7.12.13

O teatro e o faz-de-conta

Durante muito tempo desejei e imaginei que as situações e acontecimentos fossem vistos e descritos como são. Ledo engano. As pessoas gostam mais do que “parece ser”. Fogem do que “é”. 

Agora eu sei um dos motivos do meu fascínio pelo teatro. O teatro, para usar um termo dito por Cazuza em uma canção, é uma “mentira sincera”. E as “mentiras sinceras” também me interessam. 

O teatro não falseia, falseando. Ele se apresenta, logo de cara, como uma “encenação”. Fica implícito, como em um acordo tácito com o espectador, que ali não está o que é real. 

No entanto, através da verossimilhança, o teatro nos mostra uma realidade óbvia. E que, por tão, mais tão, visível, estava oculta. 

A arte teatral denuncia a hipocrisia humana. Desmascara os jogos de cena. 

Muitos costumam ir ao teatro para rir ou chorar da própria miséria. Outros tantos o freqüentam porque desejam apurar o olhar crítico para com a realidade. 

O teatro do qual falei até aqui é o artístico. Ele é bem diferente do teatro do dia-a-dia. 

O teatro do cotidiano é o faz-de-conta. Pessoas simulam situações, se fazem de personagens, vestem fantasias hipotéticas, entre tantos outros artifícios, na intenção de “parecer ser”.

Vale de tudo. O desejo é não ficar de fora do grupo social. Não parecer em desvantagem, com relação ao outro. Se apresentar como superior.  Torna-se uma pessoa a ser invejada, copiada, admirada. 

E neste contexto, as redes sociais, principalmente o Facebook (a mais usada entre os brasileiros) são o paraíso na terra. 

Com isto, potencializa-se uma sociedade doente pelo consumismo e as aparências. Vive-se um ciclo vicioso. Tal e qual é apresentado no filme “Beleza Americana”, cujo desfecho mostra justamente a condenação de quem quis se rebelar contra esse mal. 

Precisamos de mais reflexão e menos fantasia. Mais teatro e menos faz-de-conta. 

Triste do local, onde não se faz e nem se assisti teatro.

2.12.13

CHAMA O DR.

Texto escrito por  EMERSON NOGUEIRA - MERSINHO 

Mestre Januário no seu cantinho habitual  

Nos altos dos seus 92 o velho Januário precisou de um reparo. Foi quando Juvam da Pisadinha gritou: chama o Dr rapaz.  

- Já o levei duas vezes essa semana no hospital e passaram medicamentos. 

- Que nada, esses médico novo, hum..humm...

Era final da tarde de domingo 27/10/2013. Chegando ao antigo casarão bati algumas palmas.... Logo o Dr. abriu a porta, então apresentei-me e fiz questão de desculpar-me pelo incômodo. Fui tão cauteloso que não deixava nem o Dr. falar. Foi quando respondeu sorrindo: 

- Para, para, para não precisa de discurso, eu não to mais fazendo esse tipo de atendimento, mais como é Mestre Januário vou abrir uma exceção”.

Naquele momento percebi a conhecida irreverência do grande cidadão Iraraense. Mandou-me esperar enquanto preparava a maleta. Eu não estava sozinho, os amigos Roberto Aranha e Emerson estavam de prontidão para dar aquele necessário tombo.

Chegando a roça lembrei-o dos tempos de chegança naquele terreiro. O velho deu um breve sorriso. Fomos até o quarto onde os amigos se reencontraram. Tiveram uma pequena prosa, daí fiquei a observar o andamento da consulta.


Encontro entre Dr. Deraldo e Mestre Januário 

Foram muitas perguntas, até que Mestre Jilú disse ao Dr. que achava que tava era de “olhado”.  O Dr. pensou alguns segundos e revelou mais uma nota do seu rico repertório. Disse que sabia rezar olhado e perguntou se ele tinha fé. Logo pediu umas folhas de vassourinha e começou a rezar. Ao lado botei a mão no bolso e vi que também tinha um bom instrumento para orquestrar. Foram alguns minutos inesquecíveis. 

Dr. Deraldo reza Mestre Januario 

No outro dia o velho levantou. Já sentado em seu habitual cantinho, perguntei como ele estava. Respondeu: “ tô aqui teimando”. Neste momento observei uma cena que refletia a continuação. Muitas vezes há de haver um fim, mas haverá sempre um recomeço. O velho e o novo estavam em movimentos parecidos. Que estejamos preparados para um novo amanhecer, e que jamais há de esquecermos o mais velho dos doutores, o Deus da vida.


O velho e o novo, Januario e seu bisneto Cauã


Veja o Vídeo de Dr. Deraldo rezando o Mestre Januário 





Mercinho, 02/12/2013

6.11.13

Dia D Drummond...

