Por Roberto Martins
em abril de 2004
O Programa de entrevista Gente.Com da TVE –Bahia, que foi ao ar às 23:30 de quarta 28 de abril, teve um colorido especial.
Como um dos entrevistados da edição, cujo tema foi "Artistas baianos que fazem sucesso lá fora", João Martins contou um pouco da sua trajetória no mundo das artes, para a entrevistadora Denny Fingergut.
Num bloco todo dedicado a ele, o iraraense lembrou do seu passado, inspiração de sua obra; revelou projetos futuros, que pretende realizar em breve; e até contou como foi apelidado de "O poeta da Cor".
O menino que gostava de contemplar o por do sol, ouvir o canto dos passarinhos e saborear as frutas da fazenda de seu avô, saiu de Irará aos vinte e sete anos para conquistar o mundo.
"Eu já era artista e nem sabia", revela João Martins que antes de morar em Salvador desenvolveu um pouco de sua arte na terra natal, onde têm registrado marcas importantes, a exemplo do símbolo da gloriosa Filarmônica 25 de Dezembro.
Todavia, nem tudo fora tão colorido na caminhada do artista. Antes de ser reconhecido, ele foi bilheteiro de cinema e bancário. Conforme atestou em seu depoimento, revelando ter convicção dos seus dotes artísticos desde cedo, mas precisava de garantias, pois ainda não era possível viver da arte.
Quando acreditou estar no momento certo, João foi para escola estudar, "por respeito a arte, porque não basta ter o Dom", justificou.
Foi em seus estudos artísticos que João Martins encontrou a obra de Floriano, seu mestre, em quem o trabalho dele se inspira e pessoa que o batizou com a alcunha de "Poeta da Cor", nascida numa exposição com o título de "Poesia das Cores".
Apelido merecido, não só pela exuberância de cores em sua obra, mas também porque o artista escreve e expõe poesias, as quais, servem de roteiro para quem deseja "viajar" em suas telas.
Poeta e pintor, este iraraense que já conta pouco mais de 40 anos e pai de três filhos, tem a honra de já ter visto suas poesias e pinturas publicadas numa série de cartões telefônicos da Telemar e de ter exposto os seus trabalhos na cidade de Milão na Itália.
"Exagerei nas cores, e fiz de propósito, queria mostrar aos europeus as frutas brasileiras. As mais bonitas e mais gostosas do mundo". Diz Martins, com o bairrismo típico de quem é iraraense e não esquece as suas raízes.
Dentre as muitas lembranças de Irará marcantes nas pinturas de João, uma ave tem lugar cativo. Perguntado sobre esta freqüência, ele respondeu tratar-se de um pássaro de nome "sofrer", o qual ele via sempre na casa de Tonho de Neca, seu sogro, em Irará. Nomeado de Inácio, o passarinho tem trazido sorte ao artista, que busca além da natureza, outras inspirações na sua terra de origem.
Situada entre o recôncavo e o sertão, Irará possui diversas manifestações culturais, mas é na arquitetura que o pintor vai colher inspiração para o seu mais novo projeto.
"Uma cidade antiga, com casarões lindos que estão sendo destruídos", lamenta. Entretanto, para não ficar só no lamento, João Martins está registrando a imagem daquelas edificações nas suas pinturas, através de um projeto chamado "Igrejas e Casarões", idealizado por um amigo chamado Edson, "um empresário sensível a arte", nas palavras do pintor.
Durante o programa foram exibidas imagens das obras e dos cartões telefônicos com a arte de João. Ao final, ele se despediu com a graça e cordialidade que lhe são típicas.
Assim um artista das cores e das palavras, levou um "colorido" a mais para um programa televisivo e este que vos escreve, já não via mais em sua frente um modesto monitor de TV 14 polegadas, mas sim uma obra artística, como se fosse uma tela exposta na parede da sala.
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