10.3.16

Eu estava na floresta, diante do rio, iluminado pelo celular dele

Naná Vasconcelos em foto de 2011 - Divulgação 
Reprodução de O Globo.com


Um dia, em algum lugar perdido no tempo, entre 2003 e 2006, e achado na minha memória. Concha Acústica do Teatro Castro Alves, Salvador Bahia.
Era um show do Cordel do Fogo Encantado. Convidaram um conhecido deles, então desconhecido meu, para fazer uma participação especial.

Aquele homem chegou à frente do palco e foi segmentando a plateia. “Aqui desse lado, aquele outro, quem tá lá em cima...” Eu, meio impaciente, pensava comigo: “Que besteira”.
Ele deu um som pra cada parte fazer. E depois saiu orquestrando a plateia. Entra o pessoal do “uuuuu”, agora o “chuaaaaa”... e seguia chamando sons, comandando o tempo de cada um deles, em cada parte da plateia, entrar.
Quando ele juntou tudo, não estávamos na Concha. Estávamos na floresta, em plena noite, diante de um rio. Era puro som de natureza. Rio, vento em árvores... Mais de 5 mil pessoas nesse frisson. Pensei sozinho: “Que de fuder!!!”
Esperava viver esta emoção estética novamente. Hoje, recebi a notícia de que não mais a vivenciarei. Ao menos sob a regência do maestro Naná Vasconcelos, não.
Ele se foi. Quem acredita, vai dizer que toda noite ele estará lá de cima, sinalizando pras bandas de cá, com o seu celular...

"O celular de Naná" - Dê o play e ouça a música de Otto


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