25.12.10

Estrela da Axé Music sonha em cantar na Lavagem de Irará


Tá rolando o maior ti-ti-ti nos bastidores da música baiana após algumas declarações da cantora da Axé Music, Acarajette Lovve. A artista anunciou que fará um grande show na lua (“onde Ivete jamais conseguirá tocar”) e chegará abordo de um reluzente Trio Elétrico, projetado exclusivamente para a ocasião.

Acarajette ainda manifestou suas expectativas de que o Blue Ray, com a gravação desse ultra-mega-power evento interplanetário, venderá mais do que qualquer “showzim” feito “ali no Madison Square Garden”.

Lavagem de Irará

Ao final da coletiva, Acarajette Lovve fez comentários sobre a Lavagem de Irará. Ela valorizou o evento e disse ser esta “a maior lavagem do mundo”, logo corrigindo que: “do mundo só não! De Irará!!!”.

Acarajette não confirmou, mas assessores diretos da artista garantem que ele carrega no pensamento a vontade de um dia cantar na lavagem de Irará. “Ela só não declara isso, para valorizar o cachê na negociação com a prefeitura”, afirmou um dos assessores que não quis se identificar.

Antecipação e “inveja”

Não foi informado o motivo de tanto desejo do “fenômeno de coxas grossas do axé” por tocar em Irará no dia da Lavagem. As especulações dão conta de que o motivo seria conseguir esta proeza antes que Ivete Sangalo, Cláudia Leite ou Daniela Mercury o faça.

Lovve teria confessado a uma amiga pessoal que morre de inveja de Margareth Menezes por ter alcançado o feito em 2009.

PS – O fim do programa humorístico Casseta e Planeta Urgente deixará saudades de alguns dos seus personagens, como a Acarajette Lovve por exemplo.

5.12.10

Diz que... “Vai ter chafariz na Barra”

Zé: Lá na Praça da Matriz? De frente a Igreja?

Tonho: É lá mesmo. Acho que é até uma fonte luminosa, com água jorrando em volta do “Belisco”...

Z – Que Belisco rapaz! É Obelisco... O-Be–lis–co! É o monumento que comemora os 100 anos de Emancipação Política de Irará.

T – Sim; é isso ai mesmo. Acho q vai ficar bonito... Depois dessa Praça toda reformada com a fonte luminosa no meio...

Z – Pra mim isso é falta de bom senso.

T – Como assim Zé!!!?

Z – Rapaz Irará é uma cidade seca. Imagina aí, o cidadão que mora numa comunidade rural, dessas que água é mais difícil do que virgem no putero, ai chega aqui na rua e vê água sendo jogada pra cima atóa... É uma provocação... E depois, deve de ter um custo alto pra fazer e pra manter isso; quem vai bancar?

T – Eu sei lá Zé, deve de ser a Prefeitura.

Z – Tem muita cidade por ai que as Prefeituras faz esses negócio depois num dá manutenção e fica é feio, seco, juntando lixo... inté com uma água pôde gerando mosquito da dengue...

T – Que nada! Larga de ser Zé. Tem de botar é pra ficar bonito mermo. Já pensou a água jorrando lá - dez metro! - e a gente tomando uma gelada no Quiosque??? Vai ser massa...

Z – Né assim não Tonho. E depois se isso prejudicar o Obelisco que é um monumento de mais de sessenta anos, que deve de ter sido construído com óleo de baleia, hein???

T – Que nada! Vai fazer é esse “Belisco” aí ficar mais bonito ainda. Tu num vê que vai dá destaque pra ele homi!?

Z – Acho que não... Agora, fala sério Tonho; esse negócio de botar chafariz lá na Barra é verdade mermo???

T - Diz que é!


PS - Tonho e Zé são personagens fictícios que conversam sobre histórias reais ou não.

Imagem: Google Imagem com adaptações

22.11.10

No Fórum de Cultura em Água Fria



Na sexta-feira passada, dia 20 de novembro, participei do I Fórum de Cultura de Água Fria, no Município de Água Fria, vizinho a irará.

A fala era sobre Conselho Municipal de Cultura. Assumi o microfone logo depois da participação de Aloma Galeano, Representante Territorial da Secretaria de Cultura do Estado, no Território Portal do Sertão.

Estive lá, à convite de Djenani. Ela trabalha na Secretaria de Educação e Cultura do Município.

Na fala, abordei algumas assertivas sobre o funcionamento de um Conselho Municipal de Cultura. Falei sobre a transversalidade da cultura; os primórdios dos Conselhos, os tipos de Conselhos (Consultivo ou Deliberativo), a sua composição, os recursos, funcionamento, etc.



Tentei colocar ênfase no perfil democrático dos Conselhos. Resaltei a noção de que o direito do cidadão de avaliar os gestores públicos vai muito além de apertar alguns botões de quatro em quatro anos.

Interessante foi saber que os aguafrienses ali estavam na luta para compor, efetivar e fazer funcionar o Conselho Municipal de Cultura. Lá eles já têm a Lei, que cria o Conselho, sancionada.

Estão à frente de muitas cidades por aí, que costumam se considerar mais evoluída... “Hein?”


4.11.10

10 anos depois, ainda mais vencedor.

O que teria mudado no pensamento de Lula?

Capa da Caros Amigos de Novembro de 2000

Novembro de 2000, o entrevistado da Revista Caros Amigos foi Luis Inácio Lula da Silva.

A capa era daquelas dignas dos primeiros anos da revista. A “cara” da personalidade entrevistada no mês “estouradona”. Já da banca, era como se a revista convidasse o leitor para uma “conversa”. “Frente a frente”, “cara a cara”, “olho no olho”.

O titulo aludia: “Lula - o que está pensando o grande vitorioso do momento”.

Naquele “momento”, o PT saíra das urnas, após as eleições municipais de 2000, com um bom número de Prefeituras Brasil afora. Conquistou, inclusive, São Paulo, com Marta Suplicy.

O exemplo das experiências de gestões petistas como “O orçamento Participativo”; “Banco do Povo”; “Bolsa Escola”, entre outros, fortaleciam o partido. Davam credibilidade ao propalado “jeito PT de governar”.

Lula era então apontado como o grande nome das oposições para a eleição presidencial que viria em 2002.

Diante destes elementos, a Revista classificava Lula como “o grande vencedor”.

Hoje, exatos dez anos depois, não seria estranho considera-lo ainda mais vencedor do que naquele momento.

