16.12.09

João Martins em Feira

João na Exposição Curumins e Passarins. Irará, abril/2009

Em cartaz a exposição “A poesia das coisas” de João Martins na Sala Carlo Barbosa no Cuca em Feira de Santana. A abertura foi na quarta-feira, dia 09/12 e os trabalhos ficam expostos até o dia 31/12. Escrevi um breve perfil de João Martins para a Lupa Digital. No texto, é possível acessar links para outros escritos e informações sobre a exposição e sobre o trabalho de João Martins.

* foto: Edson Machado

13.12.09

Moska em Serrinha

Gelo seco e violão, um flagrante inesperado...


Aconteceu entre os dias 02 e 06 de Dezembro mais uma edição da Semana de Cultura de Serrinha. Desta vez o evento contou com maior apoio da Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Educação, Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, dirigida pelo amigo Sandro Magalhães.
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Creio que, por conta da participação do Poder Público, esse ano a Semana pode contar com mais atrações, entre elas nomes como os de Peninha e Paulinho Moska, além das participações de Fabio Paes, Jota Veloso e Alisson Menezes, entre outros.
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Tem Moska na programação? Arrumei tempo na agenda, botei a mochila nas costa e fui. Cheguei já quase na hora do show.
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É que antes passei por um enorme atraso injustificado na rodoviária de Feira de Santana. Foi uma Plenna falta de respeito com o passageiro. Parecia não ter santo pra dar jeito naquela situação. Eu não podia e nem era doido de apelar pra São João. Como diz o ditado “esperar... só por Deus”.
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O show foi muito bom. Ele começou “colocando um ponto final”. Um mero “sinal de que tudo na vida tem fim”. No set list canções como “Lagrimas de Diamantes”, “O Jardim do Silêncio”, “A idade do Céu”, “Pensando em Você” e “Relampiando”. O público pede bis. “O último dia” termina a festa.

Bate papo: Lembranças do show do Parque da cidade em 2007
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Depois, tive a sorte de trocar uma idéia com o artista da noite. Alguns comentários sobre a apresentação e lembranças do último som dele que presenciei no Parque da Cidade em Salvador. Um evento marcante para qual escrevi um relato na época.
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Valeu a Semana de Cultura. Parabéns a Sandro e equipe. Força, luta e perseverança! Valeu a atitude de trazer Moska. Valeu a viagem. Valeu o som. Valeu à pena. “Sou pescador de ilusões”. Nem só de “Valeu Boi” vive Serrinha. O Rappa na Vaquejada parece já ter sido um sinal. E tudo na vida tem fim.
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7.12.09

O passeio de Tom Zé em Irará

Imagem de Tom Zé no palco da Feira da Mandioca


Mais um texto sobre a vinda de Tom Zé a Irará. Desta vez, o escrito relata a ansiedade demonstrada por Tom na hora da passagem de som, o público heterogêneo para o qual o tropicalista tocou na Feira da Mandioca e algumas opiniões do público. Ao final, tem algumas narrativas da agenda de Tom Zé na cidade e uma pequena reflexão, comparando o momento com os versos da música menina Jesus. O texto foi postado na Lupa Digital e o título é O passeio de Tom Zé em Irará.

18.11.09

Não é de hoje que defendemos um show de Tom Zé em Irará...

o show de Tom Zé foi a relização de uma vontade antiga nossa. Embora, alguém possa ter esquecido, sonhamos com isso desde 1998, dentro do Projeto Verão Ativo. Na época cheguei a telefonar para um mangagão e.... (melhor esquecer)
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Em 2008, cheguei sugerir pessoalmente, durante a abertura do Colóquio de Literatura Popular, a membros da gestão municipal da época para fazer o show, no que fui ridicularizado (na política deles só havia espaço para grupos tipo "Novo Tom" ou "Bonde do Maluco" ao invés de Tom Zé).
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Sobre isso, vejam texto que escrevi e enviei à lista de e-mails "iraraense" (ainda não tinha blog) em 10/06/2005.
O velho Tom Zé no lugar do Novo Tom.
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Por Roberto Martins
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É Tom Zé no Le Monde, no The York Times, na Alemanha, no globo inteiro. Turne no Brasil e no Mundo, só não passa em Irará. Talvez a terra natal do compositor baiano seja mesmo um “lugar improvável” (assim o Le Monde se referiu a lugar onde Tom Zé nasceu) para estar na agenda do Tom.
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Culpa dele? Acho que não. Tom Zé é um artista consagrado e como tal merece respeito. Cobra cachê e precisa receber pelo seu trabalho. Portanto, ninguém espere que Tom Zé dê uma de santinho e diga: “oh minha gente, valei-me minha menina jesus, não se descabelem que nós vamos fazer um show em Irará”.
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As evidencias nos levam a crer que não existem maiores interesses pelo show de Tom Zé na sua terra natal (ao menos da parte daqueles que podem contrata-lo). Tão Zi, como diriam os estadunidenses, é genial, toca músicas inteligentes e tudo mais, mas vejam vocês, o tropicalista saiu de Irará nos anos 50, e caminha para fazer 70 anos de vida. Mesmo que ele pule, cante, corra, grite e “trepe” com o vilão durante o show, vai ter gente tachando-o de velho. Quem sabe seja por isso que os iraraenses não estejam interessados em ouvir o velho Tom, mas sim o Novo Tom.
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Novo Tom é nome de um grupo de arrocha, estilo de música que nas palavras do professor Jorge Portugal, na tela do Fantástico, “é um movimento pós tropicalista e pós tribalista que surge da periferia para o centro”. Profundo, não? Talvez. Mas explicações à parte, o Novo Tom se destaca entre os grupos de arrocha pelo diferencial de suas letras. Elas não choram dores como as de Silvano Sales, se dizendo carente. Elas apostam num relacionamento de “método mais moderno”: “... Menina malcriadinha/ Leva tapa na bundinha/ mas este tapa/ vai ser bem gostosinho/ você vai até gostar/ e vai pedir mais um pouquinho/ dá um tapinha na bundinha/ ai!”.
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Pois é. Se você já ouviu os versos acima, entoados a partir de um porta malas de carro em porta de bar, agora já sabe conhece o grupo. Se não, não se preocupe, pois terá a oportunidade de conferi-los ao vivo, porque o Novo Tom, ao que tudo indica, será a principal atração do São João de Irará em 2005.
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Calma gente! Não se precipitem. Não defenderei um show de Tom Zé no São João. Defendo um show de Tom Zé em Irará. Mas enquanto isto não acontece, fico por aqui “uruburservando”. Estudando o pagode e quem sabe o arrocha também. Acho até que vou perguntar ao Macaco Simão se já inventaram colírio alucinógeno para os ouvidos.
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14.11.09

