27.1.09

Noveneiras: música e cultura popular na Praça da Matriz

No centro da roda o "boi holandes" de Biu


Começaram no sábado passado, dia 24, as Noveneiras 2009. Esta etapa dos Festejos Populares de Irará consiste na apresentação de grupos de cultura popular e conjuntos musicais logo após o final das Missas da Novena dedicada a Nossa Senhora da Purificação.

O evento foi aberto com Asa Filho e o Reisado de São Vicente. Feliz por estar se apresentando em Irará, terra na qual se percebe um forte traço cultural, Asa Filho saudou a Filarmônica 25 de Dezembro e relembrou personagens iraraenses.

Asa também contou causos, mencionando as viagens de Irará à Feira com passagem por São Vicente, a localidade hoje nomeada de Tiquaruçu, distrito de Feira de Santana.

Depois foi a vez do iraraense Nilson Aquino assumir o palco. Agradecendo a oportunidade por poder se apresentar na terra natal acompanhado de seus músicos, Nilsinho apresentou o seu trabalho que “não é só Jeguerê”.

Assim Aquino deu ênfase à sua produção musical para além das conhecidíssimas faixas que produz para o tradicional bloco junino de Irará. Os hits do bloco, claro, foram tocados também.

No domingo foi a vez das participações do Bumba-meu-boi de Biu, da dupla Nildo e Gil e do Pagode Por Acaso. O público que se concentrava na frente do palco montado na Praça da Matriz demonstrava atenção e descontração aos “desengonçados” movimento do Boi de Biu.

Na seqüência as pessoas foram embaladas por sucessos da música popular, do sertanejo e do partido alto. Primeiro os violões de Nildo e Gil, dupla que costuma se apresentar no Kioske da Praça; depois o som do Grupo Por Acaso, formados por jovens iraraenses que surpreenderam a platéia.

O Pisadinha do Pé Firme abriu a noite da segunda-feira. Ao redor do grupo se formava uma grande roda para sambar e assistir a apresentação. Depois foi a vez do grupo JECASU mostrar a sua verve.

JECASU se destacou na atenção do público

Formado por Fábio Calisto (Clarinete e vocal) e mais dois amigos de Feira de Santana (vocal, violão e percussão) o JECA apresentou um repertório eclético. Teve choro, MPB, forró... e até “jingles” do carnaval. “Ah! imagina só... que loucura essa mistura”.

Alegria é o estado que se chama Bahia. E, sendo baiana, Irará não pode ser diferente. Após o momento de fé a cultura segue tomando conta da Praça. Tem Noveneiras ainda na terça, 27; na quarta, 28; e na quinta, 29.

As próximas atrações são: o samba-de-roda de Olhos D’água; Bumba-Boi de Pedrão (a confirmar); o Samba da Loja; Grupo Arranjos; Paulinho Jequié e Via Maré (ver programação completa abaixo).

Fica a expectativa da apresentação dos grupos populares e a curiosidade dos musicais. Só depois das apresentações é que boa parte do público vai poder avaliar o som meio bossa nova do Arranjos, a cantoria de Paulinho Jequié, e o pop do Via Maré.

As Noveneiras são uma iniciativa do Departamento de Cultura do Município. A intenção é criar um ambiente lúdico e comunitário na Praça da Matriz após o término de cada Missa do Novenário dedicado à Padroeira local.

O evento tem agradado em cheio à população. Já há solicitações para atrasar o transporte dos fieis da zona rural, na intenção de que eles só possam voltar para casa após apreciar um pouco mais do evento.

As Noveneiras seguem até quinta-feira, mesclando cultura popular e música na Praça da Matriz. Sempre interagindo a participação de grupos de Irará e de outras localidades. Veja programação abaixo:

Oque? Noveneiras.
Onde? Praça Matriz de Irará.
Quando? Sempre às 22h após a Novena até Quinta, dia 29.
Quem? Grupos de Irará e de outras localidades vide programação.


