1.1.09

Chegamos! O desafio vai começar

Posse da Diretoria da Casa da Cultura de Irará (CCI) - Gestão 2003-2005

Um filme passa pela cabeça. O bilhete para o mesmo foi comprado no dia em que o Prefeito eleito, Derivaldo Pinto, nos convidou a responder pelo órgão muncipal de cultura.

O roteiro dessa obra nos leva à vários momentos da história recente do Irará. Trata do início do meu envolvimento com eventos e questões culturais na cidade até o momento atual.

Não sabemos precisamente quando, nem como. Só sabemos que desde criança acompanhavamos ou faziamos parte de alguma forma (como no Grupo Escoteiro) das manifestações culturais de nossa terra.

Lembro-me que em 1994 integramos um grupo de teatro. Alguns meses e uma peça encenada, tivemos de nos retirar. De 1998 pra cá, é que a atuação passou a ser mais frequente.

No verão daquele ano, junto com Kakal e a participação menos frequente de outros amigos, realizamos, aos trancos e barrancos, uma sequência de atividades artísticas e esportivas.

Depois veio o Bloco Evolução. Desfiles, eventos, festas, boletim informativo. Por três anos botamos o bloco na rua. 1999, 2000 e 2001. Não foi nada fácil. Sem apóio público definido, contrariedade e até perseguição. Sobrevimemos enquanto pudemos graças à participação de alguns comerciantes sensíveis ao tema da cultura local.

O Bloco não era só uma festa com corda e trio na rua. A consciência pública e para com a cultura, história e memória de Irará nos acompanhava.

Entre algumas ações: Colocamos apresentações culturais pós novenas; buscamos informações, criamos um panfleto com o resumo histórico de Sr. Alfredo da Luz e montamos uma réplica do Trio de Alfredo do ano de 1967; argumentamos e impedimos o projeto mirabolante de “privatização da Praça Pública
[1]”.

O Evolução parou. Nós não. Ainda quando não participando diretamente estavamos opinando, ajudando, sugerindo ou discutindo. No Jeguerê e Capita Folia também. Na fundanção do Movimento Cultural Viva Irará estavamos presentes, ainda que muitos pensasse que fosse “só pra ser do contra”.

Depois veio a Casa da Cultura. Idos de 2003. Enfretamos o desafio e nos colocamos na condição de Presidente e lider do grupo. Agora teriamos “pedigree”. Melhor dizendo, um CNPJ, o reconhecimento social. Que nada! O prefeito da época perseguiu. Mudou lei, passou a cobrar imposto...

O apoio popular não era grande. Poucos eram os que participavam ou nos apoiavam. Brindamos com Vinhos & Versos e, enquanto estavamos como presidente, resistimos.

Recitais, mostras fotográficas, exposições, revistas, cordeis, torneio de volley, apresentações musicais. Elaboramos o projeto do Colóquio de Literatura Popular e conseguimos ser contemplados pelo edital do Banco do Nordeste em 2005, 2006 e 2007.

Muda-se governo. Já as práticas... Muito pouco. Nada de isenção de IPTU; nada de resolver situação da Casa da Cultura; nada... Apóio chorado, com direito a tempo em sala de espera, como se fosse do tipo: “pra não dizer que não deu”.

O pior ainda, é “não entender” que um projeto como o do Colóquio deveria também estar dentro da escola: “não pode cancelar aula”. Privilégios assim, só quando era comício com a presença do deputado governista.

Conseguimos entrar no circuito do “Cinema BR em Movimento”. Precisava-se de estrutura. Mas uma vez, o poder público se omite.

Acaba arquivo. Bloco não entra na praça. Sociedade não participa das decisões públicas para a cultura. Desconsidera a tradição do dia da Lavagem.

Fomos críticos. Não pestanejamos em mostrar nossa opinião. Afirmamos que poderia, e deveria, ser diferente.

A esse tempo, a prática misturava-se a teoria. Leitura de textos, artigos, livros. Quase três anos de pesquisa de iniciação cientifica, tratando sobre Políticas Culturais. A cada exemplo; a cada estudo de caso; a cada leitura, lá vinha o pensamento: “Uma politica pública e uma politica cultural para o município de Irará é possível”.

Essa trajetória nos referendou. Prática, teoria, contatos. Amigos, parceiros, professores, dirigentes da Secretária Estadual de Cultura e até, simpatizantes da gestão cultural a qual criticavamos, se mostravam entusiastas para assumirmos o órgão de cultura do município. “Nome melhor não há”, houve quem afirmasse.

Sabemos das inúmeras dificuldades. Principalmente para com a mudança de hábitos. Bastou nosso nome ir à rua como provável responsável pela cultura, nesse governo que se inicia, e já começaram os pedidos e propostas.

