18.5.07

V V V V – Vinhos, versos, velas e Vânia

Como estamos em tempos de lembranças. Vamos lembrar do Vinhos e Versos. Havia quatro texto sobre o assunto que ainda não tinha vindo aqui nesse blog. Foi difícil, mas escolhi esse. Por que ele foi, digamos, iluminado...

Texto escrito em dezembro de 2004.

Janela - trabalho de Vânia Medeiros, capa de uma das revistas Vinhos & Versos.

Na quinta feira a companhia de energia elétrica interrompeu o fornecimento de energia a alguns prédios públicos de Irará. O Sobrado dos Nogueiras (Casa da Cultura – Biblioteca Municipal) foi um deles. Diante do acontecido, o recital de Poesias Vinhos e Versos da Casa da Cultura de Irará (CCI), antes programado para acontecer no Sobrado, teria de ser transferido.
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A direção da Casa da Cultura agiu rápido e conseguiu o deslocamento do evento para o Arte Café (barracão em frente ao Banco do Brasil). Entretanto, a notícia da mudança não foi divulgada, pois o grupo diretor da entidade já se colocava diante de um novo dilema. Dúvida acionada pelo surgimento da idéia poética de fazer o recital sob a luz de candeeiro. Isto seria, como alguns já comentavam, o Vinhos, Versos e Velas. No entanto, realizar o recital com pouca iluminação, significava a quase que anulação da exposição artística, pensada para a mesma data e local.
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Exibir as gravuras de Vânia Medeiros no Vinhos e Versos era muito importante para a Casa Cultura. Primeiro pela beleza do trabalho da jovem estudante de Jornalismo da Universidade Federal da Bahia. Ela usa e abusa da técnica de colagens, desenhos a lápis de cor e giz de cera e pinturas com guache, para criar as suas imagens que depois de digitalizadas ganham colorido e textura especial. Depois, por Vânia ser uma grande incentivadora do trabalho da atual direção da instituição, diagramando com o seu talento todas as publicações da revista Vinhos e Versos.
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Entre o romantismo da iluminação a fifó e a exposição, o interessante mesmo era se tivesse uma maneira de ficar com os dois. Chegou-se a pensar na criação de dois ambientes: Exposição no Arte Café e Recital (a base de fifó) no Sobrado. Contudo, a idéia de separar a exposição do recital não era bem aceita e na sexta-feira, quando já se estava admitindo o esquecimento da “iluminação especial”, optando por fazer os dois acontecimentos no ambiente substituto, prefeitura e companhia elétrica chegaram a um acordo e a energia do Sobrado estava sendo religada.
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Com este acontecido, a possibilidade de ficar com o fifó e com a exposição foi concretizada. A direção da Casa da Cultura teve a feliz decisão de manter as luzes do Sobrado dos Nogueiras acessas durante um certo período, para que as pessoas vissem a exposição, enquanto tomavam o vinho. Depois, abruptamente a iluminação foi intencionalmente desligada, dando inicio ao recital, no ambiente que ficou iluminado apenas por dois candeeiros, previamente acessos. Agora era Vinhos, Versos, Velas e Vânia.
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Sob a luz dos candeeiros deu-se início o recital de poesias. Roberto Martins, Fábio Calisto, Sérgio Ramos, Jucilene Cruz, Marilda Ramos, alternaram-se em suas declamações. Derrepente, a luz elétrica foi religada para que Vânia Medeiros fosse apresentada ao público. Lágrimas aos olhos, ela agradeceu a todos e disse estar gostando do acontecimento. Após as palavras dela, Roberto conclama pela volta das poesias e alguém pede: “Apaga a luz!”. Incandescentes desligadas, fifós acessos e o recital continua. Kitute de Licinho, Edma Lopes, Tone Coelho, Adriana Santana, Gilmar professor, Geildes Sueli e José de Lima, conhecido como Zé Ceguinho completam o grupo dos recitadores.
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De posse da palavra, Zé Cego foi mais do que poético, foi revelador quando quis demonstrar o que sentia diante da arte de Vânia. Zé mencionou que não podia ver as imagens da artista, mas graças à ajuda e descrição de Edma (professora de portadores de necessidades especiais) ele podia sentir o que aquelas imagens transmitiam. Para demonstrar seus sentimentos, Zé relacionou os desenhos a uma poesia, recitando-a em seguida. “É preciso ver com os olhos do coração”, sentenciou Edma.
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Olhares apaixonados, olhares poéticos, olhares artísticos. É de se imaginar o que estaria por trás do olhar do artesão Zé Nogueira, finalmente presente ao recital, junto com Dagmar sua esposa/companheira/artesã, apesar do avançar da hora. Certamente várias idéias, viagens, conceitos... mas nenhuma vontade de fazer uma intervenção. Até que Roberto anunciou a presença de Zé para o posterior aplauso dos presentes. “Zé, por favor, leia a poesia do seu amigo Juracy Paixão, publicada aqui na quarta edição da revista Vinhos e Versos” pediu o “Sr. Presidente” da CCI. Ainda assim, Nogueira não sentiu-se à-vontade deixando para Roberto recitar o “DesVerso do Paladar”.
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Desta maneira se viu, se viveu e se verbalizou o quinto Recital Vinhos e Versos da Casa da Cultura de Irará. Um recital vivo. Pelos versos dos versejadores, pelo vinho vermelho, pela vinda de Vânia, pelo vislumbre da vela (diga-se candeeiros), pela vibração dos visitantes... Por tudo isto, um recital vigoroso. Mas do que nunca, marcado em “V”. Ironicamente, em romanos, representante do numeral “cinco”.
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Veja trabalhos de Vânia Medeiros através do Link indicado neste blog.

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