31.12.12

Flash Back à infância




Brincadeira antiga. Dos tempos em que ter relógio com cronometro era novidade. Funcionava como um teste de alerta e rapidez. Tentar fazer o cronometro parar em cima de uma marca precisa. 

Voltei neste desafio outro dia. O celular pifou e enquanto a solução não chegava, recorri ao uso de um antigo aparelho Nokia. Meu velho socorro das situações emergências. 

Botei o aparelho no cronometro e fiquei por alguns instantes tentando cravar à marca do 10s precisos. Não conseguir por um apenas um centésimo... Talvez se tentasse mais um pouco, chegasse lá. 

Atingir a marca, no entanto, era o de menos. O barato mesmo foi ter voltado à infância rapidamente naquele instante. É sempre bom visitar os lugares de onde temos boas recordações.       

21.12.12

A sociedade na pista pra negócio

A sociedade na qual vivemos vem sendo chamada por muitos de “Sociedade de Consumo”. É fácil perceber como a noção de consumo se expande para tudo nesta sociedade. 

Tudo é para consumir. Aqui, “valor de uso” e “valor de troca” ganham o mesmo sentido. Afinal, não se “usa” para ser “usufruído”. O que estaria nos remetendo a “fruição”. Mas, tão somente para ser “consumido”. Gasto, usado e “sumido”.  

Seja “com sumido” ou “sem sumido”, não importa, logo será descartado. 

O econômico-financeiro prevalece. Em todas as relações parece ser assim. Não se estranha de vermos tantas entidades, leis e gritarias pelos “direitos dos consumidores”. Enquanto há pouca verborragia ou medidas para a defesa dos direitos do cidadão. O mesmo acontecendo com relação aos direitos humanos ou até para os “direitos animais”, como o direito à liberdade e ao alimento. 

E a noção e vontade de consumir se dá não somente nas relações comerciais, mas são igualmente expandidas para os relacionamentos pessoais. 

Antes, uma garota atraente, era o “sonho idealizado” de um rapaz. Já há algum tempo a “princesa” virou o “sonho de consumo”. A palavra deixa implícito. Se o sonho for realizado, logo será consumido e, conseqüentemente, descartado. 

Pois bem, dentro desta mesma lógica, agora também há um bordão para as moças solteiras. Há alguns dias ouvi uma personagem de novela, enquanto falava sobre sua disponibilidade para relacionamentos, afirmar: “Tô na pista pra negócio”.  

Acho que a sociedade, quase que por completo, também está. 

19.12.12

Fim do Mundo Maia


Esse negócio de fim do mundo é verdade. Refere-se ao o fim do mundo Maia. E não destes tempos atuais. 

Explico: Um sujeito Maia estava tranquilamente produzindo o calendário, quando, de repente, foi surpreendido com vários gritos. A gritaria era constituída “daquela frase": “Corre Negada!!!”. Assim mesmo, nos moldes de Moiseis em Hermanoteu no Egito. Os avisos desesperados alertavam sobre o avanço dos europeus a dizimar toda a Civilização Maia. 

Depois, o calendarista, assim como todos os outros, foi alcançado e exterminado. No entanto, antes da fuga, ele deixou cair o calendário confeccionado até a data de 21/12/2012. Esta é mais uma marca do fim do mundo Maia. O resto é conversa de escafandristas e semiólogos.

25.10.12

Da série “Teoria da Conspiração”: “Salve Jorge”.


Matéria de Thaís Britto para a agência O Globo, reproduzida no A Tarde do último domingo, 27, a respeito da novela “Salve Jorge”.  

“As Forças Armadas tiveram mesmo boa impressão de Rodrigo [Lombardi – ator principal de “Salve Jorge”], que defende como uma das funções da novela desmistificar a áurea de sisudez que paira sobre o militares” 

Segue a matéria: “Queremos realmente dizer para os espectadores que nós somos”, ele para e ri do ato falho: “Tá vendo como estou envolvido? Que eles são tão humanos quanto nós?”. 

Mídia denunciando governo como “o mais corrupto da história”... Glorificação das Forças Armadas... Quando não se vence pelo voto.... Acho que esse filme já passou na TV há décadas atrás... 

24.10.12

Música, comida,dicas sexuais e até filme pornô para o público evangélico


Os cristãos evangélicos costumavam ser vistos como pessoas afastadas do “mundo”. Diante de costumes e vivência própria, o esperado sempre foi que, ao aderir a uma religião evangélica, o individuo abdicasse de prazeres e costumes de antes. 

Hoje, já não sei avaliar se a vivência evangélica é assim tão afastada “do mundo”. Teriam os evangélicos criado uma nova interpretação do mundo? Ou seriam apenas adaptações? 

Música 

Na música, o rock, que é cantado por Raul Seixas como um dos “filhos do diabo”, já tem a sua versão evangélica. As variantes também chegam aos outros ritmos. 

“Pagode de Jesus”, “Samba pra Jesus”, Forró, Pop, Sertanejo, Axé... e segue a infinidade de gêneros musicais tocados em forma de louvores. Ou seriam louvores em forma de gêneros musicais? 

As variações também chegam a outra culturas como a culinária e o sexo. 

Acarajé  

Na Bahia, é emblemático o caso da venda dos acarajés. A iguaria tem origem nos ritos de religiosidade de matriz africana. No entanto, os evangélicos também começaram a produzi-lo. Para eles, o quitute tem o nome de “bolinho de Jesus”. 

Segundo argumento de alguns, a diferença é que, quando produzido por um irmão evangélico, a pessoa tem a certeza de que a comida não foi “oferecida” a qualquer entidade espiritual. 

Filmes pornôs 

Também já virou notícia a produção de filmes pornôs direcionado ao público evangélico. A ação é explicada, em inglês, por um site disponível na internet, cuja tradução livre do seu título por ser entendida como “sexo em Cristo”. 

Discutindo sobre o assunto, a colunista Carol Patrocínio, do blog “Preliminares”, ligado ao Portal Yahoo, disse que “a ideia desses filmes é ensinar aos casais cristãos como eles podem ter e proporcionar prazer de acordo com a Bíblia — incluindo posições sexuais e tratamentos respeitosos ao órgão do outro”. 