Programa:

Sádado, 24/01
Asa Filho e Reisado de São Vicente (São Vicente – Fsa)
Nilson Aquino

Domingo, 25/01
Bumba-meu-boi de Biu
Nildo e Gil

Segunda, 26/01
Pisadinha do Pé Firme
JECASU

Terça, 27/01
Samba de Olhos D’água.
Arranjos (Feira de Santana)

Quarta, 28/01
Bumba-Boi (Pedrão) – a confirmar.
Paulinho Jequié (Jequié)

Quinta, 29/01
Samba da Loja
Via Maré (Feira de Santana)

21.1.09

Marcas pra Irará


Adesivo que virou marca do Irará

Corria o ano de 1998. Numa dada noite, Marcílio chegou à minha casa decido a colocar em prática uma idéia, sobre a qual já havíamos discutido algumas vezes.

Irará precisava de uma marca; um símbolo; um adesivo de carro. Qualquer coisa destas, que fosse exclusiva e representante da cidade.

Há algum tempo atrás, o Banco do Brasil havia produzido adesivos com a frase “amo irará”. A letra “o” do “amo” era o logo do Banco.

Tratava-se de uma campanha publicitária daquela Instituição Financeira e, portanto, não exclusiva para mostrar amor a Irará, já que toda a cidade tinha o seu ”amo... “.

Topei o desafio. Sentamos em frente ao computador e começamos. Na época, eu fazia curso de corel draw em Feira de Santana e Marcílio andava meio preocupado.

Ele estava um pouco temeroso acerca de um possível futuro sombrio para as pessoas que, como ele, sabia desenhar no lápis e papel. Imaginou que com ferramentas como o Corel, todos – até mesmo os mais leigos do tipo eu – seriam capazes de começar a trabalhar com design gráfico.

Lembro-me de ter-lhe contestado. O computador e os seus softwares eram apenas ferramentas. Se serviam a quem não tinha o talento na área, imagine a quem já tinha...

O tempo me deu razão. Hoje, enquanto Marcilio manda ver em vários programas gráficos, muitos deles mais avançados do que o Corel, eu se quer tenho praticado ou lembro direito daquele bê-a-ba do curso de Feira.

Mas voltemos ao caso da marca. Tinha de nascer uma marca para Irará. Algo que a pessoas usassem como símbolo iraraense.

Marcilio lembrou-se da marca da gestão de Antônio Imbassahy na Prefeitura de Salvador. Era a torre de uma Igreja, edificação marcante na capital baiana. Começamos a lembrar de prédios do Irará.

Foi então decidido colocar marcos como o Obelisco, o Coreto, o Mercado, o Sobrado dos Nogueira, entre outros. Discutimos mais. “Irará - nascido da luz do sol”. “A Serra de Irará”. Entre idas e vindas, a imagem foi saindo.


Sugerir jogar um efeito “powerclip” e lá estava. Era a Serra, com sol nascente atrás, por dentro das letras do nome “Irará”. Na base do desenho, os monumentos iraraenses.

Como sempre flertando com a verossimilhança das coisas, recordo-me de ter lembrado que o sol poderia até se pôr, atrás da Serra, mas nunca nascer lá.

Marcilio, valendo-se da licença poética, típica dos artistas, mencionou que não haveria problema. Aquele poderia ser também um sol nascente.

Desenho ficando pronto, ainda faltava um slogan. Pensamos, sugerimos, discutimos. De repente, lasquei um: “Irará lugar melhor não há”. Pronto. Estava encaixado a frase.

Depois de um tempo, percebi que a dita cuja, já era uma frase usada no “Faroeste Caboclo” de Renato Russo, quando diz que o boiadeiro está “indo pra Brasília, neste país ‘lugar melhor não há’”.

Como diz a lei da física: “nada se cria, tudo se transforma”. Se cópia ou se adapta, a depender da ocasião e do gosto do freguês.

Imagem pronta, nós precisávamos conseguir um meio para a confecção dos adesivos, já que não tínhamos o dinheiro (situação que não é muito diferente hoje).




Rascunho do desenho "Irará lugar melhor não há"



Mecenas e campanha de arrecadação

Trocamos idéias com Zé Nogueira. Na época, Zé estava à frente da ACAAPI – Associação de Artesanato e Arte Popular de Irará. Associação ganhara apoio da Prefeitura e do Instituto Mauá para criar a Casa do Artesão, montada no antigo Quartel da cidade.

Como é sina em quase todas as instituições culturais, ainda com apoio da Prefeitura, a entidade carecia de recursos. Daí surgiu a idéia de unirmos o útil ao agradável. Deveríamos produzir os adesivos, vendê-los a um custo convidativo e repassar a renda para a ACAAPI.

