27.12.06

Obra de arte sem conservantes

Venhamos e convenhamos. “Artifício” tem, lá em algum lugar da sua etimologia, um pouco de “arte”. E, quero crer, “artificial” também. O natural quando precisa se “artifcializar” pode até ser que use alguma conserva. Arte contemporânea, arte digital. Diálogos. Natural ou artificial. Ninguém pode avaliar o preço da contemplação alheia. Se for para ser produto, melhor que não contenha conservantes. A dica é: visite o blog de Samara – www.esteprodutonaocontemconservantes.blogspot.com

20.12.06

BNB de cultura 2007 tem dois projetos iraraenses

Foi divulgada esta semana a lista dos projetos selecionados no Edital BNB de Cultura 2007. Das 2.179 propostas habilitadas a concorrer, 157 foram selecionadas. Dois projetos de Irará figuram na lista dos contemplados. São eles: O Colóquio de Literatura Popular, da Casa da Cultura; e o CD – Tocata e Retreta, da Filarmônica 25 de Dezembro.
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As entidades contaram com a assessoria técnica da Charanga Comunicação para elaborar os projetos que resultam num patrocínio de quase dez mil reais do Banco do Nordeste para cada uma delas.
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Com os nomes na relação dos selecionados, cabe agora a Casa da Cultura e a Filarmônica, organizarem os documentos e aguardar comunicação do BNB. Depois de resolvido os tramites burocráticos, é só realizar os projetos.
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Repentistas se apresentam no Colóquio 2006
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O Colóquio de Literatura Popular, da Casa da Cultura, foi selecionado na área de literatura e visa incentivar o exercício da leitura no município de Irará. Aprovado nas três edições do edital BNB de Cultura, O Colóquio, em suas duas edições (2005 e 2006), tem conseguido chamar a atenção da comunidade iraraense.
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A atividade é constituída de palestras, oficinas, apresentações de folguedos populares e grupos musicais, além de recitais de poesias e cordéis. A temática abordada é a literatura popular, com manifestações de caráter tipicamente nordestino.
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Sede da Filarmônica 25 de Dezembro

O projeto aprovado para a Filarmônica 25 de Dezembro consiste na prensagem dos LPs Tocata (1983) e Retreta (1993) no suporte CD. O lançamento deste material, já gravado e remasterizado, foi planejado para acontecer durante as comemorações dos 50 Anos da entidade. Contudo, não foi possível devido a falta de recursos para prensagem dos CDs.
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Agora, com o Patrocínio do Banco do Nordeste, a Filarmônica devera lançar o CD com o conteúdo dos seus dois LPs. De acordo com o projeto, parte do CDs a serem prensados serão doados a escolas, instituições e outras Filarmônicas, parceiras da 25.
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O Programa BNB de Cultura tem como objetivo apoiar prioritariamente a realização de projetos culturais que estão fora da evidência do mercado e que contemplem a cultura popular nordestina.
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Leia noticia sobre resultado do Programa em:
http://www.bnb.gov.br/Content/aplicacao/Grupo_Principal/Nordeste_Noticias/conteudo/nordeste_noticias_detalhes.asp

Queremos saber

Dias desses a Nasa, Companhia espacial norte-americana, disse ter descoberto provas da existência de água em estado liquido no Planeta Marte. O site do Uol e do Ig noticiaram o fato em suas respectivas colunas de ciências.
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A notícia, claro, divulgada através de uma coletiva convocada pela Nasa, é dada como uma certeza. Entretanto, quando observamos o texto de um dos sites descritos acima, feitos com base em nota emitida pela Agência Efe temos:
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Foto "prova" existênica de água em Marte