A 25 também é tropicalista. Azar das outras

Tom Zé entre Filarmônica e público

Foi na noite de abertura da Feira da Mandioca, o re-encontro entre Tom Zé e a Filarmônica 25 de Dezembro. Tom, quando criança, morou ao lado da Filarmônica e chegou a estudar Sax na Sociedade.

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“Essa noite linda, será inesquecível”, disse a professora Dilma Leão, membro da diretoria da Casa.

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A sede da Sociedade Litero Musical 25 de Dezembro estava lotada. Junta-se o calor do ambiente ao aquecimento dos refletores, utilizados para as câmeras filmadoras, e aquilo se aproximava de uma fornalha.
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Calor? Quem se importava com isso? Os músicos da banda de Tom Zé, por exemplo, não demonstravam incomodo. Eles, tão acostumados à garoa paulistana, assistiam ao espetáculo na primeira fila, diante da Filarmônica. A atenção de todo o público era para o concerto da 25 de Dezembro e para a verborragia de Tom Zé; é claro.
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Tom lembrou fatos. Os elogios para a banda e o trabalho dos músicos não foram poucos. Contou histórias e, como sempre, arrancou risos do público. Lembrou aos iraraenses, ao tempo em que comunicava a seus parceiros, a condição de hours concours da 25 de Dezembro. “Eles ganharam tanto, que teve concursos que proibiram eles de concorrer”.
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Liderada pelo maestro Leandro Maciel a Filarmônica executava os números, anunciados pelo presidente Diógenes Barbosa. “Irará e Mundo Novo”, composição de Almiro Oliveira foi um deles. Entretanto, o destaque e a expectativa da noite era pela composição “Renato de Ceci”.


Mestro Leandro rege Filarmônica em frente a músicos de Tom Zé

Trata-se de uma autoria de Tom Zé, junto a dois parceiros, composta especialmente para a Filarmônica de Irará. A música é feita em homenagem ao saudoso amigo Renato Portela, pessoa que apresentou o violão à Tom Zé e lhe deu várias outras dicas. Ceci era a mãe de Renato. “De Ceci” é sobremenome em Irará.

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A música mereceu um bis no final. “Quem chegou atrasado pediu para ouvir a composição”, disse o presidente Diógenes. “A segunda vez é mais difícil, a responsabilidade é grande”, brincou Tom Zé com o maestro Leandro. E a Filarmônica mandou ver.

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“Eu to tão feliz, que se eu encontrar um jegue debaixo da jaqueira eu dou boa noite”. Assim Tom Zé tentava descrever a sensação estética daquele momento, ao tempo em que remetia a um dos casos iraraenses contados antes.

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Com olhos marejados, Dr. Deraldo ouviu a composição e as palavras de Tom Zé sobre Renato. “Eu que também sou filho de Ceci quero lhe agradecer Tom Zé”. Assim o presidente de honra da 25 de Dezembro, sendo dirigente da entidade por 40 anos ininterruptos, agradeceu a Tom Zé em nome de toda a banda.

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“Renato de Ceci”, ou “Ré Nato”, como estava escrito na pauta musical dos músicos, não parece ser uma música fácil de ser executada. O próprio Tom falou disso, mencionando subidas e descidas da música, exemplificando com nomes que quem é músico deve entender.
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Eu, particularmente, nunca tinha visto uma filarmônica tocar algo tão inventivo. Gostei muito da espetacular entrada do naipe de clarinetes. Fiquei viajando naquela canção como trilha sonora. Suspense, comédia, aventura, sei lá o que... E, cá com meus botões pensei: “isso é tropicalismo puro”.
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Era uma sexta-feira 13. Imaginei a Filarmônica de Irará executando aquele número em concursos Brasil á fora. Azar da outras...

vejam video com trecho da exucação da música, pena que não tem as partes finais quando vai ficando ainda mais revolucionário...









13.11.09

Na varanda com Tom Zé

Um bate papo descontraído com Tom Zé

Varanda da casa do amigo Edson Barbosa. Alí, bem à vontade, junto com sua esposa Neusa, está um dos grandes nomes da música no mundo. Tom Zé, iraraense, nosso conterrâneo. A conversa flui amigável.

“Estou no Edén”, fala Tom. “Para quem cuida de um pequeno jardim em São Paulo, isso aqui é o paraíso mesmo”, comento com ele. Árvores, galinhas, grama... sem falar da deslumbrante paisagem. Como o bate papo é bom, o tempo passa depressa.

Na pauta, música, política e outros assuntos. Personagens, tempos e lembranças de Irará. Até de quando Tom Zé foi candidato a vereador representando o partido comunista... Tom Zé lembra dos seus tempos como repórter do Jornal da Bahia. Edson Barbosa, hoje conceituado publicitário, narra seu começo na redação da Tribuna da Bahia.

Tom Zé descreve a expectativa da banda: “Você não tem idéia de como eles ficaram empolgados com esse show aqui de Irará”. “Também, Tom Zé, tantos anos lhe acompanhado e ouvindo você falar de Irará, não era pra menos”, digo.

Depois, pergunto do show. “Será algo especifíco para Irará”, diz Tom Zé. Desejo saber do repertório. “Será definido ainda junto com a banda”, informa, mas não deixa de adiantar que terá músicas sobre Irará. “O abacaxi, a lavagem... Maria Bago ainda ta censurada aqui?”. “Não, pode tocar a vontade”, respondo.