Ao final do seu segundo mandato de Presidente da República. O “Cara”, como chamou Obama, conquistou simpatia no mundo inteiro, dando visibilidade e respeito ao Brasil.

Aquele “Cara”, que tinha a “Cara” estampada na Caros Amigos de novembro de 2000, hoje é o Presidente da República em final de segundo mandato, batendo recordes de aprovação a cada nova pesquisa.

Agora, o, dez anos antes, “mais cotado das oposições”, é situação que sai e elege sucessor. Ou melhor, sucessora.

Uma sucessora que, como não cansou de dizer a “mídia gorda”, “nunca havia sido testada nas urnas” e, talvez quem sabe, tenha a quase totalidade dos votos devido ao apoio do “Cara”.

Retrovisor

Há quem diga que: “nada melhor do que voltar ao passado, para compreender o presente e vislumbrar o futuro”. Daí, neste hiato de 10 anos, vale a pena re-ler a entrevista daquela edição de Caros Amigos.

Ali, além do seu histórico, se apresentavam muitas avaliações de Lula sobre a conjuntura política e social do momento e, claro, quais seriam as suas ações caso chegasse à Presidência de República.

Ele chegou. E, com certeza, hoje, quando Lula está prestes a deixar a Presidência, seria interessante se acontecesse uma entrevista na qual fosse feito um paralelo, com aquela de dez anos atrás, quando Luis Inácio tinha, tão somente, a expectativa de se tornar presidente.

“Eles vão tentar de tudo para evitar que o PT chegue ao poder, porque eles sabem que a chegada o PT ao poder é o começo da execução de um projeto que pode mostrar que somos capazes de fazer coisas que eles não fizeram. Por exemplo, a questão da reforma agrária é condição de honra para nós”.

Só, a titulo de ilustração, a transcrição do trecho acima da entrevista já dá muito pano pra manga.

O PT no poder fez que os outros não fizeram? Ou será que o PT só chegou ao governo e não ao poder? E a questão da Reforma Agrária?

Em tantas outras partes da entrevista Lula também faz criticas e propostas.

Ele criticava a política de Juros que era “uma alucinação” e apresentava exemplos:

“uma pessoa que depositou 100 reais na poupança no dia da implantação do real, 76 meses depois, ganhou 203 reais de juros. Essa mesma pessoa que fez uma compra de 100 reais no cartão de crédito e não pagou, 76 meses depois, está com uma dívida de 509.000 reais”.

Como Lula veria esta questão hoje, diante da critica de que em seu governo os banqueiros tenha se dado tão bem, ou ainda melhor, do que nos tempos de FHC?

Lula também falava de apoio ao pequeno agricultor. Ele criticava o governo do seu antecessor afirmando que “a cabeça da equipe econômica não acredita numa coisa chamada pequena propriedade”.

No governo de Lula esta área foi contemplada através de ações como a criação do Ministério do Desenvolvimento Agrário, com atenção à Agricultura Familiar. Ainda naquela entrevista Lula falava da necessidade do “seguro agrícola”. Hoje, já existe o “Garantia Safra”.

Na entrevista tem muitas outras questões que, no momento atual merecem análise e avaliação. Seria melhor ainda, se tivéssemos uma avaliação do próprio entrevistado.

Por isso, fui ao site da revista Caros Amigos e coloquei como uma sugestão de pauta que a Revista fizesse uma entrevista com o Presidente Lula por estes tempos.

Talvez, agora, o público deseje saber quais seriam as avaliações e “o que está pensando o grande vitorioso do momento”.

27.10.10

Duas aranhas


“O que comunica uma imagem?”

Ah! Isso dá espaço para teses e mais teses. Livros, discussões acadêmicas, aulas de semiótica...


Não estou disposto a discutir nada disso agora.


Só lembro do fato de que hoje, com as facilidades digitais de registrar, difundir, manipular, montar... ou fazer sei lá o que, com imagens, nos deparamos com muita coisa interessante.


Ontem, em meio a uma destas navegações que costumamos fazer no “infomar”, querendo se “informar” para fugir à “forma”, dei de cara com a imagem acima.

Forma, conteúdo, sentido. Significado, significante, significação. Prestei atenção no contraste.

O negro do aracnídeo, no centro, junto ao branco do tecido e toda a sensação “clean” que a imagem nos trás.


Bela imagem!

Foi inevitável lembrar de Raul e sua canção, no trecho em que se repete:

Duas aranhas, duas aranhas
Duas aranhas, duas aranhas...


Veja letra e ouça o Rock das Aranhas de Raul Seixas e ainda brinde-se com um discurso do autor sobre a censura que a música sofreu (
clique aqui!).

Imagem colhida no Yahoo Groups!

21.10.10

Pense no absurdo...Deja vu!


Quando eu digo que Irará é vanguarda... rsrs

Octávio Mangabeira dizia: “pense no absurdo? E na Bahia, já aconteceu”.

E em Irará, ele já aconteceu e já virou manchete de A Gazeta (que tem periodicidade mensal).

Por aqui, o episodio da bolinha de papel e do candidato Serra não é novidade.

Em 2004, um candidato a Prefeito encostou no braço de um cidadão e no outro dia o rapaz estava com o braço engessado... Um dia depois, quando foi tomar banho, esqueceu qual era o braço "quebrado" e botou o gesso no outro.

Em 2008, um outro rapaz foi cercado por militantes do candidato contrário ao seu. Não houve brigas, mas, horas depois, o cidadão apareceu exibindo a mão enfaixada pra fora do carro...

Agora é Serra. Em 2006 os tucanos acharam um dossiê, coisa que em Irará, também não era mais novidade.

Acho que vou chamar o Brasil inteiro pra observar as eleições de Irará em 2012, elas podem ser prévia de algum acontecimento futuro.

Deja vu!


12.10.10

Diz que... “Acharam uma cobra na lagoa”


Zé: como?


Tonho: Uma cobra. Diz que tinha uns três metros... não... tinha seis; eu acho...

Z - Eta porra! Que cobra era essa? E onde tava esse cobrão?

T – Diz que foi Surucucu ou foi Jibóia. Foi lá na logoa. Na obra que tão fazendo lá. Na hora que os homi tava limpando os matos da lagoa, a cobra apareceu. Aí juntou foi gente pra segurar essa cobra...

Z - Segurar?

T - Foi. Tiveram de segurar. Juntou dez homi pra segurar a cobra. Diz que tinha uns nove metro de cumprimento e era mais larga do um daqueles poste que tem lá na frente do Joaquim Inácio agora.

Z - Eta cobra danada!