Poli dance e Sex Shop 

Patrocínio também comenta sobre a criação de um sex shop online para casais religiosos. Segundo a colunista o objetivo da loja é “apimentar a relação de acordo com preceitos da Bíblia”. 

Ela apresenta o Book 22 (em inglês), o primeiro a ser lançado e que, segundo o site NPR.com, foi criado por um casal “cansado de buscar soluções para sua vida sexual e só encontrar pornografia”.

Outro fato comentado por Carol Patrocínio é a criação do “Pole Dance para Jesus”. De acordo com a colunista, “uma americana resolveu criar o esporte e fez algumas mudanças nas aulas convencionais de pole dance, ou dança do poste. 

Primeiro, as músicas: nada de música de boate, apenas louvores cristãos ou músicas gospel populares. Depois, os movimentos, que não são tão sensuais quando nas aulas normais, afinal, é um momento de adoração”.

Site dá dicas 

Uma notícia publicada na Folha OnLine apresenta um site criado com o intuito de dá dicas de sexo para evangélicos. Segundo a matéria, o site SexoCristão.com responde a perguntas como: “Sexo anal é pecado? O que a Bíblia diz sobre fantasias sexuais? Transar no noivado, pode?” 

De acordo com a publicação o site, que tem o slogan “o sexo como Deus planejou”, sugere debates sobre relacionamentos gospel. A página contém artigos, fóruns, notícias relacionadas ao tema e enquetes. Numa delas, foi pesquisado a opinião dos visitantes sobre o fato de cristãos irem a motéis. A opção “é pecado” foi a mais votada com 5787 de quase 14 mil votos.

Brincadeira?

A notícia também comenta que segundo os idealizadores do site, cujos nomes não são revelados, o projeto não pertence a uma igreja protestante específica. “Não há e-mails ou telefones para contato, o que aumenta nos fóruns a suspeita de que tudo não passe de uma brincadeira. "Esse site é uma piada?", pergunta um dos visitantes”, segundo notícia da Folha OnLine. 











17.10.12

Duas eleições e a lição das pesquisas



As tabelas acima mostram o nível de acertos das pesquisas eleitorais nas duas últimas eleições aqui em Irará (2008 – 2012). 

A cada eleição as pesquisas exigem cada vez mais respaldo e responsabilidade. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tipifica como crime a divulgação de pesquisas que sejam constatadas como fraudulentas. E, além disto, o TSE mantém regras rígidas para a divulgação e faz exigências aos institutos credenciados. 

Uma das exigências do TSE é que o instituto tenha um estatístico responsável pela pesquisa. O estatístico é um profissional formado na universidade, que após a formatura recebe um credenciamento do Conselho Regional de Estatística, assim como os médicos tem o seu registro no Conselho Regional de Medicina e os advogados na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). O estatístico corre o risco de perder o seu registro em caso de erros grosseiros. 

Por isso, em centenas de eleições realizadas, são raros os erros grosseiros nas pesquisas eleitorais.  O fato é que, quando acontece de uma pesquisa errar, o erro é mais lembrado pelo eleitor do que o acerto.

Interior

Nos grandes centros, as pesquisas eleitorais são geralmente contratadas e divulgadas por veículos de comunicação. Em cidades pequenas, como Irará, os veículos existentes não possuem condições financeiras de contratar um instituto de pesquisa. Por isso, só existem as sondagens contratadas pelos próprios candidatos.  

Além de mostrar a intenção de voto do eleitor, a sondagem fornece diversas informações para o trabalho na busca por mais votos. Contudo, neste ambiente, só o candidato que tem vantagem na pesquisa costuma registrá-la no TSE e divulgá-la. Já quem tem situação desfavorável prefere a não divulgação, enquanto tenta a reversão do quadro. 

É louvável quando um candidato, em situação inferior na pesquisa, trabalha o sentimento da “virada” e com isto consegue empolgar o seu eleitorado e, em alguns casos, até consegue a virada mesmo. 

Re-make 

Por outro lado, é deplorável quando um candidato, sem razão para contestar judicialmente uma pesquisa, entra na tática do “oba-oba”. 

Assim, até quando uma pesquisa pode ter dados que lhe favoreça, o candidato em desvantagem ataca o resultado global e faz acusações vazias. Diz que a pesquisa é fraudulenta, mas não prova. E, sem elementos para entrar na justiça pedindo a impugnação da pesquisa, resumi-se às acusações de palanques, panfletos e carro de som.

Cria-se o “oba-oba” por tempo limitado. Porque, tão logo sai o resultado das eleições, as urnas comprovam o nível de confiabilidade de uma sondagem séria. Com isto, o candidato do “oba-oba” deveria ficar descredibilizado, mas nem sempre aos olhos de todos.  

Infelizmente a cena aconteceu em Irará em 2008 e voltou a se repetir, como um “re-make” malfeito em 2012. O pior foi assistir pessoas as quais considero inteligentes descredibilizarem as pesquisas e preferirem acreditar nas acusações do candidato e nas aparências dos seus movimentos de campanha. 

Lição 

Espero que as duas experiências das eleições anteriores sirvam de lição para os políticos e para os eleitores iraraenses. Afinal, eleição deve ser um momento sério e não a hora do “oba-oba”. 

Os políticos devem entender de uma vez por todas que a mentira tem mesmo perna curta. E por isto não vai longe. E que é possível comunicar numa eleição usando informações verdadeiras, porque, embora existam muitas maneiras de apresenta-la, a verdade é uma só. 

Já para os eleitores, inclusive aos mais inteligentes, fica a dica para não se deixarem levar pelo “canto da sereia”.  Felizmente, ao que demonstram as urnas, a maioria não tem cedido aos encantos.

17.8.12

Falta


É falta. Falta grave!
Se Gringo pudesse,
apitaria esta fatalidade com todo fervor.

Falta de amor,
falta de respeito,
falta de compreensão.

Ausência completa de entendimento.
Nada, absolutamente, nada
ou qualquer motivo
Aqui na Terra
Vele mais do que a vida.

Se Gringo pudesse,
daria um cartão vermelho.
Sem pestanejar.