“Edgett, da empresa Malin de Ciências Espaciais, mostrou uma série de fotografias feitas em 2000 e 2005 das encostas das crateras vulcânicas nas quais se pode ver o que PARECE ser leitos de cursos de água, estreitos em seu começo e que se abrem em deltas ao chegar à base.”
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Lembrando da série, “perguntar não ofende”, menino curioso questiona logo: “E parecer, é ser?”. E olha que são justamente as tais fotografias que representam as “provas” alardeadas.
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Primeiro me veio à mente uma citação de Raul, parte da incrível letra de “Eu também vou reclamar”. Grita o maluco beleza: “Gelo em Marte, diz a Vicking, mas, no entanto, não há galinha em meu quintal”.
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Depois tive a lembrança de um clássico poema de Drummont, “O homem; as viagens”, o qual minha irmã gosta muito de recitar. Basta dá uma olhada no trecho abaixo.
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"Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem,
o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.
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Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto — é isto?
idem
idem
idem.
(*).
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Já passamos de “2001”, o mundo não acabou, e a humanidade continua a sua “odisséia no espaço”. Em meio aos tradicionais questionamentos, bilhões de dólares são gastos em programas espaciais. Enquanto aqui na terra, “lugar de muita miséria e pouca diversão”, milhares e milhares ainda carecerem de necessidades básicas. Entre as carências, dormir e se alimentar que, antes de serem necessidades humanas, são necessidades animais.
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Seca no Nordeste Brasileiro

De tal modo, o que importa saber se há água em Marte? Queremos saber, se há água nos sertões do nordeste brasileiro. Queremos saber, se há alimento na África sub-saariana. Queremos saber se há paz no Oriente Médio, ou em tantas outras partes do mundo.
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Depois de tanto querer saber, difícil foi não rememorar uma linda canção de Gilberto Gil, cujo título é: “Queremos saber”.
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Queremos Saber
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Queremos saber
O que vão fazer
Com as novas invenções
Queremos notícia mais séria
Sobre a descoberta da antimatéria
E suas implicações
Na emancipação do homem
Das grandes populações
Homens pobres das cidades,
Das estepes, dos sertões
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Queremos saber
Quando vamos ter
Raio laser mais barato
Queremos de fato um relato
Retrato mais sério
Do mistério da luz
Luz do disco voador
Pra iluminação do homem
Tão carente e sofredor
Tão perdido na distância
Da Morado do Senhor
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Queremos saber
Queremos viver
Confiantes no futuro
Por isso se faz necessário
Prevê qual o itinerário da ilusão
A ilusão do poder
Pois se foi permitido ao homem
Tantas coisas conhecer
É melhor que todos saibam
O que pode acontecer
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Queremos saber
Queremos saber
Todos queremos saber
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Gilberto Gil.
(*) Leia integra do poema de Drummond:

