6.4.20

Precisa-se de redatores?

Publicação original 09/08/2019 - Blog de Roberto Martins em www.romartins.com/blog



Navegando pela web, encontro muitos sites e perfis de mídia social bonitos, funcionais, etc, mas com textos mal feitos.

Não falo de erros ortográficos. “Herrar é Umano”… Digo sobre a questão estética do escrito.

Tem muito texto truncado, chato de ler, com vocábulos repetidos à exaustão, sem quebras de linha, com formas coloquiais mal empregadas, etc, etc, etc.

Cause-me a impressão de que, em tempos de “manda aldo, manda aldo”, a linguagem escrita perdeu seu valor junto ao público.

Se a digitação já é derrotada pelo audível, toma de goleada do imagético.

Há muito a comunicação visual detém maior preferência, como lembra um antigo ditado: “uma imagem vale mais que mil palavras”. E, na era digital e pós digital, tal primazia se potencializou.

Com milhões sites, perfis e páginas de pessoas, empresas e organizações dos diversos tipos, disputando a atenção do cidadão/consumidor, o apelo visual precisa ser rápido e dinâmico.

Você só tem em média dois segundos para captar a atenção de sua audiência. Neste tempo não é possível se atentar a algum escrito além de um breve título.

Hoje, além de despertar o público, é imprescindível crescer na rede, aumentar a performance e prospectar novos seguidores.

Daí cresce a procura por analista de mídia social, com habilidades em Google Adwords, Facebook Ads, SEO (Search Engine Optimization), entre outros.

Há algum tempo observo uma tendência nos anúncios de vagas das agências de comunicação e até das empresas em geral.

Vejo ofertas para designers e analista de mídias sociais com uma certa frequência. Um anúncio em busca de redator é coisa rara.

“Brasileiro escreve tudo errado, mas todo mundo se entende”.

Quem sabe, nesse ditado acima, resida mais uma justificativa para a escassez de oferta na redação. Se todo mundo se entende mesmo, pra que se preocupar com um texto mais qualificado?

Eu discordo. Considero como de grande importância a presença de um texto bem escrito. Ele também cativa e sinaliza o nível de profissionalismo da pessoa/organização.

Além disto, o design chama a atenção e o texto ajuda a mantê-la.

No entanto, diante dos tempos e dos anúncios de vagas, há de imaginar que as organizações e seus contratantes não pensam assim.

Entre minhas indagações, divido este questionamento com você leitor:

Precisa-se de redatores?


PS: A linguagem escrita também cativa e sinaliza o nível de profissionalismo da pessoa/organização.




4.7.19

Ooh e digital são parceiros. Sabia?



Flagra de outdoor em avenida de Salvador. 
Foto: Roberto Martins

Pois é. Soa bem óbvio, mas ainda há quem não saiba.

Em 2016, ao ver uma defensa na rua, a qual vangloriava a mídia exterior por “não precisar de aplicativo”, fiz uma postagem contrariando-a.

Imagine meu espanto agora, em 2019, quando vejo um anúncio de mídia exterior em moldes parecidos àqueles de outrora.

No meu entender, não cabe a mídia exterior fazer provocações ou sinalizar uma disputa com os dispositivos móveis.

A comunicação digital, através de tais dispositivos, está cada vez mais presente na vida das pessoas e no mercado da comunicação. O celular já passou a ser a principal forma de acesso à internet no Brasil. E esta notícia já tem quase um ano...

A meu ver, as empresas de Mídia OOH (Out OF Home), ao invés de provocar, devem incentivar alianças com a comunicação digital por dispositivos móveis.

Aquela velha máxima do desenho animado: “se não pode vencê-los, junte-se a eles”.

No caso em questão, por exemplo, a campanha poderia ter usado um texto tipo:
“Milhares verão sua marca aqui e logo pesquisarão na internet”.

Esta frase, penso eu, estaria passando ao menos três mensagens:

1 - Anuncie em outdoor porque esta continua sendo uma mídia poderosa para chamar a atenção de quem transita nas ruas.

2 - Não adianta ter presença digital ser você não tiver estratégias para levar as pessoas até a suas mídias. E o outdoor pode lhe ajudar, e muito, nisto.

3 - Outdoor e mídia digital são complementares, anuncie e tenha presença nos dois.