Um cartão
ainda mais vermelho
que o sangue derramado

Ele não se incomodaria.
Alguém poderia esbravejar, xingar...
Tenta lhe tirar do sério.
Ele daria o cartão.
E, convicto, expulsaria a maldade.     

Mas, muito infelizmente.
Gringo já não pode.
O seu apito foi silenciado.  

A morte é um pênalti
Alerta a todos e,
quando marcado, não se volta atrás.
  
Depois desta penalidade máxima,
Que Gringo não pôde marcar,
Restará aos iraraenses
Permanecer sentindo
A falta que ele faz.  

Leiam notícia da morte de Gringo

PS - Escrevi este texto dianta das várias manifestações de iraraenses no Facebook lamentando a morte do Professor e Juiz de Futebol Deusdete Filho, "Gringo". 

6.8.12

Vontade de ganhar no grito


Tenho ouvido pessoas reclamando do barulho dos carros-de-som nesta campanha eleitoral. Para muitos estes “elefantes” incomodam. E quanto maior o número deles, incomodam muito mais.  

Aqui em Irará temos dois candidatos a prefeito. E cerca de noventa pleiteantes ao cargo de vereador. Imagine cada um com seu carro de som, todos funcionando ao mesmo tempo, na Praça da Purificação, por exemplo, ao meio-dia ou às 18h, para “pegar os estudantes”? 

Balbúrdia, confusão, babilônia. Pode-se denominar de muitas formas o cenário imaginado acima, cujo perfil não é muito distante do real. 

Oferta x procura 

Por conta disto, tem muita gente demonizando as eleições e os políticos também. Não quero fazer defesa dos candidatos, mas fico a me perguntar se temos de colocar a culpa única e exclusivamente neles. Só há corruptores porque há corrompidos. Obediência à lei da oferta e da procura. 

Então, só há carros-de-som barulhentos, porque existem os eleitores que gostam disto. Querem ouvir a música do seu candidato em alto volume. Desejam escutar o nome deles a toda hora. Anseiam por uma provocação ao adversário. 

E este pessoal, assim como os carros, são barulhentos. Cobram dos candidatos: “Bota carro de som que eles têm mais”; “aumenta o volume, o deles tá mais alto”; “tem de fazer zuada”.  

E o cidadão de forma geral, ainda que não curta o barulho, também vai nessa. Quando vê um candidato fazendo mais “zuada”, com maior volume de campanha, sentenciam: “Fulano vai ganhar, porque só dá ele”. Isto pesa muito em locais cujas pessoas ainda escolhem candidatos com medo de ser jacú, para “não perder o voto”. 

Assim, os políticos, gostem ou não do barulho, querem fazê-lo. Não querem ficar para trás. E cedem aos encantos de quem gosta do barulho, porque estes gritam e, por isso mesmo, parecem ser maioria. E, por aqui, são eles que mandam, pois, a democracia costuma ser interpretada como a “ditadura da maioria”.

Quando anseiam desesperadamente agradar a suposta maioria, os políticos e governantes perdem o bom senso. Quando este lhes falta, só mesmo a Lei para regular a situação. 

Durante um bom tempo, a crença foi de que as pessoas só iam a comícios se tivessem apresentações de bandas musicais. A Lei provou o contrário. Acabaram os showmícios e os comícios não foram esvaziados.

Carro-de-som e rádio-poste são formas válidas de comunicar. Mas, elas não dão liberdade ao ouvinte. Você não pode desligar na hora que lhe dê vontade. 

Cultura 

Um artigo do jornalista Nirlando Beirão, publicado em 2001 na Revista República (Ed.nº 53), mostra que a gritaria é um traço cultural do brasileiro. Neste país, nascido de “um heroico brado – e, como se não bastasse retumbante”, sinaliza o jornalista, “é impossível exprimir satisfação sem estrépito”.

Beirão também afirma que “o estardalhaço é o melhor disfarce para a falta de conteúdo” e que o “urro” do brasileiro “não é de revolta é de conformismo. Quem grita consente”. Para o jornalista “o baticum dos tambores é a metáfora de uma sociedade deficiente de sentidos”. E finaliza: “Até a capacidade de ouvir João Gilberto nós perdemos para os gringos”. 

Isto vale para os brasileiros e vale para os iraraenses, parte do todo chamado Brasil. O que vale para os carros de som, vale para os particulares, muitas vezes equipados com som mais potentes do que os profissionais. 

Há a hora de fazer barulho, mas também há o momento de respeitar o silêncio. Saber onde começa o seu direito e termina o do outro. É preciso saber distinguir tempos e locais. Enquanto falta distinção e respeito permanece a vontade de ganhar no grito. São problemas a serem resolvidos com cultura. Já falei. 

17.7.12

Alguém me ajude a encontrar as pastas do Google Reader


Gente, 

não sei como, perdi as pastas do meu Google Readers. Os feeds ainda estão lá, mas a pastas sumiram e não ficaram sequer os  nomes dos veículos ao lado, como era antes de organiza-los em pastas. 

A primeira figura abaixo é a do Google Reader com as pastas. A segunda, é o meu atualmente, sem elas. 

Se alguém puder me dizer como trazê-las de volta, ficarei grato. 

Abs! 


Antes, com as pastas. 




Agora, sem as pastas

12.6.12

A próxima vítima


Não se trata de remake nem reprise de novela global. Tomei de empréstimo o título, só para alertar que a árvore da imagem abaixo será a próxima a cair. 


Árvore na Rua Cel. Elpídio Nogueira - 
Aqui chamada de "A próxima vítima" 

Ela fica na Rua Cel. Elpidio Nogueira, no trecho entre a Praça da Purificação e o prédio da Secretaria de Educação, centro de Irará. Está de frente do local, onde às vésperas do aniversário da cidade foi demolida uma casa com fachada antiga. 

Onde estava a casa, pelo que algumas pessoas me contaram, será erguida uma loja comercial. 

Bastou esta informação para que eu imagine o resto do enredo. O que vem por aí? Fachada luminosa ou aquelas de lona. 

