Carlos Drummond de Andrade, “poeta que cantou o amor, denunciou a miséria, chorou a crueldade humana. Ao mesmo tempo realista, moderno e lírico”. Conforme noticia do Blog “Bula Revista”, do Portal R7, Drummond “ganhou o Dia D, inspirado no Bloomsday, o dia dedicado ao escritor irlandês James Joyce. A data, 31 de outubro, aniversário do poeta [nascido em 31/10/1902 – falecido em 17/08/1987], é comemorado no Brasil e em Portugal.
Abaixo dois poemas de Drummond:
Congresso Internacional do Medo
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
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