Carlos Drummond de Andrade, “poeta que cantou o amor, denunciou a miséria, chorou a crueldade humana. Ao mesmo tempo realista, moderno e lírico”. Conforme noticia do Blog “Bula Revista”, do Portal R7, Drummond “ganhou o Dia D, inspirado no Bloomsday, o dia dedicado ao escritor irlandês James Joyce. A data, 31 de outubro, aniversário do poeta [nascido em 31/10/1902 – falecido em 17/08/1987], é comemorado no Brasil e em Portugal. 

Abaixo dois poemas de Drummond:         

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

10.10.13

Deixai vir a criancinha de dentro de ti

Já ouvi dizer que toda criança é egocêntrica.  Por isso, ela pensa ser o centro do universo, imaginando-se a razão do existir de tudo à sua volta. 

Não sei se de fato toda criança pensa assim. Só lembro que no meu tempo de infância, pensava que ao menos uma coisa nós tínhamos para chamar de nossa. Um feriado. 

Depois, antes mesmo de ficar adulto, ainda pré-adolescente, descobri que o descanso do  “12 de Outubro” não era por razão das crianças, mas sim por uma santa. Era mais um feriado católico. 

A proximidade da data me trouxe esta lembrança e uma reflexão: Que importância tem crianças em um mundo governado por adultos? 

Elas são cada vez mais tratadas como “adultos em miniaturas”. “Bota a maquiagem”; “diz quem é a tua namoradinha”; “pinta e bota roupinha sexy”. Em geral, acham-se tudo muito lindo. Tendemos a gostar de miniaturas; tem gente que coleciona. 

Até mesmo como público reduziu-se os espaços para as crianças. Minguaram os programas de TV direcionados para os infantis. Já não ouvimos mais grupos musicais de meninos e/ou meninas como no passado. 

Restam-lhes os programas e as músicas “adultas”. E como o HD dos pequeninos tem bastante espaço livre, “aprendem rapidinho”. Há quem ache graça.

Estamos “adulterando” as crianças, quando deveríamos “infantilizar” um pouco mais os adultos.
E “infantilizar” não quer dizer “abobá-los”. Longe disso. É torná-los mais infantis, para serem mais sinceros, puros, alegres, irreverentes, generosos...

Gonzaguinha nos disse que “fica com a pureza das respostas das crianças”, porque é bonita, e é bonita, é bonita. Cazuza nos perguntou se já tínhamos reparado “na inocência cruel das criancinhas”, porque elas “advinham tudo” e “sabem que a vida é bela”. E lá nos fins dos anos 1970, Roberto Ribeiro cantava que “todo menino é um Rei”. 

E menino é Rei que desafia Rei. Lembrem-se da fábula. O menino não teve pudores de anunciar que o rei estava nú. Antes, todos já tinham percebido, mas ninguém tivera coragem de denunciar o despimento da majestade. 

Neste ano de 2013, o livro O Pequeno Príncipe, do francês Saint-Exupéry, completa 70 anos de lançamento. Este Best Seller da literatura mundial traz uma reflexão, através dos sonhos e questionamentos de uma criança, nos mostrando a valorosa importância de coisas simples, as quais deixamos de lado quando nos tornamos adultos. 

Jesus Cristo pediu que deixasse ir até ele as criancinhas. E é isto que todos devem fazer. Ao invés de sufocar, deixai vir à tona a criança que há dentro de si. 

19.8.13

Torcedores organizam “selinhozaço” em apoio a Emerson Sheik – “Quem apóia e elogia, participa!”*

Enquanto muitos torcedores do Corinthians protestam contra o jogador Emerson Sheik, por ter postado uma fotodando um selinho em um amigo, cresce também o número dos que apóiam a atitude do corinthiano. De acordo informou um líder de torcida, que pediu para não ser identificado, o gesto de apoio será massivo e virá de torcedores de vários clubes do país. Segundo o referido líder, em apoio ao Sheik, os torcedores já organizam um grande “selinhozaço” nas redes sociais. A ação, prevista para acontecer no próximo sábado, 24, consiste na postagem de fotos de homens dando selinhos em amigos e/ou namorados. “Não importa se você é homo, não importa se você é hetero, quem apóia e elogia a atitude do Sheik, participa. Porque apoio se mostra com atitude e não só com palavras”, declarou o torcedor, convicto de que agora, as redes sociais vão “pipocar” de homens dando selinho.  


*Isso é quase um Piauí Herald 

16.7.13

Confere! Conferência.

Confere, Confere, Confere... Conferência! Lembra bingo. Um monte de gente acompanhando, marcando e conferindo, sob o sol, no chão da praça. De cima do palanque, alguns conduzem o evento, para apenas uns poucos ganharem os prêmios. Conferências seriam mais válidas se fossem “deliberativas”. Quando o que lá é decidido tem força de Lei. E a gestão pública é obrigada a cumprir sob a vigilância da justiça. Enquanto a Conferência for apenas “Consultiva” não é de maior valia o seu significado. É colheita de opiniões. Às quais serão executadas, ou não, a bel prazer do gestor em exercício. Há muitos exemplos. E o povão segue na praça fazendo número, marcando a pedra cantada por quem tem o microfone e a situação nas mãos. E ainda por cima, validando o sistema, balançando a cabeça e repetindo: “confere, confere, confere!”.