Já me flagrei, e não foi uma vez só, consultando o celular após ver um anúncio em outdoor. O mesmo pode ter acontecido com você e com muitas outras pessoas.  

No futuro, o universo dos outdoors deve ser tomado por dispositivos digitais. Talvez, por uma questão de custo, os painéis eletrônicos ainda não substituíram totalmente a colagem de papel.

Pode crer, o DOOH (Digital Out Of Home) vem com tudo. E aí a parceria será total e indubitável.

30.11.18

Tem boi na praia!

Informe no Rádio
Fez o esclarecimento
Do que foi notícia
Destaque do momento
Após o Sereio de Itapoã
Foi sucesso ontem de manhã
Um boi no mar cinzento

Foi lá em Stella Maris
Que se deu o a-ka-ká
Um boi nadando na praia
Em Salvador, a capitá!
Um touro entre os surfistas
Parecia que tava na pista
Vaquejada em pleno mar

Pense no absurdo!?
Salvador sempre acontece
Essa cidade de ladeira
É um tal de sobe e desce
Aqui se dá de um tudo
Causos miúdo e graúdo
O baiano não esquece

Antes de estar na praia
Boi foi visto no aeroporto
Procurava uma saída
Deste país meio torto
Mas a polícia apareceu
O boi então se escafedeu
Foi parar no mar revolto

Ao ver o mar ele pensou:
“Eitha que abundância!
Não sou vaca de presépio,
de exposição busco distância.
Fugi da tal FENAGRO,
Sou Tim Maia e não abro,
Quero sossego e comilança!”

Distraído no marzão
Boi caminhava em paz
Quando viu, já tava longe
Já era tarde por de mais
Estando no “pasto” errado
O gado morreu afogado
Foi triste, meu rapaz...

Você teve um lamento
E o dono, prejuízo
Se tiver algum seguro
Pode até ter um litígio
Se não tiver assegurado
Já perdeu dinheiro e gado
Que lhe sirva de aviso.  

No sentido figurado
Ter boi na praia é normal
Que afogam suas mágoas
É coisa muito natural
Mas um boi verdadeiro!?
Como diz Fernando Guerreiro
“É uma loucura total !” 


Notícia do G1 sobre o boi na praia - aqui !

5.10.18

A mídia e o tempero do culto à violência



Ilustração colhida no site www.ipvi.pt  


Aparentemente vivemos em tempos de culto à violência. Digo isto pela crença, demonstrada por muitas pessoas, na própria violência para resolver o problema da violência. 

Este sentimento, imagino, não nasce de uma hora para outra. Ele vem crescendo diante de um caldo de cultura (para usar uma expressão in de agora) formado ao longo dos tempos. 

Pensei no tema deste texto depois de ouvir um parente dizer: “Fulano de tal é que tá certo, tem de matar esses vagabundos tudo”. 

"Fulano de tal" é um conhecido âncora de programa de rádio e de TV. 

Certa feita, um motorista de aplicativo disse: “Tem de acabar com esse Direitos Humanos”.

Talvez ele nem lembrasse da sua condição de humano e, portanto, detentor do direito ao qual desejava aniquilar. 

Diante dos comentários, fico me perguntando qual relação poderíamos fazer entre este “culto” de agora pela solução violenta e os programas popularescos de TV, nos quais há um bom tempo a violência quase sempre é apresentada como um thriller policial.

Perseguições, frases de efeitos, helicópteros, corpos, grita por soluções simplórias para problemas complexos... 

De repente pode ser uma boa provocação pensar o quanto muitos dos programas popularescos de rádio e TV são responsáveis pela crença das pessoas na violência para solucionar os males da violência. 

Eles já são nossos velhos conhecidos. Talvez tenham até se abrandado um pouco, mas, vale lembrar, possivelmente uma geração tenha sido criança, passado pela adolescência e chegado a adulto, tendo este tipo de programa midiático no cardápio do almoço ou jantar. 

Posso estar errado, mas não deixo de suspeitar que tamanha exposição, naturalização e simplificação da violência tenha se tornado tempero ou ingrediente deste caldo indigesto de culto à violência, presente no nosso menu social. 

Roberto Martins

05/09/18
Inverno. 