Nome da empresa em destaque, certamente, o dono não vai querer uma árvore na frente para “atrapalhar” a visão ou “ficar sujando” o 
passeio. Não é mesmo? 

Caso esta minha triste previsão se concretize, será mais uma árvore a ser tombada (aqui no sentido de derrubada mesmo) no percurso entre a Purificação e a Pedro Nogueira. E assim, aos poucos, aquela parte da cidade tem cada vez menos a paisagem a qual conheci quando criança. 

Rua larga, inspirada nos ideias de progresso e civilidade franceses do começo do Século XX, como historiou Marilda Ramos.  Oitis de um lado e de outro, configurando a “arborizada paisagem”, narrada por Kitute de Licinho. 

Aquela passagem para mim era como se fosse um Boulevard (os distraídos devem consultar a palavra – clique aqui – para não pensar que falo de um shopping de Feira de Santana). 

Hoje a arborização se concentra mais presente na metade do trecho. Coincidentemente onde está a próxima vítima em potencial. Da Purificação até a Praça da Bandeira. 

Da Pça da Bandeira até a Pça Pedro Nogueira 
"Muitos oitis já se foram"

Na outra metade, da Bandeira até a Pedro Nogueira, muitos oitis já se foram. Só restam uns três. Boa parte deles foram morrendo. Talvez por descaso ou má sorte.  

Em 2009, um deles teve destino cruel. Estava verde, firme e forte. Ficava em frente ao Supermercado Delícia. Rapidinho sucumbiu diante da motoserra. Ficou de pé o gosto amargo e nada delicioso na memória dos que valorizam a paisagem e a natureza. 

Lembro-me de ter tentado saber de quem teria partido a autorização. Mas nem o Secretário de Meio Ambiente da época sabia. Depois perguntei a outras duas autoridades e, sem resposta, desistir de tirar uma de “Sherlock Holmes”. A árvore já estava no chão e nada a traria de volta “meu caro Watson”.

Não tive sorte no personagem Holmes. Talvez seja mais fácil agora, nesta nova situação, criar/encarnar “Walter Supermecado”. E assim prevê a queda da árvore. E ainda imaginar que será de forma tão brutal quanto se deu com a outra citada. 

E, infelizmente, esta não é nenhuma previsão difícil de fazer. 

No mais, espero e desejo estar errado nas minhas previsões. E cito ao comerciante do local em questão o exemplo da loja D. Barbosa Material de Construção. Lá tem um oiti em frente que não precisou ser derrubado para o funcionamento do comércio. 

Se “ligue já” Irará!

30.5.12

VEJA! Não leia Cara Amiga.


Não quero opinar quem fala a verdade nas afirmações do ministro, Gilmar Mendes, e do ex-presidente, Lula. Talvez os dois. Talvez nenhum. Apenas, pondero aqui uma rápida consideração motivada por uma cena, na qual fui interpelado a comentar sobre o assunto em questão.

27 de Maio, Aniversário de Emancipação Política de Irará, 170 anos... de rombo. Sim, mas a data cívica não está discussão aqui. É só pra situar onde eu estava. Praça Pedro Nogueira, fotografando estandes do evento para o Portal Iraraense. 

De repente, uma distinta senhora amiga minha, pessoa a qual tenho estima e consideração, interpelou-me, mais ou menos desta maneira: 


-- Já viu a Veja desta semana!?. Tá tudo lá. Vergonha. O que a turma do Lula faz. Eu vou comprar a revista. 

Como ainda não tinha visto a Veja da semana, nem tive como tecer maiores comentários. Entretanto, me preocupou a empolgação com que a interlocutora citou a revista. Era como se nas páginas da publicação estivesse a última verdade do universo. 

Preocupação. Ainda existe muita gente boa por aí que pensa que a Veja detém a mesma reputação e credibilidade de décadas atrás. Dos tempos em que o Mino Carta estava por lá.

Parece não saber que a semanal dos Civitas virou a #vejabandida. Talvez nem queiram. E seguem consumindo as “maracutaias jornalísticas” da Veja, pensando estarem bem informadas, críticas e conscientes. 

À noite soube pelo noticiário do que se tratava o fato pelo qual fui interpelado pela manhã. Tava na Veja. O ministro Gilmar Mendes havia afirmado ter recebido um pedido de Lula para adiar o julgamento do “mensalão”. 

A primeira coisa que me veio à mente foi: “Lula nomeou 09 ministros para o Supremo e foi fazer um pedido destes logo a um ministro nomeado por FHC?”. Como diria minha tia: “Tá doidho!”. 

Na sequencia da reportagem, ouvi falar que a proposta teria sido oferecida em troca de apoio da base governista de aliviar a barra de Gilmar na CPI do Cachoeira. 

Ah! Se é assim, então é o ministro, o qual já foi chamado de coronel, o acusado de ter algum envolvimento na “lama do Cachoeira”, como batizou aquela minha amiga. “E apois!” 

Como disse no inicio não quero julgar ninguém. Muito menos quero defender Lula, o PT ou quem quer que seja. Mas, algumas coisas me intrigam. 

Porque o mensalão do PT, de R$ 30 mil, ofende mais à mídia gorda e tanta gente boa, como esta minha amiga, do que o mensalazão da reeleição de R$ 200 mil? 

Porque aqueles poucos (sic) dólares numa cueca, ofendem mais do que o escândalo da desvalorização da moeda e os mais de R$ 1 Bilhão envolvido? 

Porque as atrapalhadas de alguns aloprados e o consumo dos cartões de crédito corporativos, parece ter ofendido mais do que toda a “privataria tucana”?  

Fico imaginando que Tom Zé tem razão. “Se rouba R$ 1,00 é moleque; rouba R$ 10, promovido a ladrão; se rouba R$ 100,00 já passou de Doutor... se rouba R$ 80 Milhões é a diplomacia internacional”. “O tamanho do roubo faz a honra do ladrão”. 

Talvez por isso, alguns são chamados de canalhas e outros de doutores. 
Volto a dizer que um roubo não justifica o outro. Mas não podemos celebrar o sujo e condenar o mau lavado. 

Pra finalizar. Sobre o caso Gilmar X Lula, concordo com o comentário de Ricardo Boechat feito terça, 29, na Band News (ouça no player abaixo). 