Coopril consolida Feira da Mandioca

A Feira Regional da Mandioca está sendo consolidada no calendário de eventos iraraenses. Antes mesmo de terminar a terceira edição, nos últimos dias 08, 09 e 10 de dezembro, as pessoas já começavam a falar da Feira 2007.
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Entusiasmado, Agnaldo Francelino, Guido, representante da Coopril (Cooperativa dos Produtores Rurais de Irará – Ltda), entidade que organiza o evento, anunciou a Feira do próximo ano. Antes agradeceu o patrocínio da Petrobrás e do Governo Federal e, crendo no potencial de crescimento da feira, também apostou numa maior participação do governo estadual.
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“Acreditamos que com o a gestão que vai se iniciar em janeiro, com o Governador Jaques Wagner e o companheiro Geraldo Simões, novo Secretário de Agricultura, teremos o apoio necessário”. Discursou Guido.
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Público prestigia a Feira em "massa"
A movimentação era grande nos estandes. Neles, além de bebidas e artesanatos eram comercializados, tapioca, beijus e outros produtos, como pizza e lasanha, todas estas guloseimas feitas à base da mandioca.
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E não só de bar, culinária e artesanato viveu a feira. Estandes também foram disponibilizados para Associações e empresas, como a Moveis Bemfeito. A Prefeitura Municipal de Irará também montou o seu.
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Já o estande que visava enfatizar a diferença entre o modo artesanal e a técnica mecanizada do processamento da farinha teve localização desprestigiada, ao fundo da feira, e acabou passando despercebido por algumas pessoas.
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Quem viu a “Casa de Farinha” lembrou do “barraco da cidade”, aquele feito pela Prefeitura no São João. Porque lá estavam novamente as ripas, material nada convencional para se fazer a representação de uma típica casa de taipa.
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Irará, tantas vezes campeã da feira do interior, representando suas casas de Farinha, deve ter desaprendido como fazer casa de modo artesanal.
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Uma queixa quase unânime foi quanto ao espaço da Feira. Era comum, em meio ao aperto e a dificuldade dos transeuntes, ouvir pessoas reclamando que a Feira da Mandioca não pode mais ser realizada na Praça Antônio do Oliveira Borges, em frente ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Fica a dica para os organizadores.
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A parte das apresentações artísticas, motivo principal para ida de muitos à feira, agradou. A abertura aconteceu na sexta à noite com Manele do Arcodeon e Eletrofole, sendo encerrada na noite do Domingo com Futuca Menino.
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A chegança, repentistas, forrozeiros e grupos de Samba de Roda também se apresentaram. A noite do sábado teve encerramento com as apresentações de Saracú de Nazareno e Raimundo do Sodré.
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Raimundo Sodré canta para a massa
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O cantor da “massa” botou a “massa” pra sambar. E enquanto uns apreciavam a “massa”, ao longo de toda a praça percebiam-se rodinhas de samba se formando. Não falei. Foi “massa”!
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“E haja vasilina moço, pra escorregar com essa menina”. Os ritmos tocados por Sodré, quando não combinavam tanto com a roda de samba, eram acompanhados pelos casais dançando forró coladinho. “Torna repetir meu amor”.
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Repetir a Feira no ano que vem é o desejo de todos. Devem ser repensados pontos como a localização e também as estratégias para chamar atenção da população para as palestras e os ensinamentos e discussões disponibilizados pela Feira da Mandioca, com ao melhoramento da cultura mandioqueira.
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Enquanto a feira do de 2007 não chega, fica a expectativa e a certeza de que a Feira da Mandioca, já vai sendo consolidada como um grande evento no calendário do município. Nada mais natural para Irará e sua agricultura, com índice de 80% de representação para a cultura da mandioca.

8.12.06

Vai ser “massa”


Raimundo Sodré na Feira Regional da Mandioca em Irará. Sodré que ficou conhecido internacionalmente depois do Festival da Nova MPB 80, onde apresentou a canção “A massa”, vai poder mostrar suas canções ao vivo para “a massa” iraraense que planta, cultiva e consome mandioca. .
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Não só “a massa”, mas tantas outras da suas belas canções. Músicas que cantam “a dor da gente”. A “dor de menino acanhando, menino-bezerro pisado, no curral do mundo a penar”. Som autêntico “que salta aos olhos, igual a um gemido calado” e assim espanta “a sombra do mal assombrado, a dor de nem poder chorar”.
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Sodré na Feira é mais um presente para “a massa” iraraense. Principalmente para os jovens. Os jovens da geração de antes que testemunharam Raimundo no Festival. Os jovens de hoje, tão carentes de opções culturais e submissos aos ditames da cultura de massa. Interesses mercadológicos que tratam todos, e a sua cultura, como se fossem um “moinho de homens, que nem girimus amassados, mansos meninos domados, massa de medos iguais”.
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Para lutar contra os seus medos, a principal arma da “massa” é a resistência. Assim como Tiago de Melo insiste em não dormir, a cultura da mandioca teima em resistir. Resiste ao descaso, resiste às pressões, aos que desejam indústrias para poluir em detrimento de suas potencialidades. Massa de homens batalhadores. Todos os que resistem e insistem em seguir “amassando a massa” com “a mão que amassa a comida, esculpi, modela e castiga”. Essa é “a massa dos homens normais”.
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“Quando eu lembro da massa da mandioca, mãe”. “Da massa”. Lembro dessa gente sofrida. Lembro da força da raiz da mandioca. Lembro... “nunca mais me fizeram aquela presença, mãe”. Triplo sentido. As três massas na composição de Raimundo Sodré e Jorge Portugal. Um orgasmo literário. Prato cheio para quem curte as metáforas e os trocadilhos.
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“Da massa que planta mandioca”. A “massa que falo é que passa fome, mãe”. Alguns já viciados nas esmolas governamentais, deixam suas lavouras, esquecem o “amor de lelé”, perdem a esperança da resistência de poder um dia bradar com fé: “no cabo da minha enxada não conheço “coroné””.
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E assim como essa indecisão de se acomodar ou de se rebelar “eu quero, mas não quero, camarão, mulher minha na função, camarão, que está livre de um abraço, mas nunca de um beliscão”. E a “massa” que tanto parece indecisa, assim como Arnaldo Antunes, não quer só comida, quer comida, diversão e arte. Por isso, quando Sodré terminar o seu show, certamente os pedidos serão: “tornar repetir meu amor, ai, ai, ai!”.
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Aí então, com as massas conscientes do que querem e se quererem bem, pouco importa se “o guarda civil não quer a roupa no quarador”. Por outro lado, se “as massas” deixarem transparecer que ainda dormitam, Sodré continuará com seu questionamento. “Meu Deus onde vai parar, parar essa massa?”.
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Em Irará, Raimundo só não deve ficar sem resposta quando perguntar: “Meu Deus onde vai rolar, rolar essa massa...”. Entre dúvidas e questionamentos, só me vem a certeza de que a apresentação de Sodré em Irará vai ser “massa”. Sentido quádruplo. Gozei!
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PS. “junte as partes aspeadas e forme a letra de A Massa” (rs, rs, rs)