9.3.18

O passeio de Tom Zé em Irará

Publicação original em 4/12/2009 no blog Lupa Digital 

Feira da Mandioca de Irará teve show de Tom Zé

Como diz a citação de Tolstoi, Tom Zé “tornou-se universal cantando a sua aldeia”. Ele não se cansa de mencionar as suas origens e, assim, tornou-se o principal garoto propaganda de sua terra natal, Irará.

A maioria da população iraraense, por sua vez, não conhece a obra de Tom Zé. Ainda há os que o criticam devido certo distanciamento presencial de Tom com a terra. Esta relação de Tom Zé com sua “aldeia” já chegou até ser discutida em artigo acadêmico. 

No sábado, dia 14 de novembro, esta dicotomia foi colocada à prova. Naquela data, Tom Zé fez uma apresentação inédita numa praça pública da cidade. E, também pela primeira vez, os conterrâneos viram um show de Tom Zé acompanhado da sua banda. A apresentação aconteceu dentro da programação cultural da Feira da Mandioca de Irará.

O show causava apreensão no próprio Tom. Quase um mês antes, o tropicalista postou no seu blog um pouco da expectativa descrita como “véspera de natal e coração assustado”. Na hora da passagem de som a sua preocupação era visível.

Passagem de som

Tom parecia tenso. Queixou-se à produção da Feira. “Eu to com um disco sofisticado (referia-se ao Estudando a Bossa), como é que vocês querem que faça uma apresentação aqui? Tem muita barraca de bebida, vai ter gente bebendo… não vão prestar atenção na música”.

Com certeza, o ambiente não era o mesmo do concerto da noite anterior acontecido na sede da Filarmônica 25 de Dezembro.

A ansiedade aparente de Tom contrastava com a tranqüilidade do VT de divulgação da Feira da Mandioca. O vídeo foi veiculado pela TVE – Bahia e o próprio Tom Zé era o anunciante. “Estou levando para Irará o mesmo show que levo para França, pra Suíça…”

O alivio, contudo, voltou tão logo foi evoluindo a passagem de som. Aos poucos juntaram-se curiosos e fãs. Eram admiradores iraraenses e de outras cidades que já haviam chegado para o show.

Ao final da passagem de som, Tom Zé já se apresentava mais calmo. Era visível uma sintonia entre a banda e a técnica da sonorização. O tropicalista agradeceu ao pequeno público que se postava em frente ao palco. “Obrigado pela participação de vocês, mais tarde a gente volta e vai dar tudo certo”.

Repertório precisou ir além do Estudando a Bossa

Show

Quando voltou para o show, Tom Zé já demonstrava bastante tranqüilidade. Retrucou a apresentação feita pela organização do evento, tecendo loas á sua carreira. Suas primeiras palavras foram: “Com vocês, Tom Zé, o vagabundo de Irará. Agora sim, sei que estou devidamente apresentado”.

Sabendo que tocava para um público bastante heterogêneo, num local onde minutos antes do show, imperava em alto volume nos carros e barracas os sucessos de arrocha e do forró eletrônico, Tom Zé não concentrou o show no repertório do Estudando a Bossa.

O set list, definido minutos antes do show, mesclou a apresentação com antigos sucessos e, claro, músicas que mencionam Irará, como o “Abacaxi de Irará” e a “Lavagem da Igreja de Irará”. Esta, espécie de hino da Lavagem da Cidade, é quase a única música conhecida por grande parte da população.

Também fizeram parte do show Nave Maria (primeira da noite); Augusta, Angélica e Consolação; Jimi Renda-se; Ogodo Ano 2000; entre outras conhecidas de quem acompanha a carreira de Tom, como 2001. “Dona Rita Lee mandou um abraço para vocês”, disse Tom Zé antes de cantar a música fruto da parceria entre ele e a rainha do rock brasileiro.

Kitute de Licinho escreveu cordel para o idolo

Considerações

Na platéia, envolvendo cerca de 6 mil pessoas, a demarcação do Território era nítida. Da House Mix para frente, o público que curtiu o show e pediu bis. Para trás, as pessoas que se queixavam “isso não vai acabar não?”.

Para o jovem Produtor de Eventos e colunista de site de forró, Antônio Ricardo (o Kaká D’Irará), “o show de Tom Zé é algo para um teatro”. Ele complementa dizendo que ouviu os comentários na rua de que a organização do evento teria trazido a atração que “eles gostam não que o povo gosta”.