E na próxima vez que encontrar a minha amiga direi pra ela. “Veja, não leia!”. Tenho que alerta-la que este tipo de publicação é não é pra fazer nem como o  faz o personagem Chaves, quando afirma que: "Eu só leio as figuras”.


24.5.12

Que tipo de profissional sou eu?


Uma cena vista há dois dias, me provocou algumas reflexões sobre o meu exercício profissional. Aqui na rua, próximo à minha casa, tinha uma aglomeração de pessoas. 

“O que aconteceu?” 

“O portão do deposito da loja de material de construção caiu em cima do rapaz”. 

A multidão vai aumentando. Vou em direção ao local do acontecido. Tenho algumas preocupações. 

“Será que alguém ali já chamou a ambulância?”. 

“Será que estão conscientes de que não podem socorrer o rapaz de qualquer maneira? Afinal, se pegarem a vítima de mau jeito pode comprometer a coluna vertebral ou outro órgão.” 

Chego próximo ao local. O portão já foi retirado. A vítima está ao chão. Logo escuto alguém falar do ocorrido. “Caiu em cima da perna dele”. E outro alguém fazer uma afirmação. “A ambulância já esta a caminho”. 

Saí. Não havia nada que eu pudesse fazer ali. Se permanecesse, seria apenas mais um a tumultuar a cena.  

Não demorou quase nada, a assistência chegou, o rapaz foi removido e a aglomeração de pessoas se dissipou. Tão rápido como havia sido formada.

Depois lembrei-me do fato. “Dava notícia!”. E a notícia poderia ser veiculada pelo Iraraense (Portal da Internet criado por mim). 

E eu tava ali de celular no bolso, mas não registrei, não fotografei, não filmei... tão pouco procurei informações mais aprofundadas. 

Antes, preocupei-me com o estado de saúde do rapaz. Quando lembrei da possibilidade de  registrar, a cena havia sido desfeita. Perdi a notícia. E aí me veio uma pergunta: 

“Que tipo de jornalista sou eu?” 

Depois comprovei a força de noticiabilidade do caso do portão, quando alguns me perguntaram o que havia ocorrido alí. 

Se o fato tivesse virado notícia do Iraraense, talvez tantos outros, quem sabe até numa quantidade de pessoas bem maior do que aquela dos perguntantes e dos aglomerados envolta, tivesse se interessado e acessado a notícia. 

Esta, assim como outros tipos de “notícia”, faria crescer a audiência do site. E com maior audiência, pela lógica mercantil, seria mais fácil conseguir parceiros para manter o veículo. 

Daí surge outra pergunta: 

“Que tipo de empreendedor da comunicação sou eu?”

Logo se vê. Sou um Roberto. Mas, pela lógica do mundo, longe de ter o sucesso profissional de um Civita ou um Marinho.  

17.5.12

A audiência e os acidentes


Ao que parece o comercial da TV Bandeirantes, anunciando as 500 Milhas de Indianápolis da Formula Indy, quer transmitir emoção. Filme de ação. Agitação tipo: “Nitroglicerina Pura!”. 


A música de fundo é o velho rock and roll; dos mais acelerados, vale dizer. É rapidez no som. É velocidade total nos carros das imagens. Takes curtos. Muito movimento. 


A quase totalidade das cenas mostram acidentes na Indy. Carros batendo forte, capotando, se “esbagaçando todo”. Aquilo que alguém chamaria de “um show de imagens”. 


“The show must go on”. Mas perde a graça quando se lembra de que ali é realidade. Não é ficção. São vidas humanas expostas a traumas, mesmo quando as sequelas não ultrapassarem os leves arranhões, ou ao fim. 


Os acidentes não deveriam ser “vangloriados” em um comercial. Todavia, quem sabe, a emissora acredite que os seus telespectadores assistam as corridas torcendo por aqueles “acidentes espetaculares” à espera de “emoção”. O pior é que (não é Pepsi mas) “pode ser” isto mesmo. Não duvide deles terem até pesquisas em mãos. 


Obs: O comercial está no ar na TV. Procurei por ele  pra linkar ou colocar aqui e não encontrei. Quando eu encontra, atualizo a notícia. Abs! 

13.5.12

Irará 170, de rombo!


Assustam as notícias sobre violência em Irará. Os fatos policiais noticiados pelo Blog do Tavares e pela Rádio Comunitária Irará FM, reproduzidos pelo Portal Iraraense, tem surpreendido. O cenário era desconhecido por muitos. 

Mortes, assaltos em plena luz do dia, tentativas de homicídios, espancamentos, arrombamentos, etc. Isto tudo tem acontecido em nosso município. E o pior é que estas ocorrências começam a ficar frequentes. 

A frequência dos atos de violência provoca o receio dos mesmos começarem a serem vistos como banais. E quando eles não mais assustarem, a situação tende a piorar. Banalizado, o mal terá mais facilidade de se espalhar e perpetuar-se. 

O enfrentamento do problema é a medida mais adequada para evitar a banalização. E para tanto, seriam necessárias ações a curto, médio e longo prazo. 

Um bom começo poderia ser a discussão do assunto. Procurar entender o porquê de tanta violência em Irará. 

Quais seriam as causas? Sempre foi assim, mas só agora a mídia está mostrando isso? É a falta de estrutura dada às polícias (Civil e Militar) para coibir a violência? É a omissão dos poderes constituídos? É o caos social e cultural vivido pelo município? Ou é tudo isso e mais um pouco?

Um município que desconhece seus índices, não discute sobre a sua realidade. Se não discute, não pensa. E sem pensamento, planejamento e gestão não se chega a soluções eficazes. 

Talvez não haja mesmo interesse no pensamento. Afinal, como nos lembra uma canção do nosso conterrâneo Tom Zé, “pensar é uma afronta”. 

Agora em maio, deste 2012, Irará faz 170 anos de emancipação política. Se fosse um bingo o cantador gritaria: “De rombo!”. Rombo sociocultural.

