27.4.06

Nilson Aquino participa de Festival Nacional

O músico Nilson Aquino, conhecido em Irará como Nilsinho, é um dos participantes do 8º Música Fenae. Nilsinho foi classificado para a competição nacional, após vencer a etapa baiana do concurso dedicado a artistas, que como ele, pertencem ao corpo de funcionários da Caixa Econômica Federal. Este ano, o Fenae acontece em Salvador com etapas eliminatórias nesta quinta (27) e sexta (28), no hotel Blue Tree Towers (Rio Vermelho), e a grande final no sábado, na Sede de Campo da Apecef/Ba. São dezoito artistas de diversos estados do Brasil, concorrendo aos prêmios de melhor letra, melhor arranjo e melhor interprete. Aquino apresenta a composição “Zoeira” (ver/ouvir abaixo) de sua autoria. As apresentações serão sempre a partir das 20:00 hs, sendo que no sábado, também ocorrerá um show do cantor Flávio Venturine.
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Outras Informações: www.fenae.org.br .
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Ouça a música !
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[ No site da Fenae, vá no link do “Núsica Fenae”, acesse o menu “musicas” e clique em “letra” na linha correspondente à música de Nilson Aquino. Depois é só clicar em “ouvir”, logo acima da letra da música. ]
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Apcef/BA
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“Zoeira”
Intérprete e Compositor: Nilson Aquino
ouvir
Ana que andou
Rosa que cheirou
Clara derramou em mim
Rita me irritou
Quando em deixou
numa solidão sem fim
Diana chorou
Me comoveu
Nas noites sem graça
sua cabeça era eu
Ai que zoeira, tum, tum, tum
Meu coração (bis)
Tá na beira do abismo
Ai que zoeira, tum, tum, tum, tum
Meu coração (bis)
Tá na beira do abismo
Iracema me flechou
Na fogueira do amor
Usou seu ritual em mim
Vera me amou
Mas verá que não passou
Toda sua verdade pra mim
Graça não cobrou
Também não deu
Jurou que ainda volta
seu coração vai ser meu
Ai que zoeira, tum, tum, tum
Meu coração (bis)
Tá na beira do abismo
Ai que zoeira, tum, tum, tum, tum
Meu coração (bis)
Tá na beira do abismo
Amélia deu um show
Me trocou por meu avô
Tinha tudo que sonhei pra mim
Maria em cada canto têm
Quero pra mim também
Pois não sobrou aqui
Zizi fez zumzum
seu mel não deu
Bárbara, calundú
Me bateu
Aparecida desapareceu
Eu pedi a dadá, dá
Ela não deu
Ai que zoeira, tum, tum, tum
Meu coração (bis)
Tá na beira do abismo
Ai que zoeira, tum, tum, tum, tum
Meu coração (bis)
Tá na beira do abismo

20.4.06

Casa da Cultura é Bi em Edital do BNB.

Saiu na segunda-feira, dia 17, a lista dos selecionados para o Edital de Cultura do BNB (Banco do Nordeste do Brasil) para o ano de 2006. Entre os projetos aprovados esta o Colóquio de Literatura Popular da Casa da Cultura de Irará (CCI). O projeto consiste em palestras, debates, oficinas e apresentações artísticas (literárias e musicais) com temática na cultura popular de matriz nordestina. O investimento a ser liberado pelo banco para o Colóquio corresponde a pouco mais de R$ 9 mil e devem estar disponíveis assim que a diretoria da CCI receber o comunicado do BNB e proceder com as obrigações contratuais necessárias.
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O Colóquio de Literatura Popular também foi selecionado na edição 2005 do mesmo Edital e aconteceu graças ao investimento do BNB, contando com o apoio da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e da Prefeitura Municipal de Irará. Para 2006 espera-se re-afirmar parcerias e constituir novos parceiros. A idéia é que o evento seja ainda mais representativo para a comunidade iraraense do que foi o primeiro, quando estiveram presentes cordelistas de renome como Franklin Maxado, Antônio Vieira e Jotacê Freitas, entre outras personalidades.
Um total de 145 projetos, entre 2.354 inscritos, foi selecionado pelo Programa BNB de Cultura 2006. Dos 145 projetos, foram aprovados 30 de Artes Cênicas, 32 de Artes Visuais, 19 de Audiovisual, 32 e Literatura (Caso do Colóquio – “evento de promoção literária”) e 32 de Música.
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Os 145 projetos selecionados procedem de 95 cidades nordestinas diferentes. 78 propostas (53,8%) foram oriundas de 72 municípios com menos de 100 mil habitantes. As outras 67 (46,2%) foram originárias das nove capitais da Região e mais 14 cidades do interior nordestino, com mais de 100 mil habitantes.
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Lista dos selecionados e maiores informações em: (www.bnb.gov.br).

