8.8.09

8. Oito

Forma da Ampulheta lembra o número oito


Outro dia me peguei pensando acerca do número oito. Lembrei da minha infância. Acho que a gráfia daquele algarismo foi a mais divertida de apreender. Recordo de atrapalhar-me um pouco naquele desenho.

Minha mãe vinha em meu socorro. Ela me ensinou que se eu desenhasse dois círculos, um a cima do outro, teríamos um “oito (8)”. Mas, isso não me agradava. Sei lá. Parecia jeitinho, atalho, facilidade. Queria o desafio. A vontade era aprender aquela outra forma “mais complicada” de fazer “o oito”.

Outra lembrança infantil do oito era no futebol. Naquela época, começo dos oitenta, quando o mengão ganhava tudo, o camisa oito daquele super time era o Adílio.

As jogadas do rapaz ajudaram a popularizar o algarismo na minha mente. Se, por acaso (por acaso mesmo), tivesse uma vaga pra mim no time dia de jogo, sem chance nenhuma de pegar a camisa 10 (era a que todo mundo queria, pela mística: Pelé, Rivelino, Zico, Maradona...), eu perguntada logo pela a que tinha o oito grafado.

Hoje, lembrando destes fatos, faço correlações. Estava ali, diante de mim, um número engraçado, com aquelas curvas sinuosas. Talvez, já – quem sabe - meio combalido pela libido da primeira infância, a visão de um número sensual. (Freud explica. Será?). Aquela cintura fina... Imagino uma lingerrie sobre o oito...

Duas vezes quatro. Dois elevado ao cubo. O oito lembra prazer. É só acrescentar um “c”, pra chegar a “coito”. Se quiser repetir, é só pedir “bis”; com oito fica gostoso e vira “biscoito”.

Numa dada canção, Gilberto Gil lembra que o número oito invertido é o símbolo do infinito (∞). O tempo sem fim não pede medida. Entretanto, a ampulheta, aquele negócio que serve pra medir o tempo, tem um formato parecido ao numeral do qual estamos tratando.

“Aff ! - você e suas manias de relacionar, comparar, ver letra de música em tudo”. Só não tenha pressa, dizem que o tempo tem respostas pra tudo. E eu, não quero ser taxado como: “affoito”.

Manias de nos mortais. Contar e esperar tempos. Pode-se até se medir em intervalos de oito. Oito horas, oito dias, oitos meses... O oitavo dia, do mês oito, do oitavo ano. A semana tem sete dias. Não falta quem diga que ela tem oito. E daqui a oito dias, tudo pode ser igual ou diferente. Talvez seja oito, ou, seja oitenta.
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