24.8.06

Cinema BR volta à Irará.

O Projeto Cinema BR em Movimento está de volta a Irará. Depois de um intervalo, após as exibições de Tainá 2 e Bendito Fruto em três comunidades rurais, o retorno do Cinema BR traz outro filme infantil (Cine Gibi 2) e uma comédia (Se Eu Fosse Você), ambos de produção nacional. Dois curtas-metragens também serão exibidos, antes dos longas, são eles: “O amigão Zão” e “A Última do Amigo da Onça”.
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A execução do projeto em Irará é uma iniciativa da Charanga Comunicação numa parceria com o Cinema BR. A empresa iraraense é responsável pelo desenvolvimento e acompanhamento das exibições. Os custos são divididos entre a própria Charanga e o Cestão Supermercado (projetor - transportes - apoio - etc), patrocinador do projeto em Irará.
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Na primeira fase das exibições, a Charanga também contou com o apoio da Casa da Cultura de Irará (CCI). A sonorização das sessões foi realizada através do empréstimo da caixa de som amplificada desta entidade cultural.
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A Charanga espera poder repetir essa parceria e contar com a adesão de novos parceiros. Através da participação de um maior número de colaboradores, será possível continuar com a execução do cinema itinerante no município.
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O Cinema BR em Movimento tem o objetivo de estimular a produção cinematográfica nacional e incentivar a formação de platéias. Ao longo de todo o projeto, já foram realizadas mais de 8.820 em cerca de 629 municípios brasileiros.
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Confira abaixo o roteiro das exibições e as sinopses dos filmes:

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CINEGIBI 2 (longa-metragem)
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Coletânea das aventuras que deram origem ao desenho animado. São sete episódios que reúnem a turminha do Bairro do Limoeiro, além de uma participação especial do caipira Chico Bento.

Animação - 2005 - Colorido
Direção: Maurício de Souza
Duração: 64 min
Faixa Etária: Livre
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AMIGÃO ZÃO (curta-metragem)

Dizem que não é certo chamar meu melhor amigo de amigãozão, mas eu não consigo achar um jeito melhor pra falar dele. Quando ele está perto de mim, eu sempre apareço!

Animação - 2005 - Colorido
Direção: Andrés Lieban
Duração: 1 min

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SE EU FOSSE VOCÊ (longa-metragem)

Cláudio é um publicitário bem sucedido, dono de sua própria agência, e casado com Helena, uma professora de música. Acostumados com a rotina do dia-a-dia e do casamento de tantos anos, eles volta e meia têm uma discussão. Um dia eles têm uma briga maior do que o normal, que faz com que algo inexplicável aconteça: eles trocam de corpos. Apavorados, Cláudio e Helena tentam aparentar normalidade até que consigam reverter a situação. Porém, antes disso, eles terão que assumir por completo a vida do outro.

Comédia - 2005 - Colorido
Direção: Daniel Filho

Elenco: Glória Pires, Tony Ramos, Glória Menezes, Patrícia Pillar, Thiago Lacerda, Danielle Winits, Lavínia Vlasak, Ary Fontoura, Jorge Fernando, Dênis Carvalho e outros.
Duração: 104 min
Faixa Etária: 10 anos
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A ÚLTIMA DO AMIGO DA ONÇA (curta-metragem)

Encontro do cartunista Péricles de Andrade Maranhão com sua criatura, o Amigo da Onça, no último dia do ano de 1961.

Ficção - 2005 - Colorido
Direção: Terêncio Porto
Elenco: Chiara Pascotini, Fabio Lago e Osvaldo Mil
Duração: 17 min

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Calendário das Sessões
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Dia

Comunidade

Local

Filme

Hora

Dia 27/08 (domingo)

Boca de Várzea

Associação Rural

Cine Gibi 2

16:30




E se Eu fosse Você

19:00

Dia 29/08 (terça)

Largo

Escola M. Santa Bárbara

Cine Gibi 2

10:00




E Se Eu fosse Você

16:00

Dia 03/09 (domingo)

Sto. Antônio

Associação Rural

Cine Gibi 2

16:30




E Se Eu fosse Você

19:00

Dia 05/09

(terça)

Boa Vista

Boas Vista Espaço Fest

Cine Gibi 2

16:30




E Se Eu fosse Você

19:00

21.8.06

De homem a mito, no 21 de agosto.

