29.12.08

Luta em prol da Igreja da Caroba já dura sete anos


Igreja histórica não é tombada e nem foi restaurada


Na tarde deste domingo, 28 de Dezembro, o Prefeito Juscelino Souza re-inaugurou a Igreja da Caroba como uma das últimas “inaugurações” do seu governo.

Festa e omissão de informações, como já acontecido nos casos da Rua 08 de Agosto e do Mercado Municipal.

Não é do meu conhecimento de que tenha acontecido uma completa reforma, muito menos obras de restauro na Igreja da Caroba. O serviço feito é mais direcionado para uma intervenção emergencial.

Intervenção está, aliás, só executada pelo Governo Juscelino, após muita provocação e mobilização dos movimentos sociais, conforme atesta relato de Kau Santana
[1]

O texto de Kau informa que a luta pelo restauro e tombamento da Igreja começou em 2001 por iniciativa de Aristeu Nogueira. Ao que parece, o atual Prefeito de Irará (agora em seus últimos dias de mandato) pegou bonde andando. E quem é carona não pode pousar de condutor.


Leia abaixo a integra do relato de Kau Santana:


HISTÓRICO DO PROCESSO DE SOLICITAÇÃO DO TOMBAMENTO E RESTAURAÇÃO DA IGREJA DE NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO DA CAROBA
[2]


10/08/2001

Aristeu Nogueira encaminha carta ao IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, solicitando o tombamento e restauração da Igreja.

18 a 20/12/2001

Período de realização da inspeção técnica feita pelo arquiteto Francisco Assis Salgado Santana do IPHAN.

28/12/2001

Aristeu Nogueira recebe oficio nº 1.100/01 da então Superintendente da 7ª SR do IPHAN, Sra. Adalgisa Maria Bomfim, encaminhando o relatório de Inspeção Técnica da Igreja, elaborado pelo referido arquiteto, que concluiu pela necessidade de ser efetuada a proteção legal da igreja reconhecendo a sua importância histórica.

Nesse oficio recomenda o envio para o IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, da documentação sobre a Igreja, propondo o tombamento pelo Estado, e conclui louvando a iniciativa de Aristeu no sentido de buscar proteção para o importante imóvel.

24/05/2002

Oficio assinado por Aristeu Nogueira é encaminhado a Sra. Maria Adriana Couto de Castro, então diretora geral do IPAC, encaminhando documentos e solicitando o tombamento e restauração da igreja.

MAIO E OUTUBRO/2003

Movimento Cultural Viva Irará – MCVI encaminha ofícios ao Sr. Julio Braga, então diretor geral do IPAC e à Superintendente de Cultura. As preocupações colocadas referiam-se à defesa da integridade dos patrimônios relativos às igrejas da Caroba e de Bento Simões. Solicitava o tombamento da primeira e a restauração da segunda (já tombada). No oficio de outubro adicionou-se um pedido de socorro para salvar a Igreja da Caroba, ameaçada de ruir devido aos estragos causados pelas fortes chuvas que ocorreram no mês de setembro daquele ano.

2004

O MCVI juntamente com alguns moradores da Caroba organizou e realizou um evento/festa de largo na comunidade, com bingo, leilão, barraca de comidas e bebidas para angariar fundos com o objetivo de realizar alguma intervenção mais imediata no imóvel de modo a impedir o seu desabamento. Os recursos arrecadados, insuficientes para promover a pretendida ação foram depositados em conta poupança em conjunto (Associação comunitária local e MCVI), enquanto se buscava complementação e/ou outra alternativa para a solução do problema.


05/05/2005

O MCVI e a Associação Comunitária local mais uma vez solicitam intervenção do IPAC e consegue a vinda do arquiteto José Adolfo Roriz, que durante uma semana, desse mês de maio, realizou uma inspeção na igreja e produziu um relatório técnico e um orçamento para a restauração do imóvel.

11/07/2005

O MCVI recebe oficio nº 295/05, do então diretor geral do IPAC, Sr. Julio Braga, endereçado a Kau Santana (Pres. Do Conselho de Administração do Viva Irará) encaminhando o relatório Técnico e o orçamento para a restauração da Igreja. Em contato pessoal com Kau, o citado diretor adiantou que o órgão governamental não dispunha de recursos para bancar tal investimento, em torno de R$ 77.000.00.

Junho/2007

O MCVI e a Associação Comunitária local encaminharam oficio ao atual diretor geral do IPAC, Sr. Frederico Mendonça, com relato das tentativas de restauração até ali desenvolvidas para proteger a Igreja, solicitando a atualização do projeto de restauração e um orçamento para uma intervenção emergencial, no que fomos atendidos.

Julho/2007

Chegada a Irará do arquiteto, o mesmo de 2005, José Adolfo Roriz, do IPAC para nova inspeção da igreja e atualização do projeto de restauração.

08/08/2007

O MCVI promove mobilização da comunidade iraraense e realiza uma caminhada pelas ruas da cidade no sentido de sensibilizar e convocar os seus habitantes para se integrarem na luta pela restauração da Igreja da Caroba e preservação do que ainda resta do nosso patrimônio arquitetônico. Antecede a esta caminhada um trabalho nas escolas do município, de sensibilização sobre a importância da preservação dos poucos prédios antigos que ainda restam no município.

Fevereiro/2008

MCVI recebe relatório do IPAC com proposta de intervenção emergencial solicitada. O Viva Irará convoca um pedreiro e um carpinteiro e transforma a proposta em orçamento, chegando ao montante de R$ 5.500,00. Orçamento é entregue à Prefeitura, com pedido de uma breve resposta quanto à mesma assumir os referidos custos da intervenção emergencial. Pretendia-se realizar as obras antes das chuvas de inverno.

Março/2008

Passadas três semanas após entrega do orçamento à prefeitura e sem resposta, o MCVI e a Associação Comunitária local, sacam o dinheiro que tinham em poupança, no valor de R$ 1.747,58 e compra parte do material constante do orçamento. A outra parte foi obtida através de doações: telhas (Eduardo Portela), caminhão de areia (Adriano Paes Coelho), R$ 50,00 (Salvador/Dora), R$ 500,00 (Dr. Deraldo Portela). Com o material já adquirido fomos procurados pela prefeitura que resolveu assumir o custo da obra. Sugerimos então que assumisse a mão de obra, o que foi aceito.

Isso foi o bastante para circular entre a população local que a obra em realização na igreja é de autoria exclusiva da Prefeitura.

Próximas etapas: Pintura (depende de definição do IPAC), instalação hidráulica e elétrica e restauração dos moveis (para isso temos R$ 500,00).
[1] Ativista cultural, Kau Santana é um dos lideres do Movimento Cultural Viva Irará.
[2] Texto a mim enviado por e-mail dia 29 de setembro de 2008.

Um comentário:

Unknown disse...

Um colega da UEFS(eng. João Vianey) fez a Monografia dele baseada no estudo das patologias estruturais da igreja da Caroba constatando os principais problemas e fazendo estudo dos mesmos.Estudos existem só falta agora a melhor parte a ação...