30.5.12

VEJA! Não leia Cara Amiga.


Não quero opinar quem fala a verdade nas afirmações do ministro, Gilmar Mendes, e do ex-presidente, Lula. Talvez os dois. Talvez nenhum. Apenas, pondero aqui uma rápida consideração motivada por uma cena, na qual fui interpelado a comentar sobre o assunto em questão.

27 de Maio, Aniversário de Emancipação Política de Irará, 170 anos... de rombo. Sim, mas a data cívica não está discussão aqui. É só pra situar onde eu estava. Praça Pedro Nogueira, fotografando estandes do evento para o Portal Iraraense. 

De repente, uma distinta senhora amiga minha, pessoa a qual tenho estima e consideração, interpelou-me, mais ou menos desta maneira: 


-- Já viu a Veja desta semana!?. Tá tudo lá. Vergonha. O que a turma do Lula faz. Eu vou comprar a revista. 

Como ainda não tinha visto a Veja da semana, nem tive como tecer maiores comentários. Entretanto, me preocupou a empolgação com que a interlocutora citou a revista. Era como se nas páginas da publicação estivesse a última verdade do universo. 

Preocupação. Ainda existe muita gente boa por aí que pensa que a Veja detém a mesma reputação e credibilidade de décadas atrás. Dos tempos em que o Mino Carta estava por lá.

Parece não saber que a semanal dos Civitas virou a #vejabandida. Talvez nem queiram. E seguem consumindo as “maracutaias jornalísticas” da Veja, pensando estarem bem informadas, críticas e conscientes. 

À noite soube pelo noticiário do que se tratava o fato pelo qual fui interpelado pela manhã. Tava na Veja. O ministro Gilmar Mendes havia afirmado ter recebido um pedido de Lula para adiar o julgamento do “mensalão”. 

A primeira coisa que me veio à mente foi: “Lula nomeou 09 ministros para o Supremo e foi fazer um pedido destes logo a um ministro nomeado por FHC?”. Como diria minha tia: “Tá doidho!”. 

Na sequencia da reportagem, ouvi falar que a proposta teria sido oferecida em troca de apoio da base governista de aliviar a barra de Gilmar na CPI do Cachoeira. 

Ah! Se é assim, então é o ministro, o qual já foi chamado de coronel, o acusado de ter algum envolvimento na “lama do Cachoeira”, como batizou aquela minha amiga. “E apois!” 

Como disse no inicio não quero julgar ninguém. Muito menos quero defender Lula, o PT ou quem quer que seja. Mas, algumas coisas me intrigam. 

Porque o mensalão do PT, de R$ 30 mil, ofende mais à mídia gorda e tanta gente boa, como esta minha amiga, do que o mensalazão da reeleição de R$ 200 mil? 

Porque aqueles poucos (sic) dólares numa cueca, ofendem mais do que o escândalo da desvalorização da moeda e os mais de R$ 1 Bilhão envolvido? 

Porque as atrapalhadas de alguns aloprados e o consumo dos cartões de crédito corporativos, parece ter ofendido mais do que toda a “privataria tucana”?  

Fico imaginando que Tom Zé tem razão. “Se rouba R$ 1,00 é moleque; rouba R$ 10, promovido a ladrão; se rouba R$ 100,00 já passou de Doutor... se rouba R$ 80 Milhões é a diplomacia internacional”. “O tamanho do roubo faz a honra do ladrão”. 

Talvez por isso, alguns são chamados de canalhas e outros de doutores. 
Volto a dizer que um roubo não justifica o outro. Mas não podemos celebrar o sujo e condenar o mau lavado. 

Pra finalizar. Sobre o caso Gilmar X Lula, concordo com o comentário de Ricardo Boechat feito terça, 29, na Band News (ouça no player abaixo). 

E na próxima vez que encontrar a minha amiga direi pra ela. “Veja, não leia!”. Tenho que alerta-la que este tipo de publicação é não é pra fazer nem como o  faz o personagem Chaves, quando afirma que: "Eu só leio as figuras”.


24.5.12

Que tipo de profissional sou eu?


Uma cena vista há dois dias, me provocou algumas reflexões sobre o meu exercício profissional. Aqui na rua, próximo à minha casa, tinha uma aglomeração de pessoas. 

