23.6.10

A chegada do iraraense na net

No verão 2002 – 2003 tínhamos a idéia de montar um site na internet sobre Irará. Na época, junto com o amigo Bruno Adelmo, já havíamos criado uma lista de discussão de e-mails, chamada “iraraense”, reunindo pessoas de Irará.

O site teria o mesmo nome da lista. Procuramos Marcílio e começamos a desenvolver idéias. Cheguei a escrever um texto de apresentação do site. Marcilio chegou a criar uma imagem da home.

Íamos conversando e procurávamos agregar outras pessoas também no projeto, gente que conhecesse da tecnologia de internet e tal. Aos poucos, as conversas foram ficando rarefeitas e o projeto não andava. Um dia, de surpresa recebi um e-mail. “O site ta no ar!”.

O projeto já não era mais o mesmo. O nome também era diferente... Preferir ficar na minha.

Observando o jardim

Hoje, assim que dei a partida na divulgação do site www.iraraense.com.br lembrei de toda essa história. E, lembrei também do ditado: “o que tiver de ser, será?”. Ao que parece; foi!

Faz cerca de um mês que estou às voltas com esse projeto. Investindo tempo e grana. E se “time is money”, possa crer que investi dinheiro ao quadrado nisso.

Porém, o financeiro, apesar de ser necessário não é tudo. Ele não é fim, é apenas meio. Lançar esse projeto é como na propaganda do Mastercard, trás satisfação que o dinheiro não pode comprar.

Nele, o mundo vai poder ter uma pequena amostra do “jeito iraraense de ser”. Pra quem dizia que eu não iria suportar ficar só no canteiro por muito tempo, taí uma confirmação.

Com este site volto-me um pouco para o jardim. Mas sento no banco, observo a realidade e procuro interpreta-la para contar as pessoas. No site tentarei exercitar um pouco de jornalismo.

O decolar da Pipa

É grande a satisfação com as primeiras mensagens que já vão chegando. A qual cabe-nos agradecer e comunicar que não fizemos esse trabalho sozinho.

Valeu o esforço de todos os parceiros que contribuíram e estão dispostos a colar nesse projeto.

A satisfação é grande. Pelo que nos conta Wiliam Bonner, em seu Jornal Nacional – Modo de fazer, quando o JN foi ao ar pela primeira vez, Armando Nogueira desabafou aliviado, “o boeing decolou”.

Parafraseando-o e resguardando as devidas proporções dos veículos em questão posso afirmar que “a pipa tá no ar”. Vejamos até quando os ventos sopram pra ela.

Leia texto que escrevi em 2003, sobre o ser iraraense.

"Iraraense. Sujeito cuja origem é Irará. Terra acolhedora, fronteriça, que se reconhece recôncavo e se identifica sertão. É de origem indígena, mas sintetiza a Bahia negra através de suas tradições, ritos, gestos, idéias... Sofreu influência do luso colonizador também. Da confluência desta miscigenação étnica de gênese à beira da serra, ao sabor da mais pura água, nasceu o individuo fruto do Irará. O iraraense é antes de tudo um entusiasta. Alguém que sente orgulho de dizer sua origem, de cantar o seu povo, de versejar suas histórias, de pintar sua alegria, de mostrar para o mundo quem é e a que veio. Assim é este site, um iraraense. Feito por iraraenses para difundir a cultura iraraense. Pode entrar! A casa é sua, é minha, é nossa. "







7.6.10

Precisa-se

Placa anuncia vagas

Pedreiro, eletricista, encanador, diarista... Tá difícil achar determinados tipos de profissionais.
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“A classe média vai ao paraíso”. Milhares de novos prédios, com apartamentos novos, facilitados pelo crédito e prestação. A propaganda vende e todos sonham com a nova moradia. Quem vai construí-la?
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Encontrar profissionais dispostos a trabalhar nas profissões que exigem maiores esforços físicos está cada vez mais difícil. Tem vaga para gari, servente de pedreiro e lavadeira. Grande oferta, pouca procura.
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A geração de hoje não foi “educada” para assumir tais profissões. Além de ganhar pouco, para muitos ainda é símbolo de “humilhação” desenvolver determinados serviços.
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O modo de vida na TV incentiva. As escolas não ficam atrás. Faça uma pesquisa e verá. Desde as séries iniciais as crianças só pensam em ser médicos, advogados, ou exercer qualquer tipo de profissão que possa “dar dinheiro”.
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Nada ilegítimo nas aspirações infantis. Afinal, é da natureza humana querer “se dar bem”. Ninguém veio ao mundo pensando em “se dá mal”. Então a culpa estaria no sistema que supervaloriza uns em detrimento de outros?
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Ouvir falar certa feita que na Noruega não há muita diferença entre o sujeito ser Gari ou possuir um diploma superior em qualquer área profissional. “A diferença salarial lá é mínima, daí as pessoas escolhem suas profissões de acordo às suas afinidades”.
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Não sendo anedota, no mínimo podemos classificar o caso norueguês como uma honrosa exceção. Na imensa maioria dos países do globo a realidade é completamente diferente. E, como se não bastasse a desvalorização financeira, as profissões ainda sofrem de desvalorização simbólica.
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Os jovens costumam ser influenciados pela minimização que o status social reduz determinadas profissões. Não é de ignorar que muitos preferiam andar à margem da lei, exercendo atividades como o tráfico ou qualquer outra ação ilícita, do que assumir uma função social considerada subalterna.
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Assim, faltam profissionais no mercado para exercer o trabalho pesado. Isto não se dá porque o mundo está totalmente evoluído e mecanizado, no qual todo “trabalho duro” estaria relegado às máquinas. Tão pouco é pela falta do chamado exército de mão de obra excedente.
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Talvez não dê para dimensionar que graves conseqüências sociais este cenário trará. Contudo, fica explicita algumas necessidades.
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O capitalismo precisa de um contraponto. A educação precisa trabalhar com mecanismos de valoração da vida e não apenas com o “sucesso profissional” no horizonte. As pessoas precisam re-pensar os seus valores. Precisa-se...
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foto: http://www.divisiengenharia.com.br