Zé olhou o desenho e sugeriu que acrescentássemos o Prédio do Quartel entre os monumentos que apareciam no desenho. Acatamos a sugestão, afinal ali era a Casa do Artesão, gerida pela entidade para a qual faríamos a campanha.

Curioso foi perceber, tempos depois, que era justamente este prédio o marco que a maioria das pessoas não reconhecia do que se tratava.

Desenhos e metas definidas era preciso ter um mecenas para investir na idéia. Nem Zé, nem Marcílio e nem eu, tínhamos um “puto” no bolso.

Daí então Zé Nogueira buscou apoio. Ele fez o pedido junto à Professora Miriam, então presidente da Câmara de Vereadores e também admiradora da cultura do município.

O apoio foi dado. A Professora Miriam emprestaria um cheque para custear a confecção dos adesivos. Após a arrecadação da campanha pagaríamos o valor à Professora.

Assim foi feito. Adesivos prontos, campanha na rua. Mostrávamos os adesivos às pessoas. Todos admiravam o desenho e a idéia.

Alguns se empolgavam: “eu quero um, dois... ou melhor, outro e mais outro para levar pra fulano e sicrano”.

Só que quando falávamos que se tratava de uma campanha e que a pessoa ganharia um adesivo se contribuísse com R$ 1,00 (um real) para a ACCAPI, poucos levavam o “Irará lugar melhor não há” para casa.

Usei da palavra durante um “voz e violão” na Caverna – Bar Montado pelo Bloco Evolução em Frente ao Banco do Brasil. Expliquei a campanha, tá tá tá... e quase ninguém contribuiu. Quer dizer, acho que ninguém.

Mudamos de tática. Se no varejo não dava certo, pensamos no atacado. Deveríamos então sugerir que um comerciante ajudasse com um valor maior à ACAAPI e ficassem com um bom número de adesivos para presentear seus clientes.

Marcilio e Zé Nogueira foram à campo. Teve comerciante que comprou dois. Outro adquiriu quatro ou cinco. A mesma proposta foi feita a um gerente de Banco. Este ficou apenas com um e colou na vidraça da Agência Bancária.

No frigir dos ovos, a campanha não deslanchou. Nem sequer conseguimos cobrir o cheque da professora Miriam, que junto com suas filhas também atuavam na campanha.

Assim, os adesivos que sobraram foram sendo distribuídos, aos poucos, a um ou outro amigo ia pedindo, até que acabaram.

Sobre esta falta de “disposição” das pessoas em ajudar a ACAAPI, acabei escrevendo um texto, publicado na edição de número 2 do Evolução Zine (Panfleto informativo do Bloco tendo a redação e edição sob minha responsabilidade, enquanto Marcílio fazia cuidava da diagramação).

Com o título “Cultura de Irará é rica, mas vive pedindo esmolas”, abordei a questão de que todos falam que Irará é rico culturalmente, etc e tal, mas essa cultura vive sempre na penúria. No texto, argumentei a campanha da ACAAPI e seu fracasso.

Marcas do trabalho de uma dupla

Em contraste com o insucesso da campanha financeira, o adesivo pegou no Irará. A frase foi dita e repetida em palanques de festa.

Pessoas começaram a copiar o desenho para sites de internet e outros trabalhos. A imagem do adesivo inspirou painéis escolares. A Prefeitura fez dela ilustração para a camisa na época da Lavagem.

As pessoas pediam muito para ter nos seus carros. O adesivo virou identificador para aqueles que queriam viajar em transporte alternativo e não tinham certeza sobre a naturalidade iraraense do motorista.

Virou mesmo marca do Irará e até hoje, vez por outra, se ver algum por aí.

Muitos destinaram a autoria do trabalho ao Mestre Zé Nogueira. Afinal, Zé que é o artista e o mais conhecido entre nós. Marcilio e eu, não tínhamos maiores experiências no cenário cultural do Irará.

Dali em diante é que começamos a aparecer mais. Fizemos trabalhos como R&MP (Roberto e Marcilio Publicidade). Elaboramos o projeto gráfico para o CD da Banda Evolução, entre outros.

Atuamos no Bloco Evolução. Assumimos a Casa da Cultura. Criamos, junto com Rodrigo Martins (Capita), a Charanga Comunicação. Os desenhos de Marcilio e os meus textos também estiverem no Jeguerê e no Capita Folia. E atuamos também em campanhas eleitorais.