É 21 de agosto, uma segunda-feira. Poderia ser mais uma data entre tantas outras datas. E é. Todavia, nós, tolos humanóides, gostamos de guardar, marcar e rememorar as datas. Pra que vão servir depois? Não sei. Mas guardamo-nas.
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Achamos que com as datas iremos re-viver os eventos, os momentos, as pessoas. Sim, as pessoas. E foi por conta de uma pessoa que re-lembrei desta data (21/08). O que teria acontecido neste dia? De que pessoa estaria eu falando? Por que desta lembrança agora?
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Não sabia e nem me lembraria dela (a data), se não tivesse ido ao teatro no último sábado (19/08). É que eu, que cheguei do interior, inocente puro e besta, não vim morar no “apipema”, mas ver teatro e ver cinema é a minha diversão. Confesso que, mais teatro do que cinema. “Emoção ao vivo!”.
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Não compareci a nenhuma sessão das dez e nem tão pouco ninguém me ofereceu pipoca. Mas, o desafio eu aceitei e logo em troca com o leitor comentarei. Talvez você já saiba de quem eu vou falar e o porquê da data, mas mesmo assim, dou-lhe uma explicação.

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Raul Seixas e Raulzito sempre foram o mesmo homem. E lá estão eles. Os dois. Em cartaz no teatro do ISBA, na peça “Raul Seixas, a metamorfose ambulante”. No texto, a trajetória de um homem surpreendente, um “maluco beleza”.
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É o Raul humano, o Raul artista, o Raul sonhador. Os vários Rauls num só. A
história se passa desde a infância do protagonista até a sua última viagem. O bloqueio às regras escolares, as mulheres, os sonhos, a ânsia pela liberdade do ser. Seus problemas e seu fim, que poderá ser o começo. “Plut, Plat, Zum”, pode partir Raul, sem problema algum.
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Morre o homem - Raul dos Santos Seixas - a 21 de agosto de 1989, nasce o mito. Raul que viu dentro do mambo e da consciência o segredo do universo, já tinha deixado sua mensagem na terra. E muitos foram os ensinamentos do “Profeta do Apocalipse”. Eles estão aí gravados, musicados, a quem interessar possa. Basta ouvir com atenção suas canções.
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O menino que sonhava ser escritor e se disse ator, porque fingia que era cantor e todo mundo acreditava, teve uma vida conturbada e da mesma forma foi o período em que ele viveu. Conheceu Elvis e “aquele ritmo quente, vindo dos Estados Unidos”. Amou os Beatles e entre o pessoal do diretório na faculdade era visto como entreguista devido a sua paixão pelo Rock and Roll – som estrangeiro. E sem xenófobismos, foi revolucionário em fundir rock e baião.
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Quebrou regras, evitou padrões. Ao fundo da sua narrativa, como se fosse um filme intimista, a peça mostra momentos históricos da vida brasileira. O Golpe de 1964. Os anos de chumbo do governo Médici. A abertura. Está lá, encenada, a morte do estudante Edson Luiz.
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Algumas cenas emocionam. Outras fazem rir. Ta tudo lá. Se o assunto é cultura de massa e indústria cultural, o texto da suas pinceladas, através da opinião do personagem Raul. As normas da escola, da família, a indecisão entre o sonho e a vida estável, também estão presentes.
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Todo enredo, ganha o atestado de veracidade quando lembramos que Plínio Seixas, irmão mais novo de Raul, é co-autor da peça. A participação de Plínio, também personagem, na montagem do espetáculo, garante a certeza da narrativa fiel.
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Entre uma cena e outra, um momento e outro, as músicas de Raul ajudam a contar a estória. Vale destacar a preciosidade da hora certa, com que algumas músicas aparecem.
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É isto. Para o leitor saber mesmo a emoção do espetáculo, só indo assistir a peça que fica em cartaz até o mês de outubro. A encenação já foi vista por mais de 50 mil pessoas em Salvador e outras tantas, em mais de seis cidades do interior.
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Eu, conforme já deu pra perceber, gostei muito. E gostei tanto, que me motivei, ao voltar para casa, entre uma cerveja e outra, escrever estas linhas.
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Vale salientar também a montagem do cenário da peça. O movimento constante de vários baús para revirar o baú do Raul. O ator Nelito Reis, se mostra bastante a vontade vivendo o personagem Raul Seixas. Seus colegas também não deixam por menos.
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O sotaque dos americanos aparece nas atrizes que fazem as mulheres estadunidenses de Rualzito. Por vezes elas fazem o público rir nas palavras ditas com a língua dobrada. O que não me agradou muito foi a encenação do “personagem” Marcelo Nova.
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Coisas da vida. Algumas coisas agradam, outras não. O que não empolga é a situação de muitos artistas na Bahia e no Brasil. Ao final do espetáculo, vi uma das atrizes, ainda com marcas de maquiagem no rosto, apressadamente pegando o seu Buzú.
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Por fim, recomendo, e muito, a peça. E é bom que estejamos no 21 de agosto. Quem sabe a publicidade que se dão as datas “comemorativas”, não incite mais pessoas a verem a história de Raulzito, filho de Sr. Raul que naquele dia 21 de agosto de 1989, partiu no seu trem das sete e deixou um legado para nos fazer pensar. Toca Raul!!!
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Raul Seixas – A metamorfose Ambulante
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Sex, Sab e Dom, às 20h, até Outubro no Teatro do ISBA – Ondina
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Ingressos: Sex (R$ 20,00 – inteira), Sab (R$ 30,00 - inteira) e Dom (R$ 24,00 – inteira).
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Ficha Técnica –
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Autores:
Deolindo Checcucci
Plínio Seixas
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Direção:
Deolindo Checcucci
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Elenco:
.Nelito Reis, Karla Ralin, Narcival Rubens, Pedro Henriques, Adriana Mandi, André Tavares, Bruno Neves, Edvard Neto, Uirá Iracema e Mônica Gedione.
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Assistente de Direção:
Gideon Rosa
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Direção Musical:
Tadeu Mascarenhas