Próximo de um dos stands da feira, uma jovem da zona rural avaliava a apresentação como “um maluco, uma banda maluca, todo mundo com cara de maluco”. Já outra, mais próxima ao palco, ria muito, dançava e até tentava aprender as canções na hora do show.

A estudante Janete Bispo, que sempre disse não gostar da música do conterrâneo tropicalista, no dia seguinte confessou: “Mudei meu conceito sobre Tom Zé”.

Já o cordelista Kitute de Licinho disse sem arremedo. “Eu sou fã”. A admiração de Kitute rendeu edição especial em homenagem ao ilustre iraraense. “Tom Zé: Brilho – Anonimato – Ostracismo – Estrelado”.


Tropicalista entre membros da Chegança

Chegança

O folheto de Kitute resume a trajetória de Tom Zé e, assim como um seminário realizado na cidade, na semana anterior ao show, serve de introdução rápida à carreira do tropicalista, desconhecida por grande parte da população do Irará.

A exceção fica por conta dos amigos, fã e admiradores, de ontem, de hoje e do amanhã. Alguns deles estavam concentrados na Praça da Purificação na quinta-feira, dia 12 de novembro, aguardando a chegada do ilustre conterrâneo.

O espaço era dividido com crianças de uma escolada da cidade que, talvez nunca tenham ouvido uma música de Tom Zé, mas conhecem a “fama” do Filho de Sr. Everton Martins. E eles estavam lá para receber Tom, junto da Banda de Charanga e da Chegança.

A apresentação do Folguedo Popular, cujo enredo dramatiza a chegada dos marujos mouros em terras portuguesas, da qual Tom Zé desconfiava que nem mais existisse no Irará, agora funcionava como saudação a ele próprio.

Um artista aclamado no mundo e com sua obra quase que totalmente desconhecida na sua cidade natal. A alguns não incomodava desconhecer a obra. O importante naquele momento era a badalação. Fotos para Orkut, comentários, estar perto, falar da importância do evento…

Assim Tom Zé voltou a Irará. Com os “óculos escuros”, como disfarçando a sua visão aguçada, quem sabe analisando aquele momento histórico. Com o “relógio de pulso”, contanto o tempo de sua vida, dos tempos de menino tímido e rejeitado à aclamação de agora. E o seu ”rádio de pilha”, para cantar a sua música aos quatro cantos, dando “inveja nos barbados e frisson nas mocinhas”.

É como na canção Menina Jesus, Tom Zé voltou “a passeio, no gozo do seu recreio”.

PS - Tom Zé esteve por três dias em Irará. Gravou programa de TV, um documentário para TVE, participou do Concerto na Filarmônica, almoçou com amigos, re-encontrou parentes, passou por ruas e lugares surgidos depois que ele foi embora de Irará. O passeio rendeu lembranças e descobertas, conforme comentário dele próprio em post no seu blog.   
O passeio de Tom Zé em Irará 

18.2.18

“Gene Simmons” no carnaval de Salvador






Passou batido pela mídia nativa, diante de tantos assuntos para tratar, a passagem de “Gene Simmons” pelo carnaval de Salvador.

A presença do líder do Kiss, no entanto, foi notada por fãs da lendária banda que curtiam a folia na avenida (Circuito Osmar), na noite do sábado, 10/02. 

Enquanto isso, outros pensavam tratar-se apenas de uma fantasia qualquer (“boa pintura”, “tá bem maquiado”...) e algumas crianças se assustaram.  

Na fila da abordagem policial, no pórtico de entrada, “Gene” despertou a curiosidade de um garoto de aparentes 14 anos.

“É fantasia de rockeiro, né?”, “mas parece mais um homem aranha negro”, “você gosta de animes?”, “quem gosta de rock, gosta de animes”...

Com um “português sofrível” o astro respondia às perguntas do baianinho e descobria as dissidências, estéticas e temporais, nos gostos e conhecimentos de cultura pop de ambos.

No circuito, atrás do trio elétrico de Armandinho, Dodô e Osmar, “Gene” foi abordado por um casal com um pedido para tirar fotografia.

“Meu primo é fã do Kiss, vou mandar pra ele como homenagem”, disse o sorridente rapaz.

Quando se preparava para a pose, “Gene” recebeu um pedido: “Bote a língua pra fora!”.