Contudo, as revelações não me dão certeza alguma. Como alertam Lauro Lelis e Jarbas Marins, no (filme) Fabricando Tom Zé, o repertório do artista pode ser todo substituído na hora do show. “E vamos nessa...”

A chegada de Tom Zé no Irará para a Feira da Mandioca

Tom Zé estuda a Chegança




Ali está um senhor descendo da van. Parece se atrapalhar com o fio do microfone de lapela, preso á sua camisa. Esquina da rua de baixo (Campos Martins) com o beco ao lado do consultório de Dra. Toteia. Tom Zé pisa o solo iraraense. Em frente ao terreno onde foi um das casas onde morou.

“Aê cambada de vagabundo!”. Foram as primeiras palavras que ouvi Tom Zé dizer. A face risonha evidenciava um misto de irreverência, de emoção, de irmandade, de carinho naquelas palavras. Me aproximo. “Salve Tom Zé!”. É a saudação. Um a um, vão vindo outros. Apresentam Tom Zé ao Prefeito Derivaldo e ele o cumprimenta com vigor.

João Martins faz as honras da cidade. Tira a própria camisa que vestia e passa para Tom Zé. A roupa trás o desenho dele (João), feito em homenagem a Mãe Melânia por ocasião da Lavagem 2009. Ajudo com a retirada do microfone. O aparelho auditivo de Tom cai a meus pés. O alerta vem de Guilherme. Daí, pego o aparelho e devolvo ao mestre que passa para sua esposa/produtora Neusa guardar.

Depois é só alegria. Tom Zé cumprimenta a charanga e abraça as meninas que estão logo à frente, se acabando de dançar. Ele segue, rua de baixa à cima, em direção à Purificação. Com destreza vai ao passeio e cumprimenta D. Dôra. A residente da casa 40 é, certamente, uma amiga de infância.

As crianças saíram da escola para ver Tom Zé. Elas estão acompanhadas dos professores e gritam: “Tom Zé, Tom Zé, Tom Zé...” . No meio do corredor formado, ele pula, acena, beija, abraça, cumprimenta. Vai ao passeio e fala com Leo. É o rapaz que minutos antes tocava os foguetes para anunciar Tom Zé. “Ele quis saber da loja de Eduardo”, informa o “fogueteiro”, dizendo-lhe ter comunicado que ali agora é a Panificadora Victor.

A Chegança da comunidade da Loja faz uma apresentação. “Ainda tem chegança em Irará?” Era um questionamento de Tom Zé antes de vir. Agora, com a chegança na sua chegada, ele tinha a comprovação. Recepção especial.

Tom Zé fica ali ao lado admirado. Acompanha o ritmo, faz movimentos com os pés. Tenta imitar os passos. Parece estar ali interpretando, viajando em algo... Ou, quem sabe, estudando a Chegança.

Muitos se aproximam, querem fotos. “Quero esse retrato para botar num quadro”, diz dona Noelia Pinho. Minutos depois, muitos orkuts também já estariam abastecidos. E assim, Tom Zé volta a sua terra para um show especial na Feira da Mandioca. E todos os olhos se voltam pra ele.

vejam video:


http://www.youtube.com/watch?v=5BPw0AsAkHM

Depois estarei postando mais videos. É que a internet aqui no Irará anda de jegue... rs.

10.11.09

Primeiro Perfis Artísticos: Apresentamos Tom Zé

Poluação terá oportunidade de
conhecer perfil de diversos artistas

Cultura é mais que diversão. Se é assim, não é suficiente só apreciar - ou não - o que é feito pelos artistas. É preciso conhecer o trabalho deles. Até para ter motivo para falar bem ou falar mal. Daí surgiu a idéia dos Seminários Perfis Artísticos – apresentando grandes artistas. A realização é por conta do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal de Irará.

Cartaz da primeira edição de Perfis Artíticos - Tom Zé
Alinhar ao centro
E, idéia na cabeça, nada melhor do que começar com o conterrâneo Tom Zé. Estamos em vésperas de show dele em Irará. E, também, é uma oportunidade para muitas pessoas saber mais sobre a carreira do tropicalista. Uma caminhada pouco, ou quase nada, conhecida em Irará. Conforme pude comprovar quando pesquisei para o artigo, Tom Zé: Um tropicalista e sua aldeia, também disponível aqui neste blog.


Sérgio Ramos (Cabelera) iniciou o Perfis Artísticos

O amigo Sérgio Ramos (Cabelera) deu início aos trabalhos. Primeiro Sérgio abordou o perfil de Tom Zé como um artista inventivo, com instrumentos e com palavras; suas abordagens críticas sobre a realidade sociocultural e política; e o seu reconhecimento no Brasil e no Mundo. Sérgio finalizou sua contribuição abordando sobre a participação de Tom Zé no Premio Bravo de Cultura. Em 2009, como artista convidado. Em 2006, como vencedor do Prêmio na categoria Artista Prime.


Recebi o "leme" pra tocar o Seminário em frente

Depois assumi o controle do barco. Lendo parte do artigo mencionado acima, fiz um resumo da trajetória de Tom Zé, desde o nascimento em Irará até quando David Byrne lhe fez renascer para o mundo artístico. Depois mostrei, com alguns exemplos, como o da entrevista na Revista Caros Amigos (“o gênio de Irará”), a forma como o nome de Irará aparece na mídia pegando carona no nome de Tom Zé.

Tom Zé fará show na Feira da Mandioca de Irará

Daí, divulgamos o show da Feira da Mandioca e a importância dele acontecer para cultura do município. Então mostramos para a população as perspectivas de Tom Zé para esse show histórico, conforme post no blog do artista. Finalmente abordei sobre a discografia de Tom Zé, comentando rapidamente sobre cada álbum.


