São João no interior é sinônimo de confraternização. No entanto, sair de casa em casa tomando licor e comendo iguarias juninas no dia do santo, já não é mais prática lá muito percebida em vários municípios interioranos.
O surgimento dos grandes shows, seus mega palcos nas praças e a aparição de blocos com trio elétrico e cordas, talvez tenham contribuído ainda mais para o fim deste costume sócio-junino. Tal fato trás um sentimento de nostalgia e faz também crescer por parte dos saudosos, a insatisfação com o contexto atual.
Imbuído deste sentimento nostálgico, o odontologo Luciano Campos (Lú de Rege de Água Fria) decidiu criar o projeto Forró de Casa, que nada mais é do que uma volta à pratica da velha tradição de sair de porta em porta tomando licor e tocando forró. Para dá conta do forró, foi contratado o tradicional sanfoneiro iraraense Zé da Jurema, que contou com a participação de mais quatro pessoas para lhe auxiliar com triângulo, zabumba e também na cantoria.
Entoando músicas de forró pé de serra, também estavam todos os outros presentes, quando não batendo palmas, degustando iguarias ou tomando um bom e velho licorzinho.
O percurso teve seu inicio pouco depois das quatorze horas. A saída foi da casa de Omar (entenda-se, de Sinval), onde o grupo já começava a fazer uma “passagem de som” enquanto a chuva - que já havia atrasado o começo do passeio - não dava trégua. Quando o tempo melhorou o grupo composto por Luciano, Artur (Policial), Roberto (Ró de Zé do Rádio), Zé da Jurema e sua gente, saiu. Omar ficou em casa para almoçar.
Como primeiro local de visita, o Forró de Casa teve a vizinha casa do artista plástico Zé Nogueira, que como sempre fez uma boa recepção a todos. Guego (esposa de Zé) providenciou o licor e pediu a música “Seqüestro do Tonho”, em homenagem a um visitante que ela recebia em casa naquele momento. O grupo explicou a Zé o propósito da brincadeira. Ele apoiou e agradeceu o fato de sua casa ter sido lembrada. Após sair da casa de Zé, a turma deu uma passadinha na residência da jovem Lucilene, e lá foram atendidos por sua mãe, enquanto a possível anfitriã estava tomando banho.
Queijo, amendoim, bolo e licor eram oferecidos, no momento em que Roberto explicava para a dona da casa o sentido de resgate junino da visita. Ela sentiu-se agradecida e informou que ao perceber o movimento na casa de Zé Nogueira, havia deixado o portão aberto, para que o “São João” a visitasse também.
A próxima parada foi na casa de Saulo, na outra mão da Avenida Elísio Santana. Novamente os forrozeiros são recebidos com festa e são servidos os petiscos juninos, ao tempo em que os donos da casa caem no forró. “Não deixe isso acabar” foi a suplica da senhora mãe de Saulo.
“O Seqüestro do Tonho”, música a ser pedida em quase todas as casas, é solicitado outra vez. Apontando para Saulo e Artur, policiais Civil e Militar respectivamente, Roberto destaca um trecho da canção: “eu não quero policia / pelo meio / que os home é perigoso/”. Na seqüência o Forró de Casa pega a estrada, diga-se a rua, com destino à Rua de Santanópolis.
Nesta rua, situada atrás do Colégio Joaquim Inácio, o Forró de Casa tinha uma visita marcada na casa de D. Nilza Maia. Ao chegar em frente à residência, o grupo fez o agora já tradicional grito de chamada, “Forró de Casa!”. Quando atendidos caminharam varanda adentro, onde foram servidos de comidas e bebidas típicas do São João, e ofereceram muito forró. Luciano percebeu lagrimas aos olhos do dono da casa, talvez um lembrança de antigos tempos juninos.
Quando a turma saiu da casa de D. Nilza teve uma surpresa. Sr. Pedro, residente desta rua, pedia para o grupo ir tocar no bar de Jorge em frente, prometendo-lhes pagar algumas cervejas, mas obteve a sincera resposta de que tocar em bar não era o objetivo daquele grupo. Insatisfeito, Sr. Pedro disse querer acompanhar a turma e pediu que o esperasse, enquanto ele iria até em casa pegar seu violão.
Pouco tempo depois, vem Sr. Pedro com uma pequena caixa de som amplificada e sua viola, desejando que o som fosse tocado ali mesmo no bar. No entanto, ele demorou bastante para afinar o instrumento, e sobre os apelos da turma apressada que ainda tinha muitas casas para visitar, desistiu da tocata, “nada apressado presta” disse.
