Escrito na primavera de 2004, quando estávamos como presidente da Casa da Cultura de Irará.
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Quando Zé Pequeno gritou: “Pega a Galinha ai, ô rapaz!”, a sala já estava cheia. E cada vez chegava mais gente. Logo, as poucas cadeiras que estavam vazias foram sendo ocupadas, e quem chegou depois começou a assistir o filme de pé. Assim o domingo, 14 de novembro de 2004, ia noite adentro, na maior sala de aula da Escola Municipal São Judas Tadeu. Àquela altura, transformada em sala de projeção.
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Quando Zé Pequeno gritou: “Pega a Galinha ai, ô rapaz!”, a sala já estava cheia. E cada vez chegava mais gente. Logo, as poucas cadeiras que estavam vazias foram sendo ocupadas, e quem chegou depois começou a assistir o filme de pé. Assim o domingo, 14 de novembro de 2004, ia noite adentro, na maior sala de aula da Escola Municipal São Judas Tadeu. Àquela altura, transformada em sala de projeção.
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Os cerca de noventa assentos disponíveis foram insuficientes, conforme era logo percebido por aqueles que ultrapassavam o portão da escola e viam alguns jovens, sobre suas bicicletas, observando através das vidraças. Na tela grande, Cidade de Deus, de Fernando Meireles, que já empolgou o Brasil e o mundo, conquistava os iraraenses, principalmente àqueles que ainda não o tinham visto. Alguns deles, talvez sequer tenham mesmo assistido qualquer outro filme na telona. Era o cinema de volta a Irará, como nos tempo de Sr. Olavo ou Zé Martins, o Zé do Rato. E se antes, a TV foi considerada a culpada pelo fim das salas de projeção nos pequenos centros urbanos, agora aqueles mais de cem espectadores pareciam se vingar da telinha. Eles preferiram sair de casa para apreciar um longa metragem num local público, junto a emoção e o calor humano dos seus conterrâneos.
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Assim é a sétima arte. Enquanto muitos acusam a TV de isolar as pessoas em seus pequenos mundos residências e até desfragmentar o dialogo familiar, o cinema é tido como agregador e possui o poder magnífico de fazer as pessoas “viajarem”. Isso sem contar a característica de gerar o debate, de suscitar comentários. Conforme aconteceu ao final da sessão, era impossível não perceber as alusões feitas à obra. Até mesmo durante a exibição, um espectador mais exaltado repetia o personagem, “Dadinho é o caralho!”. Close, primeiro plano, câmera tremendo em cena de perseguição, gira o foco, gira a imagem e... lá está o público, concentradissimo! Gira pro passado, gira pro presente e a roda do tempo também faz girar o pensamento dos diretores da Casa da Cultura de Irará (CCI), levam-nos há meses atrás, quando aquela exibição era somente um sonho. Como diria Glauber Rocha “Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”. Equipamento e criatividade. A inventividade eles tinham de sobra, faltavam-lhes as condições.
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Naquela noite, a vontade de fazer foi saciada graças à colaboração de alguns parceiros. O Cestão Celulares, representante em Irará da operadora Claro, foi fundamental para se ter o equipamento. Agradecimentos mil ao amigo José Carlos (Kakal). E o diretor da escola, Marivaldo Francisco, concedeu o espaço com grande benevolência. A Casa da Cultura torce pela continuidade destas parcerias, até que, quem sabe um dia, seja possível ter os seus próprios equipamentos e sala de projeção. De tal maneira a arte cinematográfica será viabilizada a quem tem dificuldades de acesso à mesma. E será mais confortável responder ao público, quando perguntarem ao final da exibição: “Quando vai ser e qual será o próximo filme?”.
* Em Irará há um quase consenso de este nome em linguagem indígena quer dizer: nascido ou criado da luz do sol ou do dia. No entanto há dicionário de tupi que classificam Irará como animal mamífero que gosta de se alimentar de mel. Existem também outras versões populares para o significado deste nome.
* Em Irará há um quase consenso de este nome em linguagem indígena quer dizer: nascido ou criado da luz do sol ou do dia. No entanto há dicionário de tupi que classificam Irará como animal mamífero que gosta de se alimentar de mel. Existem também outras versões populares para o significado deste nome.
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