Outro dia, quando estava lendo “Na Toca dos Leões”, livro no qual Fernando Morais conta a história de Washington Olivetto e da W/Brasil, percebi o quanto é importante no meio publicitário o entrosamento da dupla “Diretor de Arte e Redator”. Foi legal perceber que nós, de alguma maneira, já trabalhávamos assim.

Folderes, panfletos, internet... enfim, varias mídias. Isso virou quase rotina. O que estava sendo incomum era sentarmos juntos para elaborar uma marca. Oportunidade que tivemos agora no final deste ano.

Diante do pedido do então Prefeito Eleito, Derivaldo Pinto, de criarmos um slogan e marca para o seu governo, indo no sentido do Governo Federal, “Brasil: um país de todos”, nos vimos, dez anos depois, outra vez na frente do computador para criar uma marca para Irará.

Pensamos no slogan que o Publicitário Zé Armando, a serviço da Link Propaganda, usou para a campanha de Nelson Pelegrino: “Salvador pra toda gente”. Fomos ao dicionário e confirmamos a aplicação da frase.

Aos poucos o desenho foi saindo. Idéia daqui. Idéia dali. Troca cor. Muda a localização do ícone... E lá estávamos.

O resultado final ficou satisfatório. Irará, “nascido da luz do sol”, tem o sol como ícone do seu governo. Além disso, vale a máxima popular que lembra que “o sol nasce pra todos”, sem distinção de raça, credo, cor... Ao meu ver, ilustração adequada a um governo que se pretende “pra toda gente”.

O tom colorido da marca também remete à diversidade presente na mesma. Pessoas Diversas, pensamento diversos na elaboração de uma política em prol do município. Ainda tem a mescla entre letras maiúsculas e minúsculas. Grandes e pequenos também representados.

Agora fica o pensamento, a torcida, a fé e a nossa parcela de responsabilidade para com este governo que se inicia.

Em se conseguindo ser mesmo um governo justo “pra toda gente” em todas as suas estruturas, quem sabe, não teremos sinceridade e orgulho recorrente pra dizermos: “Irará lugar melhor não há”.

Marca do novo governo municipal


1.1.09

Chegamos! O desafio vai começar

Posse da Diretoria da Casa da Cultura de Irará (CCI) - Gestão 2003-2005

Um filme passa pela cabeça. O bilhete para o mesmo foi comprado no dia em que o Prefeito eleito, Derivaldo Pinto, nos convidou a responder pelo órgão muncipal de cultura.

O roteiro dessa obra nos leva à vários momentos da história recente do Irará. Trata do início do meu envolvimento com eventos e questões culturais na cidade até o momento atual.

Não sabemos precisamente quando, nem como. Só sabemos que desde criança acompanhavamos ou faziamos parte de alguma forma (como no Grupo Escoteiro) das manifestações culturais de nossa terra.

Lembro-me que em 1994 integramos um grupo de teatro. Alguns meses e uma peça encenada, tivemos de nos retirar. De 1998 pra cá, é que a atuação passou a ser mais frequente.

No verão daquele ano, junto com Kakal e a participação menos frequente de outros amigos, realizamos, aos trancos e barrancos, uma sequência de atividades artísticas e esportivas.

Depois veio o Bloco Evolução. Desfiles, eventos, festas, boletim informativo. Por três anos botamos o bloco na rua. 1999, 2000 e 2001. Não foi nada fácil. Sem apóio público definido, contrariedade e até perseguição. Sobrevimemos enquanto pudemos graças à participação de alguns comerciantes sensíveis ao tema da cultura local.

O Bloco não era só uma festa com corda e trio na rua. A consciência pública e para com a cultura, história e memória de Irará nos acompanhava.

Entre algumas ações: Colocamos apresentações culturais pós novenas; buscamos informações, criamos um panfleto com o resumo histórico de Sr. Alfredo da Luz e montamos uma réplica do Trio de Alfredo do ano de 1967; argumentamos e impedimos o projeto mirabolante de “privatização da Praça Pública
[1]”.

O Evolução parou. Nós não. Ainda quando não participando diretamente estavamos opinando, ajudando, sugerindo ou discutindo. No Jeguerê e Capita Folia também. Na fundanção do Movimento Cultural Viva Irará estavamos presentes, ainda que muitos pensasse que fosse “só pra ser do contra”.