10.7.13

Quase sempre, quase nada muda. E o vislumbre de esperança: Mais 02 de julho e menos 07 de setembro

02 Julho de 1823. Nasce o sol, “com brilho maior que no primeiro”. Finalmente, os portugueses foram expulsos. Os bravos braços do povo baiano foram decisivos para concretizar a independência do Brasil.

A emancipação brasileira havia sido declarada no ano anterior, ao 07 de setembro, com um “único grito”. Os historiadores e suas pesquisas nos ensinam. Um arranjo. E a soberania do Brasil nascia (sic) pagando indenização ao colonizador.

Do alto de seu trono bonachão, D. João, certamente orientado por assessores, teria sentido os ares da mudança e profetizou. “Se tem de ser alguém, que sejas tu meu filho”.

De tal sorte, D. Pedro I assumiu o império brasileiro e o país continuou sendo 
governado pela mesma família real que aqui mandava durante a monarquia. Mudança pouca.

Os ventos libertários, ocorridos em outras partes do globo e percebidos pelo clã de Orleans e Bragança, tiveram como inspiração a consagrada Revolução Francesa. Lá, a história demonstra uma situação um pouco mais diferenciada. O rei caiu e cabeças rolaram.

No entanto, não demorou muito e a “revolução” pareceu se adequar ao status quo. O revolucionário Robespierre guilhotinou companheiros. Eram os reflexos de outra classe social no comando. Ao invés da realeza, a burguesia.

E assim seguiu-se a história no mesmo ritmo anterior. Dominantes e dominados. Quase “tudo como dantes, no quartel de Abrantes”.

Exemplos, não faltam na trajetória humana e brasileira. O povo pediu para crucificar Cristo e libertar Barrabás.  Foi um “Marechal” quem proclamou a República do Brasil. Trosky foi assassinado no México, a mando do companheiro Stalin. E Júlio César perguntou: “até tu Brutus?”.

No Brasil pós Regime Militar (1964-1985), o mesmo modus operandi. Ainda com a Ditadura na UTI, os arranjos políticos já sinalizavam. Evidenciou-se depois, diante da morte de Tancredo e ascensão de Sarney à presidência.

O Tancredo eleito indiretamente era o mesmo que personificou o “parlamentarismo arranjado” em 1963, para evitar a posse integral de Jango. 

Já o Sarney, hoje no PMDB (partido que desde 1985 é base de apoio ao governo federal seja ele de que lado for), assim como muitos dos seus, era recém oriundo da ARENA (Aliança Revolucionária Nacional).

A expressão “Revolucionária” da sigla testifica que aquela agremiação política, de laços tão próximos com o primeiro presidente civil pós golpe de 1964, tinha sido o partido de apoio aos governos militares. Esta era a cara da Nova República que já nascia velha.

Aqui no nosso Irará a história não é lá muito diferente. Uma geração inteira assistiu a alternância dos mesmos no poder. A ponto de uma campanha eleitoral derrotada na época usar como slogan uma espécie de desabafo: “Chega de Repeteco!”.

Enquanto isso, outros gritavam “Renova Irará!”. Parecia um desejo novo, uma vontade diferente. Ao invés de uma única família, um único grupo, sobre as ordens de um único chefe, a proposta de um governo de parceria com o povo. Experiência frustrada e a volta dos mesmos.  

No Irará de agora, os três “mosqueteiros”, que propagavam o “renovar”, junto de outros que se proclamavam diferentes dos “renovadores” e dos “conservadores”, são a linha de frente do governo da cidade.

“E o que temos pra hoje?”. Titulares de cargos de confiança daquela época, para a qual se pedia renovação, ocupam os mesmos cargos estratégicos na gestão de agora. E até mesmo “o chefe” de antes, contra o qual os “renovadores” pregavam, faz parte do governo de hoje e se diz apoio político ao executivo. É mais do mesmo.

Em um grupo no Facebook, criado para discutir política de Irará, o qual conta com mais 2,5 mil pessoas cadastradas, Danilo Pires nos lembrou o dito do final do filmeTropa de Elite 02 - O inimigo agora é outro”:

“O sistema entrega a mão pra salvar o braço. O sistema se reorganiza, articula novos interesses, cria novas lideranças. Enquanto as condições de existência do sistema estiverem aí, ele vai existir”.

E vem existindo há muito tempo. Na Roma antiga, na França pós-revolucionária, no Brasil Independente, em Irará, em todo lugar. “Eles têm vencido e o sinal tem ficado fechado para nós que somos jovens”.   

