Uma cena vista há dois dias, me provocou algumas reflexões sobre o meu exercício profissional. Aqui na rua, próximo à minha casa, tinha uma aglomeração de pessoas.
“O que aconteceu?”
“O portão do deposito da loja de material de construção caiu em cima do rapaz”.
A multidão vai aumentando. Vou em direção ao local do acontecido. Tenho algumas preocupações.
“Será que alguém ali já chamou a ambulância?”.
“Será que estão conscientes de que não podem socorrer o rapaz de qualquer maneira? Afinal, se pegarem a vítima de mau jeito pode comprometer a coluna vertebral ou outro órgão.”
Chego próximo ao local. O portão já foi retirado. A vítima está ao chão. Logo escuto alguém falar do ocorrido. “Caiu em cima da perna dele”. E outro alguém fazer uma afirmação. “A ambulância já esta a caminho”.
Saí. Não havia nada que eu pudesse fazer ali. Se permanecesse, seria apenas mais um a tumultuar a cena.
Não demorou quase nada, a assistência chegou, o rapaz foi removido e a aglomeração de pessoas se dissipou. Tão rápido como havia sido formada.
Depois lembrei-me do fato. “Dava notícia!”. E a notícia poderia ser veiculada pelo Iraraense (Portal da Internet criado por mim).
E eu tava ali de celular no bolso, mas não registrei, não fotografei, não filmei... tão pouco procurei informações mais aprofundadas.
Antes, preocupei-me com o estado de saúde do rapaz. Quando lembrei da possibilidade de registrar, a cena havia sido desfeita. Perdi a notícia. E aí me veio uma pergunta:
“Que tipo de jornalista sou eu?”
Depois comprovei a força de noticiabilidade do caso do portão, quando alguns me perguntaram o que havia ocorrido alí.
Se o fato tivesse virado notícia do Iraraense, talvez tantos outros, quem sabe até numa quantidade de pessoas bem maior do que aquela dos perguntantes e dos aglomerados envolta, tivesse se interessado e acessado a notícia.
Esta, assim como outros tipos de “notícia”, faria crescer a audiência do site. E com maior audiência, pela lógica mercantil, seria mais fácil conseguir parceiros para manter o veículo.
Daí surge outra pergunta:
“Que tipo de empreendedor da comunicação sou eu?”
Logo se vê. Sou um Roberto. Mas, pela lógica do mundo, longe de ter o sucesso profissional de um Civita ou um Marinho.
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