24.9.07

Artistas “como quaisquer outros”

Por Josciene Santos

Dupla de dançarinos em cadeira de rodas faz show sensual
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Com um cigarro na boca, uma roupa vermelha e sensual e uma expressão de desejo, Ninfa Cunha e seu parceiro e coreógrafo, Déo Carvalho, mostraram à platéia do II Circuito de Deficientes Sobre Rodas que deficiente também tem vícios e vida sexual. “Eu não sou exemplo para ninguém. Nem quero ser. Sou uma pessoa como qualquer outra e faço tudo o que todos fazem. E quando estou no palco, eu não estou ali para expor minha deficiência. Estou como uma artista, mostrando meu trabalho”, disse. “Eu e Déo trabalhamos muito com temas do cotidiano e com tabus. Falar da sexualidade dos deficientes, de gravidez etc., ainda é um tabu. E nós transformamos isso em dança. E buscamos passar para a platéia um sentimento que não seja pena. Provocamos o público”, afirmou.
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Ela e seu parceiro, além de outros grupos artísticos, se apresentaram logo após o fim da competição dos atletas, mediante um cachê, segundo ela satisfatório. Ninfa conta que, apesar do campo para apresentação de dança com deficientes estar crescendo, é um progresso lento. “Muitas pessoas entram em contato conosco para que façamos apresentações. Mas são raros os casos em que continuam a conversa quando informamos que cobramos uma remuneração. A impressão que tenho é que eles consideram um favor, um ato social louvável abrir espaço para que um deficiente mostre seu trabalho. E não é isso. Nós somos artistas como qualquer outro”, disse.
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* O texto acima é parte integrante da matéria "Circuito deficiente - Problemas marcam competição entre atletas em cadeira de rodas, levando equívoco ao resultado - publicada no Jornal da Facom - Edição nº 10 - válida até 15 de julho de 2007.
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Foto: Josciene Santos.
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23.9.07

Fábio Calisto marca presença em Encontro Territorial

Nos dia 17 e 18 de setembro aconteceu em Feira de Santana o Encontro Territorial de Cultura do Território de Identidade Portal do Sertão, compreendido por Feira e mais 16 municípios ao seu redor.
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O evento teve como propósito a formulação de propostas que sirvam de subsídios para a elaboração do plano Territorial de Cultura. Os municípios enviaram representantes do poder público e os representantes da sociedade civil, eleitos durante os Encontros Municipais de Cultura, mas os trabalhos eram abertos à participação popular.
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Fábio Calisto, vulgo Zé Colméia, estava lá. Ele não era representante do poder público e nem muito menos fora eleito para representar a sociedade civil iraraense. Esta vaga fora concedida no Encontro de Irará à professora Dilma Leão que lá também estava. No entanto, Colméia marcou presença e roubou a cena. Fez perguntas e atacou de porta voz.
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Calisto (de costas) chamou "a massa" pro samba
Na hora que o Samba-de-Roda tocou, iniciou o movimento que deu vazão à boa parte da platéia levantar das cadeiras da Sala Teatral do Centro de Cultura Amélio Amorim e cair no samba.
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Também entraram na roda de samba alguns diretores da Secretária de Cultura do Estado (Secult), a Superintendente de Cultura, Ângela Andrade, e até mesmo o Secretário de Cultura, Márcio Meirelles, interpelados diretamente por Fábio Calisto.
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No momento da apresentação do Grupo de Chorinho, Calisto quase que conduziu todo o repertório sinalizando para que fossem tocadas algumas músicas de sua preferência.
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Mesmo com toda esta agitação no dia dezessete, Zé Colmeia continuaria surpreendendo. Na terça-feira (18) ele foi eleito o representante do Grupo de Trabalho do tema “Expressões Artísticas”, para apresentar as propostas da equipe na plenária final do Encontro. Para conseguir esta vaga, Calisto venceu a eleição contra uma pessoa do movimento cultural de Feira de Santana, obtendo cerca de 27 votos em um grupo com pouco mais de 40 pessoas.
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Com microfone na mão, diante do palco do Amélio Amorim, Fábio não se fez de rogado para apresentar as propostas de seu grupo. Entre os sete representantes de grupos de trabalho, a apresentação dele foi a que mais demorou. Não só pelas propostas e sub-temas, que eram os mais extensos, mas também pela oratória do rapaz.
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Ao explicar as propostas, Calisto falou da Filarmônica 25 de Dezembro, nas suas palavras: “a furiosa de Irará, onde eu sou músico”. Depois recorreu à Tom Zé, lembrando que na terra natal do tropicalista, a música dele não é ouvida e o seu trabalho quase desconhecido.
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Quando a Secretária de Cultura de São Gonçalo falou que “não é só Tom Zé”, mas que deveria ser lembrado também um renomado músico São Gonçalense (esqueci o nome agora rsrsrsr) que é sucesso na Europa, Calisto usou do seu “direito de resposta” para dizer que conhecera o maestro de São Gonçalo e fora aluno do mesmo, portanto quando citou o cantor e compositor iraraense não quis desmerecer ninguém.
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Mesmo sem estar de posse de sua clarineta, Fábio Calisto deu seu show no Amélio. A coisa foi tal, que quando a representação de Água Fria pontuou sobre o alto investimento que se faz naquela cidade para levar o CALIPSO, pensei em sugerir que eles levassem o CALISTO que, ao menos deduzo, deve seguir aquela receita apresentada num dado palanque na campanha de 2000: “cobrar um cachê mais barato; que a prefeitura possa pagar”.
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Pois é, com seu perfil participativo, Calisto foi, aos poucos, chamando a atenção das pessoas. Um dos diretores da Secult me sinalizou para a “disposição daquele rapaz de Irará”, respondi que naquele indivíduo tem alguns caracteres do “típico iraraense” e se esse encontro fosse feito na “terra da farinha” era que ele ia ver o tanto de figuras que poderiam aparecer...
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Não sei se estou certo, mas imagino que o evento deve ter provocado algum tipo de empolgação no jovem Calisto. Penso que por agora ele já pode até estar maquinando estratégias para a sua possível segunda candidatura a vereador nas eleições do próximo ano.
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O tempo é que vai dizer. Agora que Fábio já tomou o “ônibus do PMDB”, esse pensamento pode ser só mais uma “viagem”, ou então, pode vir a ser real. A julgar pelo destaque do rapaz no Encontro Territórial, não só os pré-candidatos a edis, mas os postulantes à Assembléia Legislativa em 2010 já têm um sério concorrente.
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10.9.07