7.5.12

Modernização da Biblioteca de Irará: A semente germinou


Mesmo afastado do “jardim público”, fico feliz com a notícia. Pelo que vejo, mais uma das sementes que lá plantamos germinou. Falo do projeto de Modernização da Biblioteca Pública de Irará.  


Através deste projeto, elaborado e enviado à Fundação Pedro Calmon (Governo do Estado), por nossa iniciativa, quando estávamos à frente do Departamento Municipal de Cultura, a biblioteca pública de Irará vai receber móveis, mais de mil volumes em livros e outros acessórios. 


Em maio de 2009, noticiamos o começo desta luta no “Boletim Cultura Pra Toda Gente”.  Através daquele informativo, divulgado via internet, publicávamos as ações do Departamento de Cultura da Prefeitura de Irará. Uma nota na edição daquele mês dizia: 


“O Diretor Roberto Martins esteve reunido na Fundação Pedro Calmon em Salvador, com os dirigentes de Bibliotecas Públicas e de Arquivos Públicos do Estado. Na reunião foram tratadas de parcerias para a re-ativação do Arquivo Público do Município e para a modernização e organização da Biblioteca Pública Municipal.” 


Pois sim. A reunião mencionada foi só começo. Depois vieram elaboração e proposição de projetos, outras reuniões, sugestões e encaminhamentos. E foram vários telefonemas também. Até para o Ministério da Cultura em Brasília ligamos, em busca de informações de como estava o andamento do projeto a ser contemplado pelo programa Mais Cultura. 


Quando sai do Departamento, mencionei a ação em relatório de atividades, entregue ao Prefeito Derivaldo Pinto: 


“Envio do Projeto para integração no Programa de Modernização de Bibliotecas (Minc/Secult) que prevê aumento do acervo e novos mobiliários (segundo informações de funcionária do Minc a Biblioteca de Irará foi incorporada à lista das beneficiadas e será contemplada);”


Pois então, fiquei feliz em ver a notícia e de confirmar o nome de Irará na lista. É gratificante ver que mais esta semente, entre as que plantamos naquela breve chuva em que passamos no Jardim do Departamento de Cultura, germinou. Lamentável é lembrar que se o “tempo” tivesse ajudado teríamos germinado muitas outras flores e frutos. 


Agora, nos resta torcer para que o projeto seja devidamente executado, inclusive com a implantação da Biblioteca Itinerante e as atividades de leitura na zona rural.   


#PS: No dia 27 de Maio, em pronunciamento público, o Prefeito Derivaldo Pinto assinou o convênio do projeto de Modernização. O prefeito falou da importância da leitura e do convênio, mas em momento algum citou que o mesmo foi conseguido em 2009, quando estávamos à frente do Departamento. Deve ter esquecido. 


OBS: Esse texto foi atualizado e reescrito em 03/06/2012, com adaptações estritamente fieis ao conteúdo original (publicado em 07/05/2012), mudando apenas o formato e acrescentando algumas informações como o PS. 

5.4.12

“Praça do Pedrão!” – Este nome deve permanecer

Na Sessão solene em homenagem a Amadeu Nogueira, o prefeito Derivaldo Pinto anunciou sua pretensão em sancionar o projeto de alteração do nome da “Praça do Pedrão” para “Praça Amadeu Nogueira”, caso seja aprovado pela Câmara. Se assim o fizer, o Prefeito estará cometendo um grande equivoco. 

É válido o projeto de iniciativa do vereador Cristiano Costa - Eletroguisso (PP) em homenagear Amadeu Nogueira com o nome de um logradouro público na cidade. Entretanto, não é correto que este logradouro seja a “Praça do Pedrão”. Caso os vereadores aprovem este projeto, eles estarão cometendo um desrespeito à história do nosso município. 

Como dito numa citação que escrevi no texto “Onde se vê o Irará de antes”, lembrada pelo Vereador Ubiratan Reis (PC do B) na Sessão dita acima, em Irará existe o triste costume de fazer o novo passando por cima do antigo. E essa ideia de alterar o nome da Praça do Pedrão é mais um exemplo disto. 

Amadeu Nogueira como grande homem público de Irará merece todas as homenagens. E merece nome de logradouro público também. Com certeza, diante do processo de expansão da cidade, vão surgir ruas e praças onde o nome de Amadeu Nogueira poderá ser adequadamente colocado. 

No entanto, se a vontade é buscar por uma rua mais central ou de maior importância no nosso fluxo urbano, há alternativas. Aqui existem logradouros públicos batizados com nomes de personalidades que - até onde sei - não possuem relação intrínseca com a história do nosso município. Podemos citar a “Praça Trancredo Neves” e a “Avenida Rui Barbosa”. 

Substituir o nome de personalidades não iraraenses pelo de pessoas com história neste município seria um grande acerto. Além do mais, manteria Irará na sua linha de valorizar os seus. Afinal, a nossa terra raramente se deu ao costume da bajulação política. Aquela cujo exercício proporciona ao nome de um mesmo presidente ou de senador aparecer em ruas, praças ou avenidas de dezenas e dezenas de cidades. 

Manter o nome da Praça do Pedrão é re-afirmar as nossas raízes históricas. Não só de Irará, mas da Bahia também. Além de ser filho de Irará, Pedrão é um município de destaque nas lutas pela independência da Bahia. É a terra dos “Encourados” e dos ancestrais de muitos iraraenses. 

E como exemplo de iraraense com antepassados de Pedrão, posso citar o próprio Amadeu Nogueira. Filho de Cel. Elpidio, Amadeu era neto de Pedro Nogueira, primeiro intendente de Irará, cuja família veio da região de Pedrão. Assim, a troca de nomes de “Praça do Pedrão” para “Praça Amadeu Nogueira” seria ao mesmo tempo uma homenagem a Amadeu e uma desconsideração aos seus antepassados. 

Segundo me relatou o Professor Sérgio Ramos aquele logradouro foi batizado de “Praça do Pedrão” para homenagear os Encourados. Mais precisamente, pela narrativa do professor, para marcar o fato deles terem partido daquele local para unirem-se às forças brasileiras no combate que resultou no Dois de Julho. 