Leia entrevista com ator e diretor no portal ibahia:

http://ibahia.globo.com/entrevistas/artigos/default.asp?modulo=1446&codigo=108750

“Muito peido pra pouca obra”.

Já faz alguns dias, mas o som ainda ecoa. O verbo reverbera. Pelo telefone, pela internet, via msn, e-mail e orkut. Alguns amigos me relataram, mas custo a acreditar.
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Quem acompanha este Blog deve ter lido o texto “Enfim, o calçamento da Rua 08 de Agosto”. Nele, era noticiada a obra de pavimentação da via e também feito um elogio ao prefeito Juscelino Souza (PP) pela realização. Só para lembrar: “um pequeno trecho de rua a ser calçada, mas que os outros governos não tiveram a sensibilidade de fazê-lo”, dizia o texto.
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Pois bem. A obra foi feita, mas causa estranheza o episódio da inauguração. Ainda reluto em acreditar no que os amigos me contaram. Não é possível. Dizem que foi realizado um grande evento pela inauguração de tal obra.
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Como não me foi possibilitado ver pra crê, peço às pessoas que, por ventura, lerem este texto e que estavam em Irará, comente-o, confirmando ou desmentindo as informações a mim transmitidas.
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A primeira foi de que o Sr. Prefeito decretou feriado no dia da inauguração, ocorrida na mesma data que empresta o nome à rua. Não me recordo disto acontecer nos anos anteriores. Apesar do 08 de Agosto marcar a elevação de Irará à condição de cidade desde 1895, acho que o dia nunca havia merecido decreto, para a suspensão dos trabalhos escolares e/ou fechamento do comércio. .
Em sendo a data um feriado a partir de agora, Irará terá três feriados municipais. O 02 de Fevereiro, dia da Padroeira; o 27 de Maio, emancipação política; e o 08 de Agosto, elevação á condição de cidade. Juntando-se os estaduais, nacionais e religiosos, a cidade deve entrar pro guinnes, no tópico das localidades que mais têm “dias inúteis” no mundo.
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Depois me contaram que foi organizada uma grande lavagem. Com direito a baianas, charanga e tudo mais. Estranho! Lavar o que? Se a rua acabava de ser pavimentada, deveria estar novinha em folha. E, ao que me consta, diante do pequeno trecho calçado (cerca de 300m), não deve ter havido necessidade de licitações para contratação de grandes empreiteiras.
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E também disseram que foi a maior festa, com a presença de um mine-trio e uma banda musical. Aí protestei: “Gente! Isso não é festa! É projeto.”. Sim projeto. O qual chama-se: “Terça na rua”. É só o leitor lembrar da campanha do nosso ilustre Prefeito.
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Durante o período eleitoral de 2004, o então candidato Juscelino e toda a sua comitiva, visitaram várias localidades do município mostrando os seus projetos para a população. Tinha o “Domingo na Roça” - palco, banda de arrocha e discurso; na zona rural. O “Sábado no Bairro” - palco, banda de arrocha e discurso; numa área próxima ou na sede do município. E o “Sexta na Praça” – palco, idem, idem; na Praça da Purificação.
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Agora que o grupo – ou parte dele – está na prefeitura, nada mais natural do que querer completar a semana. Além do “Terça na Rua”, deve vir por aí: O “Segunda na Esquina”, o “Quarta no Beco” e o “Quinta na Avenida”.
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Mesmo que ainda não tenha completado o ciclo, o prefeito Juscelino (PP), com os seus projetos e – ao que parece - inaugurações, já fez por merecer a simpática alcunha de Jú Festinha. Alguns assim o apelidaram em referência a outro prefeito, que a todo ato público, organizava a festa e levava convidados especiais.