Trecho de entrevista no Programa do Jô foi exibido


Na sequência, exibimos imagens de Tom Zé cantando Maria Bago durante entrevista no Programa do Jô (2003) da TV Globo. Depois, foram exibidos diversos trechos do documentário Zé de Irará, o Tom da Bahia, da TVE-BAHIA – 2003. Tom Zé visitando a casa onde nasceu (atual Colégio Social); visitando a escola onde estudou (Juliano Moreira) e encontrando amigos. Entre eles, os saudosos Zé Aristeu, D. Melânia e Nilzete Maia.

Quem chegou depois assistiu de pé

Aos poucos o recinto foi ficando cheio. O público estava disposto e empolgado. Riu, ouvi, participou. Curtiu o seminário desde antes do começo, quando o telão já exibia o DVD Jogos de Armar. José A. Barbosa de Lima (Zé Cego), um amante de poesia, na média dos seus 50 anos, falou de sua admiração pelo trabalho de Tom Zé e disse não dá ouvido aos que judiam o trabalho do artista.

José Barbosa garantiu lugar na primeira fila

José havia chega uma hora antes do horário marcado. “Resolvi chegar cedo pra pegar lugar na frente”, revelou. Josafá Ferreira sugeriu fazer o mesmo seminário em todas as escolas do município, “os alunos precisam conhecer Tom Zé”, justificou.



Filme tem exibição na Quarta 11/11,
20 h,
no mesmo auditório do Seminário


Já passava das 22:30 e não foi possível a exibição do documentário Fabricando Tom Zé. Foi acertado com a plenária que o filme seria publicamente exibido na quarta-feira, dia 11/11, às 20h, no mesmo local do Seminário. O cordelista Kitute de Licinho pediu que fosse exibido o trailler do filme, para criar um gostinho no público. Trailler exibido, “assim encerramos esta primeira edição do Seminário Perfis Artísticos”, anunciou Sérgio Ramos.

Caros Amigos parodia imagem da Michelangelo
com Tom Zé "no lugar de Deus"

Ainda sem data definida, informei que a próxima edição do seminário deverá apresentar o perfil do de um grande roqueiro baiano. Para apresentação convidaremos alguém que conheça da vida do artista. Aí será só marcar a data e gritar: “Toca Raul!”.

* imagens: Roberto Martins; Sérgio Ramos e Google Imagens

** design cartazes: Roberta Rodamilans


9.10.09

O cordelismo de Antônio Barreto

Antônio Barreto é um cordelista jornalistíco
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Barreto é que muitos chamam de um cordelista jornalista. Acontece o fato, ele faz um cordel. Entrevistei Barreto para escrever um perfil dele para a revista Lupa Digital. Em pouco mais de meia hora de conversa foi tanta informação que não caberia no texto... Daí, para não perder a produção acabei fazendo 03 textos. O Cordelismo de Antônio Barreto foi públicado na Revista e os outros dois estão aqui no Blog.

O “esconderijo” de Antônio Barreto

Barreto faz pose em meio à sua "bagunça criativa"

Um modesto quarto e sala em prédio antigo do centro de Salvador serve de morada ao cordelista Antônio Barreto. Por todo lado estão livros e, claro, cordéis escritos por ele. Seja na mesa do computador na sala, nas paredes ou dependurados na estante. Até mesmo á frente do aparelho de TV, ao que parece pouco usado, tem livreto de cordel.
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O ambiente tranquilo e ventilado contrasta com o movimento e o calor infernal da rua. Numa parede, um quadro tem a imagem de uma pomba e três letras abaixo: P, A e Z. Outro, localizado ao lado oposto da sala, traz a imagem do indiano Mahatma Gandhi.

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Os sinais que poderiam evidenciar o ambiente como casa de um adepto da cultura oriental terminam por aí. Nada de elefantes, mandalas ou incensos. Estamos no “esconderijo” de um baiano nato. Um divulgador e fã da cultura nordestina. A rede no centro da sala e a bagunça ao redor, confirmam. E é assim que o proprietário da casa sente-se melhor.

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“Quando arrumam, fico sem inspiração, depois que desarrumo tudo é que começo a criar. Eu preciso de certa desorganização para me organizar no meu processo criativo”, revela.