T - Era. Aí diz que falaram pra matar a cobra, mas quando ia matando, alguém falou que não pudia por causo do tar de IBAMA...

Z - É mermo. Hoje eu vejo que vai nego preso porque mata passarinho e tem gente que mata gente e num vai... Mais e aí?

T - Aí!!?? Diz que correram pra ligar pro tar de IBAMA e enquanto isso era 20 homi para segurar a cobra. E o povo já dando em cima: “liga!”; “num liga”; “liga!”; “num liga”; “liga!”; “num liga”; “liga!”; “num liga”...

Z - LIGARAM !!???

T - Não. A cobra fugiu! Diz que enquonto eles decidia se ligava ou não e esperava a corda pra amarrar.... a bicha se pirulitou... (ahuahuahauha)

Z - E isso é verdade mermo???

T - Diz que é!



PS - Tonho e Zé são personagens fictícios que conversam sobre histórias reais ou não.

Ilustração: Do Google Imagens

27.9.10

Os humoristas e duas contradições da democracia eleitoral


As eleições diretas costumam ser apresentadas como um dos pilares do sistema democrático. O ato de poder escolher um dos candidatos confere aos cidadãos a oportunidade, através do voto, de manifestar apoio ou repulsa a determinada política, ideologia, gestor ou representante no parlamento.

Contudo, há elementos neste momento eleitoral, vulgarmente confundido como “o tempo da política”, como nos lembra o professor Albino Rubim, os quais contradizem a sua tão propalada natureza democrática.

Das praticas vigentes na realização de eleições diretas, cujo teor pode ser largamente considerado como antidemocrático, há destaque para duas: A existência do Voto Obrigatório e a forma pela qual o cidadão é convocado para ser “voluntário” no trabalho nas Sessões de Votação.

O voto obrigatório, como o próprio nome já indica, é uma discrepância para qualquer democracia que se preze. Se o voto é um direito do cidadão, como ele pode ser obrigado a exercer-lo? Se é Direito ele só deveria usufruí-lo caso seja de sua vontade. Não sendo, deixa de ser “direito” para se tornar “obrigação”.

Se não tivéssemos o voto obrigatório, talvez a qualidade do nosso sistema democrático séria melhor. Os desinteressados ou desconhecedores dos assuntos da comuna dificilmente dar-se-iam ao trabalho de ir lá votar.

Quem sabe assim minimizaríamos os votos para pagar favores e os votos inconseqüentes. Entre eles, aqueles decididos pela graça do candidato no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral.



No caso da obrigatoriedade do trabalho no dia das eleições, a situação é tão drástica quanto. Não vamos discordar da necessidade do ato e da contribuição da sociedade na realização do pleito.

Até aí, vai tudo muito bonitinho, tal e qual a campanha publicitária exibida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na TV. Um dos filmes veiculados, com vistas à incentivar a inscrição de Mesários voluntários, tem até atriz global dando “obrigado” antecipadamente.

A dramaticidade do caso é para com os mesários que não desejam trabalhar e mesmo assim são recrutados para tal. Muitos deles, já trabalharam por muitos anos, mas a toda eleição vêem o seu nome se repetir na lista de convocação.

Não são claros os critérios ou motivos para a recorrente convocação daquelas pessoas. Ou mesmo porque é tímida a renovação dos quadros que deveriam substituir-los.

Nas pequenas cidades do interior, onde quase todos são conhecidos, o caso se agrava, com possíveis acontecidos do tipo: “Tu vai trabalhar de novo? Fala com o ‘fulinhinho’ que ele tira teu nome da lista, foi assim comigo”.
E desta maneira a conversa vai se espalhando. E o “fulinho” vai ganhando “fama” e, exercendo seu micro-poder na usurpação de função pública, não se furta a dizer: “me procure em tal tempo que EU tiro seu nome e na próxima você não trabalha mais”.

Assim, ao que parece, o critério de seleção das pessoas parece ser a vontade de “fulaninho”. Fica livre do trabalho obrigatório e, consequentemente, das sanções que a falta á ele poderia trazer, quem procura o funcionário com antecedência ou se submete a lhe ficar “devendo o favor”.

Outra maneira pela qual o cidadão pode se livrar de ser “voluntário” é conseguindo alguém para ficar no seu lugar. Desta sorte, o Tribunal delega ao cidadão uma obrigação que é sua, ou seja, “convocar voluntários”.

Não obstante, algumas ações merecem destaque. Pode-se mencionar o convênio entre os Tribunais Eleitorais e as Universidades, visando horas em atividades complementar para estudantes que trabalhem nas eleições. Iniciativa válida, mas ainda tímida.





Para o aumento no numero de voluntários satisfeitos nas eleições, os Tribunais precisam de maiores avanços. Uma boa medida seria a publicidade ampla e irrestrita dos critérios pelos quais as pessoas são convocadas para trabalhar. Outra seria a limitação de participação de cada pessoa a um número máximo de eleições.

Cada indivíduo trabalharia no máximo em três ou quatro processos eleitorais, por exemplo, só ultrapassando este número caso seja de sua expressa vontade. Assim seria garantida uma maior renovação sazonal do quadro, além preservar aquelas pessoas que detestam o trabalho eleitoral, mas são submetidas a participações em 12, 15 ou até mais pleitos eleitorais.

Como nos diz o filosofo iluminista Montesquieu, “num estado, isto é, numa sociedade em que existem Leis. A liberdade só pode consistir em poder fazer o que se deve querer e não a ser coagido a fazer o que não se deve querer”.

Obrigando as pessoas a trabalharem e a votarem em eleições, os Tribunais vão de encontro à este principio. Duas contradições democráticas que talvez só mesmo a tão adiada Reforma Política seja capaz de exterminar.

Caso a reforma não venha e nada mude, não caberá censura aos brasileiros que consideram a nossa democracia uma piada. Nem parecerá estranho a aparição de um humorista na TV, falando sério, a justificar a importância das eleições, enquanto outros eram proibidos de fazer piadas críticas sobre políticos.

