Como estamos em tempos de lembranças. Vamos lembrar do Vinhos e Versos. Havia quatro texto sobre o assunto que ainda não tinha vindo aqui nesse blog. Foi difícil, mas escolhi esse. Por que ele foi, digamos, iluminado...
Texto escrito em dezembro de 2004.
Texto escrito em dezembro de 2004.
Janela - trabalho de Vânia Medeiros, capa de uma das revistas Vinhos & Versos.
Na quinta feira a companhia de energia elétrica interrompeu o fornecimento de energia a alguns prédios públicos de Irará. O Sobrado dos Nogueiras (Casa da Cultura – Biblioteca Municipal) foi um deles. Diante do acontecido, o recital de Poesias Vinhos e Versos da Casa da Cultura de Irará (CCI), antes programado para acontecer no Sobrado, teria de ser transferido.
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A direção da Casa da Cultura agiu rápido e conseguiu o deslocamento do evento para o Arte Café (barracão em frente ao Banco do Brasil). Entretanto, a notícia da mudança não foi divulgada, pois o grupo diretor da entidade já se colocava diante de um novo dilema. Dúvida acionada pelo surgimento da idéia poética de fazer o recital sob a luz de candeeiro. Isto seria, como alguns já comentavam, o Vinhos, Versos e Velas. No entanto, realizar o recital com pouca iluminação, significava a quase que anulação da exposição artística, pensada para a mesma data e local.
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Exibir as gravuras de Vânia Medeiros no Vinhos e Versos era muito importante para a Casa Cultura. Primeiro pela beleza do trabalho da jovem estudante de Jornalismo da Universidade Federal da Bahia. Ela usa e abusa da técnica de colagens, desenhos a lápis de cor e giz de cera e pinturas com guache, para criar as suas imagens que depois de digitalizadas ganham colorido e textura especial. Depois, por Vânia ser uma grande incentivadora do trabalho da atual direção da instituição, diagramando com o seu talento todas as publicações da revista Vinhos e Versos.
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Entre o romantismo da iluminação a fifó e a exposição, o interessante mesmo era se tivesse uma maneira de ficar com os dois. Chegou-se a pensar na criação de dois ambientes: Exposição no Arte Café e Recital (a base de fifó) no Sobrado. Contudo, a idéia de separar a exposição do recital não era bem aceita e na sexta-feira, quando já se estava admitindo o esquecimento da “iluminação especial”, optando por fazer os dois acontecimentos no ambiente substituto, prefeitura e companhia elétrica chegaram a um acordo e a energia do Sobrado estava sendo religada.
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Com este acontecido, a possibilidade de ficar com o fifó e com a exposição foi concretizada. A direção da Casa da Cultura teve a feliz decisão de manter as luzes do Sobrado dos Nogueiras acessas durante um certo período, para que as pessoas vissem a exposição, enquanto tomavam o vinho. Depois, abruptamente a iluminação foi intencionalmente desligada, dando inicio ao recital, no ambiente que ficou iluminado apenas por dois candeeiros, previamente acessos. Agora era Vinhos, Versos, Velas e Vânia.
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Sob a luz dos candeeiros deu-se início o recital de poesias. Roberto Martins, Fábio Calisto, Sérgio Ramos, Jucilene Cruz, Marilda Ramos, alternaram-se em suas declamações. Derrepente, a luz elétrica foi religada para que Vânia Medeiros fosse apresentada ao público. Lágrimas aos olhos, ela agradeceu a todos e disse estar gostando do acontecimento. Após as palavras dela, Roberto conclama pela volta das poesias e alguém pede: “Apaga a luz!”. Incandescentes desligadas, fifós acessos e o recital continua. Kitute de Licinho, Edma Lopes, Tone Coelho, Adriana Santana, Gilmar professor, Geildes Sueli e José de Lima, conhecido como Zé Ceguinho completam o grupo dos recitadores.
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De posse da palavra, Zé Cego foi mais do que poético, foi revelador quando quis demonstrar o que sentia diante da arte de Vânia. Zé mencionou que não podia ver as imagens da artista, mas graças à ajuda e descrição de Edma (professora de portadores de necessidades especiais) ele podia sentir o que aquelas imagens transmitiam. Para demonstrar seus sentimentos, Zé relacionou os desenhos a uma poesia, recitando-a em seguida. “É preciso ver com os olhos do coração”, sentenciou Edma.
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Olhares apaixonados, olhares poéticos, olhares artísticos. É de se imaginar o que estaria por trás do olhar do artesão Zé Nogueira, finalmente presente ao recital, junto com Dagmar sua esposa/companheira/artesã, apesar do avançar da hora. Certamente várias idéias, viagens, conceitos... mas nenhuma vontade de fazer uma intervenção. Até que Roberto anunciou a presença de Zé para o posterior aplauso dos presentes. “Zé, por favor, leia a poesia do seu amigo Juracy Paixão, publicada aqui na quarta edição da revista Vinhos e Versos” pediu o “Sr. Presidente” da CCI. Ainda assim, Nogueira não sentiu-se à-vontade deixando para Roberto recitar o “DesVerso do Paladar”.
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Desta maneira se viu, se viveu e se verbalizou o quinto Recital Vinhos e Versos da Casa da Cultura de Irará. Um recital vivo. Pelos versos dos versejadores, pelo vinho vermelho, pela vinda de Vânia, pelo vislumbre da vela (diga-se candeeiros), pela vibração dos visitantes... Por tudo isto, um recital vigoroso. Mas do que nunca, marcado em “V”. Ironicamente, em romanos, representante do numeral “cinco”.
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Veja trabalhos de Vânia Medeiros através do Link indicado neste blog.
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