Ao longo da história, têm sido assim. Quase sempre, quase nada muda. O surpreendente é que, mesmo com este histórico, mesmo diante de tantas experiências, toda vez que assistimos o povo tomar as ruas, as esperanças renascem. E mesmo sendo “Cowboy Fora da Lei” vislumbramos perspectivas de que seremos mais 02 de julho e menos 07 de setembro.  

7.6.13

Alô juventude! O conhecimento os levará à verdade e “a verdade os libertará”

Por algumas oportunidades professores me convidaram para fazer falas motivacionais em escolas públicas. A intenção é sempre a mesma. Levar uma palavra de esperança aos jovens, quase sempre descrentes no futuro. 

Hoje, embora o país tenha notoriamente mais oportunidades do que em um passado não muito distante, grande parcela da juventude segue sem motivação. Talvez por desesperança, quem sabe por falta de perspectivas, ou ainda possivelmente, por pressa. 

É notório que a rapaziada de hoje não vive o tempo dos jovens de outrora. A hora continua tendo sessenta minutos. Os minutos, por sua vez, sessenta segundos. No entanto, observamos que “o tempo de hoje corre mais rápido”.

Se a juventude de outras épocas esperavam cartas de amor. Daquelas que demorariam horas intermináveis para chegar através um colega de escola, ou então em dias ou em semanas, via correios. A molecada de hoje se corresponde em instantes. Estão aí os celulares e as redes sociais da internet. 

Por isso, para muitos destes jovens, é difícil vislumbrar o “distante” tempo do futuro. É “tudo ao mesmo tempo, agora”, como na canção dos Titãs. Para eles, mesmo que o amanhã possa está ali no virar da esquina, demora muito pensar ou esperar por ele. Vale viver o agora. 

De tal maneira, para mim, conversar com estes jovens de hoje, dizendo que o estudo é importante porque lhes trará benefícios amanhã, não é a maneira mais eficiente de seduzi-los. 

O propalado e batido “estude para um dia ser alguém na vida”, já “não cola” mais. Tão pouco, o incentivo ao estudo para se conseguir bens materiais no futuro. Como já dito, eles tem pressa. São do mundo do instantâneo. Nem todos pensam ou imaginam o futuro. 

Penso que a melhor maneira então, seria mostrar-lhes os benefícios que o estudo pode lhes proporcionar no presente. E, para mim, o maior deles é deixá-los “ispertos”. 

Parafraseando Raul Seixas, não posso entender como, em um mundo de tão fácil acesso ao conhecimento e a informação, exista muitas pessoas “aceitando a mentira”, sem esboçar qualquer dúvida ou questionamento. 

Milhares de pessoas vão a uma fila, criando tumulto, sacar um “bônus”, sem qualquer confirmação oficial da fonte pagadora de que o mesmo seria dado, só porque “ouviram falar”. 

Outros tantos retransmitem notícias falsas na internet, muitas delas sem cabimento algum, porque não possuem condições mínimas de analisar ou diferenciar um fato de um boato.

“Quem lhes garante de que vocês não estão sendo enganados?”. Pergunto aos jovens estudantes. Enganados pelas marcas, pela publicidade, pelas notícias, pelos políticos, pelas situações... 

Digo-lhes que o estudo é a proteção que eles têm de melhor. Um escudo, para lhes deixarem menos vulneráveis a tantas enganações do cotidiano de nossa vida social. E este benefício, eles já podem começar a usufruir imediatamente. Os outros, certamente, virão como conseqüência.

Importante lembrar, que não há nada de novo no que estou falando. Já é dito há muito tempo. Está, inclusive, na Bíblia! João 8:32: “e conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”. 

10.4.13

Diz que... “teve um caminhão aí vendendo galinha ôca”






Zé: O que? Um caminhão?? Galinha ôca??? Como assim????
Tonho:  ôca Zé, pura, vazia, sem nada dentro...

Z: Onde já se viu isso???
T – Aqui mermo, oxente!  

Z: Saí daí... que ninguém vai comprar uma galinha sem nada dentro, o povo só gosta é de frango com tudo dentro...
T: Né assim não Zé. O povo gosta é da vantagem. Diz que passou um caminhão anunciando, que era R$ 10 (Dez Real)...  Lá tinha um pacote tudo embalado, bunito, arrumado, com galinha congelada... Aí a turma caiu pra dentro...

Z: Dez real??? Sai daí Tonho. É ruim de acreditar.
T: Mais diz que foi...

Z: Ainda que fosse pelo preço, mas num é só o preço. Essas coisa tem regra, tem Lei, num se pode vender comida congelada assim de quarquer jeito no meio da rua não. Onde já se viu???  
T: Num sei se já se viu... Também num sei se tem Lei. Só sei que diz que o povo caiu pra dentro. O caminhão parou na praça e vendeu as galinha tudo rapidim...

