18.11.09

Não é de hoje que defendemos um show de Tom Zé em Irará...

o show de Tom Zé foi a relização de uma vontade antiga nossa. Embora, alguém possa ter esquecido, sonhamos com isso desde 1998, dentro do Projeto Verão Ativo. Na época cheguei a telefonar para um mangagão e.... (melhor esquecer)
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Em 2008, cheguei sugerir pessoalmente, durante a abertura do Colóquio de Literatura Popular, a membros da gestão municipal da época para fazer o show, no que fui ridicularizado (na política deles só havia espaço para grupos tipo "Novo Tom" ou "Bonde do Maluco" ao invés de Tom Zé).
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Sobre isso, vejam texto que escrevi e enviei à lista de e-mails "iraraense" (ainda não tinha blog) em 10/06/2005.
O velho Tom Zé no lugar do Novo Tom.
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Por Roberto Martins
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É Tom Zé no Le Monde, no The York Times, na Alemanha, no globo inteiro. Turne no Brasil e no Mundo, só não passa em Irará. Talvez a terra natal do compositor baiano seja mesmo um “lugar improvável” (assim o Le Monde se referiu a lugar onde Tom Zé nasceu) para estar na agenda do Tom.
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Culpa dele? Acho que não. Tom Zé é um artista consagrado e como tal merece respeito. Cobra cachê e precisa receber pelo seu trabalho. Portanto, ninguém espere que Tom Zé dê uma de santinho e diga: “oh minha gente, valei-me minha menina jesus, não se descabelem que nós vamos fazer um show em Irará”.
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As evidencias nos levam a crer que não existem maiores interesses pelo show de Tom Zé na sua terra natal (ao menos da parte daqueles que podem contrata-lo). Tão Zi, como diriam os estadunidenses, é genial, toca músicas inteligentes e tudo mais, mas vejam vocês, o tropicalista saiu de Irará nos anos 50, e caminha para fazer 70 anos de vida. Mesmo que ele pule, cante, corra, grite e “trepe” com o vilão durante o show, vai ter gente tachando-o de velho. Quem sabe seja por isso que os iraraenses não estejam interessados em ouvir o velho Tom, mas sim o Novo Tom.
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Novo Tom é nome de um grupo de arrocha, estilo de música que nas palavras do professor Jorge Portugal, na tela do Fantástico, “é um movimento pós tropicalista e pós tribalista que surge da periferia para o centro”. Profundo, não? Talvez. Mas explicações à parte, o Novo Tom se destaca entre os grupos de arrocha pelo diferencial de suas letras. Elas não choram dores como as de Silvano Sales, se dizendo carente. Elas apostam num relacionamento de “método mais moderno”: “... Menina malcriadinha/ Leva tapa na bundinha/ mas este tapa/ vai ser bem gostosinho/ você vai até gostar/ e vai pedir mais um pouquinho/ dá um tapinha na bundinha/ ai!”.
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Pois é. Se você já ouviu os versos acima, entoados a partir de um porta malas de carro em porta de bar, agora já sabe conhece o grupo. Se não, não se preocupe, pois terá a oportunidade de conferi-los ao vivo, porque o Novo Tom, ao que tudo indica, será a principal atração do São João de Irará em 2005.
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Calma gente! Não se precipitem. Não defenderei um show de Tom Zé no São João. Defendo um show de Tom Zé em Irará. Mas enquanto isto não acontece, fico por aqui “uruburservando”. Estudando o pagode e quem sabe o arrocha também. Acho até que vou perguntar ao Macaco Simão se já inventaram colírio alucinógeno para os ouvidos.
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14.11.09

A 25 também é tropicalista. Azar das outras

Tom Zé entre Filarmônica e público

Foi na noite de abertura da Feira da Mandioca, o re-encontro entre Tom Zé e a Filarmônica 25 de Dezembro. Tom, quando criança, morou ao lado da Filarmônica e chegou a estudar Sax na Sociedade.

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“Essa noite linda, será inesquecível”, disse a professora Dilma Leão, membro da diretoria da Casa.

