texto enviado para iraraense@yahoogrupos.com.br em 20 de maio de 2005.
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Estive em Irará no último final de semana e o assunto em questão era a visita do governador Paulo Souto ao município na sexta-feira, 13. Cheguei no sábado e, desta forma, não pude presenciar as palavras de sua excelência. Todavia, tive breve conversa com alguns conhecidos que me relataram o "script" do evento.
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Em meio a um comentário e outro, terminei passando batido e não questionei o que Souto fora fazer em Irará. Agora, desculpando-me pela falha, informo que a minha porção dedutiva, relacionada às noticias publicadas em jornais locais, levam-me a crer que o Sr. Governador foi anunciar a reparação da rodovia BA 084 (Berimbau – Água Fria). Sinal de que os governantes querem estar mais próximos do povo, pois, antigamente eles só visitavam as bases eleitorais quando iam inaugurar obras, agora também vão anuncia-las.
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Se o costume pegar, as populações interioranas já podem ir agendando, mais ou menos, as datas em que os governantes estarão presentes. Isto porque algumas obras, mais especificamente estradas, parecem feitas com prazo de validade definido. Ou seja, o asfaltamento colocado é de tão ruim qualidade que com poucos anos sob a chuva e o trafego a buraqueira está de volta. Em alguns casos as obra rodoviárias parecem ter, "coincidentemente", o período de quase quatro anos. E de quatro em quatro anos, todo mudo sabe, tem copa do mundo e mais alguma coisa que não me lembro agora.
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Como a memória no momento me trai, melhor apelar para a reflexão e lembrando dos comentários, fico pensando de como deveriam ser e de como são as tais visitas de governadores.
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De como deveriam ser.
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As cidades geralmente possuem muitos problemas. Sendo uma cidade interiorana, acrescenta-se um, que é justamente o distanciamento do governo e do governante. De tal maneira, seria interessante se quando o poder executivo estadual visitasse uma cidade interior – por vezes isso só acontece uma vez no ano ou nem isso -, as autoridades locais promovessem um grande debate de idéias entre o governador e a sociedade civil organizada. Assim, a comunidade poderia apresentar as suas queixas, evidenciando todos os problemas existentes sob a esfera estadual, como os da saúde, da educação, de segurança, entre outros.
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De como são.
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Os governantes já vão de helicóptero. Além de a viagem ser mais rápida eles ainda evitam o enduro da rodovia. As visitas são curtas, pois na agenda do executivo existem dezenas de outros lugares a serem visitados. Enquanto a estrutura que se monta na cidade para recebe-los é digna de um enredo cinematográfico. As crianças ficam sem aula, para poder ver tão imponente autoridade. Um palanque seguro é montado na praça, pois serão muitos a querer subir, desde os adversários locais até os vários deputados, cada um reclamando para si a autoria da indicação da obra. E faixas de agradecimento estarão por toda a cidade, parecendo que o governador já fez de um tudo pelo município.
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"Um Governo que fizer tudo,
mas não fizer estradas, não
fez nada; ao passo que
um Governo que não fizer quase
nada, mas fizer estradas, fez tudo."
(Coronel Andreazza, em entrevista a um matutino)
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mas não fizer estradas, não
fez nada; ao passo que
um Governo que não fizer quase
nada, mas fizer estradas, fez tudo."
(Coronel Andreazza, em entrevista a um matutino)
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Encontrei a declaração acima num livro do Stanislaw Ponte Preta, ela iniciava o capitulo intitulado "Na terra do crioulo doido", que junto com "A máquina de fazer doido" (a televisão) e "FEBEAPÁ 3 (Festival de Besteiras que Assolam o País), formam a publicação de 1968. Uma feliz coincidência ler esta passagem justamente nesta semana. É, pode crer. Coincidências acontecem, algumas sinceras, outras nem tanto. E as empreiteiras agradecem.
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