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Aparições ilustres na inauguração da obra da 08 de Agosto também não faltaram. Presenças como a da gloriosa Filarmônica 25 de Dezembro e do músico iraraense Gigi, filho de Alfredo da Luz e baixista da banda de Ivete Sangalo, me foram igualmente relatadas. Não faltaram também os discursos.
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Ainda segundo as informações transmitidas, o Prefeito apresentou um dos seus motivos para ter calçado aquela rua. É que ali reside Dona Caboquinha, a pessoa que faz o licor que ele - Juscelino - leva para a governadoria, toda vez que vai falar com o governador Paulo Souto (PFL).
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Segredo revelado, agora falta saber de onde se origina a farinha e o litro de mel. Foram estes três itens (licor - farinha - mel) que o atual prefeito, na sua campanha de 2000, prometeu em praça pública que levaria ao governante toda vez que fosse visitá-lo, “e assim trazer as obras que irará precisa”.
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As estórias foram tantas que naquele final de manhã de terça, ao ouvir alguns foguetes aqui em Salvador, pensei que o som tivesse vindo da inauguração iraraense. Aí um entusiasta da vitoriosa e esperançosa campanha eleitoral do prefeito em 2004, me disse que deveria ser a inauguração da “Rua 04 de Agosto”.
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Na versão dele, a 08 de agosto já era pavimentada em sua metade. Ou seja, do trecho do Banco do Brasil até o bar de D. Luisa. Portanto, a Prefeitura teria calçado apenas a “04 de agosto”, que se refere a outra metade da rua, a qual vai do Bar de Dona Luisa até pouco depois da Delegacia de Policia.
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Mesmo sendo obra pela metade e que tenha acontecido comemoração por inteiro, vale algumas ponderações. Poucos dias antes da dita inauguração, passei perto da Rua 08 de Agosto, e percebi a feliz iniciativa da Prefeitura em ter plantado árvores na rua. Pena que não colocaram as mudas na calçada, mas sim embaixo, na rua mesmo, o que pode trazer problemas se as árvores conseguirem vencer as adversidades e crescerem fortes.
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Quanto a isso, outros me fizeram queixas da espécie da árvore plantada e dos níveis da rua também. Mas prefiro não comentar. Não entendo da matéria, e agora não tenho como pedir socorro às minhas primas, futuras engenheiras, civil e ambiental.
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Nos mais, para concluir, volto a afirmar que ainda estou duvidoso, quanto a todo este relato. Por isso, peço encarecidamente outra vez, que as pessoas comentem o texto, dizendo se os acontecidos da inauguração se deram ou não.
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Penso que não. Deve ser fantasia da galera, querendo me aprontar uma pegadinha. Afinal, nestes tempos de contenção de despesa, a prefeitura não iria gastar para comemorar a inauguração do calçamento de um pequeno trecho de rua, o valor equivalente a calçar outro pequeno trecho.
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Ao considerar a hipótese surreal do caso ser verídico, lembrei de um dos muitos provérbios que eram ditos por minha vó. “Quando se ver muito peido, é sinal de pouca bosta”.
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“Obrar”, em outras palavras, relatar suas “obras” é prática preferida de muitos políticos. Enquanto eles “obram” o povo vai perdendo a fé. Se antes tinham fé e não sabiam “fé em que”, agora pedem apenas que se dê fé cá. Porque lá, entre os governantes, tudo é fé-licidade.
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P.S. – Sugestões, encaminhamentos e comentários também podem ser enviados para: robertoirara@yahoo.com.br . Para comentar nesta página, clique em “comments”.