Então o gesto característico do vocalista da famosa banda de rock dos anos 1970/80 aparecia a cada vez que um fã o reconhecia e gritava: “Kiss!”.

E, durante o percurso, foram frequentes os chamados, os cumprimentos e apertos de mão. Língua pra fora, sorriso e sinal do “chifres do rock” como resposta.

O mesmo sinal foi feito pelo guitarrista da banda, de cima do trio, ao perceber o “artista” na pipoca. Talvez mais um fã do Kiss ou amante do bom e velho Rock And Rool.

Entre um solo e outro, em um dos momentos no qual usou as grades laterais do Fobicão para fazer “slide guitarra baiana”, Armandinho Macedo notou a presença do astro e sorriu. Aroldo, ao descer do trio para um breve descanso, acenou em resposta.

André e Betinho, os outros dois Irmãos Macedo, não tiveram a sorte de interagir com esta lenda viva do rock.

Depois do sábado não se teve mais notícias da presença de “Gene” no Carnaval de Salvador. Suspeita-se de que tenha viajado para Irará, no interior da Bahia.

E assim, quem viu, viu. E não pode deixar de notar “Gene Simmons” acompanhado de uma linda menina baiana. Uma máscara carnavalesca verde usada por ela dificultava a descoberta de sua identidade.



15.12.17

O vice do Flamengo ainda me faz rir

Flamengo pousa para foto, no Maracanã (13/12)
Foto Gilvan de Souza/ Flamengo 

A repercussão ocorrida nas ruas e nas mídias sociais durante todo dia de ontem, quinta (14), me levou a esta reflexão.  
“Impressionante como o vice é desprezado por aqui”.

Deve ser coisa de brasileiro.

O vice, como diz o ditado, é o primeiro depois de todos os outros, exceto o campeão. Chegar a uma final não é fácil e não é qualquer time que chega lá. Dezenas ficam pelo caminho.

Brasileiro não vê por aê. Parece esquecer os méritos.

Tenho a impressão de que se o Brasil tivesse goleado a Alemanha na semi-final da Copa de 2014, mas perdesse a final pelo placar de 1 X 0 para a Argentina, muitos torcedores brasileiros teriam sofrido mais e consideraria o “vexame” de ser vice pior do que o fatídico 7 X 1.

Mas confesso que acabei achando graça na sorte do Flamengo agora. Não pelo desfecho do campeonato para o clube e sua flanática torcida, mas pela repercussão.

Teve torcedor de time sem acesso a Libertadores há quase 30 anos se achando no direito de zoar o Flamengo. Logo ele que fez carnaval agora em 2017 diante da remota possibilidade, rapidamente frustrada, de chegar àquela competição continental.

Outro, que só chegou à pré-libertadores de 2018 graças aos serviços de quem aprendeu a ser técnico de futebol no Flamengo, também se achou no direito.

Detalhe, de 2000 pra cá, ele só viu o time dele na Libertadores da América três vezes. Nós flamenguistas vimos oito. E em 2018 estaremos lá novamente, direto na fase de grupos.

E este vice de carterinha do Mengão em diversas competições estaduais, quer se sentir em condições de nos zoar porque o Fla foi vice sulamericano. É muita falta de simancol.

Claro, queríamos o título, mas este vice-campeonato valeu. Valeu as emoções, valeu o aprendizado.

Reafirmamos a frase: “craque o Flamengo faz em casa”.

Saímos quase invictos, só perdemos o jogo de ida da final lá na Argentina. Uma partida na qual o Flamengo terminou em cima, pressionando o adversário.

Começamos a Sulamericana goleando. Nas quartas, munidos da raça rubro-negra, buscamos o empate em resultado adverso no Fla-Flu (um aí Jesus) no Maracanã. E nas semis, com a mesma raça, ganhamos em Barranquilla.

Comprovamos que somos mais que uma nação. Milhões nas embaixadas rubro-negras, nos bares, nos lares, por todo o Brasil e em outros países, de manto sagrado, torcendo muito.

Lembramos da pauta sobre a redução da capacidade de um Templo do futebol, de 200 mil para 60 mil espectadores, e tentativa de elitiza-lo.


Por essas e outras, diante da grandeza do Flamengo, este vice-campeonato me faz rir. Eu rio dos antis. Eles são a piada.