18.4.06

O Vinhos e Versos da Semana Santa em 15 estações.


1º Estação - A Condenação

Naquela noite de quinta passada, 13 de abril, véspera da Sexta-feira da Paixão, estávamos mesmos condenados a recitar vinhos e beber versos noite a dentro. A ansiedade por recitais traia qualquer receio e, ainda que estivéssemos passíveis de julgamento, nos motivava a começar o recital.



Conversa descontraida em meio a poesia

2 º Estação - Carregando a Cruz.

Esta foi a oitava edição do recital Vinhos e Versos sob a organização da Casa da Cultura de Irará (CCI). O evento vem acontecendo desde julho de 2003, quando o grupo iraraense tomou posse da CCI. Em 2005 foi iniciado um novo mandato, tendo na presidência o cordelista Kitute de Licinho. Diante da falta de participação e/ou motivação das pessoas convidadas por ele para participar da diretoria, Kitute praticamente organizou todo o recital e a exposição sozinho. “Jogou nas onze”, como ele próprio diz.


Público acompanha o Vinhos e Versos
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3º Estação - Primeira queda.
O costumeiro atraso no começo do recital faz cair o número de espectadores. Há quem chegue e não agüente esperar e também a ida e vinda de pessoas, somente interessadas em beber vinhos que nem se quer olham as obras expostas, arranham o sentido do evento. Nesta edição, em específico, aconteceu o evento do sarigüê , uma cena nada poética. Mas, mesmo diante de todos os imprevistos, há sempre a vontade de continuar, em nome da poesia.


Exposição apresentou obras de Juveraldo
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4º Estação - O recital re-encontra alguns dos seus.
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A sétima edição do Vinhos e Versos foi marcado como a do recital, no qual não se recitou. O evento acontecido em novembro de 2005, não contou com a participação de muitos dos seus tradicionais freqüentadores e recitadores. Este último pôde novamente contar com as presenças de Juci Freitas, Sérgio Ramos¸ Fábio Calixto, e Roberto Martins, entre outros.



Fábio Calixto (esq de azul) foi socorrido em seus versos
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5 º Estação - Roberto ajuda Fábio Calixto a recitar.
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Logo no inicio, o Vinhos e Versos parecia não engrenar. Havia uma terrível lacuna entre a declamação de uma poesia e outra. Roberto então sugeriu a Kitute que ele recitasse um poema de Castro Alves já seu costumeiro no Vinhos e Versos. Em contra partida, logo na seqüência, Roberto recitaria “Versos Íntimos” de Augusto do Anjos, habitual em seu repertório e Fábio Calixto entraria com a repetidissíma “E agora José” de Drummond. Por incrível que pareça, Calixto esqueceu os versos do poema Drummondiano e logo foi socorrido por Roberto num breve improviso. A rima de-repente a qual lembrava que o tempo acabou e Fábio esqueceu, arrancou risos no público presente.


