Lá está ele, jogado, largado, abandonado. É fato que, com a popularização dos celulares, os orelhões foram sendo cada vez menos requisitados, mas, daí á relegá-los ao despreso...
Era uma manhã de domingo. E aquela peça de orelhão jazia ali naquela esquina. Certamente, este não era o destino dos seus sonhos.
Virar peça de museu; ser re-aproveitado por algum artesão astucioso, transformando-o numa bela peça utilitária; ou, numa hipótese mais fatalista, ser totalmente destruído e ganhar vida nova, noutra utilidade, noutro corpo, através do milagre da reciclagem.
Qualquer destino lhe seria menos cruel que o abandono. Afinal, sabe-se ser o desprezo um dos piores sentimentos a se devotar a alguém, se não, o pior.
Talvez ninguém mais se lembre, ou se dê conta, de como ele um dia já foi importante, ou de como ainda pode ser. “Deve de ter intermediado muitas histórias”. A saudade diminuída pelo som da voz. A distância encurtada pelo falar e ouvir. Uma jura de amor. Um pedido de desculpas. Uma encomenda requisitada. Algum desentendimento. Tantas situações...
Passados mais de duas semanas e uma metade, o objeto foi visto no meio da rua. Pode ter sido uma malhação. Alguém deve ter resolvido prolongar e curtir com a sua agonia.
Um orelhão seguia abandonado. Debaixo do sol, da chuva e de todas as intempéries, naturais e humanas. Não houve alguém capaz recolher-lo, sequer a um canto de parede num deposito. Nem mesmo o serviço público da cidade, o coletou como se fosse um lixo.
Era “só” um orelhão. Entretanto, do jeito pelo qual caminhamos, um dia pode chegar ao ponto de ser uma pessoa e o tratamento dispensado não diferenciar muito.
Era uma manhã de domingo. E aquela peça de orelhão jazia ali naquela esquina. Certamente, este não era o destino dos seus sonhos.
Virar peça de museu; ser re-aproveitado por algum artesão astucioso, transformando-o numa bela peça utilitária; ou, numa hipótese mais fatalista, ser totalmente destruído e ganhar vida nova, noutra utilidade, noutro corpo, através do milagre da reciclagem.
Qualquer destino lhe seria menos cruel que o abandono. Afinal, sabe-se ser o desprezo um dos piores sentimentos a se devotar a alguém, se não, o pior.
Talvez ninguém mais se lembre, ou se dê conta, de como ele um dia já foi importante, ou de como ainda pode ser. “Deve de ter intermediado muitas histórias”. A saudade diminuída pelo som da voz. A distância encurtada pelo falar e ouvir. Uma jura de amor. Um pedido de desculpas. Uma encomenda requisitada. Algum desentendimento. Tantas situações...
Passados mais de duas semanas e uma metade, o objeto foi visto no meio da rua. Pode ter sido uma malhação. Alguém deve ter resolvido prolongar e curtir com a sua agonia.
Um orelhão seguia abandonado. Debaixo do sol, da chuva e de todas as intempéries, naturais e humanas. Não houve alguém capaz recolher-lo, sequer a um canto de parede num deposito. Nem mesmo o serviço público da cidade, o coletou como se fosse um lixo.
Era “só” um orelhão. Entretanto, do jeito pelo qual caminhamos, um dia pode chegar ao ponto de ser uma pessoa e o tratamento dispensado não diferenciar muito.
Um comentário:
Final bizzarro!
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