Z: Imagino o resultado dessas galinha...
T: Diz que o resultado... é que quando o povo chegou em casa e abriu o pacote, se deu o sucedido...  Era tudo pôde... E o povo abrino, abrino e lá vai pé, lá vai pé... gurdura do sobrecu, carcaça... O povo só via o petho, achando que era petho, mas quando batia na bacia assim oh (toc, toc, toc) só tinha osso... o petho era fechado, mas era ôco, não tinha carne não...  Tiveram foi de dá pros cachorro...  

Z:  Mas... Tonho... foi verdade mermo que teve esse caminhão aí vendendo galinha ôca????
T: Diz que foi.  

PS - Tonho e Zé são personagens fictícios, que moram em algum lugar improvável, e vez em quando aparecem conversando sobre histórias difíceis de acontecer. 

Imagem meramente ilustrativa
   


24.3.13

Inferências sobre o Futsal do Paraguai e o Futsal “do Paraguai”


Assistia agora a pouco a um jogo de futsal Brasil X Paraguai. A partir dos uniformes das duas seleções fiz algumas inferências. Vislumbrei possíveis diferenças quanto aos níveis de organização e atenção ao esporte nos dois países.

A seleção paraguaia de futsal usa um uniforme, ao que parece, idêntico ao da seleção de futebol de campo daquele país. O escudo é o mesmo, o material esportivo é da Adidas e não há qualquer marca de patrocínio.

Enquanto isso, o padrão da seleção brasileira de futsal, difere totalmente do uniforme canarinho do futebol de campo.

A diferença está não tão somente no escudo, no modelo e no fato de ter distintos fabricantes de camisa (enquanto a deles é uma marca top a do Brasil é a Fila da... Itália), mas como também pela profusão de patrocinadores.

Correios, Banco do Brasil e Chevrolet, foram as três marcas que consegui identificar na camisa do escrete tupiniquim de Futsal (duas delas são estatais).

O que inferir daí?

Ao meu ver, no Paraguai o Futsal deve receber atenção da Federação de Futebol de lá. Eles devem ter uma federação de “Futebol” e não uma federação de “Futebol de Campo”, como temos aqui.

Também me parece que, ao julgar pelas minhas inferências, o Futsal Paraguaio necessita menos de “correr o pires” para sobreviver do que o brasileiro. Afinal, exibição de marcas de inúmeros patrocinadores nem sempre significa arrecadação de grandes fundos.  

A profusão de logos na camisa pode representar o estilo “cada um dá um pouquinho”, que é “pra ajudar”.

Sendo assim, imaginemos que a situação do Futsal em âmbito nacional, embora em proporções dessemelhantes, não difere muito da luta do professorWiliam César para organizar o Campeonato Iraraense. Aqui, costumamos ver uma profusão de patrocinadores e recursos em escassez.  

Dentro de quadra, nos brasileiros temos o melhor futsal do mundo. Uma seleção heptacampeã mundial, atual dona do título e bem situada no raking, com aproveitamento, ao contrário do que a  seleção de campo tem mostrado em tempos mais recentes, de dá inveja.

No entanto, os feitos dos jogadores “futsalisticos”, infelizmente não parecem refletir no desenvolvimento brasileiro do esporte.

Pelo que percebo, enquanto nossa qualidade esportiva é de primeira, a organização, atenção e apoio ao esporte, aqui no Brasil, são “do Paraguai”. Mas, tão “do Paraguai”, tão "do Paraguai”, que nem lá no Paraguai deve ser assim.   

PS – São tão somente inferências 

12.3.13

Conselho pra “gostosa”. Pense grande!


Um conselho para as “gostosas” que ficam o tempo todo querendo exibir seu “corpicho”.

Pensem que vocês podem ir além da geral dos amigos do Facebook. Quem sabe até chegar à capa de uma revista de grande circulação e ainda ganhar uma grana com isso?

Quer saber como?

Saca só:    

Esqueça os concursos de misses, os testes do sofá, as seletivas pra modelos ou qualquer coisa do tipo [ainda corre-se o risco de ser vítima de tráfico humano].

Deixe de lado todas as estratégias convencionais e... 

Arme um barraco!  

Mas, não é um barraco qualquer. Tente ser “A” protagonista de uma situação na grande mídia.

Não sei como, mas pense em algum alvoroço. Seja na política, no futebol, na rua. Pense em qualquer situação que gere mídia. Muita mídia. Envolva algum famoso. E... Pronto!

Fatalmente, a depender de quanto midiática for a situação, você nem precisa ser tão “gostosa” assim.  Com certeza vão surgir várias propostas, talvez até para pousar nua.

Recorra a sua memória e comprove que, por reincidências, no Brasil acontece desta forma.

Fizeram proposta pra fogueteira do Maracanã, para funcionária do Senado que vazou vídeo do celular, pra gandula do Botafogo e até para moça que tascou beijo no Fred do Fluminense, entre tantas outras.  

É simples assim. Estamos em terras brasileiras. Arme sua cena [uma grande cena] e o convite vai aparecer.