Imagens do Google Imagens

20.9.10

D. Maria Luiza, o reisado e o helicóptero


Igreja de um lado, palco de outro. Praça da Prefeitura, Santanópolis –Ba, tarde de domingo, 10 de setembro de 2010. Segundo dia da Festa da Cultura Popular. No sábado, dia anterior, teve uma mesa redonda sobre cordel, com as presenças de Antônio Barreto e Franklin Maxado e algumas apresentações artísticas.
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O sol deu as caras e até chegou incomodar um pouco. Há quem lhe culpe pelo pequeno número de presentes. No palco, a apresentação era de Cescé de Feira de Santana. A Igreja estava fechada.
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Na chegada re-encontro velhos companheiros da labuta pela cultura popular. Barreto, Franklin Maxado, Ricardo Reira. Este último, organizador do evento, não pôde dar muita atenção. A conversa segue. Considerações sobre atividades do tipo, a peleja da cultura popular contra a indústria massiva e tantas coisas mais.
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Ao lado, o estande da Paróquia parecia vender comidas típicas, e exibia telas de Gabriel Ferreira. O artista plástico havia passado por lá no sábado. Cescé termina sua apresentação. A praça agora já tem mais gente.
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E, tão logo, percebo a presença de Miguel Almir lá no centro. Mais um amigo, mais um re-encontro, mais lembranças e trocas de informações, mais um guerreiro da cultura popular.
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Ele esta acompanhado de parceiros do NIT –UEFS (Núcleo de Investigações Transdicisplinares da Universidade). Miguel conta empolgado o seu contato e participação do “Boi de Lustosa”. “O legal é que tem muitas crianças participando do grupo”, diz. O pessoal documenta tudo. Colhe imagens para uma pesquisa acadêmica.
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Determinado momento a conversa é brevemente suspensa. Sobrevoa a cidade um helicopetro vermelho, muito bonito. É como Nando Reis, já nos lembra, “avião no ar” convoca os olhos à olhar. Entretanto, nossa visão não segue a aeronave. ASA Filho está no palco passando o som.
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De repente, percebemos um grande volume de pessoas saindo da praça. ASA prepara para tocar. “O helicóptero pousou atrás da Igreja”, a conversa se espalha. ASA começa a tocar e logo interrompe. “O enterro”. E tinha mesmo um enterro na Igreja Católica lá de frente. Agora aberta.
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O som interrompido. O enterro sai. Pouco depois, temos a confirmação da veracidade do boato. Percebemos o helicóptero alçar vôo, detrás da Igreja. “Disse que é um deputado”, comenta alguém.

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ASA Filho anuncia. “Maira Luíza, o nome dela, 110 anos”. O féretro já havia saído da Igreja. O enterro seguia. O Som do reisado de São Vicente começa: “São os cantador de reis/ são os cantador de reis/ Maria vai ver quem é”. O samba segue.

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D. Maria Luíza, seja qual tenha sido a sua história de vida, foi mesmo uma pessoa que, para os padrões vigentes, teimou em viver. E, além de tudo, chegando ao outro lado, pode dizer que, pelo seu exemplo de resistência, na sua despedida teve até helicóptero e apresentação de Grupo de Reis em Santanópolis. E quem há de dizer que não.

18.9.10

18 de Setembro

Sou fascinado por letra de música. As boas; é claro. Elas traduzem muitos dos nossos sentimentos de forma precisa. Descrevem momentos vividos e traduzem situações.

Hoje é 18 de setembro. Se aqui estivesse fisicamente conosco, meu pai completaria 62 anos neste plano terrestre (não sei se há outros). Neste momento de lembranças, uma letra de música me serve como porta voz.

“Naquela Mesa” já era um canção conhecida. A composição de Sérgio Bittencourt foi imortalizada na voz de Nelson Gonçalvez. Agora, o pernambucano Otto fez um versão dela.

Ouvi a interpretação de Otto pra “Naquela Mesa” pela primeira vez no show dele em Salvador, domingo passado. A emoção é forte. E acho que bate em todo filho que sobrevive à partida do pai.

Não é raro as vezes que ouvimos canções e pensamos: “parece que foi feita pra mim”. Desta, se muito, eu só tirava uma ou duas linhas. O resto vai tal e qual.

Ouça a versão de Otto no vídeo (clique aqui)

Naquela Mesa

Otto
Composição: Sérgio Bittencourt

Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã

Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída, não doía assim

Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim
Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim

10.8.10

Discurso da Sessão Especial do Dia Municipal da Cultura - Irará 10.08.2009

Hoje faz um ano que fizemos uso da Tribuna da Câmara de Vereadores de Irará, na condição de então Diretor Municipal de Cultura, para dirigir a Sessão Solene em Homenagem ao Dia Municipal da Cultura, celebrado no dia 08 de Agosto.

Segue abaixo o texto usado como discurso de abertura daquela Sessão. Nele, muitas das nossas idéias e da nossa visão da cultura, entendendo-a, dentre outras possibilidades, como um vetor importante no enfrentamento de graves problemas sociosculturais do município.

A cultura, no texto que segue, é vista como um grande passo desta luta. Isto porque, atuando na percepção de mundo das pessoas, a cultura pode despertar sensibilidades a caminho da tão almejada transformações social.

Boa Leitura!

Discurso proferido na Sessão Solene ao Dia Municipal da Cultura 2009.
Sala das Sessões da Câmara Municipal de Vereadores.
Irará, 10 de agosto de 2009.

Pronunciante: Roberto Martins, Diretor do Departamento Municipal de Cultura.

Sr. Presidente; Carlos César Barreto. Sra Veradora Maria Bacelar da Silva, ilustre representante das mulheres nesta Casa,Senhores vereadores,Público Presente. Boa tarde;

No sábado passado, dia 08 de agosto, completou-se 114 anos do decreto nº 100 de 1895, que elevou a Vila da Purificação dos Campos de Irará, à categoria de cidade, dando-lhe o nome de cidade do Irará. Este mesmo dia, devido à iniciativa desta Casa, em gestão passada, foi também reservado à celebração do “Dia Municipal da Cultura”.

Não resta dúvida, pelas nossas expressões culturais e pela cultura que pulsa no dia a dia do nosso município, através de resistentes batalhadores do segmento cultural, que temos motivos de sobra para celebrar a data. Por outro lado, devido a muitos problemas socioculturais sofridos pela população; temos muitas razões para nos entristecer.

Não obstante, o termo “co-memorar”, ou seja, lembrar juntos, também pede reflexões coletivas. Este foi um dos propósitos do Departamento Municipal de Cultura quando solicitou esta Sessão Especial acerca do tema da Cultura.

Aqui pretendemos expor um pouco do nosso trabalho nestes oito meses à frente do Departamento Municipal de Cultura. Vamos também mostrar idéias e projetos, dentro da nossa Política Governamental de Cultura para o Município. E, por fim, mas não menos importante – muito pelo contrário – vamos apresentar a necessidade de implantação no nosso município do Sistema Municipal de Cultura.