Por isso mudar o nome da praça seria desprestigiar a independência da Bahia, que na realidade é a independência do Brasil, conquistada pelo sangue e luta dos baianos. Seria cometer o mesmo desrespeito praticado em Salvador, quando foi trocado o nome do aeroporto, ainda que no nosso caso a homenagem seja mais adequada. 

Até pouco, Irará tinha em alguns dos seus logradouros o nome dos outros quatro municípios que somados a ele compõem a nossa comarca. Hoje, pelo que apurei junto ao cadastro imobiliário da Prefeitura, só temos a Praça do Pedrão e a Rua de Santanópolis. 

A rua de Água Fria virou Rua Primo Bispo do Santos e a rua de Ouriçangas virou Avenida Padre Jocundo. Curioso é que, como me lembrou o amigo Artur Modesto, já existia, e ainda existe, a rua Padre Jocundo. Não conheço a história do Padre, todavia por mais esplendorosa que ela tenha sido, não seria motivo para “abençoa-lo” com seu nome em dois logradouros (uma rua e uma avenida). 

No Rio Vermelho em Salvador existem várias ruas com nomes de cidades baianas. Fico contente quando me lembro da existência da “Rua Irará” naquele bairro. Assim como fomos lembrados lá, acho que nossos irmãos, quase conterrâneos, de Água Fria, Santanópolis, Ouriçangas e Pedrão, merecem as lembranças aqui. 

Por tudo isto, defendo a permanecia do nome “Praça do Pedrão”. Afinal, parafraseando o slogan de um ex-candidato a prefeito nas eleições de 2000, “a praça merece este nome”. 

PS – Se o desejo é utilizar ruas do centro. A título de sugestão, podemos imaginar a troca de “Tancredo Neves” por “Aristeu Nogueira”, dando o nome de um ícone político local à nossa praça dos três poderes. E “Rui Barbosa” poderia ser substituído por “Amadeu Nogueira”. Na reinauguração a avenida ganharia nome novo. 

28.3.12

Artista de atitude no Buzu


Nos ônibus urbanos de Salvador já ouvi muitos dizerem: “Pessoal, desculpe interromper a viagem de vocês”. De vendedores de doces e outros atrativos a ex-viciados pregando a cura através de centros de recuperação, tem de tudo. 

Até hoje guardo na memória a cena de um cego. Ele só tinha como companhia seus dois instrumentos. Uma vara de tatear e um acordeom. Preparava o recipiente para receber os donativos e começava a tocar. 

Ficou marcado ele cantando uma canção do veio Lua. Ele tinha emoção na voz. Ao descrever a dor do personagem tema, o ceguinho parecia falar da sua própria dor: “Mas assum preto/ cego dos olhos/ não vendo a luz canta de dor”.

Lembrei desta cena na sexta, 16. Entrou um rapaz com um acordeom no ônibus. Este não era cego, mas me despertou para algo inusitado. 
Como dito acima, já vi muito personagens vendendo coisas no buzu. Já vi pedintes. Presenciei necessitados. E outros que nem pareciam tanto. Só não tinha visto artista divulgar seu trabalho musical. 


"se aprumou na lateral 
de um dos assentos e passou a tocar"

“Gil do Arcordeon” é o nome dele. Não tinha jeito de artista. Parecia tímido e talvez até envergonhado do que estava fazendo. A voz era um pouco baixa. 

Anunciou que iria passar um CD e tocar um pouquinho. Não era obrigado ninguém ficar com o disco. O custo era de modestos R$ 2,00. Valia menos que a passagem (R$ 2,50).  

Depois o artista foi até o meio do ônibus, se aprumou na lateral de um dos assentos e passou a tocar. Tocou “brasileirinho” com seu acordeom.

O som do instrumento não estava muito agradável. Não sei se era algum defeito. Não sei se o acordeom, denunciado pelo seu aspecto velho, reclamava dos anos e das tocatas. Não sei se foram os meus ouvidos. 

Eu queria ouvir. Já o passageiro da fileira ao meu lado... “nem tchun”. Fone no ouvido, ele estava distraído e movimentava a cabeça levemente. O interesse era maior para o som que saia do seu aparelho. Pelo formato, parecia ser um Ipod. 

“Aí não pode!” O cidadão parece nem ter percebido o Gil. Este, fez uma brevíssima tocata de uma música só e logo se postou a recolher os CDs ou o dinheiro dos dispostos a “contribuir” com aquela participação. 

Eu vi um, vi dois, vi três devolverem o CD. Quando passou por mim, fiquei com um exemplar. Pelo conjunto da cena, achei por merecimento reconhecer. Logo, a moça ao meu lado também ficou com um. Depois a outra à minha frente. E na sequência outra pessoa lá adiante.


"o artista sentou-se 
nas primeiras cadeiras do ônibus"

Então o artista sentou-se nas primeiras cadeiras do ônibus. Estava sem idosos, gestantes ou outros a merecer o direto. Às suas costas, as marcas de suor nas tiras do instrumento criavam suspeitas. O labor já devia durar algum tempo. Deveria vir de bem antes daquele começo de tarde de sol escaldante depois de uma breve tempestade de verão.  

Enquanto ele esperava a próxima parada, para descer, subir noutro ônibus e exercitar novamente a sua verve, passei a olhar a capa do disco dele. 

Curioso. Ao fundo uma cena pastoril. Em primeiro plano uma sanfona, ao ar, sem tocador. A imagem, quem sabe, representa a situação de muitos cantadores como o Gil. Invisíveis do grande público, da grande mídia, das majors, do mundo... 

Para aumentar a sua “invisibilidade”, o Gil ainda parecer ser pré-internet. Na ficha técnica e nas outras informações na capa do disco não há sequer um endereço de e-mail. 


Capa do disco: 
Ao fundo uma cena pastoril. 
Em primeiro plano uma sanfona, ao ar, sem tocador.


Sem Palco MP3, Youtube, My Space, Facebook, Melody Box, Cloudy Sound, ou qualquer rede social do tipo, fica ainda mais complicado para o Gil aparecer no atual cenário da música, onde CD é apenas cartão de visita.