A. A.

Uma apresentação. “Eu gosto de ficar só, mas gosto mais de você”. Ao fundo uma enorme tela de projeção. Imagens em preto e branco, lindas e simples. Cisnes, pombos, gaivotas, texturas, água. Ondas, correntezas, cascatas, pingos de chuvas caindo. Círculos, muitos deles, são formados.
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Mais círculos. Agora no chão. É feito de luz. Efeito de iluminação. Uns lembram flores, outros, buracos. E o do “espelho está fechado, agora temos de ficar aqui, com um olho aberto, outro acordado, do lado de cá onde eu saí”.
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Música suave. Perna pra frente, pra trás. Gestos simples e evasivos, assim como as palavras. Parece composição de criança. “Sujar o pé na areia pra lavar com água. Molhar o pé na água pra sujar na areia”.
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Criança não tem o “senso do ridículo”. E por temer o ridículo, ou sei lá qual outra convenção, o adulto não ama. Ainda que tenha possibilidade bem pertinho. Ridícula é a humanidade. Pena que as crianças crescem.
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Sombra na parede. Movimento. É preciso que o fio acompanhe. Atenção total do rodeie para evitar que se formem os nos. Pedestal vai e vem. Como num passo de dança por cima da cabeça, repousa nos ombros. Figurino quase lembra uma camisa de força. Gestos robotizados e às vezes explosivos.
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Corre, vai até a enorme projeção e se joga. Parece querer transpor um portal. Procurar outra dimensão. “Socorro! Alguma alma mesmo que penada, me preste suas penas, já não sinto amor, nem dor, já não sinto nada”. Então busca “qualquer coisa que se sinta, tem tanto sentimento deve ter algum que sirva”.
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Apresenta o novo trabalho. “Qualquer”. Canta as coisas, “qualquer coisa”. O bezerro grita “mam-mãe”. Mensagens em refrão e olhares não codificados. Volta pro centro das luzes. A voz é grave e cativante. Ao fundo violões, guitarra e teclados, sob o comando de três competentes companheiros. Faz a já esperada e corriqueira encenação. Sai e volta. Vem “exagerado” só pra lembrar que o “pulso ainda pulsa”.
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“Acabou choraré”. Boa parte das abelinhas sai a procura de zum-zum e mel. Lá fora alguém havia gritado: “eu gosto é de arrocha”! Teatro Castro Alves, Salvador, Bahia. “No palco, um amigo da gente, Arnaldo Antunes”.