A parada seguinte foi na casa de Debinha de Sr. Eraldo. Lá o licor fora servido ao pé da fogueira, em frente à casa, na mesma hora em que o forró já comia no centro. Foi quando passou na rua Sinho de Sr. Alfredo da Luz, sua companheira e mais uma pequena turma de parentes e amigos.
O músico Sinho gostou do “negocio” e disse que seus irmãos, os também músicos, Nivaldo e Gigi, queriam ter feito o mesmo, mas desistiram da idéia por falta de instrumentos. Não era nem preciso dizer... Sinho e sua turma acompanharam o Forró de Casa.
Com o grupo agora acrescido de mais pessoas, a próxima casa visitada foi a de Sr. Jackson Martins, conhecido como Jajá de Joãozinho Prachedes. O ritual é repetido, forró, licor, amendoim e animação. Roberto sugere que o dono da casa peça uma música, mas a satisfação parece ser tanta que Sr. Jajá diz, “essa ai mesmo”, referindo-se a uma canção que o sanfoneiro ensaiava tocar quando ele (Sr. Jajá) fora consultado. O Forró de Casa vai de partida, desta vez com a sanfona calada e com pressa, devido a chuva que começava a cair. “Pit stop” seguinte, casa de Sr. João Lopes.
Quando a turma chegou Sr. João não estava em casa, mas todos foram bem recebidos por D. Lídia e seus filhos Neto e Lidijane. Na varanda, canjica, bolo de aipim, amendoim e, como não poderia faltar, licor. As iguarias são servidas enquanto o forró começa. Derrepente chega Sr. João, cumprimenta a todos e antes de se dirigir ao interior de sua residência, pede para as pessoas não saírem até a sua volta.
Poucos instante depois, volta Sr. João com chapéu de palha na cabeça e uma grande disposição para cair no forró. A chuva fica forte e a galera acaba demorando muito na casa de Sr. João Lopes que não pára de dizer: “Chove até meia noite que é pra ninguém sair daqui”. Depois de um bom tempo a chuva cessa um pouco e o grupo já acrescido de mais pessoas, como Sandro Cebola, Paredão e outros, resolve enrolar a sanfona com uma toalha plástica e seguir caminho até a casa de Sr. Rege de Água Fria.
Na casa de Sr. Rege, apesar do atraso, o Forró de Casa ainda era esperado. Todo o grupo que já devia contar mais de 25 pessoas entram até a sala da casa. Lá ao pé da mesa com laranja, canjica, galinha assada, licor e amendoim, é desembainhada a sanfona e o forró começa. Muitas músicas são tocadas. Omar se reincorpora ao grupo e várias outras pessoas, inclusive alguns foliões do bloco Pé de Mula, começam a entrar.
É notória a cara de satisfação de Sandro e Reginho, sem contar a benevolência de D. Ita e as presenças de Cláudio e Cristina, além de noras e netos do dono da Casa. Sr. Rege também participa da folia e Luciano, agora em casa, é só felicidade, tocando triângulo e cantando forró.
Roberto, com certa preocupação não revelada, de que alguém distraído pudesse vir a sujar as paredes internas da casa, ou outra coisa do tipo, tenta em vão apressar Luciano. Mas Lú a essa altura, parece estar mais atento para a acústica que a arquitetura de sua casa oferecia ao som do trio de forró. Sr. João Lopes também aparece para saborear um pouco mais do Forró de Casa.
Depois da passagem por seu Rege o próximo compromisso era na casa de Dega de Eduardo, mas infelizmente devido aos atrasos, o mesmo não foi encontrado em casa. E foram em vão as batidas de palmas e os cantos de Reis [ ô de casa ô de fora (bis)/ Maria vai ver quem é (bis)/ são os cantador de Reis (bis)/ quem mandou foi São José (bis)...] pra chamar o dono da casa.
Sendo assim a turma partiu para a casa de Cristina de Sr. Rege para iniciar mais um Forró de Casa. O esperado é que fosse tudo como antes, licor, comidas típicas da época e forró. E foi. Só que não foi só isso. O pessoal já ocupava a varanda da casa, quando o sanfoneiro puxou um forró bem tradicional e foi formada uma quadrilha junina, no melhor estilo improviso.
“Olha a cobra”, “a paquera” e outros gritos relembravam o mais autentico e tradicional São João, aquele do Caminho da Roça. Neto havia comunicado que Margarida (do Banco do Brasil) pedira para que o grupo visitasse a sua residência. Ao chegar lá já eram seis horas ou mais, e Margarida já não se encontrava, contudo havia deixado recado para que fosse feito o Forró de Casa assim mesmo. A turma preferiu não entrar.
Ainda em frente a casa de Margarida, alguém sugeriu que o grupo fosse até a casa de Gilson da Coelba. Assim foi feito, mas o horário novamente deve ter sido agravante, e na casa de Gilson não havia quem recebesse o Forro de Casa. Se o horário já se mostrava inconveniente para visitas, já o era também adiantado para Sr. Zé da Jurema, afinal ele merecia ter o seu descanso depois de tanto toque de sanfona.
Quase todos já estavam conformados e esperando pelo Forró de Casa no próximo ano, quando foi indicada a entrada na Casa de Artur do Som. Em seu último ponto de apoio, o movimento foi regado a forró e licor. E mesmo com perda de algumas presenças prosseguiu até quando o som do trio elétrico do bloco Pé de Mula, o qual vinha se aproximando para passar em frente à casa de Artur, começou a atrapalhar o sanfoneiro que decidiu parar.
A satisfação parece ter sido plena. Roberto comentava com Artur, que a música que marcou para ele foi a de Flavo José ( “Na minha casa/ agente rir/ agente chora/ agente se diverte/ toda hora é hora (...) Pode vir de mala e cunha amor/ que hoje eu não to nem ai/”).
Artur, por por sua vez, com sua mente bastante imaginativa, já devia aglutinar idéias mirabolantes para o ano seguinte. Luciano se preocupava em conduzir o sanfoneiro de volta pra casa, mas certamente como já havia informado antes, não desejaria que o forró de casa crescesse nas proporções do Jeguerê (bloco criado por ele Omar e Neto, inicialmente para ter os moldes do Forró de Casa, mas tomou tamanhas proporções que hoje desfila com cordas e mini-trio).
O que Luciano já deve estar pensando é como fazer um Forró de Casa com mais tempo e expressão no ano que vem. E para isso ele poderá contar com todo o apoio da Casa da Cultura de Irará, segundo informaram alguns membros da nova diretoria da C.C. I., que toma posse agora no dia primeiro de julho. E no mais... Viva São João! O tradicional é claro.
* Texto originalmente escrito em julho de 2003, por ocasião do Movimento Forró de Casa. Este mesmo movimento, aumentando o numero de casas visitadas e até com mais um grupo de sanfoneiros, voltou acontecer noutros anos.
O surgimento dos grandes shows, seus mega palcos nas praças e a aparição de blocos com trio elétrico e cordas, talvez tenham contribuído ainda mais para o fim deste costume sócio-junino. Tal fato trás um sentimento de nostalgia e faz também crescer por parte dos saudosos, a insatisfação com o contexto atual.
Imbuído deste sentimento nostálgico, o odontologo Luciano Campos (Lú de Rege de Água Fria) decidiu criar o projeto Forró de Casa, que nada mais é do que uma volta à pratica da velha tradição de sair de porta em porta tomando licor e tocando forró. Para dá conta do forró, foi contratado o tradicional sanfoneiro iraraense Zé da Jurema, que contou com a participação de mais quatro pessoas para lhe auxiliar com triângulo, zabumba e também na cantoria.
Entoando músicas de forró pé de serra, também estavam todos os outros presentes, quando não batendo palmas, degustando iguarias ou tomando um bom e velho licorzinho.
O percurso teve seu inicio pouco depois das quatorze horas. A saída foi da casa de Omar (entenda-se, de Sinval), onde o grupo já começava a fazer uma “passagem de som” enquanto a chuva - que já havia atrasado o começo do passeio - não dava trégua. Quando o tempo melhorou o grupo composto por Luciano, Artur (Policial), Roberto (Ró de Zé do Rádio), Zé da Jurema e sua gente, saiu. Omar ficou em casa para almoçar.
Como primeiro local de visita, o Forró de Casa teve a vizinha casa do artista plástico Zé Nogueira, que como sempre fez uma boa recepção a todos. Guego (esposa de Zé) providenciou o licor e pediu a música “Seqüestro do Tonho”, em homenagem a um visitante que ela recebia em casa naquele momento. O grupo explicou a Zé o propósito da brincadeira. Ele apoiou e agradeceu o fato de sua casa ter sido lembrada. Após sair da casa de Zé, a turma deu uma passadinha na residência da jovem Lucilene, e lá foram atendidos por sua mãe, enquanto a possível anfitriã estava tomando banho.
Queijo, amendoim, bolo e licor eram oferecidos, no momento em que Roberto explicava para a dona da casa o sentido de resgate junino da visita. Ela sentiu-se agradecida e informou que ao perceber o movimento na casa de Zé Nogueira, havia deixado o portão aberto, para que o “São João” a visitasse também.
A próxima parada foi na casa de Saulo, na outra mão da Avenida Elísio Santana. Novamente os forrozeiros são recebidos com festa e são servidos os petiscos juninos, ao tempo em que os donos da casa caem no forró. “Não deixe isso acabar” foi a suplica da senhora mãe de Saulo.
“O Seqüestro do Tonho”, música a ser pedida em quase todas as casas, é solicitado outra vez. Apontando para Saulo e Artur, policiais Civil e Militar respectivamente, Roberto destaca um trecho da canção: “eu não quero policia / pelo meio / que os home é perigoso/”. Na seqüência o Forró de Casa pega a estrada, diga-se a rua, com destino à Rua de Santanópolis.
Nesta rua, situada atrás do Colégio Joaquim Inácio, o Forró de Casa tinha uma visita marcada na casa de D. Nilza Maia. Ao chegar em frente à residência, o grupo fez o agora já tradicional grito de chamada, “Forró de Casa!”. Quando atendidos caminharam varanda adentro, onde foram servidos de comidas e bebidas típicas do São João, e ofereceram muito forró. Luciano percebeu lagrimas aos olhos do dono da casa, talvez um lembrança de antigos tempos juninos.
Quando a turma saiu da casa de D. Nilza teve uma surpresa. Sr. Pedro, residente desta rua, pedia para o grupo ir tocar no bar de Jorge em frente, prometendo-lhes pagar algumas cervejas, mas obteve a sincera resposta de que tocar em bar não era o objetivo daquele grupo. Insatisfeito, Sr. Pedro disse querer acompanhar a turma e pediu que o esperasse, enquanto ele iria até em casa pegar seu violão.
Pouco tempo depois, vem Sr. Pedro com uma pequena caixa de som amplificada e sua viola, desejando que o som fosse tocado ali mesmo no bar. No entanto, ele demorou bastante para afinar o instrumento, e sobre os apelos da turma apressada que ainda tinha muitas casas para visitar, desistiu da tocata, “nada apressado presta” disse.
A parada seguinte foi na casa de Debinha de Sr. Eraldo. Lá o licor fora servido ao pé da fogueira, em frente à casa, na mesma hora em que o forró já comia no centro. Foi quando passou na rua Sinho de Sr. Alfredo da Luz, sua companheira e mais uma pequena turma de parentes e amigos.
O músico Sinho gostou do “negocio” e disse que seus irmãos, os também músicos, Nivaldo e Gigi, queriam ter feito o mesmo, mas desistiram da idéia por falta de instrumentos. Não era nem preciso dizer... Sinho e sua turma acompanharam o Forró de Casa.
Com o grupo agora acrescido de mais pessoas, a próxima casa visitada foi a de Sr. Jackson Martins, conhecido como Jajá de Joãozinho Prachedes. O ritual é repetido, forró, licor, amendoim e animação. Roberto sugere que o dono da casa peça uma música, mas a satisfação parece ser tanta que Sr. Jajá diz, “essa ai mesmo”, referindo-se a uma canção que o sanfoneiro ensaiava tocar quando ele (Sr. Jajá) fora consultado. O Forró de Casa vai de partida, desta vez com a sanfona calada e com pressa, devido a chuva que começava a cair. “Pit stop” seguinte, casa de Sr. João Lopes.
Quando a turma chegou Sr. João não estava em casa, mas todos foram bem recebidos por D. Lídia e seus filhos Neto e Lidijane. Na varanda, canjica, bolo de aipim, amendoim e, como não poderia faltar, licor. As iguarias são servidas enquanto o forró começa. Derrepente chega Sr. João, cumprimenta a todos e antes de se dirigir ao interior de sua residência, pede para as pessoas não saírem até a sua volta.
Poucos instante depois, volta Sr. João com chapéu de palha na cabeça e uma grande disposição para cair no forró. A chuva fica forte e a galera acaba demorando muito na casa de Sr. João Lopes que não pára de dizer: “Chove até meia noite que é pra ninguém sair daqui”. Depois de um bom tempo a chuva cessa um pouco e o grupo já acrescido de mais pessoas, como Sandro Cebola, Paredão e outros, resolve enrolar a sanfona com uma toalha plástica e seguir caminho até a casa de Sr. Rege de Água Fria.
Na casa de Sr. Rege, apesar do atraso, o Forró de Casa ainda era esperado. Todo o grupo que já devia contar mais de 25 pessoas entram até a sala da casa. Lá ao pé da mesa com laranja, canjica, galinha assada, licor e amendoim, é desembainhada a sanfona e o forró começa. Muitas músicas são tocadas. Omar se reincorpora ao grupo e várias outras pessoas, inclusive alguns foliões do bloco Pé de Mula, começam a entrar.
É notória a cara de satisfação de Sandro e Reginho, sem contar a benevolência de D. Ita e as presenças de Cláudio e Cristina, além de noras e netos do dono da Casa. Sr. Rege também participa da folia e Luciano, agora em casa, é só felicidade, tocando triângulo e cantando forró.
Roberto, com certa preocupação não revelada, de que alguém distraído pudesse vir a sujar as paredes internas da casa, ou outra coisa do tipo, tenta em vão apressar Luciano. Mas Lú a essa altura, parece estar mais atento para a acústica que a arquitetura de sua casa oferecia ao som do trio de forró. Sr. João Lopes também aparece para saborear um pouco mais do Forró de Casa.
Depois da passagem por seu Rege o próximo compromisso era na casa de Dega de Eduardo, mas infelizmente devido aos atrasos, o mesmo não foi encontrado em casa. E foram em vão as batidas de palmas e os cantos de Reis [ ô de casa ô de fora (bis)/ Maria vai ver quem é (bis)/ são os cantador de Reis (bis)/ quem mandou foi São José (bis)...] pra chamar o dono da casa.
Sendo assim a turma partiu para a casa de Cristina de Sr. Rege para iniciar mais um Forró de Casa. O esperado é que fosse tudo como antes, licor, comidas típicas da época e forró. E foi. Só que não foi só isso. O pessoal já ocupava a varanda da casa, quando o sanfoneiro puxou um forró bem tradicional e foi formada uma quadrilha junina, no melhor estilo improviso.
“Olha a cobra”, “a paquera” e outros gritos relembravam o mais autentico e tradicional São João, aquele do Caminho da Roça. Neto havia comunicado que Margarida (do Banco do Brasil) pedira para que o grupo visitasse a sua residência. Ao chegar lá já eram seis horas ou mais, e Margarida já não se encontrava, contudo havia deixado recado para que fosse feito o Forró de Casa assim mesmo. A turma preferiu não entrar.
Ainda em frente a casa de Margarida, alguém sugeriu que o grupo fosse até a casa de Gilson da Coelba. Assim foi feito, mas o horário novamente deve ter sido agravante, e na casa de Gilson não havia quem recebesse o Forro de Casa. Se o horário já se mostrava inconveniente para visitas, já o era também adiantado para Sr. Zé da Jurema, afinal ele merecia ter o seu descanso depois de tanto toque de sanfona.
Quase todos já estavam conformados e esperando pelo Forró de Casa no próximo ano, quando foi indicada a entrada na Casa de Artur do Som. Em seu último ponto de apoio, o movimento foi regado a forró e licor. E mesmo com perda de algumas presenças prosseguiu até quando o som do trio elétrico do bloco Pé de Mula, o qual vinha se aproximando para passar em frente à casa de Artur, começou a atrapalhar o sanfoneiro que decidiu parar.
A satisfação parece ter sido plena. Roberto comentava com Artur, que a música que marcou para ele foi a de Flavo José ( “Na minha casa/ agente rir/ agente chora/ agente se diverte/ toda hora é hora (...) Pode vir de mala e cunha amor/ que hoje eu não to nem ai/”).
Artur, por por sua vez, com sua mente bastante imaginativa, já devia aglutinar idéias mirabolantes para o ano seguinte. Luciano se preocupava em conduzir o sanfoneiro de volta pra casa, mas certamente como já havia informado antes, não desejaria que o forró de casa crescesse nas proporções do Jeguerê (bloco criado por ele Omar e Neto, inicialmente para ter os moldes do Forró de Casa, mas tomou tamanhas proporções que hoje desfila com cordas e mini-trio).
O que Luciano já deve estar pensando é como fazer um Forró de Casa com mais tempo e expressão no ano que vem. E para isso ele poderá contar com todo o apoio da Casa da Cultura de Irará, segundo informaram alguns membros da nova diretoria da C.C. I., que toma posse agora no dia primeiro de julho. E no mais... Viva São João! O tradicional é claro.
* Texto originalmente escrito em julho de 2003, por ocasião do Movimento Forró de Casa. Este mesmo movimento, aumentando o numero de casas visitadas e até com mais um grupo de sanfoneiros, voltou acontecer noutros anos.
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