Já teve proposta de propina, gente pedindo trabalho, querendo vender bandas, além das tantas e tantas bandas pedindo palco para tocar...

O que o destino vai resevar? Sinceramente não sabemos. Realmente não sabemos nem se chegaremos ao fim da linha. Quanta gente boa como Frei Beto, Marina Silva e Ricardo Kostcho, tiveram de abandonar o návio por não se adpatarem ou não suportarem os vícios da máquina governamental. Lá vem o tão temido Monstro Chiste dito por Raul Seixas.

Só nos resta lutar e trabalhar muito para fazer com que as pessoas compreendão nossa intenção. Criar mecanismos de valoração da diversidade e de facilitação do desenvolvimento da cultura local. Re-afirmar noções de cidadania, identidade, auto-estima, dentre outras necessidades, através de uma cultura inclusiva.

O desáfio é enorme!



Obs:

a) Por enquanto, o Prefeito Derivaldo nos convidou a assumir o Departamento de Cultura, órgão subordinado à Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Há a intenção de, em breve, ser criada a Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer.

b) Considero que ser convidado a assumir a função Cultura no novo governo municipal é a chegada de todos os companheiros que estiveram juntos comigo em todos os movimentos citados no texto ou e em outros mais.

[1] Nos Festejos Populares de 1999, quando do Governo Antônio Campos, um Produtor da cidade propunha a Prefeitura fechar a Praça da Purificação e cobrar ingresso para entrada das pessoas em plena Festa da Padroeira. A idéia tinha simpatizantes influentes na Prefeitura - interessada em diminuir os custos de sua Participação na Festa. Diante dos nossos argumentos, a idéia foi definitivamente abortada.

9 comentários:

Anônimo disse...

Sem dúvida, uma grande notícia ver Roberto no campo de batalha, com uma bela oportunidade de agitar, culturalmente, Irará. Bela escolha! Pra quem acompanhou a trajetória de Roberto, não pode haver nome melhor.
abraços,
Claudio.

Bruno Adelmo Mendes disse...

Boa sorte, meu amigo. Fiquei muito feliz em saber "extra-oficialmente" e mais ainda, agora que a notícia se confirmou. Há tempos Irará precisava de você e dos seus nesse cargo!!!
Grande abraço!!

Unknown disse...

Com as experiências vividas ao seu lado,sou credenciado a dizer q a cultura de Irará agora está realmente em ótimas mãos e espero q suas idéias sejam ouvidas e colocadas em prática,pois sei q dessa cabeça sairão planos e projetos últra interessantes q colocarão nossa cultura no trilho certo e no lugar de destaque q ela merece. Pra mim esse governo já fez um grande acerto em colocar alguém tão capacitado e verdadeiro conhecedor do ofício como vc a frente dessa secretaria.Parabéns Ró! Q sua jornada seja percorrida com sucesso,sorte e alegria man.Desejo de verdade q vc consiga imprimir na sua secretaria a mesma competência,honestidade e determinação q lhe são caracteristicas.Abração brother!!!

Anônimo disse...

Mais do que merecido. Força Sempre, Robertinho.

Juracy Paixão disse...

Caro Rô de Zé do Rádio,

Nenhuma entidade merece você como ente da Cultura mais do que o nosso Irará, tão magoado, tão subestimado pelos "seus" filhos ditos ilustres. Tenho certeza de que sua gestão marcará época, como aconteceu nos diversos episódios por você relatados.

Um grande abraço e parabéns Irará.

Juracy Paixão

Unknown disse...

Amigo Ró,
Com certeza a "Cultura Iraraense" não só tem hoje um Diretor de Departamento, mas um guardião das tradições, muitas vezes mal tratadas e desrrespeitadas em outras administrações. Vejo em vc, uma nova geração tomando a frente das nossas tradições e mantendo aquilo que nossa comunidade construiu com muito esmero e cuidado. Irará está de parabéns!!!
Sucesso nesse novo desafio !!!!

Seu eterno fã,
Luciano Campos

Anônimo disse...

Tenho certeza que não teria um nome melhor do que o seu. Sei que és capaz e fará bonito frente a esse departamento.
Sucesso pra você.

Silvio Portugal disse...

Tive o prazer de conhecer o compromisso e a competência do trabalho de Roberto durante a realização de 18 encontros de cultura que realizamos juntos no processo de construção da II Conferência Estadual de Cultura, no Território de Identidade "Portal do Sertão", culminada em outubro de 2007 no auditório central UEFS.
Parabens! E um grande abraço,

Silvio Portugal
Artista Plástico, Arte-educador e Produtor Cultural

Vivian Barbosa disse...

Robertinho,

parabéns e sucesso a nova jornada.

Um 2009 de grandes realizações para você.