30.11.07

Dia do Samba em verso e prosa

Domingo, 02 de Dezembro, é dia do Samba. Leia homenagem e histórico da data, produzida pelo poeta Gustavo Felicíssimo.

Aqui.

Pisadinha do Pé Firme é selecionado em Prêmio da Funceb


Pisadinha em apresentação no Colóquio 2005


O samba-de-roda Pisadinha do Firme, da comunidade da Boca de Várzea, liderado por Seu Juvam Gomes (pedreiro, barbeiro e sambador, dentre outras artes), foi um dos grupos selecionados no Prêmio Manifestações Tradicionais da Cultura Popular, realizado pela FUNCEB – Fundação Cultural do Estado da Bahia. Com a premiação, o Grupo receberá R$ 6 mil (com impostos a ser descontados) para investir na compra de instrumentos e indumentárias.
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A idéia de inscrever o grupo no Edital da Fundação, com prazo de inscrições encerrado no último dia 30 de outubro, partiu dos integrantes da Charanga Comunicação. Vendo no Pisadinha as potencialidades para conseguir o prêmio, a tarefa do grupo consistiu em orientar e assessorar Seu Juvam, para que ele pudesse cumprir todos os passos exigidos no Edital. Para comprovar que o Pisadinha tinha mais de dez anos de atividades ininterruptas (umas das clausulas do edital) foi usado uma ata de Reunião da Casa da Cultura de Irará (1994) e declarações de Dr. Deraldo Portela e Dr. Veríssimo Avelino.
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O prêmio vem num momento bom para o grupo, que recentemente gravou um DVD. No vídeo há entrevistas, contando um pouco de sua história; participação de convidados, como Dr. Deraldo Portela, Diógenes Barbosa, Kau Santana, Sr. João Lopes, Derivaldo Pinto, Professora Lindinalva, o Prefeito Juscelino Souza, entre outros; e muito samba. Este projeto do Pisadinha, junto a três Colóquios de Literatura Popular (2005/ 2006/ 2007) e o CD do Cinqüentenário (Filarmônica 25 de Dezembro) é o quinto projeto cultural aprovado para Irará que conta com apóio logístico da Charanga Comunicação.
* Foto de Periclés Mendes - fotográfo que esteve em Irará acompanhando o grupo Solo Pedregoso no Colóquio de Literatura Popular em 2005.