Universo infantil trouxe inspiração a Antônio Barreto

Barreto e um livro cordel infantil de sua autoria com ilustações de Cedraz

O menino Toinho de Mariinha cresceu brincante entre animais e plantas no ambiente bucólico de comunidade rural do sertão onde, apesar da paisagem árida, havia presença de rios. O pano de fundo da cena era uma esplendorosa serra de morros. Marco divisório entre os municípios de Tanquinho e Santa Barbara, sua terra natal.
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Já desde criança Antônio Barreto gostava de assistir e participar, quando possível, das brincadeiras do lugar. Corrida de Saco, Bumba-boi, Tiração de Argola, Cantoria de Viola, Trezena de Santo Antônio, entre outras tradições locais. Aos 13 anos, mudou-se para a sede do município, onde pôde se aproximar de mais uma de suas paixões.
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Para ele, os ambulantes e os vendedores de livretos de cordel eram verdadeiros artistas das feiras-livres de Santa Bárbara. O fascínio era tal que ele só parava de apreciar a atuação dos mascates quando “convocado” pela a avó, com um puxão de orelha, a ir de volta para casa.
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“Me encantava a maneira como o camelô vendia o seu produto na feira. Como ele seduzia o comprador. E isso o cordelista também fazia para vender o seu folheto de cordel. Ele tinha de ser muito lúdico, muito brincalhão. Aquilo me encantava”. Assim lembra o cordelista, com certa dose de saudosismo.
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Comunista e Calouro
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Antônio Barreto só não deve sentir saudades da maneira hostil que era tratado por alguns conterrâneos à época. Filho do comunista Pedro Barreto, o garoto sofria os preconceitos dos tempos de exceção. Nem sequer sabia o que era comunismo, mas não lhe agradava os chamados de “filho de comunista!”.
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“Eu não tô entendendo, meu pai é uma pessoa boa, é de partilhar tudo que ele tem, por que ele é chamado assim?”. Hoje a auto-indagação é lembrança de uma questão sem resposta para a mente do menino Barreto à época.
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A Igreja de Santa Barbara também censurou e, para não ficar pagão, o menino Toínho Barreto precisou ser batizado em Feira de Santana. O Padre local não deixou o dono da padaria (Jaime Azevedo), que seria o padrinho do menino, entrar na Igreja. Antônio Barreto recorda que o pecado do padrinho era ser negro, comunista, espírita e intelectual auto-didata. Tom Zé diria que é contraversão demais para um homem só.
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Então, só cantando para espantar os males. Aos 14 anos, Antônio Barreto atuou nos programas de calouros do auditório público da cidade. No roteiro, a apresentação de sucessos interpretados por Jerry Adriane e Vanderlei Cardoso. Só mais tarde, descobriu Raul Seixas e, embalado pelas músicas do “maluco beleza”, aprendeu a tocar vilão.
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Salvador
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Nos anos 1980, já morando em Salvador, para onde foi, devido a necessidade de estudar o ensino médio, filiou-se ao Raul Rock Clube. O fã clube oficial do artista baiano era sediado em São Paulo e dirigido por Sylvio Passos.
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Através de Cartas, Barreto se mantinha atualizado sobre a carreira do artista. A imagem da carteira dele (sócio 10093/83) foi reproduzida na contracapa do cordel “O Encontro de Raul Seixas com Zé Limeira no avarandado da lua”.
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Na capital baiana, Barreto trabalhou no Pólo Petroquímico por 23 anos. Hoje está aposentado do emprego de alta periculosidade, onde exercia a função de Operador de Processo, trabalhando com benzeno e volume sonoro acima de 90 decibéis. Emprego de alta responsabilidade. Corria-se risco de explosão e vazamento letal. Um contemporâneo de Barreto acidentou-se e faleceu no hospital.
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O trabalho de Antônio Barreto, no Pólo, não foi resumido à responsabilidade e tragédia. Naquela época, em que já dava aula no turno noturno, lançou o “Cordel da qualidade de vida” e se apresentou na empresa. Só que ainda “não levava o cordel a sério”.
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Só depois da aposentadoria, em 1999, começou a praticar mais. Os amigos foram incentivando, incentivando... A esta época já havia escrito dois livro de poesias, Rimas e Loucuras (1985) e Uns Versos Outros (1995). Só dez anos depois, ao concluir oficina com Maria da Conceição Paranhos, publicou Flores de Umburana (2006), pelo selo Letras da Bahia - Fundação Cultural do Estado.
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No ano de 2004, Barreto fez uma oficina de cordel com Jotacê Freitas, a quem considera uma alma de luz, um irmão, um mestre. Daí não parou mais de fazer cordéis. E segue levando sua vida extrovertida, no seu papel de cinqüentão-solteirão, pai de três filhos. Após conviver com a mãe de sua primeira filha, hoje com 23 anos, partiu para “carreira solo” e teve o segundo filho (22 anos) e o terceiro (13 anos). E que Antônio Barreto siga fazendo seu cordelismo.

26.9.09

Ras Sidney Rocha



Publiquei o texto “Sidney Rocha: Rastafári, homem bom e nada maluco”, na Revista Lupa. O escrito foi construído baseado em conversas com Sidney, na palestra que ele fez na comunidade da Sucupira e na entrevista concedida a Emanuel Mirdad, publicada no Blog do Jornalista. Leiam!

8.8.09

8. Oito

Forma da Ampulheta lembra o número oito


Outro dia me peguei pensando acerca do número oito. Lembrei da minha infância. Acho que a gráfia daquele algarismo foi a mais divertida de apreender. Recordo de atrapalhar-me um pouco naquele desenho.

Minha mãe vinha em meu socorro. Ela me ensinou que se eu desenhasse dois círculos, um a cima do outro, teríamos um “oito (8)”. Mas, isso não me agradava. Sei lá. Parecia jeitinho, atalho, facilidade. Queria o desafio. A vontade era aprender aquela outra forma “mais complicada” de fazer “o oito”.

Outra lembrança infantil do oito era no futebol. Naquela época, começo dos oitenta, quando o mengão ganhava tudo, o camisa oito daquele super time era o Adílio.

As jogadas do rapaz ajudaram a popularizar o algarismo na minha mente. Se, por acaso (por acaso mesmo), tivesse uma vaga pra mim no time dia de jogo, sem chance nenhuma de pegar a camisa 10 (era a que todo mundo queria, pela mística: Pelé, Rivelino, Zico, Maradona...), eu perguntada logo pela a que tinha o oito grafado.

Hoje, lembrando destes fatos, faço correlações. Estava ali, diante de mim, um número engraçado, com aquelas curvas sinuosas. Talvez, já – quem sabe - meio combalido pela libido da primeira infância, a visão de um número sensual. (Freud explica. Será?). Aquela cintura fina... Imagino uma lingerrie sobre o oito...

Duas vezes quatro. Dois elevado ao cubo. O oito lembra prazer. É só acrescentar um “c”, pra chegar a “coito”. Se quiser repetir, é só pedir “bis”; com oito fica gostoso e vira “biscoito”.

Numa dada canção, Gilberto Gil lembra que o número oito invertido é o símbolo do infinito (∞). O tempo sem fim não pede medida. Entretanto, a ampulheta, aquele negócio que serve pra medir o tempo, tem um formato parecido ao numeral do qual estamos tratando.

“Aff ! - você e suas manias de relacionar, comparar, ver letra de música em tudo”. Só não tenha pressa, dizem que o tempo tem respostas pra tudo. E eu, não quero ser taxado como: “affoito”.