Juci Freitas, a voz feminina da noite
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6 º Estação - A fala de uma “Verônica” faz do vinho o verso.
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Juci Freitas foi a única mulher a recitar naquela noite. Seria pouco dizer que ela “faz versos como quem morre”. Recitando poemas de sua autoria, de outros autores e também, a pedidos, de Cecília Meireles, Juci incorpora a poesia, surpreende a quem ainda não a conhece e deixa sua marca, assim como o rosto de Jesus ficou gravado no pano cedido por Verônica.
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7º Sétima Estação - É preciso superar as quedas.
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A qualquer intervalo que já pareça longo Roberto provoca os presentes a recitarem. Alguns não aceitam o convite e outros resolvem dá a sua contribuição antes mesmo de serem convocados. Joel Gomes então não se faz de rogado e vai ao centro do salão, onde recita um poema de Shakespare. É preciso continuar, seguir a “via crucis”, superando as quedas.



Roberto em leitura dramática de "Triste Partida"
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8 º Oitava Estação - O consolo.
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Nem sempre a poesia serve de consolo, mas poemas que retratam realidades transmitem sentimentos de compaixão e reflexão. De livro na mão, Roberto Martins faz uma leitura do poema “Triste partida”, escrito por Patativa do Assaré e musicado por Luiz Gonzaga. Os versos retratam a dor do retirante nordestino nos difíceis tempos de longas estiagens. É solicitada a participação de todos e como se chorassem por nós e por nossos filhos e irmãos nordestinos, o público vai no refrão: “meu Deus, meu Deus!”, “aí, aí, aí, aí,”.
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9 º Estação - Nova queda, na tentação por reprises.
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Sérgio Ramos traz a figura do caipira ao recitar versos de Wilson Aragão, no qual constata que “morre muitha menas gente se a guerra for de facão”. Ao ver Sérgio representando o tabareu, Kitute não resiste e pede para que seja revivida a parceria de Sérgio e Roberto para recitar o matuto no futebol. Os dois então caíram na tentação e reviveram a parceria já conhecida de outros Vinhos e Versos.
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10 º Estação - “Rasgam-se as vestes” de um visitante, revela-se um poeta.
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Ricardo Castelar estava quieto observando tudo. Derrepente, vai ao meio do salão e recita um poema. Mas esta não é a sua única participação. Ele sabe que “dois e dois... são quatro”. Então Ricardo volta algumas vezes e surpreende o público até mesmo com versos de Olavo Bilac, o príncipe do parnasianismo.
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Tone, Joel e Tarcísio, frequentando o recital

