logo, logo, começam as campanhas eleitorais. No blá, blá, blá, da disputa de votos, uns vão acusar os outros de formadores de quadrilhas nada juninas. Deputados e cabos eleitorais. Cada quá, com seu cada quá.
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2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom Ró...
Alguns desses fatos que passam despercebidos por nós, mas por você....
muito bom mesmo..

Bugaum

Anônimo disse...

Prabéns não só pela sutileza do jornalista, mas pela senssibilidade do iraraensse.