Sr. Presidente, Vereador Carlos César; Veadora Maria Bacelar; e demais Vereadores. O município de Irará precisa de uma Política Pública de Cultura. Uma Política Cultural consistente. Uma política para a cultura, que seja uma política de Município e não uma política de governo. Ou seja, que os governos passem - nos seus quatro anos de vigência - e esta Política possa ficar. Que seja ela, a Política Municipal de Cultura, um instrumento constituído que garanta benefícios para a população e não possam ser alterados ao bel prazer, ou por pura conveniência partidária, de quem quer que um dia esteja ocupando cargos de direção municipal.

E o Sistema Municipal de Cultura, Caros Senhores e Senhoras, conforme vocês poderão perceber na apresentação a seguir, será um passo decisivo para a implantação desta nobre política, da qual falo e de que tanto Irará necessita.

Digo da necessidade de uma Política Cultural deste porte, devido à lamentável situação sociocultural enfrentada pelo nosso município. Presenciamos jovens em começo de maturidade, ou até ainda crianças, sendo seduzidos pelo mundo das drogas e do crime. Assistimos adolescentes grávidas, com responsabilidade familiar, quando ainda deveriam brincar de bonecas.

O consumo de Alcool cresce assustadoramente. Tanto que os alcoólicos anônimos que vão surgindo não dão conta de tanta demanda. Sem muita criatividade e aderido ao universo que os cercam, os jovens iraraenses só entendem como diversão qualquer atividade que possa ter bebida envolvida – e as vezes isso quer dizer consumo excessivo. Também, não lhe são ofertadas muitas, ou quase qualquer outra possibilidade, que fuja disto.

Crescem exponencialmente as queixas no Conselho Tutelar. Muitas famílias, na zona rural e urbana, estão desestruturadas e perdidas. Já não sabem como lidar com seus próprios entes ou ter entendimento entre si.

A situação é tão dramática que chego a considerar que Irará vive hoje um “caos sociocultural”. Para não parecer asneira ou simples “achismo”, recorro a um dado específico. Em 2003, Movimentos Sociais de Irará elaboraram, em pareceria com o SEBRAE, o Plano Municipal de Desenvolvimento Sustentável.

O diagnostico daquele plano informava que Irará tinha o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – em 0,407. Lembro-me de na época ter associado o a marca iraraense à índices noticiados pela imprensa para a alguns países. Lamentável constatação. Estávamos abaixo ou equivalente a países como a Bangladeste e Haíti. O pior de tudo é perceber que, de 2003 pra cá, a realidade não parece ser muito diferente.

“Pense no Haití/ reze pelo Haiti/ o Haiti é aqui”. Diz a canção de Caetano Veloso. E, nós, assistindo ao caos social de países como o Haiti, parecemos não perceber os problemas que estão aqui entre nós. Dificuldades que às vezes podem ser piores do que a deles...

Pois bem, Senhoras e Senhores presentes, para reverter este quadro necessitamos da cultura. Com certeza, tendo uma cultura forte, a mudança necessária virá. E essa mudança não vira de fora. Não terá um salvador da pátria ou um super governo para fazê-la. Esta revolução terá de ser feita através do próprio povo de Irará. Porque se o povo não a fizer, nem Deus poderá interceder pela mudança paras dia melhores nesta terra. Afinal, para quem acredita, a própria palavra divinha já diz: “faz por onde, que eu te ajudarei”.

Então, é preciso que o povo de Irará faça. Que o próprio povo de Irará comece a operar a sua mudança social, para que Deus e todos poderes constituídos da humanidade possam ajudar ao desenvolvimento iraraense. Sendo assim, nós “povo” e nós “representantes do povo” temos o dever moral de operar esta transformação no município.

Sei, Sr Presidente Carlos César, Sras e Senhores Vereadores, que muitos hão de dizer; “mas cultura não transforma o mundo”. Para responder aos incrédulos, peço licença para fazer uma adaptação ao pensamento de Paulo Freire: “cultura não transforma o mundo; cultura transforma as pessoas. E as pessoas é que transformam o mundo”.

O mundo é feito de pessoas. O nosso mundo Irará também. Por tudo já exposto, precisamos transformar Irará. E para isto, precisamos transformar a nossa gente. Fazê-los entender e perceber o mundo no qual eles estão vivendo e que eles próprios são o principal agente de sua transformação pessoal.

A nossa população esta como o elefante da fabula. No conto fabular, após deixar um elefante preso na corrente de ferro por muito anos, o dono do animal retira a corrente e amarra o elefante numa linha de costura. Depois disto, passam-se os anos e o elefante continua lá preso. Ele tem força, ele tem potencial para quebrar a linha, mas, seguindo ao antigo costume, desconhece a sua própria fortaleza e continua lá preso, quando teria plenas possibilidades de se libertar.

Assim como o elefante da fabula, o nosso povo tem potencial, tem inteligência, mas não está usando, porque está preso aos velhos costumes, do clientelismo e do assistencialismo. Claro, sabemos, que não se pode fazer uma mudança brusca. Não podemos acabar com os velhos costumes de vez. No entanto, a mudança poderá operar de forma gradual. E para esta mudança gradual começar a acontecer é que necessitaremos investir em Cultura.

Com um trabalho forte e consistente em Cultura podemos começar a fazer as pessoas refletirem e entenderam a condição social do município. Criar na população o desejo de transformar esta realidade para melhor. Ai a cultura estará transformado as pessoas e estas pessoas estarão transformando seus mundos.

Sr. Presidente, Sra e Senhores Vereadores, antes de encerrar estas palavras e iniciar a apresentação das ações e da construção do Sistema de Cultura, quero apenas afirmar que o desenvolvimento do nosso município é o nosso principal propósito à frente do Departamento de Cultura.

O Prefeito Derivaldo Pinto não nos convidou a assumir o Departamento de Cultura apenas para organizar festas, como pensavam alguns. Sabemos da importância e da necessidade das Festas para o lazer e as tradições locais. Tanto sabemos, que criarmos a Coordenação de Eventos e Festas Públicas, especificamente para cuidar do assunto. No entanto, nosso trabalho é maior e envolve muito mais aspectos do que as Festas, conforme foi a percepção do Prefeito e vocês poderão ver na apresentação a seguir.

Este primeiro ano do trabalho tem sido mesmo de grandes dificuldades. É preciso “arrumar a Casa”. Imagine vocês que começamos quase que do zero. Não encontramos sequer um oficio arquivado referente á gestão anterior do Departamento. Era como se o Departamento nunca tivesse existido, pois, até mesmo estrutura própria de funcionamento ele não tinha (e ainda não tem), visto que se abanca na estrutura da Biblioteca Municipal.