“O que aconteceu?” 

“O portão do deposito da loja de material de construção caiu em cima do rapaz”. 

A multidão vai aumentando. Vou em direção ao local do acontecido. Tenho algumas preocupações. 

“Será que alguém ali já chamou a ambulância?”. 

“Será que estão conscientes de que não podem socorrer o rapaz de qualquer maneira? Afinal, se pegarem a vítima de mau jeito pode comprometer a coluna vertebral ou outro órgão.” 

Chego próximo ao local. O portão já foi retirado. A vítima está ao chão. Logo escuto alguém falar do ocorrido. “Caiu em cima da perna dele”. E outro alguém fazer uma afirmação. “A ambulância já esta a caminho”. 

Saí. Não havia nada que eu pudesse fazer ali. Se permanecesse, seria apenas mais um a tumultuar a cena.  

Não demorou quase nada, a assistência chegou, o rapaz foi removido e a aglomeração de pessoas se dissipou. Tão rápido como havia sido formada.

Depois lembrei-me do fato. “Dava notícia!”. E a notícia poderia ser veiculada pelo Iraraense (Portal da Internet criado por mim). 

E eu tava ali de celular no bolso, mas não registrei, não fotografei, não filmei... tão pouco procurei informações mais aprofundadas. 

Antes, preocupei-me com o estado de saúde do rapaz. Quando lembrei da possibilidade de  registrar, a cena havia sido desfeita. Perdi a notícia. E aí me veio uma pergunta: 

“Que tipo de jornalista sou eu?” 

Depois comprovei a força de noticiabilidade do caso do portão, quando alguns me perguntaram o que havia ocorrido alí. 

Se o fato tivesse virado notícia do Iraraense, talvez tantos outros, quem sabe até numa quantidade de pessoas bem maior do que aquela dos perguntantes e dos aglomerados envolta, tivesse se interessado e acessado a notícia. 

Esta, assim como outros tipos de “notícia”, faria crescer a audiência do site. E com maior audiência, pela lógica mercantil, seria mais fácil conseguir parceiros para manter o veículo. 

Daí surge outra pergunta: 

“Que tipo de empreendedor da comunicação sou eu?”

Logo se vê. Sou um Roberto. Mas, pela lógica do mundo, longe de ter o sucesso profissional de um Civita ou um Marinho.  

17.5.12

A audiência e os acidentes


Ao que parece o comercial da TV Bandeirantes, anunciando as 500 Milhas de Indianápolis da Formula Indy, quer transmitir emoção. Filme de ação. Agitação tipo: “Nitroglicerina Pura!”. 


A música de fundo é o velho rock and roll; dos mais acelerados, vale dizer. É rapidez no som. É velocidade total nos carros das imagens. Takes curtos. Muito movimento. 


A quase totalidade das cenas mostram acidentes na Indy. Carros batendo forte, capotando, se “esbagaçando todo”. Aquilo que alguém chamaria de “um show de imagens”. 


“The show must go on”. Mas perde a graça quando se lembra de que ali é realidade. Não é ficção. São vidas humanas expostas a traumas, mesmo quando as sequelas não ultrapassarem os leves arranhões, ou ao fim. 


Os acidentes não deveriam ser “vangloriados” em um comercial. Todavia, quem sabe, a emissora acredite que os seus telespectadores assistam as corridas torcendo por aqueles “acidentes espetaculares” à espera de “emoção”. O pior é que (não é Pepsi mas) “pode ser” isto mesmo. Não duvide deles terem até pesquisas em mãos. 


Obs: O comercial está no ar na TV. Procurei por ele  pra linkar ou colocar aqui e não encontrei. Quando eu encontra, atualizo a notícia. Abs! 

13.5.12

Irará 170, de rombo!


Assustam as notícias sobre violência em Irará. Os fatos policiais noticiados pelo Blog do Tavares e pela Rádio Comunitária Irará FM, reproduzidos pelo Portal Iraraense, tem surpreendido. O cenário era desconhecido por muitos. 

Mortes, assaltos em plena luz do dia, tentativas de homicídios, espancamentos, arrombamentos, etc. Isto tudo tem acontecido em nosso município. E o pior é que estas ocorrências começam a ficar frequentes. 