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11º Estação - Pregados no Vinhos e Versos.
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Alguns dos freqüentadores que estão sempre presentes ao recital, acompanham com atenção e alguns deles até recitam. Os casais, Tone e Taise; Tarcísio e Gilda, marcaram presença mais uma vez. Nanuse não perdeu mais uma oportunidade de ver “seu kitutinho recitando”. Edma acompanhava seu esposo, Sérgio. E Rejane se fez presente mais uma vez. Entre os “pregadores” do V & V, Tone foi quem foi ao centro e, com livro na mão, recitou versos de Jotacê.
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Mauricio que depois atacaria de "Romeu e Julieta"
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12 º Estação - Acaba o vinho, mas o recital não morre.
Por volta de meia noite e meia ou uma da manhã os sete garrafões (35 litros) de vinho secaram. Enganou-se quem pensou que o recital acabaria com o fim do vinho. Fosse a base de coca-cola, ou de bico seco mesmo, a rapaziada continuou a recitar. Algumas pessoas já tinham ido embora, outras estavam apenas chegando. Sabão integrou a recitação de um rap de Gabriel O Pensador (Retrato de um Playboy) e Maurício Pereira, até subiu na caixa de som para dramatizar versos do romance Romeu e Julieta de Shakespeare..
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13 º Estação - O recital “desce” da cena.
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Com o avançar da noite, o número de presentes já era pequeno e o recital terminou. Final do Versos, volta o som ambiente. No aparelho, toca o mesmo CD que se repetiu exaustivamente antes do recital começar. Entretanto agora, a voz de Nei Matogrosso parecia narrar a proximidade do horário: “são duas horas da madrugada/ assim/ assim...”. E assim, assado todos se despediam do Vinhos e Versos.
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14º Estação - A luta contra o sepulcro.
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A cada Vinhos e Versos o recital se renova. É como se fosse uma luta constante contra a morte de prática e espaços para a poesia na cidade. Uma prova disto é que a cada edição o recital atrai novas pessoas, que por um motivo ou por outro, ainda não o conhecia. Importante frisar que o Vinhos e Versos e toda a sua conjuntura incentivaram algumas pessoas desenterrar suas idéias e talentos. Prova disto é o próprio Kitute de Licinho que graças ao movimente empreendido despertou seu talento de cordelista, virou editorialista em cordel, e pôde criar obras memoráveis como “O Namoro da Biba na Festa de Fevereiro”. Livreto que, quando recitado no Vinhos e Versos prende a atenção do público que fica num silêncio sepulcral ouvindo cada lance da estoria.
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Dra Surama (esq) e Gina motivadas com o V & V
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15 º Estação - A ressurreição.
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Dra. Surama Vilas Boas ficou empolgada com o V & V. Na ausência da Diretora de Cultura do Município, a Chefe de Gabinete falava como se fosse a titular da pasta. Fazia planos e dava idéias para melhorar a estrutura dos recitais. Ao tempo em que planejava, ressuscitava lembranças do seu tempo de juventude “transviada” em Irará. Aqueles deviam ser jovens que “acreditavam nas flores vencendo o canhão”. Infelizmente, hoje o pensamento critico parece não mais habitar as cabeças dos iraraenses juvenis. Idéias libertárias que poderiam começar a ser ressuscitadas caso houvesse uma política séria para a área da cultura. Como diria Raul Seixas: “Espero em Deus, por que ele é brasileiro, pra trazer o progresso que eu não vejo aqui!”.
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*Fotos por Kitute de Licinho (jogou nas 12).
**Cartaz de Marcílio Cerqueira.

Jovens matam sarigüê no Sobrado dos Nogueiras

O acontecido se deu por volta das 21:30h, na noite do último dia 13 de abril, no Sobrado dos Nogueiras, em Irará. Era mais um recital de poesias Vinhos e Versos, promovido pela Casa da Cultura, acompanhado da exposição das telas de Juveraldo, artista iraraense. Enquanto aguardavam o inicio do sarau poético, as pessoas tinham acesso ao local, onde podiam apreciar as obras do pintor e tomar um pouco de vinho.

A característica de servir o vinho gratuitamente e o fato da data ser véspera da sexta-feira da paixão, atraiu um público pouco ambientado ao Vinhos e Versos. Muitos jovens se dirigiram ao Sobrado dos Nogueiras, sem a devida noção de como acontecia o recital de poesias, deixando claro que seu único interesse ali era beber vinho de graça. Um deles, mais cauteloso, chegou a interrogar se era preciso recitar alguma poesia para tomar o vinho. Diante da reposta de que a bebida estava disponível à todos, encheu seu copo, saiu e voltou algumas vezes, sempre acompanhado de uma turma de amigos. A noticia foi se alastrando pela praça da matriz e num determinado momento parecia que havia uma peregrinação rumo ao vinho da Casa da Cultura.

Os jovens enchiam seus copos de vinho quando perceberam a presença de um visitante inesperado. Tratava-se de um sarigüê de tamanho médio, demonstrando que o animal ainda não atingira a idade adulta. Diante do grito de alerta com relação a presença do bicho, a grande maioria dos jovens pareciam ter sido tomados por um instinto selvagem. Então se deu a correria com vistas a caçar e matar o animal. Após muitos pontapés e chineladas o sarigüê morreu ali mesmo, no salão principal do andar térreo do Sobrado dos Nogueiras, onde acontece o recital de poesias. Um dos jovens vangloriava-se do ato, enquanto narrava como ele deu varias chineladas na cabeça do “sujeito”. O estado eufórico do rapaz não lhe fez “cair na real”, nem mesmo diante de uma provocação irônica. “Você é o maior, é o valentão, matou o bicho”, ironizou um dos presentes.