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A sede da Sociedade Litero Musical 25 de Dezembro estava lotada. Junta-se o calor do ambiente ao aquecimento dos refletores, utilizados para as câmeras filmadoras, e aquilo se aproximava de uma fornalha.
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Calor? Quem se importava com isso? Os músicos da banda de Tom Zé, por exemplo, não demonstravam incomodo. Eles, tão acostumados à garoa paulistana, assistiam ao espetáculo na primeira fila, diante da Filarmônica. A atenção de todo o público era para o concerto da 25 de Dezembro e para a verborragia de Tom Zé; é claro.
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Tom lembrou fatos. Os elogios para a banda e o trabalho dos músicos não foram poucos. Contou histórias e, como sempre, arrancou risos do público. Lembrou aos iraraenses, ao tempo em que comunicava a seus parceiros, a condição de hours concours da 25 de Dezembro. “Eles ganharam tanto, que teve concursos que proibiram eles de concorrer”.
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Liderada pelo maestro Leandro Maciel a Filarmônica executava os números, anunciados pelo presidente Diógenes Barbosa. “Irará e Mundo Novo”, composição de Almiro Oliveira foi um deles. Entretanto, o destaque e a expectativa da noite era pela composição “Renato de Ceci”.


Mestro Leandro rege Filarmônica em frente a músicos de Tom Zé

Trata-se de uma autoria de Tom Zé, junto a dois parceiros, composta especialmente para a Filarmônica de Irará. A música é feita em homenagem ao saudoso amigo Renato Portela, pessoa que apresentou o violão à Tom Zé e lhe deu várias outras dicas. Ceci era a mãe de Renato. “De Ceci” é sobremenome em Irará.

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A música mereceu um bis no final. “Quem chegou atrasado pediu para ouvir a composição”, disse o presidente Diógenes. “A segunda vez é mais difícil, a responsabilidade é grande”, brincou Tom Zé com o maestro Leandro. E a Filarmônica mandou ver.

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“Eu to tão feliz, que se eu encontrar um jegue debaixo da jaqueira eu dou boa noite”. Assim Tom Zé tentava descrever a sensação estética daquele momento, ao tempo em que remetia a um dos casos iraraenses contados antes.

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Com olhos marejados, Dr. Deraldo ouviu a composição e as palavras de Tom Zé sobre Renato. “Eu que também sou filho de Ceci quero lhe agradecer Tom Zé”. Assim o presidente de honra da 25 de Dezembro, sendo dirigente da entidade por 40 anos ininterruptos, agradeceu a Tom Zé em nome de toda a banda.

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“Renato de Ceci”, ou “Ré Nato”, como estava escrito na pauta musical dos músicos, não parece ser uma música fácil de ser executada. O próprio Tom falou disso, mencionando subidas e descidas da música, exemplificando com nomes que quem é músico deve entender.
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Eu, particularmente, nunca tinha visto uma filarmônica tocar algo tão inventivo. Gostei muito da espetacular entrada do naipe de clarinetes. Fiquei viajando naquela canção como trilha sonora. Suspense, comédia, aventura, sei lá o que... E, cá com meus botões pensei: “isso é tropicalismo puro”.
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Era uma sexta-feira 13. Imaginei a Filarmônica de Irará executando aquele número em concursos Brasil á fora. Azar da outras...

vejam video com trecho da exucação da música, pena que não tem as partes finais quando vai ficando ainda mais revolucionário...









13.11.09

Na varanda com Tom Zé

Um bate papo descontraído com Tom Zé

Varanda da casa do amigo Edson Barbosa. Alí, bem à vontade, junto com sua esposa Neusa, está um dos grandes nomes da música no mundo. Tom Zé, iraraense, nosso conterrâneo. A conversa flui amigável.

“Estou no Edén”, fala Tom. “Para quem cuida de um pequeno jardim em São Paulo, isso aqui é o paraíso mesmo”, comento com ele. Árvores, galinhas, grama... sem falar da deslumbrante paisagem. Como o bate papo é bom, o tempo passa depressa.

Na pauta, música, política e outros assuntos. Personagens, tempos e lembranças de Irará. Até de quando Tom Zé foi candidato a vereador representando o partido comunista... Tom Zé lembra dos seus tempos como repórter do Jornal da Bahia. Edson Barbosa, hoje conceituado publicitário, narra seu começo na redação da Tribuna da Bahia.

Tom Zé descreve a expectativa da banda: “Você não tem idéia de como eles ficaram empolgados com esse show aqui de Irará”. “Também, Tom Zé, tantos anos lhe acompanhado e ouvindo você falar de Irará, não era pra menos”, digo.