É claro que você corre o risco de “pagar o maior mico” do momento. Mas, ainda assim, o tiro saindo pela culatra você tem a grande chance de acertar o alvo com seus 15 minutos de fama.

Vai que o “mico” vire “meme” e você faça sucesso nas redes sociais???

E, a depender do tamanho do sucesso na rede, a revista pode até lhe chamar. Olha o alvo sendo atingido...

Então, arrisque-se. Pense grande.

Se não conseguir o alvo de uma grande revista de circulação nacional e entrevistas em programas de auditório, no mínimo, sua ação [ou fotos] terá vários “curtir”.

Ah! E se conseguir o grande objetivo, não se esqueça de me dá...  a comissão por ter passado a dica. 

Abraço! 





22.2.13

João Martins colore programa de TV


Por Roberto Martins
em abril de 2004 

O Programa de entrevista Gente.Com da TVE –Bahia, que foi ao ar às 23:30 de quarta 28 de abril,  teve um colorido especial. 

Como um dos entrevistados da edição, cujo tema foi "Artistas baianos que fazem sucesso lá fora", João Martins contou um pouco da sua trajetória no mundo das artes, para a entrevistadora Denny Fingergut. 

Num bloco todo dedicado a ele, o iraraense lembrou do seu passado, inspiração de sua obra; revelou projetos futuros, que pretende realizar em breve; e até contou como foi apelidado de "O poeta da Cor". 

O menino que gostava de contemplar o por do sol, ouvir o canto dos passarinhos e saborear as frutas da fazenda de seu avô, saiu de Irará aos vinte e sete anos para conquistar o mundo. 

"Eu já era artista e nem sabia", revela João Martins que antes de morar em Salvador desenvolveu um pouco de sua arte na terra natal, onde têm registrado marcas importantes, a exemplo do símbolo da gloriosa Filarmônica 25 de Dezembro. 

Todavia, nem tudo fora tão colorido na caminhada  do artista.  Antes de ser reconhecido, ele foi bilheteiro de cinema e bancário. Conforme atestou em seu depoimento, revelando ter convicção dos seus dotes artísticos desde cedo, mas precisava de garantias, pois ainda não era possível viver da arte. 

Quando acreditou  estar no momento certo, João foi para escola estudar, "por respeito a arte, porque não basta ter o Dom", justificou. 

Foi em seus estudos artísticos que João Martins encontrou a obra de Floriano, seu mestre, em quem o trabalho dele se inspira e pessoa que o batizou com a alcunha de "Poeta da Cor", nascida numa exposição com o título de "Poesia das Cores". 

Apelido merecido, não só pela exuberância de cores em sua obra, mas também porque o artista escreve e expõe poesias, as quais, servem de roteiro para quem deseja "viajar" em suas telas. 

Poeta e pintor, este iraraense que já conta pouco mais de 40 anos e pai de três filhos, tem a honra de já ter visto suas poesias e pinturas publicadas numa série de cartões telefônicos da Telemar e de ter exposto os seus trabalhos na cidade de Milão na Itália. 

"Exagerei nas cores, e fiz de propósito, queria mostrar aos europeus as frutas brasileiras. As mais bonitas e mais gostosas do mundo". Diz Martins, com o bairrismo típico de quem é iraraense e não esquece as suas raízes.

Dentre as muitas lembranças de Irará marcantes nas pinturas de João, uma ave tem lugar cativo. Perguntado sobre esta freqüência, ele respondeu tratar-se de um pássaro de nome "sofrer", o qual ele via sempre na casa de Tonho de Neca, seu sogro, em Irará. Nomeado de Inácio, o passarinho  tem trazido sorte ao artista, que busca além da natureza, outras inspirações na sua terra de origem. 

Situada entre o recôncavo e o sertão, Irará possui diversas manifestações culturais, mas é na arquitetura que o pintor vai colher inspiração para o seu mais novo projeto. 

"Uma cidade antiga, com casarões lindos que estão sendo destruídos", lamenta. Entretanto, para não ficar só no lamento,  João Martins está registrando a imagem daquelas edificações nas suas pinturas, através de um projeto chamado "Igrejas e Casarões", idealizado por um amigo chamado Edson, "um empresário sensível a arte", nas palavras do pintor.

Durante o programa foram exibidas imagens das obras e dos cartões telefônicos com a arte de João. Ao final, ele se despediu com a graça e cordialidade que lhe são típicas. 

Assim um artista das cores e das palavras, levou um "colorido" a mais para um programa televisivo e este que vos escreve, já não via mais em sua frente um modesto monitor de TV 14 polegadas, mas sim uma obra artística, como se fosse uma tela exposta na parede da sala.

15.1.13

O passeio de Tom Zé em Irará


Publicação original em 04/12/2009 site da Lupa Digital 

Feira da Mandioca de Irará teve show de Tom Zé

Como diz a citação de Tolstoi, Tom Zé “tornou-se universal cantando a sua aldeia”. Ele não se cansa de mencionar as suas origens e, assim, tornou-se o principal garoto propaganda de sua terra natal, Irará.