Um tri-lema para a polícia e para a política

Entre as questões e assertivas feitas pelo Capitão Nascimento, personagem-narrador, interpretado pelo baiano Wagner Moura, no filme Tropa de Elite, quero direcionar uma para o segmento da política. Trata-se do tri-lema: “policial ou se corrompe, ou se omite, ou vai pra guerra”.
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Se, de acordo com o que o filme deixa transparecer, não há como fugir deste tri-lema para ser um policial, me parece que para exercer a política, também não existe outra escolha. Os que se corrompem, os que se omitem e os que vão à guerra, são os tipos mais freqüentes no meio político. Tal ambiente, aqui descrito, não se resume apenas à política partidária ou profissional, mas também se refere à participação política, por assim dizer.
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Os que se corrompem são os tipos que mais aparecem. E, por vezes, aparecem até, com relativa freqüência, nos grandes veículos de comunicação. Pessoas que usam influência ou participação em cargos públicos para benefício próprio e/ou de amigos.
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Neste grupo também estão os popularmente conhecidos “políticos corruptos”. Pessoas sem escrúpulos e sem nenhum receio de ser descoberto um dia ou de se beneficiar à custa do suor alheio. Alguém acreditando no “todo mundo rouba mesmo”, que se achou no direito de meter a mão também. Afinal, como diz o ditado, ele não iria “dá uma de freira no puteiro”.
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Os omissos figuram, basicamente, em duas linhas de atuação (se é que alguém omisso atua em alguma coisa). Há aqueles que enxergam no meio político muita roubalheira, falsidade, presunção, entre outros males, e pensam que é melhor ficar neutro, do que tomar qualquer posição possível. Outros desenvolvem uma visão fatalista, cheios de criticidade, pessimismo e uma boa dose de realismo, achando que o “mundo sempre foi assim”, e não será ele quem vai mudar.
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De tal modo, é preferível não se estressar, não colocar em risco a própria vida, ou consumi-la, dando “murro em ponta de faca”. É o pensamento de que é melhor ficar de fora das situações políticas, ser apenas mais um cidadão a cumprir seus deveres, pagar impostos e nada mais. O tipo: “vejo, sei, mas não ligo”. Neste pensamento, a posição é mesmo ser asa de caneco. Ficar de fora.
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Na ponta final do tri-lema, estão os que vão para guerra. Na visão de muitos, são os “loucos”, os “utópicos”, os “certinhos”, os “radicais”, etc. Pessoas que não abrem mão de suas convicções e, por incrível que possa parecer, acreditam na política como o meio de transformação da sociedade. Para melhor, é claro. “Acreditam nas flores vencendo o canhão”. Em resumo, são seres dotados de paciência, com fé no futuro, mesmo que seja para usufruto das próximas gerações. Estes têm sido o tipo mais raro.
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Em um belo texto intitulado “
Sobre Política e Jardinagem”, o educador Rubem Alves, escreve para “seduzir jovens à vocação política”. Na sua diferenciação entre os políticos por vocação, que fazem política por amor, e os políticos por profissão, quem a exerce por dinheiro, Alves, com seus argumentos convincentes, pode até seduzir jovens a se alistarem para a guerra da política, mas não deixa de fazer um reconhecimento:
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“O triste é que muitos que sentem o chamado da política não têm coragem de atendê-lo, por medo da vergonha de ser confundido com gigolôs e de ter de conviver com gigolôs”.
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Os corajosos que vão à luta precisam estar munidos de bons armamentos e munição precisa. Entre tantos “artifícios bélicos” necessários é imprescindível ter “estomago de avestruz”, “sangue de barata” e uma boa dosagem de paciência.
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Pois é. Como algum pensador (se não me engano Aristóteles) já disse, todo homem e toda mulher é um ser político. O tri-lema então está posto diante de todos. No script político que ai estar, cada um vai ter de definir o seu papel. Escolher entre um dos pontos do tri-lema é a missão. Oh! Missão.


18.11.07

Vir ver

Vim ver
Nascer
Crescer
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Atravessar a vida e
sonhar...
Sofrer...
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Viver
Vir ver
O que?
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Pretensa produção poética, um dia rabiscada num pedaço de papel e por muitos - certamente alguns anos - esquecida no fundo de uma gaveta até ser encontrada no dia de hoje.

5.11.07

Cultura é o quê?

Essa foi a pergunta exaustivamente feita pela Secretaria de Cultura desde os encontros municipais de cultura, incluindo os territoriais e até a II Conferência de Cultura em Feira de Santana.
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Ainda no mês de julho, treinamento dos Mobilizadores Culturais em Salvador, o pessoal da TVE nos fez esta pergunta e pediu que falássemos um pouco da cultura em nosso município. Aí já sabe né? Falei do cenário cultural em Irará, da Filarmônica, de Zé Nogueira... enfim.
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E enquanto a resposta da pergunta... Bem! Cultura é o quê? É uma daquelas coisas que quanto mais a gente se informa sobre, menos sabe. Na hora que a questão foi feita, assim, em frente à câmera respondi de uma forma. Em outro momento, poderia ter respondido de outra...
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Confira o vídeo gravado pela TVE.
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Obs: Estando na pagina procure por Marcos Roberto Martins – Mobilizador Cultural – Portal do Sertão.

