30.4.11

Pedido na passarela

Salvador, Bahia. Passarela entre o Parque Costa Azul e a praia de Jardim de Alah. Alguém por ali passou e registrou sua mensagem. À sua maneira; fez um pedido.

28.4.11

Orelhão abandonado


Lá está ele, jogado, largado, abandonado. É fato que, com a popularização dos celulares, os orelhões foram sendo cada vez menos requisitados, mas, daí á relegá-los ao despreso...

Era uma manhã de domingo. E aquela peça de orelhão jazia ali naquela esquina. Certamente, este não era o destino dos seus sonhos.

Virar peça de museu; ser re-aproveitado por algum artesão astucioso, transformando-o numa bela peça utilitária; ou, numa hipótese mais fatalista, ser totalmente destruído e ganhar vida nova, noutra utilidade, noutro corpo, através do milagre da reciclagem.

Qualquer destino lhe seria menos cruel que o abandono. Afinal, sabe-se ser o desprezo um dos piores sentimentos a se devotar a alguém, se não, o pior.

Talvez ninguém mais se lembre, ou se dê conta, de como ele um dia já foi importante, ou de como ainda pode ser. “Deve de ter intermediado muitas histórias”. A saudade diminuída pelo som da voz. A distância encurtada pelo falar e ouvir. Uma jura de amor. Um pedido de desculpas. Uma encomenda requisitada. Algum desentendimento. Tantas situações...

Passados mais de duas semanas e uma metade, o objeto foi visto no meio da rua. Pode ter sido uma malhação. Alguém deve ter resolvido prolongar e curtir com a sua agonia.

Um orelhão seguia abandonado. Debaixo do sol, da chuva e de todas as intempéries, naturais e humanas. Não houve alguém capaz recolher-lo, sequer a um canto de parede num deposito. Nem mesmo o serviço público da cidade, o coletou como se fosse um lixo.

Era “só” um orelhão. Entretanto, do jeito pelo qual caminhamos, um dia pode chegar ao ponto de ser uma pessoa e o tratamento dispensado não diferenciar muito.

17.4.11

No meio do caminho

Não sei até quando será assim. Mas, agora, toda vez que vou ao Distrito de Bento Simões, a querida e conhecida Vila da Conceição, me lembro deste poema de Carlos Drummond de Andrade, anunciado aí no título.

Por isso, peço licença ao grande poeta para parodiar sua obra, trocando-se apenas uma palavra.





No meio do caminho

No meio do camino tinha uma QUADRA
tinha uma QUADRA no meio do caminho
tinha uma QUADRA
no meio do caminho tinha uma QUADRA.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma QUADRA
tinha uma QUADRA no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma QUADRA.


Veja o poema original de Drummond e elucidações sobre o mesmo no post Drummond 100 anos do blog alguma poesia (clique aqui!)

6.4.11

O título como enigma

Antes, na construção de um título e um subtítulo para o meio impresso, o autor procurava resumir toda história. Ao menos, era assim que eu percebia. Penso que a medida era prestar um serviço ao leitor. De tal sorte, se o assunto não lhe era interessante, ele (o leitor) pulava para outro, mudava a página, etc, etc.

A lógica de hoje, principalmente no meio digital, parece ser outra. Percebo isso principalmente no twitter. Na internet, infelizmente, os veículos costumam ganhar mais notoriedade pelo número de acessos do que pela qualidade de suas publicações. Lógica de mercado. Mais acessos, mais anunciantes.

Daí, os títulos e subtítulos, quando os tem, parecem mais enigmas a instigar curiosidade. A estratégia parece ser a de forçar o leitor a clicar e entrar na página. Quanto mais leitores curiosos clicando, maior o número de acessos na página. Para o pobre leitor, isto é um desserviço. E, em muitos casos, perda de tempo. Acontece de nos deparamos com cada idiotice...