E lá se foi Damário DaCruz. Só fisicamente é claro. As idéias e versos estarão por aqui. Serão vivas enquanto existir alguém disposto à contemplação da verve poética. Basta uma alma sensível aos encantos da poesia e a chama continuará acesa.
Fiquei sabendo ontem pelo Twitter. Logo em seguida, fui confirmar o fato no link que dava para a Revista Muito do A TARDE. O poeta Damário da Cruz faleceu.
Conheci Damário na Facom. Um dia que ele foi palestrante na Catédra Andres Belo. Em companhia de Douglas de Almeida, peguei uma carona. O trajeto foi curto (de Ondina ao Rio Vermelho ), a conversa rápida, mas valeu e muito.
Damário falou-me um pouco dos tempos dele na Faculdade de Comunicação. Poesia, política, publicidade, concepções de mundo. Voltei a encontrá-lo em alguns eventos poéticos.
Um dia acabei visitando o Pouso da Palavra em Cachoeira, organização conduzida por Damário. Infelizmente ele não estava lá. Saí daquele aconchegante ambiente com alguns dos seus calendários-poemas e uma camisa na qual tinha grafada uma mensagem:
“GlobalizaCÃO: quanto mais sonho com Cachoeira, acordo em Nova Iorque”. Mais um dos seus reflexivos versos.
Por duas oportunidades convidei-o para fazer uma fala no Colóquio de Literatura Popular. Em ambas, infelizmente, ele tinha compromisso em eventos poéticos na Colômbia e na Nicarágua, não sendo possível aceitar o convite.
A ausência não foi por falta de vontade. Em e-mail enviado no dia 23/10/2006, Damário escreveu: “Irará faz parte da minha infância (tenho, também, o umbigo enterrado em Berimbau, e para mim é tudo o mesmo ar).
Diante de um novo convite para o Colóquio, que iria acontecer em 2009, Damário respondeu em 16/06/2009: “Infelizmente, e mais uma vez, fico para o próximo”.
Não houve o Colóquio 2009, tampouco temos perspectivas de que haja um próximo. E agora não poderemos mais contar com a presença dele. Damário DaCruz não virá a Irará. E, lamentavelmente, não será um evento poético no exterior que o impedirá de vir.
Agora Damário partiu. Juntou-se ao clube de Zeca de Magalhães e Antônio Vieira, só para citar os mais próximos nesta lista da Sociedade dos Poetas Mortos de nossa Bahia e do Brasil.
Damário deixou poesia de despedida
Barreto escreve cordel para Damário
Homenagem de Silvério Duque
Dois poemas
Todo risco
A possibilidade de arriscar
É que nos faz homens
Vôo perfeito
no espaço que criamos
Ninguém decide
sobre os passos que evitamos
Certeza
de que não somos pássaros
e que voamos
Tristeza
de que não vamos
por medo dos caminhos
Outros jardins
Borboletas
são flores
que decidiram
ganhar o mundo.
Foto capturada do site: http://www.joaodorio.com/site/images/stories/poemas_damario_dacruz.jpg
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