1.11.07

Um comerciante sem pressa e amigo dos concorrentes

Nada de multidões. Amigos, familiares e antigos clientes foram os presentes ao sepultamento do Sr. Lúcio de Jesus, na manhã de ontem em Irará. Comerciante de tradição na cidade, “Seu Lúcio”, como era mais conhecido, contava 90 anos ao se despedir deste velho mundo; cruel na visão de muitos.
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Estando no enterro ou sabendo da notícia é impossível, para aqueles que o conheceram, não lembrar de Sr. Lúcio no balcão de sua loja. Lá, no estabelecimento de nome fantasia e placa indicativa como “Casa Maria Luíza”, porém mais conhecido por toda a população como “Venda de Seu Lúcio”, ele atendeu gerações de iraraenses.
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- Seu Lúcio? Tem borracha?
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- Tem meu filho; um momento.
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A pressa era mesmo inimiga do atendimento para Sr. Lúcio. Não é atoa que entre seus muitos clientes, há ainda quem se recorde que quando um comprador chegava muito apressado, com um chamado urgente do tipo “Seu Lúcio despacha aqui!”, ele então respondia: “Se tiver com pressa, pode ir comprar noutro lugar”. Às vezes as resposta vinham com um tom um tanto quanto áspero, contrastando com o perfil paciente do vendedor.
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E não foram somente os apressados os ouvintes de indicações para comprar em outra loja. Muitas vezes os clientes de Sr. Lúcio foram orientados por ele a ir comprar nos vizinhos, naqueles que poderíamos chamar de concorrentes.
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- Eu tenho aqui, mais ali em Fulano, você vai achar um com uma qualidade melhor – indicava Sr. Lúcio.
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- Olhe, aqui tem, mas, ali na loja A tem mais barato – alertava.
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Sr. Lúcio nunca deve ter freqüentado um curso de marketing, feito qualquer preparação em técnica de vendas ou lido algum método de como seduzir a clientela. Entretanto era com a sua sinceridade que ele, ao que parece, de modo nada intencional, conquistava a assiduidade do cliente. Comprar em Sr. Lúcio era ter a certeza de não estar sendo enganado.
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Diante de sua personalidade séria e popularidade, um dia acharam que Sr. Lúcio deveria ser prefeito de Irará. O calendário marcava o ano de 1970. A candidatura de Lúcio era adversária da juventude festiva da época que numa marcinha eleitoral tentava situar os lugares dos candidatos e, talvez, a “necessária” falta de seriedade na condução política. “Parrinha na Prefeitura e Sr. Lúcio no balcão”, dizia a música.
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Eleição perdida, ele continuou no balcão, ao qual foi ligada a sua imagem, onde o atendimento era personalizado. Quando não era o próprio Sr. Lúcio, estava lá Alfredinho sempre pronto para receber o cliente, portando o seu lápis na orelha. Gesto copiado pelos garotos na escola, quando brincavam de caixeiro.
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Certamente todos que freqüentaram a Casa Maria Luiza devem ter lembranças daquele ambiente. O balcão de mármore, com base de madeira; as prateleiras, algumas com portas ou gavetas; a balança típica com pesos para por num prato e fazer o equilíbrio com o outro onde estava a mercadoria; o cesto pendurado com o cordão para amarrar os embrulhos...
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Ninguém pensava em shopping centers ou mega estore, pois, lá naquele ambiente humilde se encontrava de tudo. Material escolar, cimento, cereais, ferramentas para o trabalho rural, pregos, anzol, sabão, papel jornal velho, artigos para o lar, linhas para costura, etc, etc, etc.
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Quantas e quantas crianças não já se debruçaram sobre aquele balcão para comprar “novelo de quarenta” para soltar pipa durante o verão?
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Há muito não ser ver garotos soltando pipa em Irará. Há algum tempo Sr. Lúcio não mais atendia no seu balcão. Aposentado, de vez em quando era visto à porta de sua casa, respondendo a um ou outro que passava e lhe dava um "bom dia" ou um "boa tarde". Talvez nem lembrasse quem era a pessoa, mas certamente devia saber se tratar de alguém que algum dia já foi atendido no balcão da “Venda de Sr. Lúcio”.
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* Estas linhas foram escritas com base na vivência e numa conversa com o amigo Zé Nogueira durante a missa de sepultamento de Sr. Lúcio de Jesus.


“Bar de Zé Petu” é demolido

Quem tirou foto, tirou. Quem guardou na memória, guardou. Quem não fez isso, quando estiver diante do comentário de alguém ou nas leituras das páginas das “Janelas Abertas” de Juracy Paixão, só poderá ter uma vaga idéia de como eram as instalações do tradicional Bar de Zé Petu. Local que já foi marco do encontro juvenil e da boemia de Irará.
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A edificação que era situada à Rua Manoel Julião (Calçadão) e já há alguns anos ostentava uma placa com a inscrição “Bar 07 de Setembro”, com propaganda do refrigerante “Crusch”, foi demolida. O prédio era do tempo em que se colocava a data de construção na fachada. E a data que estava lá, se não me falha a memória, ainda marcava os primeiros anos do Século XX. Agora é poeira, escavações e o sinal de uma nova construção.