Imaginei quantos artistas na mesma situação dele não deve existir neste Brasil de meu Deus. Neste sertão nordestino. Santos guerreiros na eterna luta contra o dragão da maldade. O sonho de ter seu trabalho reconhecido e não mais serem vistos como pedintes. A quem cabe a ladainha: “compra pá majudá!”

Particularmente, eu não achei o som do Gil lá esta “coca cola toda”. Mas... se for em época de São João, tomando um licor, num bate coxa numa sala de reboco... possa crer que é uma trilha sonora maravilhosa. 
De qualquer sorte. Parabéns ao Gil. Pode ser que não seja bom artista. Pode ser que não seja bom camelô. Mas mostrou-se um cara de atitude.

Ei Supresa!!!! 

Quando estava fechando o texto, por curiosidade, resolvi colocar o nome de Gil do Acordeon no Google. E não é que me deparei com um site do cara. E lá tem link para várias redes sociais. 

Percebi que deve ser algo recente. Afinal ele continua um pouco invisível. No momento dessta postagem, ele só tem um amgio no Face. Dois seguidores no Twiiter. E ainda nenhum vídeo no Youtube, mas já tá na net. Acho que ninguém mais quer ficar de fora dela.  


- Visite o site de Gil –

12.3.12

“A CHAMA DA ATENÇÃO”


Texto de Emerson Nogueira - Mersinho 

A madrugada do dia 29 de fevereiro de 2012 foi terrível, algo queimava meu juízo ao ponto de não deixar-me dormir.  Insônia, desconforto, preocupação, não sei bem, mas a cena vista dias atrás buliu a consciência. 

Numa manhã de domingo viajei e no trajeto uma “visagem” chamou-me atenção. Embora estivesse a quilômetros da ocorrência, pude observar que não era uma simples queimada. A fumaça misturava-se às nuvens deixando uma cicatriz no horizonte, rapidamente pensei nas arvores e animais perdendo a vida. 

"A fumaça misturava-se às nuvens 
deixando uma cicatriz no horizonte"

Não sou ativista, mais se tem uma coisa que me deixa chateado é agressão a natureza. Após uma parada desci e tentei registrar aquele episodio, mas o “calibre” não alcançava tal destruição. Tirei algumas fotos porem só uma ficou razoável, parecia que a câmera se recusou a dar qualidade à infeliz imagem. 

Talvez tenha sido um acidente, alguém colocou fogo com um objetivo e ele se propagou “o vento levou”, mas a realidade é quase cotidiana e vista quase sempre em áreas rurais. Tentei compreender um pouco a motivação deste tipo de ação. Conversei com alguns experientes amigos da roça onde me disseram que a prática é antiga e na maioria das vezes a criação de gado é um dos principais fatores. 

Embora o tema seja diariamente discutido em todo planeta parece que os nossos ouvidos precisam de atendimento otorrino, “uma lavagem”. Dentro desse contexto nos acostumamos vê as coisas de fora. Irará não foge a realidade e assim como em toda parte do nosso imenso Brasil vem sofrendo com a destruição do seu Patrimônio Natural. O crescimento deveria moldar-se na sustentabilidade, no entanto mudar essa cultura secular não é tão simples. 

Associei alguns momentos de vivencia e alguns fatos que nos coloca a todo instante nesta temática. Lembrei das historias relatadas por meu avô Januário quando me contava aspectos geográficos da região principalmente da nossa bacia hidrográfica. O Velho me disse que nossos Rios e Riachos ainda não acabaram definitivamente por conta da mão de Deus. O desmatamento das margens é a gota d’água. Jilú sempre me diz: “Meu filho o olho d’água não quer vê o olho do sol”. Outro dia exemplificou dizendo: “Fique meio dia olhando sem parar para o sol pra vê se você agüenta”. São simples frases mas que estão relacionadas aos acontecimentos. 

Jilú: “Meu filho o olho d’água não quer vê o olho do sol”


A preservação das nascentes em toda sua extensão já seria um recomeço. Outros caminhos devem ser estudados, preservar muitas vezes se resume a apenas não interferir. Meu avô tem apenas uma pequena propriedade, mas sempre manteve um pedacinho de Mata, segundo ele é bastante útil não só para os animais que “precisam se esconder”, mas para utilização da mesma. 

Outro dia uma observação me fez refletir. Fui à casa do meu pai e lá reparei algumas gaiolas com pássaros e falei: “porque o senhor não solta esses passarinhos?”. A resposta foi imediata: “Não, se soltar vão caçar e matar tudo, eles não deixam nada”. A resposta um tanto contraditória levara-me a crer que no pensamento dele os passarinhos estavam mais bem protegidos presos. Recordei de alguns relatos de que meu pai gostava de mato e era um caçador. Fiquei pensativo, em seguida vi o meu pequeno irmão nos braços da mãe, ali estava o futuro.  

A todo o momento nos deparamos com situações pertinentes ao assunto. É triste ver nas feiras a comercialização de pássaros. A quem goste de criar, é também uma questão de costume, mas deveria ter limites, ninguém gosta de viver atrás de grades. 

Tempos atrás me encantei com a labuta de algumas famílias que vinham de longe comercializar Mangaba na Feira de Irará. Passei a conhecer o modo de vida de algumas que apresentavam características Quilombolas e têm na extração da Mangaba um complemento na renda. Chamou-me a atenção quando me relataram a luta para conseguir a fruta e que a extração estava cada vez mais escassa, pois estavam acabando com as arvores de Mangabeira para dar lugar à plantação de Eucaliptos nas Regiões de Água Fria e Ouriçangas. Assim o velho ditado “vestir um santo e descobrir outro” parece ser o caminho para alguns. 


"a labuta de algumas famílias 
que vinham de longe comercializar Mangaba 
na Feira de Irará"

De toda sorte é certo que a Mãe Natureza necessita ter mais filhos e para isso temos que fazer a nossa parte. É preciso participar mais, o dialogo talvez seja a melhor escolha. As próximas gerações devem ser preparadas, a Família e a Escola terão papel fundamental nas mudanças neste mundo de regeneração.

Mercinho, 09/03/2012

GALERIA

NATUREZA DE IRARÁ - IMAGENS DE EMERSON NOGUEIRA - MERSINHO: