Segue abaixo o texto usado como discurso de abertura daquela Sessão. Nele, muitas das nossas idéias e da nossa visão da cultura, entendendo-a, dentre outras possibilidades, como um vetor importante no enfrentamento de graves problemas sociosculturais do município.
A cultura, no texto que segue, é vista como um grande passo desta luta. Isto porque, atuando na percepção de mundo das pessoas, a cultura pode despertar sensibilidades a caminho da tão almejada transformações social.
Boa Leitura!
Discurso proferido na Sessão Solene ao Dia Municipal da Cultura 2009.
Sala das Sessões da Câmara Municipal de Vereadores.
Irará, 10 de agosto de 2009.
Pronunciante: Roberto Martins, Diretor do Departamento Municipal de Cultura.
Sr. Presidente; Carlos César Barreto. Sra Veradora Maria Bacelar da Silva, ilustre representante das mulheres nesta Casa,Senhores vereadores,Público Presente. Boa tarde;
No sábado passado, dia 08 de agosto, completou-se 114 anos do decreto nº 100 de 1895, que elevou a Vila da Purificação dos Campos de Irará, à categoria de cidade, dando-lhe o nome de cidade do Irará. Este mesmo dia, devido à iniciativa desta Casa, em gestão passada, foi também reservado à celebração do “Dia Municipal da Cultura”.
Não resta dúvida, pelas nossas expressões culturais e pela cultura que pulsa no dia a dia do nosso município, através de resistentes batalhadores do segmento cultural, que temos motivos de sobra para celebrar a data. Por outro lado, devido a muitos problemas socioculturais sofridos pela população; temos muitas razões para nos entristecer.
Não obstante, o termo “co-memorar”, ou seja, lembrar juntos, também pede reflexões coletivas. Este foi um dos propósitos do Departamento Municipal de Cultura quando solicitou esta Sessão Especial acerca do tema da Cultura.
Aqui pretendemos expor um pouco do nosso trabalho nestes oito meses à frente do Departamento Municipal de Cultura. Vamos também mostrar idéias e projetos, dentro da nossa Política Governamental de Cultura para o Município. E, por fim, mas não menos importante – muito pelo contrário – vamos apresentar a necessidade de implantação no nosso município do Sistema Municipal de Cultura.
Sr. Presidente, Vereador Carlos César; Veadora Maria Bacelar; e demais Vereadores. O município de Irará precisa de uma Política Pública de Cultura. Uma Política Cultural consistente. Uma política para a cultura, que seja uma política de Município e não uma política de governo. Ou seja, que os governos passem - nos seus quatro anos de vigência - e esta Política possa ficar. Que seja ela, a Política Municipal de Cultura, um instrumento constituído que garanta benefícios para a população e não possam ser alterados ao bel prazer, ou por pura conveniência partidária, de quem quer que um dia esteja ocupando cargos de direção municipal.
E o Sistema Municipal de Cultura, Caros Senhores e Senhoras, conforme vocês poderão perceber na apresentação a seguir, será um passo decisivo para a implantação desta nobre política, da qual falo e de que tanto Irará necessita.
Digo da necessidade de uma Política Cultural deste porte, devido à lamentável situação sociocultural enfrentada pelo nosso município. Presenciamos jovens em começo de maturidade, ou até ainda crianças, sendo seduzidos pelo mundo das drogas e do crime. Assistimos adolescentes grávidas, com responsabilidade familiar, quando ainda deveriam brincar de bonecas.
O consumo de Alcool cresce assustadoramente. Tanto que os alcoólicos anônimos que vão surgindo não dão conta de tanta demanda. Sem muita criatividade e aderido ao universo que os cercam, os jovens iraraenses só entendem como diversão qualquer atividade que possa ter bebida envolvida – e as vezes isso quer dizer consumo excessivo. Também, não lhe são ofertadas muitas, ou quase qualquer outra possibilidade, que fuja disto.
Crescem exponencialmente as queixas no Conselho Tutelar. Muitas famílias, na zona rural e urbana, estão desestruturadas e perdidas. Já não sabem como lidar com seus próprios entes ou ter entendimento entre si.
A situação é tão dramática que chego a considerar que Irará vive hoje um “caos sociocultural”. Para não parecer asneira ou simples “achismo”, recorro a um dado específico. Em 2003, Movimentos Sociais de Irará elaboraram, em pareceria com o SEBRAE, o Plano Municipal de Desenvolvimento Sustentável.
O diagnostico daquele plano informava que Irará tinha o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – em 0,407. Lembro-me de na época ter associado o a marca iraraense à índices noticiados pela imprensa para a alguns países. Lamentável constatação. Estávamos abaixo ou equivalente a países como a Bangladeste e Haíti. O pior de tudo é perceber que, de 2003 pra cá, a realidade não parece ser muito diferente.
“Pense no Haití/ reze pelo Haiti/ o Haiti é aqui”. Diz a canção de Caetano Veloso. E, nós, assistindo ao caos social de países como o Haiti, parecemos não perceber os problemas que estão aqui entre nós. Dificuldades que às vezes podem ser piores do que a deles...
Pois bem, Senhoras e Senhores presentes, para reverter este quadro necessitamos da cultura. Com certeza, tendo uma cultura forte, a mudança necessária virá. E essa mudança não vira de fora. Não terá um salvador da pátria ou um super governo para fazê-la. Esta revolução terá de ser feita através do próprio povo de Irará. Porque se o povo não a fizer, nem Deus poderá interceder pela mudança paras dia melhores nesta terra. Afinal, para quem acredita, a própria palavra divinha já diz: “faz por onde, que eu te ajudarei”.
Então, é preciso que o povo de Irará faça. Que o próprio povo de Irará comece a operar a sua mudança social, para que Deus e todos poderes constituídos da humanidade possam ajudar ao desenvolvimento iraraense. Sendo assim, nós “povo” e nós “representantes do povo” temos o dever moral de operar esta transformação no município.
Sei, Sr Presidente Carlos César, Sras e Senhores Vereadores, que muitos hão de dizer; “mas cultura não transforma o mundo”. Para responder aos incrédulos, peço licença para fazer uma adaptação ao pensamento de Paulo Freire: “cultura não transforma o mundo; cultura transforma as pessoas. E as pessoas é que transformam o mundo”.
O mundo é feito de pessoas. O nosso mundo Irará também. Por tudo já exposto, precisamos transformar Irará. E para isto, precisamos transformar a nossa gente. Fazê-los entender e perceber o mundo no qual eles estão vivendo e que eles próprios são o principal agente de sua transformação pessoal.
A nossa população esta como o elefante da fabula. No conto fabular, após deixar um elefante preso na corrente de ferro por muito anos, o dono do animal retira a corrente e amarra o elefante numa linha de costura. Depois disto, passam-se os anos e o elefante continua lá preso. Ele tem força, ele tem potencial para quebrar a linha, mas, seguindo ao antigo costume, desconhece a sua própria fortaleza e continua lá preso, quando teria plenas possibilidades de se libertar.
Assim como o elefante da fabula, o nosso povo tem potencial, tem inteligência, mas não está usando, porque está preso aos velhos costumes, do clientelismo e do assistencialismo. Claro, sabemos, que não se pode fazer uma mudança brusca. Não podemos acabar com os velhos costumes de vez. No entanto, a mudança poderá operar de forma gradual. E para esta mudança gradual começar a acontecer é que necessitaremos investir em Cultura.
Com um trabalho forte e consistente em Cultura podemos começar a fazer as pessoas refletirem e entenderam a condição social do município. Criar na população o desejo de transformar esta realidade para melhor. Ai a cultura estará transformado as pessoas e estas pessoas estarão transformando seus mundos.
Sr. Presidente, Sra e Senhores Vereadores, antes de encerrar estas palavras e iniciar a apresentação das ações e da construção do Sistema de Cultura, quero apenas afirmar que o desenvolvimento do nosso município é o nosso principal propósito à frente do Departamento de Cultura.
O Prefeito Derivaldo Pinto não nos convidou a assumir o Departamento de Cultura apenas para organizar festas, como pensavam alguns. Sabemos da importância e da necessidade das Festas para o lazer e as tradições locais. Tanto sabemos, que criarmos a Coordenação de Eventos e Festas Públicas, especificamente para cuidar do assunto. No entanto, nosso trabalho é maior e envolve muito mais aspectos do que as Festas, conforme foi a percepção do Prefeito e vocês poderão ver na apresentação a seguir.
Este primeiro ano do trabalho tem sido mesmo de grandes dificuldades. É preciso “arrumar a Casa”. Imagine vocês que começamos quase que do zero. Não encontramos sequer um oficio arquivado referente á gestão anterior do Departamento. Era como se o Departamento nunca tivesse existido, pois, até mesmo estrutura própria de funcionamento ele não tinha (e ainda não tem), visto que se abanca na estrutura da Biblioteca Municipal.
Senhoras e Senhores presentes. Como percebem, as dificuldades são muitas e maiores os desafios a serem enfrentados. No entanto, com muita força e determinação, respaldos pelo Prefeito Derivaldo Pinto, estamos na luta. Esperamos contar com o apoio e a colaboração de todos vocês.
Saibam que não estamos apenas a um passo de fazer implantar um Sistema Municipal de Cultura. Na hipótese de implantação deste Sistema, efetivação e consolidação de seus objetivos, estamos todos aqui reunidos, para fazer história em Irará.
Muito Obrigado a todos e todas!
E vamos à apresentação.
Sala das Sessões da Câmara Municipal de Vereadores.
Irará, 10 de agosto de 2009.
Pronunciante: Roberto Martins, Diretor do Departamento Municipal de Cultura.
Sr. Presidente; Carlos César Barreto. Sra Veradora Maria Bacelar da Silva, ilustre representante das mulheres nesta Casa,Senhores vereadores,Público Presente. Boa tarde;
No sábado passado, dia 08 de agosto, completou-se 114 anos do decreto nº 100 de 1895, que elevou a Vila da Purificação dos Campos de Irará, à categoria de cidade, dando-lhe o nome de cidade do Irará. Este mesmo dia, devido à iniciativa desta Casa, em gestão passada, foi também reservado à celebração do “Dia Municipal da Cultura”.
Não resta dúvida, pelas nossas expressões culturais e pela cultura que pulsa no dia a dia do nosso município, através de resistentes batalhadores do segmento cultural, que temos motivos de sobra para celebrar a data. Por outro lado, devido a muitos problemas socioculturais sofridos pela população; temos muitas razões para nos entristecer.
Não obstante, o termo “co-memorar”, ou seja, lembrar juntos, também pede reflexões coletivas. Este foi um dos propósitos do Departamento Municipal de Cultura quando solicitou esta Sessão Especial acerca do tema da Cultura.
Aqui pretendemos expor um pouco do nosso trabalho nestes oito meses à frente do Departamento Municipal de Cultura. Vamos também mostrar idéias e projetos, dentro da nossa Política Governamental de Cultura para o Município. E, por fim, mas não menos importante – muito pelo contrário – vamos apresentar a necessidade de implantação no nosso município do Sistema Municipal de Cultura.
Sr. Presidente, Vereador Carlos César; Veadora Maria Bacelar; e demais Vereadores. O município de Irará precisa de uma Política Pública de Cultura. Uma Política Cultural consistente. Uma política para a cultura, que seja uma política de Município e não uma política de governo. Ou seja, que os governos passem - nos seus quatro anos de vigência - e esta Política possa ficar. Que seja ela, a Política Municipal de Cultura, um instrumento constituído que garanta benefícios para a população e não possam ser alterados ao bel prazer, ou por pura conveniência partidária, de quem quer que um dia esteja ocupando cargos de direção municipal.
E o Sistema Municipal de Cultura, Caros Senhores e Senhoras, conforme vocês poderão perceber na apresentação a seguir, será um passo decisivo para a implantação desta nobre política, da qual falo e de que tanto Irará necessita.
Digo da necessidade de uma Política Cultural deste porte, devido à lamentável situação sociocultural enfrentada pelo nosso município. Presenciamos jovens em começo de maturidade, ou até ainda crianças, sendo seduzidos pelo mundo das drogas e do crime. Assistimos adolescentes grávidas, com responsabilidade familiar, quando ainda deveriam brincar de bonecas.
O consumo de Alcool cresce assustadoramente. Tanto que os alcoólicos anônimos que vão surgindo não dão conta de tanta demanda. Sem muita criatividade e aderido ao universo que os cercam, os jovens iraraenses só entendem como diversão qualquer atividade que possa ter bebida envolvida – e as vezes isso quer dizer consumo excessivo. Também, não lhe são ofertadas muitas, ou quase qualquer outra possibilidade, que fuja disto.
Crescem exponencialmente as queixas no Conselho Tutelar. Muitas famílias, na zona rural e urbana, estão desestruturadas e perdidas. Já não sabem como lidar com seus próprios entes ou ter entendimento entre si.
A situação é tão dramática que chego a considerar que Irará vive hoje um “caos sociocultural”. Para não parecer asneira ou simples “achismo”, recorro a um dado específico. Em 2003, Movimentos Sociais de Irará elaboraram, em pareceria com o SEBRAE, o Plano Municipal de Desenvolvimento Sustentável.
O diagnostico daquele plano informava que Irará tinha o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – em 0,407. Lembro-me de na época ter associado o a marca iraraense à índices noticiados pela imprensa para a alguns países. Lamentável constatação. Estávamos abaixo ou equivalente a países como a Bangladeste e Haíti. O pior de tudo é perceber que, de 2003 pra cá, a realidade não parece ser muito diferente.
“Pense no Haití/ reze pelo Haiti/ o Haiti é aqui”. Diz a canção de Caetano Veloso. E, nós, assistindo ao caos social de países como o Haiti, parecemos não perceber os problemas que estão aqui entre nós. Dificuldades que às vezes podem ser piores do que a deles...