5.12.06

Maconha e amnésia

“Lembrando pra vocês que maconha trás amnésia e outras coisas que Aurelino já esqueceu”.
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A frase cantada por uma banda de reggae faz alusão a um caso de um suposto maconheiro que ao fumar era questionado: “Rapaz; você não sabe que isto causa amnésia?”. E ele então respondia: “Ah! É!? Esqueci”.
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Enquanto os cientistas se debatem com a questão (uns falam que sim, outro falam que não, outros dizem que só para usuários pesados...) as versões se multiplicam. Já existe casos até em vídeo.
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Sucesso no Youtube, o nome da obra é “Tapa na Pantera” e trata a relação maconha e amnésia de forma bem humorada, entre uma baforada e outra de uma senhora, enquanto presta seu depoimento sobre a canabis.
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Com duração de pouco mais de três minutos, o vídeo é uma obra ficcional de Esmir Filho, Marina Bastos e Rafael Gomes. A produção é da Substância Filmes e apresenta Maria Alice Vergueiro. Confira no link: www.youtube.com/watch?v=2PWNRzfx8zU
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Obs: caso o link não abra, entre no site
www.yuoutube.com e no campo onde tem “search” digite: Tapa na Pantera.

ACM e o espelho

A Rádio Band News noticiou o discurso de Antônio Carlos Magalhães (PFL–Ba), semana passada no plenário do Senado. A fala era em defesa da ética na relação entre governos e veículos de comunicação (sic). De acordo com a reportagem, o Senador teria dito que governos deveriam ser proibidos de anunciar em empresas de comunicação cujos donos sejam “políticos, filhos de políticos ou parentes de políticos”.
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Concordo com o Senador. O difícil vai ser encontrar, principalmente quando se referir a grande mídia, grupos que estejam fora do perfil traçado. O próprio ACM quando foi Ministro das Comunicações, durante o governo de José Sarney, distribuiu o maior número de concessões de Rádio e TV, para políticos e parentes de políticos, da história. Na Bahia, por exemplo, é grande a quantidade de emissoras em poder de políticos.
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Neste cenário, é a própria família do ilustre Senador (um político) que detém a maior rede de comunicação do estado. Rádios, TVs, Jornal, entre outros, completam o império dirigido pelo Júnior, filho do Antônio Carlos. E nos últimos anos, os veículos da família receberam, sim senhor, publicidade oficial, até mesmo quando o próprio ACM era governador do Estado.
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Será que só agora Antônio Carlos percebeu a falta de ética nesse tipo de prática? Ou será que tem algo a ver com o fato de que – parece - ele vai ser oposição total (Prefeitura de Salvador, Governo Estadual e Federal)? Comentei o discurso do, agora quase folclórico e histórico, Senador com alguns colegas que disseram: “deviam ter colocado um espelho na frente dele”.

Ser ou não Cê crítico

Dizem que já não mais existem críticos. Tão somente amigos e fãs. Será? Li umas duas criticas do novo disco do Caetano Veloso. A bolacha (essa é do tempo do vinil, rs, rs, rs) nomeada como “Ce”, é o primeiro trabalho de Caetano depois do seu afastamento de Paula Lavigne.
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Os textos que li elogiavam o trabalho do rapaz. Fiquei curioso para ouvir o “h”, ou melhor, o “Ce” do santamarense. Depois li o texto de Vitor Pamplona e me aquietei. Sem contar que “bate coxa na ante-sala do Ministério da Cultura” é ótimo, viu. Leia o texto de Pamplona em:
www.hora-prima.blogspot.com .
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É mesmo difícil a tarefa de “Cê” crítico, mas isso não nos impede de “C” ao menos ouvinte do “Ser” do rapaz. Então, qualquer hora dessas, acho que ainda vou escutar esse disco. Pode “Cê” até uma boa opção musical. ““Cê” aposta?”