A maioria da população iraraense, por sua vez, não conhece a obra de Tom Zé. Ainda há os que o criticam devido certo distanciamento presencial de Tom com a terra. Esta relação de Tom Zé com sua “aldeia” já chegou até ser discutida em artigo acadêmico. 

No sábado, dia 14 de novembro, esta dicotomia foi colocada à prova. Naquela data, Tom Zé fez uma apresentação inédita numa praça pública da cidade. E, também pela primeira vez, os conterrâneos viram um show de Tom Zé acompanhado da sua banda. A apresentação aconteceu dentro da programação cultural da Feira da Mandioca de Irará.

O show causava apreensão no próprio Tom. Quase um mês antes, o tropicalista postou no seu blog um pouco da expectativa descrita como “véspera de natal e coração assustado”. Na hora da passagem de som a sua preocupação era visível.

Passagem de som

Tom parecia tenso. Queixou-se à produção da Feira. “Eu to com um disco sofisticado (referia-se ao Estudando a Bossa), como é que vocês querem que faça uma apresentação aqui? Tem muita barraca de bebida, vai ter gente bebendo… não vão prestar atenção na música”.

Com certeza, o ambiente não era o mesmo do concerto da noite anterior acontecido na sede da Filarmônica 25 de Dezembro.

A ansiedade aparente de Tom contrastava com a tranqüilidade do VT de divulgação da Feira da Mandioca. O vídeo foi veiculado pela TVE – Bahia e o próprio Tom Zé era o anunciante. “Estou levando para Irará o mesmo show que levo para França, pra Suíça…”

O alivio, contudo, voltou tão logo foi evoluindo a passagem de som. Aos poucos juntaram-se curiosos e fãs. Eram admiradores iraraenses e de outras cidades que já haviam chegado para o show.

Ao final da passagem de som, Tom Zé já se apresentava mais calmo. Era visível uma sintonia entre a banda e a técnica da sonorização. O tropicalista agradeceu ao pequeno público que se postava em frente ao palco. “Obrigado pela participação de vocês, mais tarde a gente volta e vai dá tudo certo”.

Show

Repertório precisou ir além do Estudando a Bossa

Quando voltou para o show, Tom Zé já demonstrava bastante tranqüilidade. Retrucou a apresentação feita pela organização do evento, tecendo loas á sua carreira. Suas primeiras palavras foram: “Com vocês, Tom Zé, o vagabundo de Irará. Agora sim, sei que estou devidamente apresentado”.

Sabendo que tocava para um público bastante heterogêneo, num local onde minutos antes do show, imperava em alto volume nos carros e barracas os sucessos de arrocha e do forró eletrônico, Tom Zé não concentrou o show no repertório do Estudando a Bossa.

O set list, definido minutos antes do show, mesclou a apresentação com antigos sucessos e, claro, músicas que mencionam Irará, como o “Abacaxi de Irará” e a “Lavagem da Igreja de Irará”. Esta, espécie de hino da Lavagem da Cidade, é quase a única música conhecida por grande parte da população.

Também fizeram parte do show Nave Maria (primeira da noite); Augusta, Angélica e Consolação; Jimi Renda-se; Ogodo Ano 2000; entre outras conhecidas de quem acompanha a carreira de Tom, como 2001. “Dona Rita Lee mandou um abraço para vocês”, disse Tom Zé antes de cantar a música fruto da parceria entre ele e a rainha do rock brasileiro.

Considerações



Kitute de Licinho escreveu cordel para o idolo

Na platéia, envolvendo cerca de 6 mil pessoas, a demarcação do Território era nítida. Da House Mix para frente, o público que curtiu o show e pediu bis. Para trás, as pessoas que se queixavam “isso não vai acabar não?”.

Para o jovem Produtor de Eventos e colunista de site de forró, Antônio Ricardo (o Kaká D’Irará), “o show de Tom Zé é algo para um teatro”. Ele complementa dizendo que ouviu os comentários na rua de que a organização do evento teria trazido a atração que “eles gostam não que o povo gosta”.

Próximo de um dos stands da feira, uma jovem da zona rural avaliava a apresentação como “um maluco, uma banda maluca, todo mundo com cara de maluco”. Já outra, mais próxima ao palco, ria muito, dançava e até tentava aprender as canções na hora do show.

A estudante Janete Bispo, que sempre disse não gostar da música do conterrâneo tropicalista, no dia seguinte confessou: “Mudei meu conceito sobre Tom Zé”.

Já o cordelista Kitute de Licinho disse sem arremedo. “Eu sou fã”. A admiração de Kitute rendeu edição especial em homenagem ao ilustre iraraense. “Tom Zé: Brilho – Anonimato – Ostracismo – Estrelado”.