Manias de nos mortais. Contar e esperar tempos. Pode-se até se medir em intervalos de oito. Oito horas, oito dias, oitos meses... O oitavo dia, do mês oito, do oitavo ano. A semana tem sete dias. Não falta quem diga que ela tem oito. E daqui a oito dias, tudo pode ser igual ou diferente. Talvez seja oito, ou, seja oitenta.
imagem "tomada de emprestimo" no Google Imagens:

29.7.09

O pedido agora é Lei

Quatro anos depois a solicitação foi atendida. Em rota diferente de seu antecessor, o Prefeito, Derivaldo Pinto Cerqueira, sancionou a Lei Municipal Nº 617, de 25 de Junho de 2009. O caput assegura que a referida Lei:

“Institui lei de isenção de municipal de impostos de TFF – Taxa de Fiscalização do Funcionamento e TLL – Taxa de Licença de Localização e IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano para as entidades sem fins lucrativos (Casa da Cultura de Irará; Sociedade Litero Musical 25 de Dezembro e Casa Jesus Maria e José) tornando-as de utilidade pública e dá outras providências”

Como já publicado aqui neste Blog (03 anos, 02 cartas, 01 pedido, 00 ação), essa luta já durava algum tempo. Em setembro de 2005, mandei uma carta para a Câmara de Vereadores, solicitando a criação da lei. Não tive nenhuma resposta. Em 2006 repeti o pedido. Nada. Em 2007 publiquei a situação no Blog. Nenhum comentário me foi feito sobre o fato.

Em 2008, comentei sobre a situação na cerimônia de abertura do III Colóquio de Literatura Popular. Disse que, como Prefeito Municipal da época tinha conhecimento da proposta, pois (como presumo) sabe dos acontecimentos da Câmara e do que é noticiado no jornal local, só não fazia o Projeto de Lei para isenção porque não queria.

Depois afirmei: “Ele (o prefeito) só iria gastar tinta de caneta pra assinar”. Justifiquei a fala apontando que a Lei não traria grandes prejuízos aos cofres do município. Ao que sabemos, grande parte das entidades já não tinham mesmo como pagar os impostos. A maioria inadimplente tinha era dificuldade na hora de celebrar convênios, pois lhes constavam dívidas municipais.

Dias depois, em reunião de avaliação do evento, pessoa da equipe do então Prefeito veio censurar a minha fala. O ato veio mais ou menos com estas palavras: “Só achei que não ficou bem aquilo, porque era um evento com pessoas de fora presente...”.
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Respondi-lhe que eu estava fazendo uma fala sobre a história da Casa da Cultura e que aquele fato da Lei fazia parte da mesma. Além do mais, comentei-lhe: “foi fato, foi realidade e eu não tenho receio em falar da realidade. Eu acho que o Prefeito não fez a Lei porque ele não quis, se ele quisesse tinha feito”.
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A justificativa me deixou surpreso. “Você pediu a ele várias vezes?”. Me questionou a pessoa da equipe do ex-prefeito. “Porque você pedindo com jeito e insistindo no pedido ele atende. Ele é assim...”. Essa foi a justificativa. “Só se adula a santo.” Essa foi a minha resposta.
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2009 mudou o governo municipal. No dia 18 de março de 2009, através do Oficio nº 27/2009, do Departamento de Cultura, encaminhamos um ofício ao Prefeito Derivaldo Pinto. Solicitamos a Lei de isenção. O prefeito encaminhou um Projeto de Lei à Câmara. E lá foi votado e aprovado.
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O pedido agora é Lei. Lei Municipal nº 617 de 25 de junho de 2009. Outras entidades que também desejarem a isenção devem procurar o setor financeiro da Prefeitura. Lá poderão obter informações de como proceder para conseguir a isenção, de acordo com o que prevê o texto da lei.
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Conversava com um companheiro de Casa da Cultura sobre o episodio. “Será que as coisas funcionam assim? Será que uma lei é criada ou não de acordo com a opinião política de quem pede?”. O colega respondeu: “Mas no outro governo eu era partidário do Prefeito e o pedido não foi atendido”. Ainda bem que Derivaldo não quis economizar a tinta da caneta.

3.5.09

Memórias de João Falcão; histórias da Bahia

No sofá de casa, João Falcão exibe novo livro de sua autoria


Tive a felicidade de encontrar João Falcão, 89 anos, por três oportunidades. Uma foi quando do lançamento do livro, “Não deixe essa chama se apagar”, no qual ele discorre sobre a história de resistência do Jornal da Bahia, do qual era diretor. As outras duas, quando fiz as entrevistas com ele, para escrever a monografia sobre as militâncias (política e cultural) de Aristeu Nogueira.

No hotel da Bahia a conversa foi rápida. João estava em noite de autógrafos. Apenas lhe fui apresentado através do amigo cordelista Antônio Carlos de Oliveira Barreto. Anotei o telefone dele, liguei e marquei uma entrevista.

Após a leitura de “O Partido Comunista que eu conheci – 20 anos de clandestinidade”, cheguei à casa de João Falcão, autor da obra, para a entrevista. Fui recebido de forma bastante cordial. Ele respondeu os questionamentos, relatou fatos e me presenteou com outro livro de sua autoria.

Na publicação “Giocondo Dias – A vida de um revolucionário”, encontrei informações sobre o PCB (Partido Comunista do Brasil) e, melhor ainda, uma breve descrição da fuga de Aristeu Nogueira para o Rio de Janeiro, quando do regime militar. A saga foi contada a João Falcão pelo próprio Aristeu em entrevista.

Após a leitura deste outro livro voltei à casa de João. Lembro-me do meu caráter empolgado nesses encontros. Sentia-me feliz por estar diante de um personagem vivo da história do Brasil. João Falcão, destacado integrante do Partido Comunista na Bahia, chegou a trabalhar como motorista de Luís Carlos Prestes, o legendário Cavaleiro da Esperança.

Outro dia, Claúdio Leal telefonou comunicando-me que João tinha lançado mais um livro. Em “A história da Revista Seiva” ele conta a trajetória de uma publicação baiana, dirigida por ele, que reunia texto de renomados intelectuais, desafiando a censura do Estado Novo de Getúlio Vargas.