Depois, pergunto do show. “Será algo especifíco para Irará”, diz Tom Zé. Desejo saber do repertório. “Será definido ainda junto com a banda”, informa, mas não deixa de adiantar que terá músicas sobre Irará. “O abacaxi, a lavagem... Maria Bago ainda ta censurada aqui?”. “Não, pode tocar a vontade”, respondo.

Contudo, as revelações não me dão certeza alguma. Como alertam Lauro Lelis e Jarbas Marins, no (filme) Fabricando Tom Zé, o repertório do artista pode ser todo substituído na hora do show. “E vamos nessa...”

A chegada de Tom Zé no Irará para a Feira da Mandioca

Tom Zé estuda a Chegança




Ali está um senhor descendo da van. Parece se atrapalhar com o fio do microfone de lapela, preso á sua camisa. Esquina da rua de baixo (Campos Martins) com o beco ao lado do consultório de Dra. Toteia. Tom Zé pisa o solo iraraense. Em frente ao terreno onde foi um das casas onde morou.

“Aê cambada de vagabundo!”. Foram as primeiras palavras que ouvi Tom Zé dizer. A face risonha evidenciava um misto de irreverência, de emoção, de irmandade, de carinho naquelas palavras. Me aproximo. “Salve Tom Zé!”. É a saudação. Um a um, vão vindo outros. Apresentam Tom Zé ao Prefeito Derivaldo e ele o cumprimenta com vigor.

João Martins faz as honras da cidade. Tira a própria camisa que vestia e passa para Tom Zé. A roupa trás o desenho dele (João), feito em homenagem a Mãe Melânia por ocasião da Lavagem 2009. Ajudo com a retirada do microfone. O aparelho auditivo de Tom cai a meus pés. O alerta vem de Guilherme. Daí, pego o aparelho e devolvo ao mestre que passa para sua esposa/produtora Neusa guardar.

Depois é só alegria. Tom Zé cumprimenta a charanga e abraça as meninas que estão logo à frente, se acabando de dançar. Ele segue, rua de baixa à cima, em direção à Purificação. Com destreza vai ao passeio e cumprimenta D. Dôra. A residente da casa 40 é, certamente, uma amiga de infância.

As crianças saíram da escola para ver Tom Zé. Elas estão acompanhadas dos professores e gritam: “Tom Zé, Tom Zé, Tom Zé...” . No meio do corredor formado, ele pula, acena, beija, abraça, cumprimenta. Vai ao passeio e fala com Leo. É o rapaz que minutos antes tocava os foguetes para anunciar Tom Zé. “Ele quis saber da loja de Eduardo”, informa o “fogueteiro”, dizendo-lhe ter comunicado que ali agora é a Panificadora Victor.

A Chegança da comunidade da Loja faz uma apresentação. “Ainda tem chegança em Irará?” Era um questionamento de Tom Zé antes de vir. Agora, com a chegança na sua chegada, ele tinha a comprovação. Recepção especial.

Tom Zé fica ali ao lado admirado. Acompanha o ritmo, faz movimentos com os pés. Tenta imitar os passos. Parece estar ali interpretando, viajando em algo... Ou, quem sabe, estudando a Chegança.

Muitos se aproximam, querem fotos. “Quero esse retrato para botar num quadro”, diz dona Noelia Pinho. Minutos depois, muitos orkuts também já estariam abastecidos. E assim, Tom Zé volta a sua terra para um show especial na Feira da Mandioca. E todos os olhos se voltam pra ele.

vejam video:


http://www.youtube.com/watch?v=5BPw0AsAkHM

Depois estarei postando mais videos. É que a internet aqui no Irará anda de jegue... rs.

10.11.09

Primeiro Perfis Artísticos: Apresentamos Tom Zé

Poluação terá oportunidade de
conhecer perfil de diversos artistas

Cultura é mais que diversão. Se é assim, não é suficiente só apreciar - ou não - o que é feito pelos artistas. É preciso conhecer o trabalho deles. Até para ter motivo para falar bem ou falar mal. Daí surgiu a idéia dos Seminários Perfis Artísticos – apresentando grandes artistas. A realização é por conta do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal de Irará.