BA 084 registra elevado índice de acidentes

Nos últimos meses, acidentes com veículos de carga pesada têm sido constantes na rodovia BA - 084, estrada que vai da BR 324 e BR 101 até água Fria, passando pelos municípios de Conceição do Jacuípe (Berimbau), Coração de Maria e Irará. Somente no mês de agosto passado, três caminhões tombaram, sendo que um delas incendiou e o motorista morreu. Na madrugada do domingo (09/09), para a segunda (10), outro virou próximo à curva da pedra, entre Berimbau e Coração de Maria, interditando o trânsito neste trecho por toda a manhã de segunda.
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De acordo com depoimentos de moradores às margens da rodovia, ultimamente o trânsito deste tipo de veiculo ficou intenso durante a madrugada. Passageiros e motoristas, usuários da linha, suspeitam que o aumento do fluxo de transporte de carga na rodovia tenha sido ocasionado pela instalação de uma balança rodoviária na BR 116 – Norte, próximo à cidade de Feira de Santana. Eles acreditam na possibilidade dos caminhões estarem utilizando a rota da BA 084 como um desvio, já que certamente estariam com a carga acima do peso máximo permitido pela legislação de trânsito.
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Na rota alternativa, os caminhões sairiam da BR 324 através da BA 084 até a cidade de Irará, quando entrariam na BA 504 (Alagoinhas – BR 116) e passariam pelo município de Santanópolis até chegar à BR 116 Norte, na altura do posto Trevo (após a balança), daí em direção ao norte do estado através de Serrinha ou de Richão do Jacuípe.
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Situação pode piorar
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Mesmo sendo toda reformada em 2005 as condições da rodovia BA 084 não são das melhores. Já é grande a quantidade de buracos em vários trechos, a sinalização horizontal quase que não mais existe e o mato começa a encobrir a pista em alguns lugares. Unindo estes aspectos ao trajeto da pista, ainda mais perigoso para o motorista que não a conhece, aumentam-se os riscos de acidentes. Esta situação pode ficar pior com o acréscimo do fluxo de veículos de carga.
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Caso a suspeita da população com relação à fuga da balança seja real, a tendência é que o piso da rodovia fique ainda mais comprometido. Na hipótese dos veículos estarem com o excesso de peso permitido para uma pista federal, bem melhor estruturada, é de se imaginar que este excedente é mais nocivo para as estaduais.
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As carretas com excesso de peso se comportam como inimigos do “regime” e fogem da balança. A obra Federal, iniciada no governo Sarney (1985-1989) e que só veio funcionar no governo Lula após a reforma da BR 116, agora segue no seu objetivo de fiscalizar o excesso de peso na BR e a BA 084 é quem possivelmente sofre as conseqüências da fuga da lei. Pode ser que vala o ditado: quem pari Mateus, balança.