Tropicalista entre membros da Chegança

Chegança

O folheto de Kitute resume a trajetória de Tom Zé e, assim como um seminário realizado na cidade, na semana anterior ao show, serve de introdução rápida à carreira do tropicalista, desconhecida por grande parte da população do Irará.

A exceção fica por conta dos amigos, fã e admiradores, de ontem, de hoje e do amanhã. Alguns deles estavam concentrados na Praça da Purificação na quinta-feira, dia 12 de novembro, aguardando a chegada do ilustre conterrâneo.

O espaço era dividido com crianças de uma escolada cidade que, talvez nunca tenha ouvido uma música de Tom Zé, mas conhecem a “fama” do Filho de Sr. Everton Martins. E eles estavam lá para receber Tom, junto da Banda de Charanga e da Chegança.

A apresentação do Folguedo Popular, cujo enredo dramatiza a chegada dos marujos mouros em terras portuguesas, da qual Tom Zé desconfiava que nem mais existisse no Irará, agora funcionava como saudação a ele próprio.

Um artista aclamado no mundo e com sua obra quase que totalmente desconhecida na sua cidade natal. A alguns não incomodava desconhecer a obra. O importante naquele momento era a badalação. Fotos para Orkut, comentários, estar perto, falar da importância do evento…

Assim Tom Zé voltou a Irará. Com os “óculos e escuros”, como disfarçando a sua visão aguçada, quem sabe analisando aquele momento histórico. Com o “relógio de pulso”, contanto o tempo de sua vida, dos tempos de menino tímido e rejeitado à aclamação de agora. E o seu ”rádio de pilha”, para cantar a sua música aos quatro cantos, dando “inveja nos barbados e barbados e frisson nas mocinhas”.

É como na canção Menina Jesus, Tom Zé voltou “a passeio, no gozo do seu recreio”.

PS.

Tom Zé esteve por três dias em Irará. Gravou programa de TV, um documentário para TVE, participou do Concerto na Filarmônica, almoçou com amigos, re-encontrou parentes, passou por ruas e lugares surgidos depois que ele foi embora de Irará. O passeio rendeu lembranças e descobertas, conforme comentário dele próprio em post no seu blog.   

O passeio de Tom Zé em Irará
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7.1.13

“Ajudar-se a si próprio”


“Evite a automedicação, procure um médico”, diz o alerta em caixas de remédio. Frase de alerta ao final de campanhas publicitárias, também chamam atenção para os riscos da medicação por conta própria. 

É como já mencionei noutro texto. Existe muita preocupação com a saúde do corpo. Quase nenhuma acerca do bem estar da mente. 

As situações são diferentes. Por exemplo, nunca vi um alerta sobre os riscos de se lê livros de auto-ajuda. Não seriam eles também uma espécie de automedicação? 

Muitas publicações daquele estilo parecem apresentar a panacéia. E para todos. Trazem dicas de superação, aconselham, ensinam, incentivam, enfim... 

É como se todos os problemas fossem iguais. E todo mundo pudesse solucionar os seus utilizando-se dos mesmos métodos e tendo o mesmo sucesso do vizinho.

Uma das lições presentes em alguns destes livros é a de “nunca desistir”. Será que a persistência é sempre a medida certa ou a mais inteligente? 

Cada caso é um caso. Já diria o velho Einstein com a sua teoria da relatividade. 

A quase totalidade da literatura de auto-ajuda parece alheia ao ensinamento einsteiniano. Afinal, até mesmo ele pode ser relativo... 

Certos ou não em suas vicissitudes, muitos livros de auto-ajuda se tornam rapidamente sucesso de vendas. Costumam aparecer até em prateleiras de supermercados.  E funcionam como se fossem “psicólogos de pobre”. Afinal, não é todo mundo que pode, consegue ou tem paciência para buscar uma “ajuda profissional”. 

O termo soa até meio estranho. Alguém, com necessidade e interesse em retorno financeiro, estaria interessado em ajudar? Há controvérsias.   

Já fora do âmbito dos profissionais, uma alternativa seria a conversa com um amigo, um parente próximo ou pessoa íntima. Mas, nem sempre há confiança ou abertura para tal. 

Aí, para alguns, sobram as redes sociais. Lamentações, desabafos e confissões codificadas pipocam nestes ambientes. É como se o individuo desabafasse para todo mundo ao tempo que não confia seus mistérios a ninguém. 

Mais complexas que as dores do corpo, as dores da alma exigem muito mais que remédios, leituras fáceis e serviços profissionais. Talvez um tratamento à base de colheres de sopa de um complexo e nutritivo caldeirão sociocultural. 

Uma espécie de “Terapia” necessária para o corpo não somatizar.  “Abra seu coração, antes que um cardiologista o faça”, dizia a frase-título no MSN de um amigo. 

É mais ou menos por aí. O difícil é tentar e não se sentir vulnerável. Na dúvida, há quem recorra a “ajudar-se a si próprio”.