O episódio mostra um pouco da mentalidade de alguns dos jovens iraraenses. A idéia de que matar um animal ou se embriagar de bebida, simplesmente pelo fato de que a mesma é gratuita, é motivo para se sentir o maioral. Talvez, eram esses mesmos os que estavam no grupo dos que, ao assistir o recital de poesias, perguntavam uns aos outros, em tons de riso: “Quem é o próximo otário que vai recitar?”. Como se vê, será preciso muita “poesia” para operar transformações sociais em irará.
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Ambiente propício.
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Desconsiderando a noção do prazer no ato de rebeldia juvenil, vale a pena lembrar que muitas pessoas têm horror a sarigüê. É um animal estranho, feio e perseguido na zona rural, pela sua fama de atacar galinhas. É perceptível que o habitat deste animal é a mata e não o interior de residências e/ou prédios públicos. Mas o ambiente do Sobrado dos Nogueiras tem sido propicio à moradia de morcegos, ratos e agora sarigüês.

Diante do comentário de testemunhas de que o animal teria caído do primeiro andar do Sobrado, reforça a urgência por medidas providenciais para a situação do arquivo público do município. O arquivo está amontoado no andar superior da edificação há quase três anos. Desde de julho de 2003, quando o então prefeito Amaro Bispo - com aprovação da Câmara de vereadores - revogou a lei que dava direito à Casa da Cultura de Irará (CCI) usufruir o primeiro andar do Sobrado. Na época, Bispo com a certeza que tinha da aprovação de seu projeto, nem esperou o voto do legislativo e desarrumou o arquivo que funcionava no andar térreo, amontoando-o no andar superior do sobrado. A medida foi realizada a toque de caixa, para que pudesse abrigar a atual estrutura da Biblioteca Pública do Município. Prefeito e Governador inauguraram juntos as instalações da Biblioteca, ignorando a situação do Sobrado e o “entulho” jogado no primeiro andar.


Na gestão atual, iniciada em janeiro de 2005, o problema persiste. O Prefeito Juscelino Souza ainda não se pronunciou a respeito da situação da Casa da Cultura no Sobrado, tampouco promoveu melhorias na estrutura do mesmo, com relação aos problemas de infiltrações no telhado e nas instalações elétricas. Apesar do informativo “O Tabuleiro” ter pontuado que foi feito uma reforma na edificação, o que se viu foi apenas uma pintura e a retirada das elegantes pedras portuguesas do passeio do prédio. No andar térreo, foi instalado o escritório do Departamento Municipal de Cultura, organismo responsável pela política governamental para o setor, no atual governo. De tal forma, ficam o Departamento e a Biblioteca no andar térreo, enquanto o arquivo desarrumado e a CCI, ainda que não de forma legal, no andar superior.


Além do arquivo desarrumado e do amontado de papeis, a atual gestão vem usando o local como uma espécie de depósito de objetos decorativos das festas públicas da cidade. Estes fatos dificultam a limpeza do ambiente e favorecem a proliferação de animais peçonhentos. Assim, arquivos históricos e documentos de governos passados ficam entregues ás traças, baratas, morcegos, ratos e sariguês. Curioso é que a chefe do departamento, em entrevista ao “O Tabuleiro”, disse que no primeiro ano de gestão, o órgão “arrumou a casa”, parecendo esquecer a bagunça no andar superior do seu local de trabalho. Haja sarigüê e instinto de extermina-los.





Fotos realizadas na sexta-feira, 14 de abril de 2006.

10.4.06

Na pauta, a Semana Santa.