Senhoras e Senhores presentes. Como percebem, as dificuldades são muitas e maiores os desafios a serem enfrentados. No entanto, com muita força e determinação, respaldos pelo Prefeito Derivaldo Pinto, estamos na luta. Esperamos contar com o apoio e a colaboração de todos vocês.
Saibam que não estamos apenas a um passo de fazer implantar um Sistema Municipal de Cultura. Na hipótese de implantação deste Sistema, efetivação e consolidação de seus objetivos, estamos todos aqui reunidos, para fazer história em Irará.

Muito Obrigado a todos e todas!
E vamos à apresentação.

22.7.10

Colombo de Ovo Virado

Figura do Navegador Cristovam Colombo


Lembro de ainda adolescente ter ouvido a expressão: “Isso não é nenhum ovo de Colombo?”. Ao ouvir alguém falar assim do ovo dos outros, achei a sentença e estranha e fui perguntar a meu pai o significado.

Abre parênteses para a fabula:


Houve um jantar com o Rei e outros. De repente surgiu o desafio de colocar um ovo de galinha em pé. Muitos tentaram, mas, mesmo depois de muito tempo, não conseguiam.
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Daí Colombo topou o desafio. Pegou ovo cozido, machucou um pouco o fundo e o pos de pé. ‘Assim fica fácil!’ – resmungou alguém. ‘Mas, ninguém tinha pensado nisso antes’ – retrucou Colombo.”
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Moral da História: Depois que alguém descobre a solução para um problema ele fica fácil e alguns até tentam tirar o mérito de quem o descobriu, mas não foram capazes de fazer ou de ter a idéia da resolução antes...


Fecha parênteses



Abre a cena na Descoberta do Novo Mundo


É salutar lembrar que a história do próprio Colombo é parecida com a descrição acima, mais ou menos como meu pai me contou.

Pelo que podemos lembrar dos livros de História, que ainda (graças a Deus) há quem leia, Cristóvão Colombo era um navegador que vivia dizendo que era possível se chegar às Índias pelo ocidente.

Por conta de suas idéias, Colombo era ridicularizado. Naquela época, ninguém imaginava que fosse possível ir além mar, como ele propunha.

Até que um dia apareceu um Rei que, há muito custo e sem muita crença, decidiu apostar nas idéias de Colombo. O navegador conseguiu os recursos para fazer a viagem, e antes de chegar às Índias, chegou a um continente até então desconhecido. Ele descobriu a América.

Peraí!? América? Porque não Colômbia!? É, pelo que mostra o filme 1492 – A Conquista do Paraíso, Colombo não chegou precisamente ao que hoje chamamos de continente americano. A navegação dele atracou em algumas ilhas próximas ao continente.

Ao fazer o reconhecimento Colombo tinha idéias mais respeitosa com os povos lá encontrados. Enquanto isso, outros pensavam em exploração total.

Colombo foi retirado do processo. Pouco tempo depois, um outro navegado chegou ao continente. O nome dele era Américo Vespúcio, daí o nome “América”.

Colombo? Foi tido como louco. Foi preso, esquecido. Tempos depois, seus descendentes vasculharam arquivos, buscaram documentos e conseguiram fazer justiça, trazendo para a história o nome de Cristóvão Colombo.

Para tentar redimir o erro, os governantes da época, tentaram uma redenção dando a Colombo a homenagem na nomenclatura de uma região do continente. Hoje conhecemos um país chamado: Colômbia!

O ovo contemporâneo

O amalgama da estória com a história, ambas com Colombo como personagem central, nos remete a muitas situações cotidianas. “Toda caminhada começa do primeiro passo”; todo projeto, seja ele grande ou pequeno, começa de uma idéia.

Não é atoa que “projeto” vem de “projeção”. Neste sentido, “projetar”, pode ser “visualizar”, “vislumbrar”, “idealizar”...

Na idéia começa tudo, mas tem aqueles que pegam o bonde andando... Existem muitos mestres de obras prontas por aí. Daquelas pessoas que são geniais com as idéias de outras.

Infelizmente não são todos que tem descendentes para fazer justiça, como teve Cristovam Colombo. E, nem sempre, o idealista é valorizado ou “convidado” a participar do projeto. Quando não é “convidado” a sair.

No mundo contemporâneo, quando imagens e egos são catapultados a alturas inimaginadas deve-se estar alerta. Naquele primeiro instantes, Vespúcio ganhou todas as loas. E Colombo, certamente, só teve o direito de ficar... “de ovo virado”. Se não fossem seus descendentes...

Imagens do Google Imagens.
Colombo, Ovo.


23.6.10

A chegada do iraraense na net

No verão 2002 – 2003 tínhamos a idéia de montar um site na internet sobre Irará. Na época, junto com o amigo Bruno Adelmo, já havíamos criado uma lista de discussão de e-mails, chamada “iraraense”, reunindo pessoas de Irará.

O site teria o mesmo nome da lista. Procuramos Marcílio e começamos a desenvolver idéias. Cheguei a escrever um texto de apresentação do site. Marcilio chegou a criar uma imagem da home.

Íamos conversando e procurávamos agregar outras pessoas também no projeto, gente que conhecesse da tecnologia de internet e tal. Aos poucos, as conversas foram ficando rarefeitas e o projeto não andava. Um dia, de surpresa recebi um e-mail. “O site ta no ar!”.

O projeto já não era mais o mesmo. O nome também era diferente... Preferir ficar na minha.

Observando o jardim

Hoje, assim que dei a partida na divulgação do site www.iraraense.com.br lembrei de toda essa história. E, lembrei também do ditado: “o que tiver de ser, será?”. Ao que parece; foi!

Faz cerca de um mês que estou às voltas com esse projeto. Investindo tempo e grana. E se “time is money”, possa crer que investi dinheiro ao quadrado nisso.

Porém, o financeiro, apesar de ser necessário não é tudo. Ele não é fim, é apenas meio. Lançar esse projeto é como na propaganda do Mastercard, trás satisfação que o dinheiro não pode comprar.

Nele, o mundo vai poder ter uma pequena amostra do “jeito iraraense de ser”. Pra quem dizia que eu não iria suportar ficar só no canteiro por muito tempo, taí uma confirmação.

Com este site volto-me um pouco para o jardim. Mas sento no banco, observo a realidade e procuro interpreta-la para contar as pessoas. No site tentarei exercitar um pouco de jornalismo.