Cartaz da primeira edição de Perfis Artíticos - Tom Zé
Alinhar ao centro
E, idéia na cabeça, nada melhor do que começar com o conterrâneo Tom Zé. Estamos em vésperas de show dele em Irará. E, também, é uma oportunidade para muitas pessoas saber mais sobre a carreira do tropicalista. Uma caminhada pouco, ou quase nada, conhecida em Irará. Conforme pude comprovar quando pesquisei para o artigo, Tom Zé: Um tropicalista e sua aldeia, também disponível aqui neste blog.


Sérgio Ramos (Cabelera) iniciou o Perfis Artísticos

O amigo Sérgio Ramos (Cabelera) deu início aos trabalhos. Primeiro Sérgio abordou o perfil de Tom Zé como um artista inventivo, com instrumentos e com palavras; suas abordagens críticas sobre a realidade sociocultural e política; e o seu reconhecimento no Brasil e no Mundo. Sérgio finalizou sua contribuição abordando sobre a participação de Tom Zé no Premio Bravo de Cultura. Em 2009, como artista convidado. Em 2006, como vencedor do Prêmio na categoria Artista Prime.


Recebi o "leme" pra tocar o Seminário em frente

Depois assumi o controle do barco. Lendo parte do artigo mencionado acima, fiz um resumo da trajetória de Tom Zé, desde o nascimento em Irará até quando David Byrne lhe fez renascer para o mundo artístico. Depois mostrei, com alguns exemplos, como o da entrevista na Revista Caros Amigos (“o gênio de Irará”), a forma como o nome de Irará aparece na mídia pegando carona no nome de Tom Zé.

Tom Zé fará show na Feira da Mandioca de Irará

Daí, divulgamos o show da Feira da Mandioca e a importância dele acontecer para cultura do município. Então mostramos para a população as perspectivas de Tom Zé para esse show histórico, conforme post no blog do artista. Finalmente abordei sobre a discografia de Tom Zé, comentando rapidamente sobre cada álbum.


Trecho de entrevista no Programa do Jô foi exibido


Na sequência, exibimos imagens de Tom Zé cantando Maria Bago durante entrevista no Programa do Jô (2003) da TV Globo. Depois, foram exibidos diversos trechos do documentário Zé de Irará, o Tom da Bahia, da TVE-BAHIA – 2003. Tom Zé visitando a casa onde nasceu (atual Colégio Social); visitando a escola onde estudou (Juliano Moreira) e encontrando amigos. Entre eles, os saudosos Zé Aristeu, D. Melânia e Nilzete Maia.

Quem chegou depois assistiu de pé

Aos poucos o recinto foi ficando cheio. O público estava disposto e empolgado. Riu, ouvi, participou. Curtiu o seminário desde antes do começo, quando o telão já exibia o DVD Jogos de Armar. José A. Barbosa de Lima (Zé Cego), um amante de poesia, na média dos seus 50 anos, falou de sua admiração pelo trabalho de Tom Zé e disse não dá ouvido aos que judiam o trabalho do artista.

José Barbosa garantiu lugar na primeira fila

José havia chega uma hora antes do horário marcado. “Resolvi chegar cedo pra pegar lugar na frente”, revelou. Josafá Ferreira sugeriu fazer o mesmo seminário em todas as escolas do município, “os alunos precisam conhecer Tom Zé”, justificou.



Filme tem exibição na Quarta 11/11,
20 h,
no mesmo auditório do Seminário


Já passava das 22:30 e não foi possível a exibição do documentário Fabricando Tom Zé. Foi acertado com a plenária que o filme seria publicamente exibido na quarta-feira, dia 11/11, às 20h, no mesmo local do Seminário. O cordelista Kitute de Licinho pediu que fosse exibido o trailler do filme, para criar um gostinho no público. Trailler exibido, “assim encerramos esta primeira edição do Seminário Perfis Artísticos”, anunciou Sérgio Ramos.

Caros Amigos parodia imagem da Michelangelo
com Tom Zé "no lugar de Deus"

Ainda sem data definida, informei que a próxima edição do seminário deverá apresentar o perfil do de um grande roqueiro baiano. Para apresentação convidaremos alguém que conheça da vida do artista. Aí será só marcar a data e gritar: “Toca Raul!”.

* imagens: Roberto Martins; Sérgio Ramos e Google Imagens

** design cartazes: Roberta Rodamilans