Pois bem, Senhoras e Senhores presentes, para reverter este quadro necessitamos da cultura. Com certeza, tendo uma cultura forte, a mudança necessária virá. E essa mudança não vira de fora. Não terá um salvador da pátria ou um super governo para fazê-la. Esta revolução terá de ser feita através do próprio povo de Irará. Porque se o povo não a fizer, nem Deus poderá interceder pela mudança paras dia melhores nesta terra. Afinal, para quem acredita, a própria palavra divinha já diz: “faz por onde, que eu te ajudarei”.
Então, é preciso que o povo de Irará faça. Que o próprio povo de Irará comece a operar a sua mudança social, para que Deus e todos poderes constituídos da humanidade possam ajudar ao desenvolvimento iraraense. Sendo assim, nós “povo” e nós “representantes do povo” temos o dever moral de operar esta transformação no município.
Sei, Sr Presidente Carlos César, Sras e Senhores Vereadores, que muitos hão de dizer; “mas cultura não transforma o mundo”. Para responder aos incrédulos, peço licença para fazer uma adaptação ao pensamento de Paulo Freire: “cultura não transforma o mundo; cultura transforma as pessoas. E as pessoas é que transformam o mundo”.
O mundo é feito de pessoas. O nosso mundo Irará também. Por tudo já exposto, precisamos transformar Irará. E para isto, precisamos transformar a nossa gente. Fazê-los entender e perceber o mundo no qual eles estão vivendo e que eles próprios são o principal agente de sua transformação pessoal.
A nossa população esta como o elefante da fabula. No conto fabular, após deixar um elefante preso na corrente de ferro por muito anos, o dono do animal retira a corrente e amarra o elefante numa linha de costura. Depois disto, passam-se os anos e o elefante continua lá preso. Ele tem força, ele tem potencial para quebrar a linha, mas, seguindo ao antigo costume, desconhece a sua própria fortaleza e continua lá preso, quando teria plenas possibilidades de se libertar.
Assim como o elefante da fabula, o nosso povo tem potencial, tem inteligência, mas não está usando, porque está preso aos velhos costumes, do clientelismo e do assistencialismo. Claro, sabemos, que não se pode fazer uma mudança brusca. Não podemos acabar com os velhos costumes de vez. No entanto, a mudança poderá operar de forma gradual. E para esta mudança gradual começar a acontecer é que necessitaremos investir em Cultura.
Com um trabalho forte e consistente em Cultura podemos começar a fazer as pessoas refletirem e entenderam a condição social do município. Criar na população o desejo de transformar esta realidade para melhor. Ai a cultura estará transformado as pessoas e estas pessoas estarão transformando seus mundos.
Sr. Presidente, Sra e Senhores Vereadores, antes de encerrar estas palavras e iniciar a apresentação das ações e da construção do Sistema de Cultura, quero apenas afirmar que o desenvolvimento do nosso município é o nosso principal propósito à frente do Departamento de Cultura.
O Prefeito Derivaldo Pinto não nos convidou a assumir o Departamento de Cultura apenas para organizar festas, como pensavam alguns. Sabemos da importância e da necessidade das Festas para o lazer e as tradições locais. Tanto sabemos, que criarmos a Coordenação de Eventos e Festas Públicas, especificamente para cuidar do assunto. No entanto, nosso trabalho é maior e envolve muito mais aspectos do que as Festas, conforme foi a percepção do Prefeito e vocês poderão ver na apresentação a seguir.
Este primeiro ano do trabalho tem sido mesmo de grandes dificuldades. É preciso “arrumar a Casa”. Imagine vocês que começamos quase que do zero. Não encontramos sequer um oficio arquivado referente á gestão anterior do Departamento. Era como se o Departamento nunca tivesse existido, pois, até mesmo estrutura própria de funcionamento ele não tinha (e ainda não tem), visto que se abanca na estrutura da Biblioteca Municipal.
Senhoras e Senhores presentes. Como percebem, as dificuldades são muitas e maiores os desafios a serem enfrentados. No entanto, com muita força e determinação, respaldos pelo Prefeito Derivaldo Pinto, estamos na luta. Esperamos contar com o apoio e a colaboração de todos vocês.
Saibam que não estamos apenas a um passo de fazer implantar um Sistema Municipal de Cultura. Na hipótese de implantação deste Sistema, efetivação e consolidação de seus objetivos, estamos todos aqui reunidos, para fazer história em Irará.
Muito Obrigado a todos e todas!
E vamos à apresentação.
Um comentário:
E desde então os passos continuam lentos...
Postar um comentário