O decolar da Pipa

É grande a satisfação com as primeiras mensagens que já vão chegando. A qual cabe-nos agradecer e comunicar que não fizemos esse trabalho sozinho.

Valeu o esforço de todos os parceiros que contribuíram e estão dispostos a colar nesse projeto.

A satisfação é grande. Pelo que nos conta Wiliam Bonner, em seu Jornal Nacional – Modo de fazer, quando o JN foi ao ar pela primeira vez, Armando Nogueira desabafou aliviado, “o boeing decolou”.

Parafraseando-o e resguardando as devidas proporções dos veículos em questão posso afirmar que “a pipa tá no ar”. Vejamos até quando os ventos sopram pra ela.

Leia texto que escrevi em 2003, sobre o ser iraraense.

"Iraraense. Sujeito cuja origem é Irará. Terra acolhedora, fronteriça, que se reconhece recôncavo e se identifica sertão. É de origem indígena, mas sintetiza a Bahia negra através de suas tradições, ritos, gestos, idéias... Sofreu influência do luso colonizador também. Da confluência desta miscigenação étnica de gênese à beira da serra, ao sabor da mais pura água, nasceu o individuo fruto do Irará. O iraraense é antes de tudo um entusiasta. Alguém que sente orgulho de dizer sua origem, de cantar o seu povo, de versejar suas histórias, de pintar sua alegria, de mostrar para o mundo quem é e a que veio. Assim é este site, um iraraense. Feito por iraraenses para difundir a cultura iraraense. Pode entrar! A casa é sua, é minha, é nossa. "







7.6.10

Precisa-se

Placa anuncia vagas

Pedreiro, eletricista, encanador, diarista... Tá difícil achar determinados tipos de profissionais.
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“A classe média vai ao paraíso”. Milhares de novos prédios, com apartamentos novos, facilitados pelo crédito e prestação. A propaganda vende e todos sonham com a nova moradia. Quem vai construí-la?
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Encontrar profissionais dispostos a trabalhar nas profissões que exigem maiores esforços físicos está cada vez mais difícil. Tem vaga para gari, servente de pedreiro e lavadeira. Grande oferta, pouca procura.
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A geração de hoje não foi “educada” para assumir tais profissões. Além de ganhar pouco, para muitos ainda é símbolo de “humilhação” desenvolver determinados serviços.
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O modo de vida na TV incentiva. As escolas não ficam atrás. Faça uma pesquisa e verá. Desde as séries iniciais as crianças só pensam em ser médicos, advogados, ou exercer qualquer tipo de profissão que possa “dar dinheiro”.
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Nada ilegítimo nas aspirações infantis. Afinal, é da natureza humana querer “se dar bem”. Ninguém veio ao mundo pensando em “se dá mal”. Então a culpa estaria no sistema que supervaloriza uns em detrimento de outros?
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Ouvir falar certa feita que na Noruega não há muita diferença entre o sujeito ser Gari ou possuir um diploma superior em qualquer área profissional. “A diferença salarial lá é mínima, daí as pessoas escolhem suas profissões de acordo às suas afinidades”.
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Não sendo anedota, no mínimo podemos classificar o caso norueguês como uma honrosa exceção. Na imensa maioria dos países do globo a realidade é completamente diferente. E, como se não bastasse a desvalorização financeira, as profissões ainda sofrem de desvalorização simbólica.
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Os jovens costumam ser influenciados pela minimização que o status social reduz determinadas profissões. Não é de ignorar que muitos preferiam andar à margem da lei, exercendo atividades como o tráfico ou qualquer outra ação ilícita, do que assumir uma função social considerada subalterna.
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Assim, faltam profissionais no mercado para exercer o trabalho pesado. Isto não se dá porque o mundo está totalmente evoluído e mecanizado, no qual todo “trabalho duro” estaria relegado às máquinas. Tão pouco é pela falta do chamado exército de mão de obra excedente.
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Talvez não dê para dimensionar que graves conseqüências sociais este cenário trará. Contudo, fica explicita algumas necessidades.
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O capitalismo precisa de um contraponto. A educação precisa trabalhar com mecanismos de valoração da vida e não apenas com o “sucesso profissional” no horizonte. As pessoas precisam re-pensar os seus valores. Precisa-se...
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foto: http://www.divisiengenharia.com.br

27.5.10

27/05/2042, Irará, 200 anos de Emancipação Política!

Visão do Por do sol ao fundo do Sobrado dos Nogueiras


Irará faz 200 anos de Emancipação Política. Um novo marco. Completam-se 100 anos da inauguração do Obelisco. Ele, um ícone comemorativo ao nosso primeiro centenário de emancipação.

O tempo passou. O Irará de hoje é outro. Já se foi a época dos lamentos, das frustrações e das esperanças incompletas. Aprendemos com os nossos erros. Ao longo dos anos, com colaboração de todos os cidadãos e governos que passaram, transformamos o nosso torrão numa cidade prospera.

Vamos celebrar estas conquistas neste 27 de maio. O início será logo após o hasteamento da bandeira, quando o Prefeito descerrar o pano do monumento ao bi-centenário. Trata-se de uma bela obra, feita por nossos mais talentosos artesões, mostra singela do movimento vanguardista aqui florescido.

Irará hoje está no mapa mundial das artes plásticas. A nossa arte figura nos museus e galerias mais requisitadas do Brasil e da Europa. O mesmo caminho foi tomado pelos músicos. O sucesso deles, com certeza, resulta dos ensinamentos da 25 de Dezembro, unidos às suas inspirações inventivas. Grupos musicais surgidos em Irará agora são referências para o mundo.

Nossos escritores estão bem, obrigado. Mais uma prova disto é o lançamento do livro “A História de Irará”. O escrito é fruto de árduo trabalho de pesquisa do nosso mais renomado escritor, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Além do lançamento de livros, também acontece a estréia de mais um documentário pela Produtora de Cinema e Vídeo de nossa Cidade. A arte pulsa nessa terra. E ela também se expande através de grandes nomes e movimentos iraraenses em linguagens artísticas como o Teatro e a Dança. Assim como em modalidades esportivas como Futebol, Karatê e Volley.

Nesta data Irará receberá o título de cidade mais saudável do mundo, por parte da Organização Mundial de Saúde. Condecoração merecida pelo índice de mortalidade e doenças bem abaixo dos padrões internacionais.

