Dizem que quando Moises abriu o Mar Vermelho, diante do espanto de todos, o assessor de imprensa teria dito: “isto não foi nada, difícil vai ser conseguir duas páginas na Bíblia para narrar o acontecido”.
Verdade ou não, a figuração nos remete ao fato de que a invenção da escrita proporcionou ao homem guardar acontecidos para tempos futuros. Daí, a comunicação é de grande importância para história. Correspondências, notícias, anúncios, relatos...
O fato registrado pode se tornar a garantia do acontecido ou, ao menos, a versão mais difundida do mesmo.
A chegada oficial portuguesa em terras tupiniquins, por exemplo, foi registrada pela carta de Pero Vaz Caminha. Na leitura do relato temos o encontro entre o homem branco português e os antigos habitantes da terra brasílis.
Há descrições do povo e do local encontrado, com elogios recorrentes à beleza das pessoas. Sobre uma delas Caminha escreve:
“era tão bem feita e tão redonda, e sua vergonha tão graciosa que a muitas mulheres de nossa terra, vendo-lhe tais feições envergonhara, por não terem as suas como ela”
Outras passagens deixam clara a visão colonizadora e catequizante dos portugueses. Posições implícitas nas impressões do autor como “gente de tal inocência”, “não têm nem entendem crença alguma” ou “imprimir-se-á facilmente neles qualquer cunho que lhe quiserem dar”.
O fato é que a carta de Caminha é um documento importante quando o assunto é colonização portuguesa no Brasil. Como iríamos lembrar, com tanta precisão, os tempos nos quais Pedro Álvares Cabral avistou as terras brasileiras, caso o almirante não tivesse um “relator” em sua esquadra?
Acho que, talvez por já ter conhecimento da importância dos seus serviços, diferentemente do “assessor de Moises” que se pré-ocupava de quanto espaço aquela noticia iria merecer, Caminha já pedia um favorzinho ao Rei de Portugal, no final de sua carta.
“Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro -- o que d'Ela receberei em muita mercê”
Assim, como relata a Carta de Caminha, os Portugueses chegaram oficialmente à América. Assim caminha o relator. Assim caminha a humanidade.
Leia a Carta de Pero Vaz de Caminha na íntegra:
http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/carta.html
22 de abril de 2010 – 510 anos depois.
Verdade ou não, a figuração nos remete ao fato de que a invenção da escrita proporcionou ao homem guardar acontecidos para tempos futuros. Daí, a comunicação é de grande importância para história. Correspondências, notícias, anúncios, relatos...
O fato registrado pode se tornar a garantia do acontecido ou, ao menos, a versão mais difundida do mesmo.
A chegada oficial portuguesa em terras tupiniquins, por exemplo, foi registrada pela carta de Pero Vaz Caminha. Na leitura do relato temos o encontro entre o homem branco português e os antigos habitantes da terra brasílis.
Há descrições do povo e do local encontrado, com elogios recorrentes à beleza das pessoas. Sobre uma delas Caminha escreve:
“era tão bem feita e tão redonda, e sua vergonha tão graciosa que a muitas mulheres de nossa terra, vendo-lhe tais feições envergonhara, por não terem as suas como ela”
Outras passagens deixam clara a visão colonizadora e catequizante dos portugueses. Posições implícitas nas impressões do autor como “gente de tal inocência”, “não têm nem entendem crença alguma” ou “imprimir-se-á facilmente neles qualquer cunho que lhe quiserem dar”.
O fato é que a carta de Caminha é um documento importante quando o assunto é colonização portuguesa no Brasil. Como iríamos lembrar, com tanta precisão, os tempos nos quais Pedro Álvares Cabral avistou as terras brasileiras, caso o almirante não tivesse um “relator” em sua esquadra?
Acho que, talvez por já ter conhecimento da importância dos seus serviços, diferentemente do “assessor de Moises” que se pré-ocupava de quanto espaço aquela noticia iria merecer, Caminha já pedia um favorzinho ao Rei de Portugal, no final de sua carta.
“Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro -- o que d'Ela receberei em muita mercê”
Assim, como relata a Carta de Caminha, os Portugueses chegaram oficialmente à América. Assim caminha o relator. Assim caminha a humanidade.
Leia a Carta de Pero Vaz de Caminha na íntegra:
http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/carta.html
22 de abril de 2010 – 510 anos depois.
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