24.4.07

Fulano de Sicrano*

“Não sou de ninguém/ Eu sou de todo mundo / e todo mundo é meu também.”
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Os Tribalistas, na canção já sei namorar
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“É como Cronos comendo seus filhos, é normal! Em Irará, também se diz assim: “Você tá me chamando de veado ? Por que Bicho? Eu não sou homem mesmo, não. Meu pai ainda não morreu, como é que eu posso ser homem ?” Quer dizer, isso é mitologia grega, não sei de que maneira foi parar em Irará. Mas foi.”
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Tom Zé em entrevista a revista Caros Amigos -nº 31 de Outubro de 1999 pag. 29

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Zé Nogueira, digo Zé de Aristide, me disse que quando Valter, Titino de Cassinho, lhe falou sobre Roberto Martins que gostava de tomar licor na sua casa (de Zé), ele achou estranho. Pensativo Zé dizia matutar, matutar, mas não se lembrava de nenhum Roberto com aquele sobrenome. Curioso, Zé meditava consigo: “será que é parente de João Martins? ou de Marcílio, dos Martins de Joy e Virgílio?”. Mas mesmo assim Zé não se lembrava de nenhum Roberto nessas famílias. Até que por um lapso ele percebeu: “Ah! É Ró de Zé do Rádio.”
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Zé Carlos (Kakal dos Pinto) e eu, certa feita abordávamos sobre este fato de em Irará os nossos nomes estarem sempre ligadas aos nomes dos nossos pais e/ou familiares. Em hipótese alguma, era vergonha estar relacionado ao nome deles, porém ideal seria que fossemos reconhecidos pelas nossas ações. O que para Kakal, só aconteceria quando fossemos independentes financeiramente. Lembro-me que nessa conversa foi exemplificado o caso de Eloi, que quando tomava umas cervejas no Chalé, tinha a sua conta encabeçada pelo titulo: “Filho de Nôca”.
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Essa lista de discussão é aberta a todos os iraraenses e simpatizantes. E por este motivo aqui podem transitar diversas pessoas; os que saíram de Irará há muitos anos, os que moram lá, os que pouco conhecem a cidade, e até mesmo quem só foi lá uma única vez. Isto denota dizer que aqui na lista o “sobrenome” (nome do pai) tem pouca relevância, mas no mundo real, e ainda mais se for em Irará...
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Vânia Medeiros (não sei o nome do pai dela) ao descobrir que Alex Rolim, colega de hospício** aqui da FaCom, era natural de Irará, logo lhe perguntou: “e lá, você é Alex de quem? Ele respondeu: “Alex de Vanda”. Aliás não fosse essa identificação, talvez Rui de Berada, demorasse um pouco a recordar de seu primo Alex, quando contei-lhe ser este último meu colega de faculdade.
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Ser conhecido com o nome do pai por vezes marca tanto, que a identificação de cada herdeiro vai se tornando mais longa. Como podemos notar na família de Sr. Zé de Cândido, que agregou o nome do pai e isso continuou com seus filhos. Assim conhecemos Leo de Zé de Cândido. Imaginem como será conhecido o filho de Leo.
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As vezes penso como as pessoas devem comentar sobre este grupo: “É uma lista formada por: Leo de Maica, Luciano de Rege, Vítor de Raimundo, Tais de Dilson, Bruno de Zé Mamão, Ró de Zé do Carneiro, Débora de Jarinho, Matilde de Mário Costa, e muitos outros de alguém”. Portanto em Irará, é difícil ser de ninguém, mas isso não implica dizer que a pessoa também não seja alguém enquanto os seus pais ainda se fazem presentes.
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* Escrito no verão 2002-2003 e enviado para iraraense@yahoogrupos.com.br
** Colega de Hospício é uma expressão usada por Milton Severiano na sua coluna “Enfermaria” da Revista Caros Amigos, para designar jornalistas e outros pensadores.

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