Chega Semana Santa e já dá pra prever os noticiários. Como em todo “bom jornalismo”, o repórter pode até repetir a matéria do ano passado, pois a pauta é a mesma. Na TV, vai ter reportagem de procissões, de auto flagelação, peregrinos subindo morro ou carregando cruz, católicos rezando diante do Papa na TV (ainda que Bento XVI não seja pop star), etc, etc, etc... O noticiário e os acontecimentos de Irará, também não devem variar muito.

Lá vai ter missa, vai ter festa no sábado de aleluia e as noticias no impresso local, também devem se repetir. Entre elas, destaco uma, que para mim é quase certa. Se não sair na edição de abril, com certeza deverá estar o fato registrado no mês de maio. Aposto um real que vamos ver a divulgação de que na Semana Santa, lideranças políticas distribuíram peixe à população carente. Mesmo sabendo que isto, certamente vai virar noticia, não vejo nada de novo. Novidade mesmo seria, se eles estivessem ensinando a pescar.

Devaneio meu, eu sei. Porque ensinar a pescar é um processo lento, gradual, que exige tempo e não rende elogios ou matérias nos informativos. Quem dirá uma abertura de parêntesis para um rasgado elogio. Lembro-me que num destes anos passados, o mensário local tinha tanta noticia de doadores de peixe, que cheguei a pensar tratar-se de um campeonato. Uma espécie de leilão, no qual quem desse mais seria o vencedor.

Enquanto a disputa for por quem dá mais peixe, tá tudo tranqüilo. Assim os supermercados irão vender mais, os recursos vão incrementar a economia da cidade e “as famílias carentes terão uma semana santa mais feliz”, conforme argumentam os doadores. Complicado será, se com o avançar da disputa, alguém resolver se antecipar aos adversários e além de peixe também dá vara de pescar aos carentes. Já pensou? O cidadão sofrendo, cheio de problemas nas costas, e os políticos tome-lhe vara! A doação traria outro agravante. É que perdendo o “conforto do supermercado” o individuo talvez percebesse que os rios do município estão secando.

Pois, ainda que a moda da vara não pegue você pode perceber que nem tudo é repetição na Semana Santa do Irará. Destaco aqui então duas mudanças. A primeira é com referencia aquele meu amigo que guardava a Quaresma e fazia todo tipo abstinência, mas neste ano eu já o vi tomando uma cervejinha, naquele intervalo de quarenta dias que separa o carnaval e sexta-feira da paixão. A outra é com reação aos Judas que aconteciam com maior freqüência na zona rural e hoje estão diminuindo.

O Judas era um negocio trabalhoso de se fazer e organizar, além do mais, as vezes trazia problemas aos organizadores. O diabo estava... – “opa! não ver que isso pecado menino... falar do tinhoso na semana santa” - Então desculpe-me. Melhor dizendo. O problema estava era no testamento do Judas. Oh! negoço desaforado! Eles diziam de tudo através do tal escrito. Hoje já não pode. E a comunidade que fizer isso corre o risco do político não dá peixe nem vara no ano que vem. Melhor então pedir aos “home” que fale a seu deputado pra mandar uma banda e fica tudo certo.

E se o povo quer banda, não se admire se tiver cabo eleitoral dando banda de peixe. Pode ser uma medida de contenção de despesa, ainda mais em ano de eleição como este, no qual os correligionários precisam mostrar maior número de atendidos para os seus deputados. Quanto mais gente beneficiada, maior chance de votos e maior reputação para o doador.

Assim vai formando a relação de amor e ódio assistencial. O político pensando que estar enganando o povo. E a população imaginando enrolar os políticos (eu pego, mas não voto) e parecendo esquecer, onde tá faltando o dinheiro daquela suntuosa doação. Situação que remonta ao estigma social do povo brasileiro que talvez seja quebrado no dia em que a paixão vir a habitar os corações e não somente o calendário.

P.S. – Estou apostando só um real não é por medo de perder, mas por estar sem condições de arriscar mais no momento. Vai que o pessoal me surpreende. Eu hein. Pé de pato mangalô três vezes! Fé em Deus! E que Jesus nos abençoe.