Há muito não se ver um doente em nosso hospital, equipado com o que há de mais moderno na medicina. Têm sido feito um excelente trabalho na área de saúde preventiva. Junto a ele, segue a todo vapor o Projeto de Alimentação Saudável. É nos alimentos, plantados e cultivados em nosso próprio solo, que os iraraenses vão buscar a sua fonte de saúde. A variedade e riqueza de nossa produção, focada na agricultura familiar, garante alimentação de qualidade para nosso povo e ainda rende divisas ao município.

Todos estes assuntos serão abordados durante as comemorações, através de discurso a ser proferido pelo Reitor da UNI (Universidade de Irará). Destacando os avanços da educação e a erradicação do analfabetismo em nosso município, o Magnífico Reitor vai parabenizar as primeiras turmas da Universidade que concluirá seus cursos no fim do semestre próximo.

Será um dia cheio. Dia de celebrar todas as conquistas do nosso município. Dia do aniversário de emancipação política de Irará.

Que no futuro, todos os nossos sonhos sejam verdades!

Município de Irará, 168 anos de emancipação política a se completar no dia 27/05/2010.

texto publicado em A Gazeta de Irará, ediçao de junho de 2010

22.5.10

Irará na infância de Damário

Damário DaCruz - Vida Poética


E lá se foi Damário DaCruz. Só fisicamente é claro. As idéias e versos estarão por aqui. Serão vivas enquanto existir alguém disposto à contemplação da verve poética. Basta uma alma sensível aos encantos da poesia e a chama continuará acesa.


Fiquei sabendo ontem pelo Twitter. Logo em seguida, fui confirmar o fato no link que dava para a Revista Muito do A TARDE. O poeta Damário da Cruz faleceu.


Conheci Damário na Facom. Um dia que ele foi palestrante na Catédra Andres Belo. Em companhia de Douglas de Almeida, peguei uma carona. O trajeto foi curto (de Ondina ao Rio Vermelho ), a conversa rápida, mas valeu e muito.


Damário falou-me um pouco dos tempos dele na Faculdade de Comunicação. Poesia, política, publicidade, concepções de mundo. Voltei a encontrá-lo em alguns eventos poéticos.


Um dia acabei visitando o Pouso da Palavra em Cachoeira, organização conduzida por Damário. Infelizmente ele não estava lá. Saí daquele aconchegante ambiente com alguns dos seus calendários-poemas e uma camisa na qual tinha grafada uma mensagem:


“GlobalizaCÃO: quanto mais sonho com Cachoeira, acordo em Nova Iorque”. Mais um dos seus reflexivos versos.


Por duas oportunidades convidei-o para fazer uma fala no Colóquio de Literatura Popular. Em ambas, infelizmente, ele tinha compromisso em eventos poéticos na Colômbia e na Nicarágua, não sendo possível aceitar o convite.


A ausência não foi por falta de vontade. Em e-mail enviado no dia 23/10/2006, Damário escreveu: “Irará faz parte da minha infância (tenho, também, o umbigo enterrado em Berimbau, e para mim é tudo o mesmo ar).


Diante de um novo convite para o Colóquio, que iria acontecer em 2009, Damário respondeu em 16/06/2009: “Infelizmente, e mais uma vez, fico para o próximo”.


Não houve o Colóquio 2009, tampouco temos perspectivas de que haja um próximo. E agora não poderemos mais contar com a presença dele. Damário DaCruz não virá a Irará. E, lamentavelmente, não será um evento poético no exterior que o impedirá de vir.


Agora Damário partiu. Juntou-se ao clube de Zeca de Magalhães e Antônio Vieira, só para citar os mais próximos nesta lista da Sociedade dos Poetas Mortos de nossa Bahia e do Brasil.


Damário deixou poesia de despedida


Barreto escreve cordel para Damário


Homenagem de Silvério Duque



Dois poemas

Todo risco


A possibilidade de arriscar

É que nos faz homens
Vôo perfeito
no espaço que criamos

Ninguém decide

sobre os passos que evitamos
Certeza
de que não somos pássaros

e que voamos
Tristeza
de que não vamos
por medo dos caminhos

Outros jardins


Borboletas

são flores
que decidiram
ganhar o mundo.

Foto capturada do site: http://www.joaodorio.com/site/images/stories/poemas_damario_dacruz.jpg

7.5.10

Trenzinho da alegria

Capa de um dos Discos do Trem da Alegria
Música feita de criança para criança é coisa rara hoje



Volta e meia aparece aqui nestas terras, de onde os Paiaias passaram pra nunca mais se ter noticias deles, um trenzinho.

Não é um trem de verdade. Este fez pior do que os Paiaias. Prometeu, prometeu... mas nunca passou por aqui.

O Trem em questão é um caminhãosinho com reboque ao fundo. E ambos (boleia e reboque) têm carroceria em formato de trem. Este automóvel reserva baquinhos pequenos e leva grupos escolares para um passeio nas ruas da cidade.

Dia desses passou um em frente aqui de casa. As crianças, de tão animadas, seguiam acompanhando a música que tocavam no trem em alto e bom som:

“Quando eu te pegar/

Você vai ver (...)
Comigo é na Base do Beijo/
Comigo é na base do amor (...)
Vamos namorar, beijar na Boca...”

Tome-lhe cantar. Depois tem professor que se queixa de sexualidade precoce. “Onde estes meninos tão aprendendo estas coisas?”. Será a TV? A Família? Igreja?... Ops! Cuidado pra não ser excomungado...

Lembrei que noutros tempos existia um grupo musical infantil (ainda existe música infantil?) chamado Trem da Alegria. Lembro-me que uma das canções do Trem era:


“Comer, comer,

Comer, comer,
É o melhor para poder crescer...”

O hit era trilha sonora que volta e meia aparecia na hora das refeições. Música usada para sensibilizar as crianças a se alimentarem.

Ao que parece, se esta música fosse tocada hoje, “comer” poderia ter outro sentido para as crianças. Talvez algo relacionado a conto de fadas. Estória de lobo mau e chapeuzinho vermelho.


“E ai? O que cê vai fazer?

Vou te comer, vou te comer, vou te comer...”


Imagem de empréstimo

25.4.10

Ôh de Casa na ativa



Zé Nogueira celebra a natureza das plantas...





...faz novas peças de artesanato em miniatura...



...inova, “quebra” o pote ao meio, pinta o Sobrado...




... o caminho da roça e pendura na parede...





... prepara o delicioso licor...




... e espera a sua visita...





... é só chegar na Av. Elisio Santana, 419 e chamar pela senha...


Ôh De Casa!


Zé Nogueira e Dagmar esperam por você !