Fiquei feliz. Certamente neste livro poderei colher mais alguma informação para acrescentar ao texto da monografia que escrevi. Afinal, além de Aristeu ter sido um dos colaboradores da Revista, ele foi sócio de Falcão na gráfica onde rodavam os exemplares. E, por ser um “homem muito oraganizado”, como bem lembra João Falcão, Aristeu era responsável por toda organização burocrática da gráfica.

Além disto, a leitura do livro é mais uma oportunidade para conhecer momentos importantes da história da Bahia. Ainda bem que João Falcão esta nos dando a oportunidade de compartilhar suas memórias.

Feliz dos homens que quando chegam à melhor idade tem boas histórias para contar. João Falcão é um deles.

Claúdio Leal entrevista João Falcão e Armênio Guedes

Por conta do lançamento do Livro “A história da Revista Seiva”, o amigo Claúdio Leal, Repórter de Terra Magazine, entrevistou João Falcão e Armênio Guedes.

Residindo hoje em São Paulo, Guedes foi companheiro de Falcão e de Aristeu Nogueira no Partido Comunista. Além de atuarem juntos no Partido, Armênio Guedes e Aristeu Nogueira, atuavam na mesma célula partidária e eram colegas de turma na Faculdade de Direito.

Leia entrevista -

Foto: Haroldo Abrantes – ag. A TARDE - tomada de “empréstimo” da notícia do A TARDE.

5.4.09

Banda de oportunidade

Usei o termo há um tempo para designar certo momento da Quântica. Os meninos haviam saído de Irará com a proposta de se tornar uma banda de pop-reggae.

Saíram, tentaram, andaram mundo, mas os acontecimentos não se deram conforme os seus desejos. Então, entraram no momento citado.

Sem alcançar as metas pretendidas passaram um período “atendendo à pedidos”. Se o contratante quisesse uma banda de axé, lá iam eles tocar axé. Se era época de São João; lá estavam tocando forró. E se a onda é salsa? Nada melhor do que se remeter ao semba de Angola, país africano onde passaram uma temporada.

Quântica tocando axé na Lavagem de Irará 2005
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O projeto Quântica não seguiu. Nem da forma inicialmente pensada, nem no modo “banda de oportunidade”. Houve quem apontasse a falta de identidade do grupo para com um gênero especifico como um dos motivos do insucesso. Não é novidade que, enquanto estrelas individuais, todos eles eram (e são) possuidores de talento indiscutível.
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A lembrança daquele momento da Quântica me vem agora, quando nos aproximamos dos festejos juninos. É incrível o que me aparece de “banda de oportunidade”. E, possa crer, aquele grupo de axé ou pagode do último verão também se tornará uma banda de forró.
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Claro, por mais que possam ter qualidade de músicos e o som possa agradar, soa algo de falso nesses grupos. Falta a identidade, a pegada, o traquejo com o gênero, o respeito ao próprio trabalho artístico (se é que se pode chamar assim).
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Grupos dessa natureza estão fadados ao desconhecimento. Provavelmente nunca serão reconhecidos como nada. Na ânsia de ser tudo; “nada” é o que eles acabam sendo.
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O que querem afinal?
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O que todos querem, acredito, é uma chance, uma ponta de aparição, uma banda de oportunidade. Pra mostrar a sua arte? Não. Pra ganhar dinheiro, um pouco de fama e entrar no showbusines, talvez. Há muito que música virou negócio por aqui.
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foto: "tomada de emprestimo" em www.irara.com

9.3.09

Salve-me Já!

O protesto cacafônico de Zé Américo

Socorro! Salvamento e proteção. A natureza pede socorro. As florestas necessitam serem salvas do desmatamento. As árvores, do campo e da cidade, clamam por proteção.

Em Irará também há consciência ecológica. Ainda que seja para uma minoria; mas há.

“Salve-me já!”. O Pedido apregoado na árvore parece um clamor dela própria. No entanto, trata-se de um alerta do Sr. José Américo. O “protesto” visa chamar atenção quanto ao padecimento de uma das grandes árvores da Praça Pedro Nogueira (Matriz).

A iniciativa lembra umas das ações do Greenpeace. Esta ONG (Organização Não Governamental) roda o mundo soltando balões, fazendo apitaços e colocando faixas, dentre tantas manifestações criativas. Recentemente, puseram uma faixa gigantesca, de alto à baixo, no Elevador Lacerda em Salvador, com vistas a provocar a discussão acerca do aquecimento Global.

Zé Américo fez uma ação menor. Sua placa não foi notícia no rádio ou na TV. Não lhe valeu a “Garota do Fantástico”. E, até onde sei, nem se quer uma linha em A Gazeta de Irará.

Apesar disto foi vista (oie eu aqui falando), um pouco comentada e até ridicularizada por alguns. Para mim, a atitude de Sr. José Américo foi tão válida e criativa quanto algumas ações do Greenpeace. Mais ainda, por ele ter me confessado ter consciência prévia da cacofonia que o texto da mensagem gera.

Dito desta forma, a duplicidade do protesto merece respaldo. Ao mesmo tempo Zé Américo alerta para o descaso ecológico e crítica o caso escatológico.

“Sanitário: sinal da civilização”

Pois sim. Não canso de citar o conterrâneo Tom Zé e algumas falas de suas entrevistas. Certa feita, ele disse ser “o vaso sanitário um dos sinais da civilização”. Penso que os sanitários públicos também devem ser.

Em Irará, Praça da Matriz, início do Século XXI, por volta do ano 2001 ou 2002. O então Prefeito Amaro Bispo (Marito), governando a cidade pela segunda vez, resolve fazer dois kiosques na Praça da Matriz.

Kioske envolta de árvore: crime ecológico?


Os bares são construídos em forma circular, em volta de duas das grandes árvores (seria a construção nociva à saúde das árvores?), ocupando assim dois dos quatro canteiros da praça.

Colocaram energia, bancos em volta, grades de proteção... mas, parece que esqueceram alguma coisa.

Bar funcionando sem sanitário? Pois sim. Em Irará tudo pode acontecer. E se Octávio Mangabeira dizia que quando se pensa no absurdo ele já aconteceu na Bahia; em Irará ele já virou foi tradição.

