16.2.12

“O mundo se brasilificou”

Público em frente e mesa da 
Desconferência com Gilberto Gil no Digitália 

Gilberto Gil levou o país à condição de verbo. Este foi um dos pontos da chamada “Desconferência” (estava assim mesmo no programa) daquele “preto que a gente gosta”. 

Na mesa com Gilberto Gil, estavam o amigo Juca Ferreira, o DJ Spooky (Nova York) e o pesquisador Volker Grassmuk (Leuphana University), um dos companheiros de pesquisa do teórico Marshall MacLuhan

Salvador, sexta, 03 de fevereiro, fim de tarde, pátio do ICBA (Instituto Cultural Brasil Alemanha), Corredor da Vitória.  

A soterópolis estava assustada, diante da “greve” (“motim”, “paralização”...) da PM. Pairava o medo da repetição dos acontecidos do dia anterior. Arrastões, ônibus trancando avenidas, fechamento de lojas e shoppings, assassinatos na madrugada, pânico e muita boataria também. 

Algumas patrulhas do exército já eram vistas nas ruas. As rádios ainda titubeavam em confirmar, ou não, o informe da manhã, o qual anunciava o recolhimento dos “buzus” às 18h. 

O público no pátio do ICBA parecia alheio a tudo aquilo. A fala de Gil dentro da programação do Digitália era uma das mais aguardadas e, visivelmente, teve público bem maior que muitas outras do evento. 

Abordando sobre as novas tecnologias Gil falou de canções suas. “Cérebro eletrônico, zomba do computador”. Depois citou “Futurível”, enaltecedora da máquina, segundo disse. Ele cantarolou ambas. Ao vivo, Gilberto Gil à capela, muito aplaudido.  

O músico falou do processo evolutivo da comunicação na raça humana. Lembrou do hiato de 17 mil gerações para sairmos da linguagem oral para a escrita e apenas 35 da escrita para a audiovisual.  

“TV é uma mente pública. Computador mente privada. Internet a mente conectada e aumentada (publica + privada, baseada nas redes)”, exemplificou. 

Neste contexto também foi lembrado o papel de países como o Brasil. Lugares onde, grosso modo, a população está fazendo a transição da cultura falada para a cultura digital. Uma passagem feita sem dominar, de modo mais complexo, os meandros da escrita. 

Gilberto Gil falou da presença do Brasil no novo cenário mundial e de como o mundo tem prestado atenção no país atualmente. O jeito brasileiro de ser e suas peculiaridades, como o fato de lidar bem diante de situações difíceis, tem interessado ao mundo. 

“O mundo se brasilificou um pouco nas dificuldades”, disse Gil numa co-relação às crises recentes vividas pelo antigo primeiro mundo.


Foi a cereja do bolo. Não dava para ouvir Gilberto Gil sem uma palavra de efeito. E, neste momento, quando se diz muito de que “o Brasil é a bola vez”, o “brasilificou” foi especial. 

É a pátria transformada em verbo. Em ação. O Brasil acontecendo!

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Ministério 

Com o Ministério da Cultura em seu currículo, Gil foi provocado a falar sobre suas gestão e a da atual titular da pasta, Ana de Holanda. “Não vou falar!”. “Não quero discutir isso”. Foi enfático. 

Na sua breve argumentação porque não falaria, uma das frases dita foi: “A realidade não é o desejo de cada um, a realidade é a realidade”. 


Diferente do amigo, Juca Ferreira, sucessor de Gil e antecessor de Ana no Minc, falou sobre o assunto. 

Juca fez uma breve descrição sobre os avanços do país e medidas adotadas durantes a sua gestão e a de Gil, ocorridas nos dois mandatos do ex-presidente Lula, para a universalização da cultura no Brasil. 

Ele destacou o papel do programa Cultura Viva, através das instalações de Pontos e Pontões de Cultura, em vários lugares do país, até mesmo em aldeias indígenas. Tocou também nas questões da identidade e diversidade cultural. 

O ex-ministro Juca salientou que um país com o desenvolvimento econômico em ascensão como o Brasil precisa também incluir culturalmente. 

“Acesso pleno a educação. Acesso pleno a cultura. Se não seremos um país rico, povoado de bossais”. Disse Juca Ferreira. 




15.2.12

E Cara de Gato aceitou a provocação...


No final do evento de homenagem a Alfredo, ao me encontrar, o músico Grujó perguntou: “Porque você não tava no evento do Natal?”. 

Ele se referia ao Concerto Natalino da Filarmônica 25 de Dezembro. Antes mesmo que eu apresentasse o motivo da ausência, Grujó emendou: “Você que foi o percussor da coisa...”. 



Grujó (nesta foto tocando na Lavagem ) revelou que o 
maestro comprou a ideia.  

Confesso que não entendi muito bem: “Percussor? Criador? De que???”, questionei.  

- “Da Big Band!”

Então Grujó passou a me contar que, de fato, a ideia de um grupo de jazz dentro da Filarmônica, processo demandado para uma Big Band, nasceu daquela conversa no bar de Didi, já relatada em post aqui no blog. 

Depois ele me contou da satisfação, da empolgação e das dificuldades (como as ausências de alguns aos ensaios), enfrentadas pelo projeto. 

Fiquei lisonjeado. Nem sempre encontramos pessoas dispostas a escutarem nossas ideias. E ainda por cima, executá-las. 


Maestro "Cara de Gato" 
(nesta foto com a boca no trombone na Lavagem)
aderia a ideia e tocou adiante   

Já ouvi muitas vezes: “você é santo de casa”. É, mas, Cara de Gato veio de outra freguesia. De tal modo, ele teve maior sensibilidade para dar ouvidos à “ladainha”. E como “santo”, bem recepcionado, operou o “milagre”.

O maestro aceitou a provocação e toca adiante. E vamos nessa caminhada. Na fé e na vontade de que esse embalo vá longe. Bem longe! 

Por agora, a ansiedade e vontade de ouvir o anúncio de uma tocata da chamada “Big Band” é grande. Da próxima vez, não posso perder por falta.  


Fotos: Portal Iraraense