Depois veio a Casa da Cultura. Idos de 2003. Enfretamos o desafio e nos colocamos na condição de Presidente e lider do grupo. Agora teriamos “pedigree”. Melhor dizendo, um CNPJ, o reconhecimento social. Que nada! O prefeito da época perseguiu. Mudou lei, passou a cobrar imposto...

O apoio popular não era grande. Poucos eram os que participavam ou nos apoiavam. Brindamos com Vinhos & Versos e, enquanto estavamos como presidente, resistimos.

Recitais, mostras fotográficas, exposições, revistas, cordeis, torneio de volley, apresentações musicais. Elaboramos o projeto do Colóquio de Literatura Popular e conseguimos ser contemplados pelo edital do Banco do Nordeste em 2005, 2006 e 2007.

Muda-se governo. Já as práticas... Muito pouco. Nada de isenção de IPTU; nada de resolver situação da Casa da Cultura; nada... Apóio chorado, com direito a tempo em sala de espera, como se fosse do tipo: “pra não dizer que não deu”.

O pior ainda, é “não entender” que um projeto como o do Colóquio deveria também estar dentro da escola: “não pode cancelar aula”. Privilégios assim, só quando era comício com a presença do deputado governista.

Conseguimos entrar no circuito do “Cinema BR em Movimento”. Precisava-se de estrutura. Mas uma vez, o poder público se omite.

Acaba arquivo. Bloco não entra na praça. Sociedade não participa das decisões públicas para a cultura. Desconsidera a tradição do dia da Lavagem.

Fomos críticos. Não pestanejamos em mostrar nossa opinião. Afirmamos que poderia, e deveria, ser diferente.

A esse tempo, a prática misturava-se a teoria. Leitura de textos, artigos, livros. Quase três anos de pesquisa de iniciação cientifica, tratando sobre Políticas Culturais. A cada exemplo; a cada estudo de caso; a cada leitura, lá vinha o pensamento: “Uma politica pública e uma politica cultural para o município de Irará é possível”.

Essa trajetória nos referendou. Prática, teoria, contatos. Amigos, parceiros, professores, dirigentes da Secretária Estadual de Cultura e até, simpatizantes da gestão cultural a qual criticavamos, se mostravam entusiastas para assumirmos o órgão de cultura do município. “Nome melhor não há”, houve quem afirmasse.

Sabemos das inúmeras dificuldades. Principalmente para com a mudança de hábitos. Bastou nosso nome ir à rua como provável responsável pela cultura, nesse governo que se inicia, e já começaram os pedidos e propostas.

Já teve proposta de propina, gente pedindo trabalho, querendo vender bandas, além das tantas e tantas bandas pedindo palco para tocar...

O que o destino vai resevar? Sinceramente não sabemos. Realmente não sabemos nem se chegaremos ao fim da linha. Quanta gente boa como Frei Beto, Marina Silva e Ricardo Kostcho, tiveram de abandonar o návio por não se adpatarem ou não suportarem os vícios da máquina governamental. Lá vem o tão temido Monstro Chiste dito por Raul Seixas.

Só nos resta lutar e trabalhar muito para fazer com que as pessoas compreendão nossa intenção. Criar mecanismos de valoração da diversidade e de facilitação do desenvolvimento da cultura local. Re-afirmar noções de cidadania, identidade, auto-estima, dentre outras necessidades, através de uma cultura inclusiva.

O desáfio é enorme!



Obs:

a) Por enquanto, o Prefeito Derivaldo nos convidou a assumir o Departamento de Cultura, órgão subordinado à Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Há a intenção de, em breve, ser criada a Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer.

b) Considero que ser convidado a assumir a função Cultura no novo governo municipal é a chegada de todos os companheiros que estiveram juntos comigo em todos os movimentos citados no texto ou e em outros mais.

[1] Nos Festejos Populares de 1999, quando do Governo Antônio Campos, um Produtor da cidade propunha a Prefeitura fechar a Praça da Purificação e cobrar ingresso para entrada das pessoas em plena Festa da Padroeira. A idéia tinha simpatizantes influentes na Prefeitura - interessada em diminuir os custos de sua Participação na Festa. Diante dos nossos argumentos, a idéia foi definitivamente abortada.