A frequência dos atos de violência provoca o receio dos mesmos começarem a serem vistos como banais. E quando eles não mais assustarem, a situação tende a piorar. Banalizado, o mal terá mais facilidade de se espalhar e perpetuar-se. 

O enfrentamento do problema é a medida mais adequada para evitar a banalização. E para tanto, seriam necessárias ações a curto, médio e longo prazo. 

Um bom começo poderia ser a discussão do assunto. Procurar entender o porquê de tanta violência em Irará. 

Quais seriam as causas? Sempre foi assim, mas só agora a mídia está mostrando isso? É a falta de estrutura dada às polícias (Civil e Militar) para coibir a violência? É a omissão dos poderes constituídos? É o caos social e cultural vivido pelo município? Ou é tudo isso e mais um pouco?

Um município que desconhece seus índices, não discute sobre a sua realidade. Se não discute, não pensa. E sem pensamento, planejamento e gestão não se chega a soluções eficazes. 

Talvez não haja mesmo interesse no pensamento. Afinal, como nos lembra uma canção do nosso conterrâneo Tom Zé, “pensar é uma afronta”. 

Agora em maio, deste 2012, Irará faz 170 anos de emancipação política. Se fosse um bingo o cantador gritaria: “De rombo!”. Rombo sociocultural.

7.5.12

Modernização da Biblioteca de Irará: A semente germinou


Mesmo afastado do “jardim público”, fico feliz com a notícia. Pelo que vejo, mais uma das sementes que lá plantamos germinou. Falo do projeto de Modernização da Biblioteca Pública de Irará.  


Através deste projeto, elaborado e enviado à Fundação Pedro Calmon (Governo do Estado), por nossa iniciativa, quando estávamos à frente do Departamento Municipal de Cultura, a biblioteca pública de Irará vai receber móveis, mais de mil volumes em livros e outros acessórios. 


Em maio de 2009, noticiamos o começo desta luta no “Boletim Cultura Pra Toda Gente”.  Através daquele informativo, divulgado via internet, publicávamos as ações do Departamento de Cultura da Prefeitura de Irará. Uma nota na edição daquele mês dizia: 


“O Diretor Roberto Martins esteve reunido na Fundação Pedro Calmon em Salvador, com os dirigentes de Bibliotecas Públicas e de Arquivos Públicos do Estado. Na reunião foram tratadas de parcerias para a re-ativação do Arquivo Público do Município e para a modernização e organização da Biblioteca Pública Municipal.” 


Pois sim. A reunião mencionada foi só começo. Depois vieram elaboração e proposição de projetos, outras reuniões, sugestões e encaminhamentos. E foram vários telefonemas também. Até para o Ministério da Cultura em Brasília ligamos, em busca de informações de como estava o andamento do projeto a ser contemplado pelo programa Mais Cultura. 


Quando sai do Departamento, mencionei a ação em relatório de atividades, entregue ao Prefeito Derivaldo Pinto: 


“Envio do Projeto para integração no Programa de Modernização de Bibliotecas (Minc/Secult) que prevê aumento do acervo e novos mobiliários (segundo informações de funcionária do Minc a Biblioteca de Irará foi incorporada à lista das beneficiadas e será contemplada);”


Pois então, fiquei feliz em ver a notícia e de confirmar o nome de Irará na lista. É gratificante ver que mais esta semente, entre as que plantamos naquela breve chuva em que passamos no Jardim do Departamento de Cultura, germinou. Lamentável é lembrar que se o “tempo” tivesse ajudado teríamos germinado muitas outras flores e frutos. 


Agora, nos resta torcer para que o projeto seja devidamente executado, inclusive com a implantação da Biblioteca Itinerante e as atividades de leitura na zona rural.   


#PS: No dia 27 de Maio, em pronunciamento público, o Prefeito Derivaldo Pinto assinou o convênio do projeto de Modernização. O prefeito falou da importância da leitura e do convênio, mas em momento algum citou que o mesmo foi conseguido em 2009, quando estávamos à frente do Departamento. Deve ter esquecido. 


OBS: Esse texto foi atualizado e reescrito em 03/06/2012, com adaptações estritamente fieis ao conteúdo original (publicado em 07/05/2012), mudando apenas o formato e acrescentando algumas informações como o PS.