29.8.11

Falta um Zé do Caroço


Já escrevi um texto sobre os zés de Irará. Entre os citados e os não citados no escrito, percebe-se que têm muitos Zés. Mas, outro dia olhando a letra da bela canção a seguir, imaginei que falta um Zé do Caroço. 

“Aí quem me dera que fosse Irará!”


(veja também abaixo o vídeo da canção interpretada por Seu Jorge) 




Zé do Caroço
Leci Brandão 


No serviço de auto-falante
Do morro do Pau da Bandeira
Quem avisa é o Zé do Caroço
Que amanhã vai fazer alvoroço
Alertando a favela inteira


Aí como eu queria que fosse em mangueira
Que existisse outro Zé do Caroço
Pra falar de uma vez pra esse moço
Carnaval não é esse colosso
Nossa escola é raiz, é madeira


Mas é o Morro do Pau da Bandeira
De uma Vila Isabel verdadeira
E o Zé do Caroço trabalha
E o Zé do Caroço batalha
E que malha o preço da feira


E na hora que a televisão brasileira
Destrói toda gente com a sua novela
É que o Zé bota a boca no mundo
Ele faz um discurso profundo
Ele quer ver o bem da favela


Está nascendo um novo líder
No morro do Pau da Bandeira
Está nascendo um novo líder


No morro do Pau da Bandeira
No morro do Pau da Bandeira
No morro do Pau da Bandeira


Lelelelê Lelelelelelelelelê
Lelelelê Lelelelelelelelelê










Letra do Terra Letras 
Vídeo Zé do Caroço com Seu Jorge do Youtube. 

26.8.11

Recorte - Bennett



* Jornal de Londrina, edição de Quarta-Feira, 08 de Junho de 2011 - Secção Mosaico Pag. 22.

24.8.11

Metáforas em canções tentam definir o amor

O discurso na letra da canção nos faz viajar. Quando os versos rimados são embalados por metáforas então... 


E quando se busca definição para algo que o ser humano muitas vezes sabe o que é, mas não sabe explicar. Os sentimentos, por exemplo. 


Canções para falar de amor têm muitas por aí. Algumas até tentam explicar o que é este sentimento. Muitas delas através de metáfora. 


Resolvi destacar aqui no blog, três trechos de canções muito conhecidas em terras brasileiras/nordestinas, que tentam definir o amor através de metáfora. 


Deixo o leitor a vontade para fazer o julgamento, entendimento, comparação ou avaliação dos trechos a seguir. Boa diversão. 


Trecho 1 -


“O amor é o fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.”


Monte Castelo
Legião Urbana
Composição: Renato Russo (recortes do Apóstolo Paulo e de Camões).


Trecho 2 – 


“O amor é um grande laço, um passo pr'uma armadilha
Um lobo correndo em círculos pra alimentar a matilha
Comparo sua chegada com a fuga de uma ilha:
Tanto engorda quanto mata feito desgosto de filha”


Faltando um Pedaço
Djavan
Composição: Djavan


Trecho 3 - 


O amor é feito capim
Mas veja que absurdo:
A gente planta, ele cresce
Aí vem uma vaca e acaba tudo


Feito Capim
Aviões do Forró
Composição: Rodrigo Mell / Elvis Pires




Com auxilio luxuoso do Terra Letras 



7.8.11

Nem só de pão viverá a humanidade

Imagine uma criança sendo alimentada somente com guloseimas consideradas as mais gostosas por ela. No seu cardápio diário, nada de feijão, arroz, saladas ou qualquer tipo de legume. O almoço, a janta e o café da manha de todos os dias seriam resumidos a doces, pizzas, salgados e refrigerantes.

É fácil imaginar que este ser humano em questão não viveria por muito tempo. E, certamente, na possibilidade de chegar à idade adulta, o mesmo não teria uma vida saudável. Diabetes, obesidade mórbida, problemas cardíacos, entre tantos outros malefícios, poderiam surgir. O corpo, carente de nutrientes, possivelmente não suportaria por muito tempo.

Esta consciência com o funcionamento do corpo parece que a sociedade já tem. Daí, a clarividência do caso relatado acima ser mais possível de acontecer somente na imaginação. As famílias, as escolas, e os governos não concordariam em permitir que uma pessoa só se alimentasse o tempo todo de besteiras.

O ser humano, entretanto, não é constituído só de corpo. Somos corpo e alma. E é na alma do humano (independente da crença de termos ou não um espírito que se desprende do nosso corpo quando morremos) é que está a nossa capacidade de pensar, de sonhar, de simbolizar, de se relacionar com o outro e com o mundo a nossa volta.

Por isso, se já é notória a necessidade de alimento de qualidade para o corpo, a mesma compreensão devemos ter para com a alma. E a alimentação da alma é a cultura.

Talvez, muitos ainda não pararam para observar o motivo de tantas doenças da alma e mazelas sociais sofridas atualmente. Elas certamente são causadas pela desnutrição cultural da sociedade. Depressões, stress, entre outros, são quase sempre conseqüências de desencanto ou perspectivas de vidas frustradas. Já as faltas de compreensão e de respeito ao próximo, proporcionam os crimes mais diversos e hediondos.

No bojo da indústria cultural, as emissoras de rádio e TV incentivam o consumo rápido e fácil. Tal e qual o doce das crianças, eles oferecem à população produtos “gostosos”, de perfil tentador. Divertir o público com produtos culturais nada “nutritivos”, assim como os doces e refrigerantes, garante o jabá pago pelos empresários. A missão social dos veículos é “esquecida”. Os empresários, por sua vez, “agradecem” as emissoras pela massificação do seu produto que, de tanto ser veiculado, acaba caindo no gosto de quase todos.

Muitos dos governantes, sobretudo nas cidades do interior, vão pelo mesmo caminho do mercado. Dizem seguir a lei da oferta e da procura. Sob o argumento de agradar uma suposta maioria, e talvez pensando em votos, investem em cachês altos para grupos de qualidade duvidosa. Quase sempre são aqueles que expõem mulheres como mercadorias ou pregam o hedonismo exacerbado. Ainda que aquilo signifique a humilhação do próximo.

Tais práticas seguem no sentido contrário ao necessário incentivo para o saudável desenvolvimento social de qualquer povo.

É preciso que seja ampliado o “cardápio cultural” das pessoas. Boa música, bons filmes, livros, peças teatrais, apresentações de manifestações culturais diversas, e um calendário cultural “recheado” de eventos de qualidade, entre tantas outras opções, só iriam fazer bem. Seriam alargados conceitos e compreensões, fortalecendo o rico “caldeirão cultural”, no qual todos nós estamos imersos, mas nem sempre nos damos conta.

Quando isto acontecer, talvez nem sejam mais necessárias leis que visem proibir verbas públicas para pagar cachê de bandas com músicas maliciosas. A própria audiência se encarregaria de censurá-las.
Enquanto não acontece, projetos de lei como o da Deputada Estadual, Luiza Maia (PT - Ba), merecem discussão e crédito.

A sociedade que se preocupa tanto com a saúde do corpo deve também se preocupar com a saúde da mente. A alimentação mental é importante e merece atenção. E nesse sentido, vamos continuar alertando as nossas “criancinhas” de que nem tudo que se acha gostoso é saudável. E em excesso ou com uso único, pode fazer mal. Vale lembrar, que a palavra escrita já disse há milhares de anos atrás: “nem só de pão viverá o homem”.