02 Julho de 1823. Nasce o sol,
“com brilho maior que no primeiro”. Finalmente, os portugueses foram expulsos. Os
bravos braços do povo baiano foram decisivos para concretizar a independência
do Brasil.
A emancipação brasileira havia
sido declarada no ano anterior, ao 07 de setembro, com um “único grito”. Os
historiadores e suas pesquisas nos ensinam. Um arranjo. E a soberania do Brasil
nascia (sic) pagando indenização ao colonizador.
Do alto de seu trono bonachão, D.
João, certamente orientado por assessores, teria sentido os ares da mudança e profetizou.
“Se tem de ser alguém, que sejas tu meu filho”.
De tal sorte, D. Pedro I assumiu
o império brasileiro e o país continuou sendo
governado pela mesma família real
que aqui mandava durante a monarquia. Mudança
pouca.
Os ventos libertários, ocorridos
em outras partes do globo e percebidos pelo clã de Orleans e Bragança, tiveram
como inspiração a consagrada Revolução Francesa. Lá, a história demonstra uma
situação um pouco mais diferenciada. O rei caiu e cabeças rolaram.
No entanto, não demorou muito e a
“revolução” pareceu se adequar ao status
quo. O revolucionário Robespierre guilhotinou companheiros. Eram os
reflexos de outra classe social no comando. Ao invés da realeza, a burguesia.
E assim seguiu-se a história no
mesmo ritmo anterior. Dominantes e dominados. Quase “tudo como dantes, no quartel de Abrantes”.
Exemplos, não faltam na trajetória humana e brasileira. O povo pediu
para crucificar Cristo e libertar Barrabás. Foi um “Marechal” quem proclamou a República do
Brasil. Trosky foi assassinado no México, a mando do companheiro Stalin. E
Júlio César perguntou: “até tu Brutus?”.
No Brasil pós Regime Militar (1964-1985), o mesmo modus operandi. Ainda com a Ditadura na
UTI, os arranjos políticos já sinalizavam. Evidenciou-se depois, diante da morte
de Tancredo e ascensão de Sarney à presidência.
O Tancredo eleito indiretamente
era o mesmo que personificou o “parlamentarismo arranjado” em 1963, para evitar
a posse integral de Jango.
Já o Sarney, hoje no PMDB (partido que desde 1985 é
base de apoio ao governo federal seja ele de que lado for), assim como muitos dos
seus, era recém oriundo da ARENA (Aliança Revolucionária Nacional).
A expressão “Revolucionária” da
sigla testifica que aquela agremiação política, de laços tão próximos com o
primeiro presidente civil pós golpe de 1964, tinha sido o partido de apoio aos
governos militares. Esta era a cara da Nova
República que já nascia velha.
Aqui no nosso Irará a história não é lá muito diferente. Uma
geração inteira assistiu a alternância dos mesmos no poder. A ponto de uma
campanha eleitoral derrotada na época usar como slogan uma espécie de desabafo:
“Chega de Repeteco!”.
Enquanto isso, outros gritavam
“Renova Irará!”. Parecia um desejo novo, uma vontade diferente. Ao invés de uma
única família, um único grupo, sobre as ordens de um único chefe, a proposta de
um governo de parceria com o povo. Experiência frustrada e a volta dos mesmos.
No Irará de agora, os três
“mosqueteiros”, que propagavam o “renovar”, junto de outros que se proclamavam
diferentes dos “renovadores” e dos “conservadores”, são a linha de frente do
governo da cidade.
“E o que temos pra hoje?”. Titulares
de cargos de confiança daquela época, para a qual se pedia renovação, ocupam os
mesmos cargos estratégicos na gestão de agora. E até mesmo “o chefe” de antes,
contra o qual os “renovadores” pregavam, faz parte do governo de hoje e se diz
apoio político ao executivo. É mais do
mesmo.
Em um grupo no Facebook, criado para discutir política de Irará, o
qual conta com mais 2,5 mil pessoas cadastradas, Danilo Pires nos lembrou o
dito do final do filme “Tropa de Elite 02
- O inimigo agora é outro”:
“O sistema entrega a mão pra
salvar o braço. O sistema se reorganiza, articula novos interesses, cria novas
lideranças. Enquanto as condições de existência do sistema estiverem aí, ele
vai existir”.
E vem existindo há muito tempo. Na
Roma antiga, na França pós-revolucionária, no Brasil Independente, em Irará, em
todo lugar. “Eles têm vencido e o sinal tem ficado fechado para nós que somos
jovens”.
Ao longo da história, têm sido
assim. Quase sempre, quase nada muda. O surpreendente é que, mesmo com este
histórico, mesmo diante de tantas experiências, toda vez que assistimos o povo
tomar as ruas, as esperanças renascem. E mesmo sendo “Cowboy Fora da Lei” vislumbramos
perspectivas de que seremos mais 02 de julho e menos 07 de setembro.
3 comentários:
Cara, Q beleza, síntese bem elaborada e muito interessante da nossa história. Me amarrei como sempre. Parabéns!
Muito bem elaborado mesmo!
Muito bem elaborado mesmo!
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