Em dezembro de 2004 encerrou-se o segundo governo de Amaro Bispo. E o sanitário dos Kiosques? Nada!

No ano de 2005 inicia-se o governo Juscelino Souza. Em 2008, termina os quatro anos do mandato de Juscelino. E o sanitário dos Kiosques? Nada!

Cerca de oito anos sem sanitários nos bares da Praça da Matriz. Sem ter onde derramar as sobras da cerveja consumida, os clientes dos kiosques vão dando “seus pulos”.

Árvores e muro da escola

As mulheres, quando necessitam urinar, vão à lanchonete de Gauchinho, em casa de algum amigo ou sei lá o que é que fazem. Já os homens, se valem do muro da escola Dr. Juliano Moreira ou das árvores em volta.

(Numa novela, o personagem Jorge Tadeu regava uma planta com sua urina. A árvore da novela cresceu. Já as da vida real, na Praça de Irará, parece não suportarem tanto regamento...)


Tronco corroído

É no muro da Dr. Escola Juliano Moreira e nas árvores da Praça da Matriz que a galera “mija”, “tira água do joelho”, “verte água”, “dá um mijão”... enfim. O sanitário improvisado é a céu aberto e sob os olhares atentos, ou não, de todos que passam.

O efeito da cerveja aumenta; a vergonha diminui. Os fieis da Igreja Católica, logo ao lado da Escola e quase em frente ao Kiosque; todos os transeuntes e os moradores da Praça. Todos eles sujeitos às cenas do “mijatório”.

Nas proximidades do “banheiro improvisado” fica o odor de urina. As pessoas começam a sinalizar que o muro da Escola pode estar condenado e as árvores, visivelmente, vem perdendo sua saúde desde a instalação dos quiosques na Praça.

A comunidade tem reclamado. O próprio Zé Américo, em anos passados, já havia publicado texto em A Gazeta de Irará, falando da situação. Pelo visto, ele é mesmo um Nogueira. Madeira resistente. E além do mais, é um brasileiro: “não desiste nunca”.

Num sábado, 03 de Janeiro de 2009, eu estava no Kioske, quando fui abordado por algumas pessoas que, sabendo da minha condição de participar do Governo Derivaldo (2009-2012), me indagaram sobre a questão do sanitário na Praça.

Alguns eram eleitores de Juscelino, mas, preferi não contrastar os quatro anos sem providências, com o apenas um dia útil (sexta-feira dia 02 janeiro) do governo que se iniciava. Ao contrário, me irmanei a eles: “to nessa luta com vocês”.

Algumas semanas depois, uma distinta dama da sociedade iraraense, também me fez o mesmo pedido: “meu filho, você que tem mais contato com o Prefeito, fale com ele. Aquele absurdo não pode continuar”.

"Sanitário pra Advogado"

Não continuar tendo problemas com sanitários era tudo que queria os produtores de uma badalada festa de camisa de Irará. A cada ano, o problema histórico da festa vem tentando ser sanado.

Na edição 2009 do evento, além dos sanitários da AABB, que não foram suficientes no ano anterior, eles instalaram sanitários químicos. Contudo, a problemática persistiu.

Os sanitários da AABB, reservado ao público masculino, não suportaram a demanda e nem o mau comportamento de alguns. Virou lamaçal e daí, já sabe. Reclamações.

Um dos foliões da festa não tardou a falar: “eu paguei, mereço um tratamento decente”. A crítica justa dele, com a expressão “eu paguei”, também reflete o comportamento típico de uma geração que foi mais preparada para ser consumidor do que para ser cidadão.

Pagou, tem de “brigar” pelo devido funcionamento. Ninguém pagou pelas árvores na Praça. Talvez por isso, ninguém tenha que brigar pela sobrevivência delas.

Outro folião da festa, também foi exigir seus direitos de consumidor. Neste caso, o interlocutor falou com mais propriedade. Faltou apenas citar números de leis, artigos ou incisos.

O rapaz chamou um dos Produtores da Festa e disse:

“velho arranje um lugar para eu ‘mijar’ aí. Eu sou um advogado. Não posso ‘mijar’ em qualquer canto”.

O Produtor apenas respondeu: “aqui todo mundo é igual”.

Sendo esses tipos que bastam tirar uma graduação em qualquer Faculdade e já sai achando-se os “doutores”, “raça superior”; bem que merecia uma resposta mais ampla. Pena que não teve.

Agora. Fico me questionando. Como séria uma sanitário de advogado? Será que seria personalizado? Como um “trono” em forma de Toga? Do jeito que temos visto o comportamento de alguns Juízes aí...

“É urgente é urjá”

Voltando ao assunto do sanitário público, já que a privada, digo, o privado não é um problema de todos, mas sim dos consumidores do evento, quero dizer da necessidade da providência dos sanitários na Praça da Matriz.

Passadas as agonias das festas de fevereiro, período no qual, instalou-se sanitários químicos na praça, embora alguns tenha se negado ao uso, coloquei o assunto em questão diretamente com o Prefeito.

A conversa ficou mais ampla. Derivaldo também pontuou necessidades de outras mudanças estruturais na Praça. Concordei e fiquei esperançoso. Entretanto, não deixei de pontuar a urgência de resolver a problemática da falta de sanitários.

Como diz a canção de Tom Zé, o caso dos sanitários “é urgente é urjá”.

Em sendo uma situação emergencial, não precisa fazer nada muito elaborado. Muito menos seria necessário colocar um “banheiro de advogado” na Praça.

Tenho certeza que, quanto antes o Prefeito Derivaldo resolver este caso, toda a gente iraraense, independente de quem tenha votado, vai gostar da atitude. E quem sabe até reserve uma salva de palmas pra ele.

“Só Jesus Cristo Salva”. E eu vou salvar este texto, pra ver o que o tempo vai me dizer.
Enquanto o tempo não diz, nós vamos pedindo por solução, pelos problemas ecológicos e pelos escatológicos. Pedindo socorro, clamando por ajuda: “Salve-me já”.